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teoria da literatura
Prosa e verso
    Manoel Neves
A PROSA
                                 aspectos técnicos
Estruturado em parágrafos [linhas regulares q vão até o final da margem direita], o texto em
prosa é linear, evolutivo, e, a priori, exige preocupação maior c/ o sentido e não c/ a forma.
                      O CANGURU BRANCO, Oswaldo França Júnior
        Como todos aqui têm suas raridades eu, para não me sentir diferente,
        peguei minha fortuna e comprei uma raridade. Fui comprá-la longe, na
        Austrália. E agora sou igual a todos, também tenho a minha raridade.
        Comprei um canguru branco. Não serve para nada, não faz nada, mas é
        uma raridade. É um canguru branco. E muitos me invejam e admiram.
O VERSO
                                aspectos técnicos
Estruturado em linhas irregulares que não vão até o final da página, o verso pode articular
                                   poemas épicos
 poemas q contam histórias [poemas épicos] e q apresentam os mesmos elementos que a
narrativa [narrador, personagem, tempo, espaço, enredo]: O desertor, Morte e vida severina
                                   poemas líricos
  poemas centrados em torno da subjetividade de um eu e que apresentam comentários,
      sentimentos, emoções ou mesmo fazem reflexão sobre o próprio fazer poético.
O POEMA ÉPICO
      prosa e verso
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
POESIA E EXPRESSIVIDADE
                aspectos técnicos
nem todos poemas líricos falam de sentimentos ou emoções
            poético             prosaico
               belo             cotidiano
             especial            comum
            incomum             dia-a-dia
POESIA E EXPRESSIVIDADE
        poético ou prosaico
    ANTIODE, João Cabral de Melo Neto
           Poesia, te escrevia flor
            Sabendo que és fezes
     Fezes como um cogumelo qualquer
          Nascendo em nossa boca
      MERDA E OURO, Paulo Leminski
             Merda é veneno.
          No entanto, não há nada
            que seja mais bonito
           que uma bela cagada.
        Cagam ricos, cagam padres,
         cagam reis e cagam fadas.
       Não há merda que se compare
         à bosta da pessoa amada.
 LEITURA SILENCIOSA, José Américo Miranda
              Já li seu corpo
               Com os olhos
             Agora quero lê-lo
                Em braile.
O LIRISMO
                        aspectos técnicos
consiste na revelação da subjetividade, do sentimento, da emoção; pode ser
  social              filosófico           amoroso           metalinguístico
 política              mundo                  amor                poema
sociedade               morte               amado[a]               verso
 história              homem               afetividade            estrofe
economia                 vida         sentimento amoroso       fazer poético
POESIA E EXPRESSIVIDADE
         espécies de lirismo
 RONDÓ DA RONDA NOTURNA, Ricardo Aleixo
POESIA E EXPRESSIVIDADE
        espécies de lirismo
    DESENCANTO, Manuel Bandeira
    Eu faço versos como quem chora
    De desalento... de desencanto...
      Fecha meu livro, se por agora
   Não tens motivo nenhum de pranto.
  Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
     Tristeza esparsa... remorso vão...
   Dói-me nas veias. Amargo e quente,
       Cai, gota a gota, do coração.
    E nestes versos de angústia rouca
       Assim dos lábios a vida corre,
    Deixando um acre sabor na boca.
   – Eu faço versos como quem morre.
POESIA E EXPRESSIVIDADE
      espécies de lirismo
    O SEU OLHAR, Arnaldo Antunes
POESIA E EXPRESSIVIDADE
      espécies de lirismo
   SEM TÍTULO, Augusto de Campos
POESIA E EXPRESSIVIDADE
                                espécies de lirismo
                               PESSOA, Arnaldo Antunes
Coisa que acaba. Troço que tem fim. Sujeito. Que não dura, que se extingue. Míngua.
