1. Conselho Nacional do Café – CNC
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CLIPPING – 22/08/2014
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CNC – Balanço Semanal de 18 a 22/08/2014
P1 / Ascom CNC
22/08/2014
— Seminário do Café da Região do Cerrado Mineiro se consolida como um dos principais eventos do
setor.
SEMINÁRIO DO CAFÉ NO CERRADO — Nesta semana, tivemos a oportunidade de participar do
22º Seminário do Café da Região do Cerrado Mineiro, realizado pela Associação dos Cafeicultores da
Região de Patrocínio (Acarpa) no Espaço Cultural Municipal “Joaquim Constantino Neto”, em
Patrocínio (MG), do dia 19 até esta sexta-feira.
Considerado um dos maiores da cafeicultura no Brasil, o evento contou com cerca de 15 mil pessoas,
reuniu toda a cadeia produtiva e teve como objetivo atender às necessidades de produtores,
empreendedores e empresários do setor, levando-lhes informações para a melhoria contínua e
sustentável da produção, envolvendo todas as etapas da lavoura até a comercialização. Para isso,
apresentou mecanismos de controles, conhecimento técnico operacional, avaliação e gestão do
negócio em um ciclo de palestras e debates.
O Seminário contou, ainda, com a feira de negócios, na qual foram apresentadas condições especiais
para a compra de defensivos, insumos, maquinários e implementos, lançamentos de produtos e
disponibilização de linhas de crédito específicas ao seguimento por parte de agentes financeiros que
estiveram presentes. Dessa forma, a feira se caracterizou como uma excelente oportunidade para a
redução de custos dos cafeicultores em sua atividade.
Também na programação do evento, entre outros, esteve o "Cerrado Dinâmico", um dia de campo
com demonstração de máquinas e implementos agrícolas que ocorreu na Fazenda Experimental da
Epamig, no dia 19. Por fim, foi realizado o tradicional "Churrasco de Negócios", em 21 de agosto, que,
além de sua importância pela aproximação de vendedores e compradores, teve um cunho solidário
exemplar, já que parte da renda com a venda dos convites será doada ao Hospital do Câncer Dr.
José Figueiredo, de Patrocínio.
Por todo o supracitado, o Seminário do Café da Região do Cerrado Mineiro consolida-se, a cada ano,
como um dos principais eventos do setor e avança com sua importância para uma melhor gestão dos
cafeicultores em sua atividade, fato que o CNC entende como fundamental para a existência de uma
cafeicultura sustentável e com rentabilidade a seus principais agentes, os produtores.
MERCADO — O comportamento dos preços futuros do café arábica foi predominantemente
influenciado pelos indicadores técnicos nesta semana. Os investidores também acompanham com
atenção as condições climáticas no Brasil, especulando sobre o impacto das chuvas previstas para o
final de agosto no pegamento das floradas dos cafezais.
Para a próxima semana, a World Weather prevê a chegada de uma frente fria que deverá provocar
baixos volumes de precipitação entre os Estados do Paraná e do Rio de Janeiro. A Somar
Meteorologia alerta que chuvas no final de agosto podem prejudicar o pegamento da florada da safra
2015, porque não são regulares. Ainda segundo a Somar, cerca de 10% a 15% dos parques
cafeeiros paulista e mineiro apresentaram floradas antecipadas devido à umidade atípica do final de
julho.
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Na ICE Futures US, o vencimento dezembro do contrato C acumulou queda de 355 pontos até o
fechamento da quinta-feira, que se deu a US$ 1,8960 por libra-peso. O mercado seguiu com baixa
movimentação dada a ausência de vendedores, mesmo com os compradores começando a retornar
do período de férias de verão no Hemisfério Norte.
Os preços futuros do robusta negociados na Liffe reverteram a tendência de queda observada desde
o início da semana passada, registrando valorização de US$ 26 até a quinta-feira. O fechamento do
vencimento novembro do Contrato 409 deu-se a US$ 1.988 por tonelada.
No Vietnã, produtores preparam-se para a última aplicação de fertilizantes antes do início da colheita
da próxima safra, que se iniciará em outubro. Segundo a Agência Bloomberg, as chuvas das últimas
semanas no país asiático beneficiaram o desenvolvimento das cerejas, cujo tamanho encontra-se
dentro da média das últimas cinco temporadas. Mesmo assim, é esperada uma pequena queda na
produção de robusta do Vietnã devido à redução da produtividade dos cafezais.