Negócio finito, que finda. Festa que termina. Coisa que passa, se apaga, fina. Pessoa. Troço
que definha. Que será cinzas. Que o chão devora. Fogo que o vento assopra. Bolha que
estoura. Sujeito. Líquido que evapora. Lixo que se joga fora. Coisa que não sobra, soçobra,
vai embora. Que nada fixa. A foto amarela o filme queima embolora a memória falha o
papel se rasga se perde não se repete. Pessoa. Pedaço de perda. Coisa que cessa, fenece,
apodrece. Fome que se sacia. Negócio que some, que se consome. Sujeito. Água que o sol
seca, que a terra bebe. Algo que morre, falece, desaparece. Cara, bicho, objeto. Nome que
se esquece.
POESIA E EXPRESSIVIDADE
      espécies de lirismo
   ALÇAR AS NUVENS, Manoel Neves

           alçar as nuvens
          soprar segredos
          nos teus cabelos
           alçar as nuvens
          levar brinquedos
          pros teus desejos
           alçar as nuvens
           soltar os elos
          deste meu medo
           alçar as nuvens
           dizer teu nome
          no meu degredo
A PROSA POÉTICA
                                  prosa e verso
           parágrafo                   lirismo               figuras de ling.

                      ORIENTAÇÃO, Guimarães Rosa [fragmento]
Ora, casaram-se. Com festa, a comedida comédia: noiva e noivo e bolo. O par – o
compimpo – til no i, pingo no a, o que de ambos, parecidos como uma rapadura e uma
escada. Ele, gravata no pescoço, aos pimpolins de gato, feliz como um assovio. Ela,
pomposa, ovante feito galinha que pôs. Só não se davam o braço. No que não, o mundo
não movendo-se, em sua válida intraduzibilidade.
Nem se soube o que se passaram, depois, nesse rio-acima. Lolalita dona-de-casa, de
panelas, leque e badulaques, num oco. Quim, o novo-casado, de mesuras sem cura, com
esquisitâncias e coisinhezas, lunático-de-mel, ainda mais felizquim. Deu a ela um quimão
de baeta, lenço bordado, peça de seda, os chinelinhos de pano.

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Prosa e verso

  • 1. teoria da literatura Prosa e verso Manoel Neves
  • 2. A PROSA aspectos técnicos Estruturado em parágrafos [linhas regulares q vão até o final da margem direita], o texto em prosa é linear, evolutivo, e, a priori, exige preocupação maior c/ o sentido e não c/ a forma. O CANGURU BRANCO, Oswaldo França Júnior Como todos aqui têm suas raridades eu, para não me sentir diferente, peguei minha fortuna e comprei uma raridade. Fui comprá-la longe, na Austrália. E agora sou igual a todos, também tenho a minha raridade. Comprei um canguru branco. Não serve para nada, não faz nada, mas é uma raridade. É um canguru branco. E muitos me invejam e admiram.
  • 3. O VERSO aspectos técnicos Estruturado em linhas irregulares que não vão até o final da página, o verso pode articular poemas épicos poemas q contam histórias [poemas épicos] e q apresentam os mesmos elementos que a narrativa [narrador, personagem, tempo, espaço, enredo]: O desertor, Morte e vida severina poemas líricos poemas centrados em torno da subjetividade de um eu e que apresentam comentários, sentimentos, emoções ou mesmo fazem reflexão sobre o próprio fazer poético.
  • 4. O POEMA ÉPICO prosa e verso E foi assim que o operário Do edifício em construção Que sempre dizia sim Começou a dizer não. E aprendeu a notar coisas A que não dava atenção: Notou que sua marmita Era o prato do patrão Que sua cerveja preta Era o uísque do patrão Que seu macacão de zuarte Era o terno do patrão Que o casebre onde morava Era a mansão do patrão Que seus dois pés andarilhos Eram as rodas do patrão Que a dureza do seu dia Era a noite do patrão Que sua imensa fadiga Era amiga do patrão.