No mercado doméstico brasileiro, os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 422,83/saca e a
R$ 246,46/saca, respectivamente, com variação acumulada de -4,3% e 0,1% desde a última sexta-
feira.
A instituição também informou sobre a situação das floradas dos cafezais brasileiros, que estão
dentro do período de normalidade para as lavouras de robusta, mas encontram-se adiantadas em
algumas regiões produtoras de arábica, como em parte da Mogiana Paulista, Sul de Minas e Cerrado
Mineiro. O pegamento dessas flores dependerá do volume de chuvas que será registrado nas
próximas semanas.
As intervenções do Banco Central do Brasil no mercado de câmbio amenizaram os impactos das
estatísticas que indicam melhora no mercado de trabalho nos Estados Unidos, de forma que o dólar
não apresentou variação significativa em relação à última sexta-feira. Ontem, a moeda norte-
americana foi cotada a R$ 2,2683.
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC
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Café: analista destaca preços acima da média histórica no Brasil
Agência Safras
22/08/2014
Lessandro Carvalho
O mercado físico interno de café segue acompanhando a
volatilidade demonstrada pela Bolsa de Mercadorias de
Nova York. "Mas, apesar da queda, o mercado físico
mostra força e se sustenta acima de R$ 400,00 a saca.
Enfim, confirma a mudança positiva de patamar, dando
provas de que superou o gargalo sazonal da chegada da safra." As
considerações partem do analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach
(foto: Agrimoney).
Segundo Barabach, diante do potencial futuro do mercado, muitos produtores têm retraído a sua
oferta, apostando em preços melhores mais para o final do ano.
"Realmente, além do potencial sazonal de alta, há também a percepção que o mercado
gradativamente ficará mais sensível à menor safra de 2014 (corrigindo suas projeções), o que deve
trabalhar a favor dos preços. Há também a aposta em uma nova quebra na safra 2015", comenta.
O início precoce e irregular das floradas de arábica junto a um quadro climático ainda atípico ampliam
os temores de quebra de safra. Uma nova quebra, diante de um cenário de estoques mundiais
baixos, recrudesceria o ambiente de temor no abastecimento e de correria compradora, observa. "Um
cenário promissor para os preços."
Mas alguns cuidados devem ser tomados, diz o analista. "Qual o impacto de uma boa florada no
Brasil sobre o mercado e o preço do café? O fluxo de embarques do Brasil deve continuar acelerado
nos próximos meses, ampliando a sensação de tranquilidade a quem compra. E se, paralelemente,
outras origens resolverem entrar mais agressivamente no mercado? A produção mundial deve
crescer fora do Brasil, pelo menos, é isso que diz o último relatório do USDA", coloca.
"Espere o melhor, mas se proteja do pior. Nesse sentido, é sempre bom dar uma olhada no que o
mercado está oferecendo, especialmente para aqueles com o caixa meio curto de dinheiro. Olhando
o gráfico de preço de café arábica (deflacionado) no Sul de Minas, percebe-se que o preço atual está
acima da média histórica dos últimos 5 anos e aumentando a distância positiva", avalia Barabach.
"Com isso, mesmo que decida fazer alguma coisa agora, muito provavelmente você não estará
perdendo dinheiro, talvez deixando de ganhar, se, por acaso, o mercado disparar lá na frente. Mas,
se isso acontecer, vende o resto do café ou parte da próxima safra a um preço mais alto",
recomenda.
Assim, os mais "estrangulados" de caixa ou mais prudentes podem aproveitar o bom momento e ir
gradativamente fechando posições, diluindo o risco de uma mudança repentina de mercado.
E, pode-se fazer isso sustentando uma estratégia de alta e sem tirar de foco o potencial positivo do
mercado, aponta o analista.
Dica do Analista
"Apesar da queda, o mercado continua oferecendo possibilidades para aqueles que necessitam de
caixa no curto prazo. O mercado deve seguir bem volátil, focado no clima e nas floradas brasileiras. E
isso pode gerar novas oportunidades aos vendedores. É bom ficar atento e ir aproveitando o que o
mercado oferece de bom. Mesmo diante de cenário promissor para o final de ano. Não dá para
menosprezar um bom preço no meio do caminho".
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Falta de chuvas no Sudeste puxa alta no preço do café na bolsa americana
Jornal da Globo
22/08/2014
Larissa Castro
O preço do café disparou na bolsa de Nova York por causa da falta
de chuva no Sudeste do Brasil, umas das principais regiões
produtoras do mundo.
As folhas amareladas indicam que o pé de café não cresceu como
deveria e as plantações mais novas foram as que mais sofreram.
O café arábica, colhido aqui no sul de minas gerais, é o mais
valorizado no mercado, principalmente para a exportação. Mas a
produção este ano está 15% menor em relação ao ano passado. E a preocupação agora é com o
futuro porque os produtores ainda devem sentir os efeitos dessa estiagem na próxima safra, rm 2015.
Na bolsa de Nova York, o mercado já prevê que a próxima safra terá 10 milhões de sacas a menos.
Essa quantidade menor do produto está tendo um impacto forte no preço. Só neste ano, o valor
médio da saca subiu quase 70% e agora vale US$ 184.
Alguns produtores viram nessa alta do preço uma forma de compensar os prejuízos com a seca. Para
o consumidor, o cafezinho já subiu 12%, bem acima da inflação. E, no ano que vem, a alta deve ser
ainda maior.
"A própria carência de água vai fazer com que a produção que tenhamos no próximo ano seja muito
menor. Consequentemente, a próxima safra vai ser muito mais problemática que essa. É o que pelo
menos indica, se não tiver chuva nos próximos tempos", analisa José Carlos de Lima, pesquisador de
economia e agronegócios da USP (Universidade de São Paulo).
Assista à reportagem no site do CNC: http://www.cncafe.com.br/site/capa.asp?id=18125.
UnB e Ufla pesquisam estratégias para a competitividade do café brasileiro
Embrapa Café - Gerência de Transferência de Tecnologia
22/08/2014
Flávia Bessa
O Brasil é o maior produtor e exportador de café e está próximo de
se tornar também o maior consumidor mundial. De janeiro a
dezembro de 2013, as exportações do complexo geraram US$
5,275 bilhões, o que representou 5,3% das exportações do
agronegócio brasileiro. E o Valor Bruto da Produção – VPB, nesse
mesmo período, correspondeu a R$14,132 bilhões. A cadeia
produtiva do café passa por constantes mudanças no mundo e o Brasil precisa dispor de mecanismos
e ferramentas de inteligência competitiva que ofereçam informações rápidas, para subsidiar políticas
públicas que permitam manter nossa posição de principal protagonista do setor cafeeiro. Assim,
tamanha importância econômica torna imprescindível que o País esteja preparado para enfrentar os
desafios competitivos do século XXI.
Para obter e disponibilizar informações estratégicas qualificadas, que orientem essas políticas para o
setor cafeeiro, a Embrapa Café, como coordenadora do Consórcio Pesquisa Café, tem estimulado o
desenvolvimento de projetos de pesquisa para monitorar, analisar e difundir informações e
indicadores relevantes que permitam manter a competitividade de todos os elos da cadeia de forma
sustentável.
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A Embrapa Café entrevistou o professor José Márcio Carvalho, da Universidade de Brasília – UnB, a
respeito de sua pesquisa “Identificação das estratégias de agregação de valor na indústria do café”,
que integra o projeto do Consórcio “Criação de difusão de inteligência competitiva para a cafeicultura
brasileira”, realizado em parceria com a Universidade Federal de Lavras - Ufla e o Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais – Cefet-MG. O professor fala da importância da cultura do
café para o País, novas oportunidades de negócios, tendências e desafios e ainda destaca o papel da
Pesquisa e Desenvolvimento e das políticas públicas para manter a liderança mundial do Brasil na
produção e exportação do produto.
José Márcio possui graduação em Agronomia e mestrado em Administração pela Universidade
Federal de Lavras – Ufla e doutorado em Administração pela Universidade de Reading, Reino Unido.
Atualmente é professor adjunto da UnB. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em
Negócios Internacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: agronegócio, negócios
internacionais, operações e gestão de projetos.
Embrapa Café: O agronegócio café é uma das atividades que se destaca historicamente na balança
comercial brasileira com expressiva geração de divisas. Poderia dar um panorama histórico da cultura
no País até os dias atuais e sua importância sociopolítica e econômica para o desenvolvimento
nacional?
José Márcio: Na pauta de exportações do agronegócio brasileiro, o complexo café aparece em
quinto lugar. É precedido pelo complexo soja, complexo carnes, complexo sucroalcoleiro e pelo
complexo cereais + rações e preparações. Entre esses segmentos do agronegócio, é o café que tem
um impacto social mais extensivo, pois partes significativas da produção de café usa mão de obra
com baixo nível de qualificação. O café está no epicentro da formação econômica brasileira. Durante
período bastante extenso da nossa história, foi o principal produto na pauta de exportações, ou seja,
era a atividade econômico-produtiva que mais trazia divisas para o país.