  • 5. POESIA E EXPRESSIVIDADE aspectos técnicos nem todos poemas líricos falam de sentimentos ou emoções poético prosaico belo cotidiano especial comum incomum dia-a-dia
  • 6. POESIA E EXPRESSIVIDADE poético ou prosaico ANTIODE, João Cabral de Melo Neto Poesia, te escrevia flor Sabendo que és fezes Fezes como um cogumelo qualquer Nascendo em nossa boca MERDA E OURO, Paulo Leminski Merda é veneno. No entanto, não há nada que seja mais bonito que uma bela cagada. Cagam ricos, cagam padres, cagam reis e cagam fadas. Não há merda que se compare à bosta da pessoa amada. LEITURA SILENCIOSA, José Américo Miranda Já li seu corpo Com os olhos Agora quero lê-lo Em braile.
  • 7. O LIRISMO aspectos técnicos consiste na revelação da subjetividade, do sentimento, da emoção; pode ser social filosófico amoroso metalinguístico política mundo amor poema sociedade morte amado[a] verso história homem afetividade estrofe economia vida sentimento amoroso fazer poético
  • 8. POESIA E EXPRESSIVIDADE espécies de lirismo RONDÓ DA RONDA NOTURNA, Ricardo Aleixo
  • 9. POESIA E EXPRESSIVIDADE espécies de lirismo DESENCANTO, Manuel Bandeira Eu faço versos como quem chora De desalento... de desencanto... Fecha meu livro, se por agora Não tens motivo nenhum de pranto. Meu verso é sangue. Volúpia ardente... Tristeza esparsa... remorso vão... Dói-me nas veias. Amargo e quente, Cai, gota a gota, do coração. E nestes versos de angústia rouca Assim dos lábios a vida corre, Deixando um acre sabor na boca. – Eu faço versos como quem morre.
  • 10. POESIA E EXPRESSIVIDADE espécies de lirismo O SEU OLHAR, Arnaldo Antunes
  • 11. POESIA E EXPRESSIVIDADE espécies de lirismo SEM TÍTULO, Augusto de Campos
  • 12. POESIA E EXPRESSIVIDADE espécies de lirismo PESSOA, Arnaldo Antunes Coisa que acaba. Troço que tem fim. Sujeito. Que não dura, que se extingue. Míngua. Negócio finito, que finda. Festa que termina. Coisa que passa, se apaga, fina. Pessoa. Troço que definha. Que será cinzas. Que o chão devora. Fogo que o vento assopra. Bolha que estoura. Sujeito. Líquido que evapora. Lixo que se joga fora. Coisa que não sobra, soçobra, vai embora. Que nada fixa. A foto amarela o filme queima embolora a memória falha o papel se rasga se perde não se repete. Pessoa. Pedaço de perda. Coisa que cessa, fenece, apodrece. Fome que se sacia. Negócio que some, que se consome. Sujeito. Água que o sol seca, que a terra bebe. Algo que morre, falece, desaparece. Cara, bicho, objeto. Nome que se esquece.
  • 13. POESIA E EXPRESSIVIDADE espécies de lirismo ALÇAR AS NUVENS, Manoel Neves alçar as nuvens soprar segredos nos teus cabelos alçar as nuvens levar brinquedos pros teus desejos alçar as nuvens soltar os elos deste meu medo alçar as nuvens dizer teu nome no meu degredo
  • 14. A PROSA POÉTICA prosa e verso parágrafo lirismo figuras de ling. ORIENTAÇÃO, Guimarães Rosa [fragmento] Ora, casaram-se. Com festa, a comedida comédia: noiva e noivo e bolo. O par – o compimpo – til no i, pingo no a, o que de ambos, parecidos como uma rapadura e uma escada. Ele, gravata no pescoço, aos pimpolins de gato, feliz como um assovio. Ela, pomposa, ovante feito galinha que pôs. Só não se davam o braço. No que não, o mundo não movendo-se, em sua válida intraduzibilidade. Nem se soube o que se passaram, depois, nesse rio-acima. Lolalita dona-de-casa, de panelas, leque e badulaques, num oco. Quim, o novo-casado, de mesuras sem cura, com esquisitâncias e coisinhezas, lunático-de-mel, ainda mais felizquim. Deu a ela um quimão de baeta, lenço bordado, peça de seda, os chinelinhos de pano.