Embrapa Café: Sabe-se que o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café? Essa posição
corre algum risco nos próximos anos? Como o País deve se preparar para manter essas posições?
José Márcio: Embora seja baixa a chance de o Brasil perder a liderança mundial na produção e
exportação de café, esse cenário pode se tornar possível em um futuro distante. O Vietnã, segundo
maior exportador, tem apresentado produções crescentes de café, principalmente café robusta, para
atender o mercado asiático. Deve-se ressaltar os principais aumentos de demanda por café que
provavelmente virão da Ásia, mercado esse onde o Vietnã e a Indonésia estão bem posicionados.
Além disso, a importância do Brasil no mercado internacional de café é relativa, pois aumentos de
produção estão ocorrendo em diferentes pontos do globo. No mercado demandante, também
aumenta o interesse por experimentar uma maior diversidade de origens de café.
A melhor maneira de assegurar a liderança mundial do Brasil no mercado de café é aumentar a
competitividade do setor por meio do desenvolvimento de pesquisas e tecnologias capazes de
racionalizar a produção de café e reduzir custos de produção e, ainda, o apoio a uma cafeicultura
heterogênea, capaz de atender diferentes nichos de mercado de café.
Outra frente importante é a atração de empresas e capital para o setor, em outras palavras,
organizações que possam gerar novos modelos de negócios e obter ganhos de produtividade na
produção agrícola, no processamento primário e no processamento industrial. Ganhos estratégicos
expressivos poderiam ser obtidos também por empresas que fossem mais inovadoras nas atividades
de comercialização e marketing, tanto no mercado local quanto no mercado internacional.
Embrapa Café: Fala-se que o Brasil está próximo de se tornar o maior consumidor de café do
mundo. A melhoria na qualidade do café impulsiona o aumento do consumo?
José Márcio: As taxas de crescimento do consumo de café no mercado interno indicam que o Brasil
pode se tornar o maior mercado consumidor de café do mundo. A literatura científica sobre café
indica que o crescimento do consumo de café no País está relacionado à renovação do setor após a
desregulamentação que ocorreu na década de oitenta. Esse fato permitiu a diferenciação do café e
que se disponibilizasse novos tipos de melhor qualidade, frutos do investimento em pesquisa. Isso
atraiu o interesse de um público consumidor muito importante: os jovens.
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Embrapa Café: Quais são as novas tendências e oportunidades de negócios e desenvolvimento dos
cafés do Brasil visando à participação crescente no mercado de café nacional e mundial? Como o
País está caminhando para melhor aproveitar o momento?
José Márcio: Muitas oportunidades no setor de café estão relacionadas aos ganhos de produtividade
que podem ser conquistados a partir do uso mais intensivo de tecnologias. Muitas vezes, essas
novas tecnologias estão relacionadas à mecanização e ao emprego de equipamentos mais
sofisticados. Essas mudanças implicam uso mais intensivo de capital e/ou trabalho nas atividades de
produção, algo que pode ser uma séria restrição a uma parcela significativa de produtores rurais
menos capitalizados e com menor capacidade de se apropriar de novas técnicas de produção.
Outra fonte de expansão para a cafeicultura seria a exploração de nichos de mercado, tais como os
cafés orgânicos e os cafés especiais. Esses dois nichos de mercado ainda têm um baixo volume de
demanda, mas estão em crescimento. Deve-se ressaltar que ocupar espaços nesses dois mercados
não é uma tarefa fácil, pois envolve adaptação, transição e manutenção. Os cafeicultores que
queiram se tornar aptos a atuar em nichos de mercado precisam desenvolver a capacidade de lidar
com sistemas de registro de suas atividades produtivas que sejam mais avançados. O Certifica Minas
Café é um bom exemplo de preparação para certificação, pois incentiva à rastreabilidade e à melhoria
contínua de qualidade nos sistemas de produção.
Embrapa Café: Os cafés especiais, diferenciados por sua qualidade e agregação de valores
socioambientais, têm ganhado espaço no mercado, especialmente no internacional. O que
caracteriza um café como especial, quais os principais critérios de avaliação e como têm influenciado
o setor produtivo?
José Márcio: Os cafés especiais são selecionados principalmente por seus atributos sensoriais
(sabor, odor e aroma). Sistemas mais acurados de avaliação de qualidade podem ser um grande
aliado dos produtores que se preocupam em produzir cafés de melhor qualidade. O surgimento de
normas mais criteriosas como as publicadas pela Specialty Coffee Association of America - SCAA,
Brazil Specialty Coffee Association - BSCA, Specialty Coffee Association of Japan - SCAJ ou a
Speciality Coffee Association of Europe - SCAE indicam a necessidade de se descobrir quais
atributos sensoriais são mais interessantes para o café. Ao se identificar esses atributos, torna-se
mais fácil a adaptação de sistemas de produção capazes de ajudar a obter esses atributos.
Um dos principais reflexos do surgimento desses novos sistemas de avaliação da qualidade do café
foi a democratização do conhecimento sobre avaliação de café, de tal maneira que os produtores
rurais puderam saber de fato a real qualidade de seu café, podendo, assim, cobrar preço compatível
com esse nível de qualidade. Muitos produtores rurais deixaram de ser enganados por compradores
oportunistas que pagavam preços inferiores para cafés de qualidade superior.
Embrapa Café: O setor produtivo do café está passando por profundas transformações no mundo
todo. No Brasil, quais são as principais? Que ações estão sendo feitas para melhorar o desempenho
no mercado interno e externo?
José Márcio: No Brasil, a principal mudança nos últimos anos foi o contínuo crescimento da
demanda de café e o surgimento (ainda muito limitado) da demanda por cafés especiais nos grandes
centros do País. A maneira de consumir o café também se diversificou. Do tradicional café coado e
adoçado que são servidos em padarias e bares, passou-se a servir o café expresso ou ainda diversos
outros sistemas de preparo. As cafeterias, anteriormente muito restritas aos grandes centros, estão
se disseminando geograficamente, tornando-se ponto de encontro ou mesmo de trabalho. Produtores
de cafés e intermediários comerciais tiveram de se adaptar a essa nova realidade com padrão de
qualidade superior.
A respeito de mercados internacionais, resta ainda muito a fazer. No Brasil, ainda predomina um
sistema de comercialização com muitos intermediários, que agregam muito pouco ao produtor rural e
ao consumidor final. Ainda estão em evolução sistemas mais avançados de comercialização que
façam uso de conceitos como gestão de qualidade, logística e internacionalização.
Embrapa Café: Que estratégias de marketing devem ser realizadas para os cafés do Brasil? E para
os cafés especiais do Brasil, particularmente?
José Márcio: Não existe uma resposta simples para essa pergunta. O Brasil, com suas dimensões
continentais, abriga uma diversidade muito grande de sistemas de produção de café. Não existe na
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realidade o "Café do Brasil". O que existe são os "Cafés do Brasil". Cada um dos diferentes sistemas
de produção nas diversas regiões de produção ocupa nichos que são diferentes. Para realidades de
produção que são diferentes, existirão ferramentas de marketing diferentes. O surgimento de uma
identidade própria nas diversas regiões produtoras (Café do Sul de Minas, Café do Cerrado, Café da
Chapada de Minas, Café das Matas de Minas, Café de São Paulo - Mogiana, Café de São Paulo -
Centro Oeste, Café do Norte Pioneiro do Paraná, Café das Montanhas do Espirito Santo, Conilon
Capixada, Café da Bahia - Cerrado, Café da Bahia - Planalto, Café de Rondônia) é uma clara
indicação que cada uma dessas novas organizações pode utilizar diferentes ferramentas de
marketing que atendam suas necessidades e capacidades de investir. O marketing e suas
ferramentas de posicionamento ajudarão a encontrar os segmentos de mercado ou mesmo nichos de
mercado que podem ser ocupados pelas diferentes regiões produtoras. Isso é válido tanto para o
mercado interno quanto para os mercados internacionais.
Embrapa Café: Sobre o seu projeto de pesquisa para “Identificação das estratégias de agregação de
valor na indústria do café”, que vai complementar os estudos do projeto “Criação difusão de
inteligência competitiva para cafeicultura brasileira”, do Consórcio Pesquisa Café, poderia falar sobre
objetivos, resultados já alcançados e potenciais impactos para a economia cafeeira?
José Márcio: Sobre o segmento de processamento industrial, muito pode ser revelado pela sua
posição estratégica, ou mais especificamente sobre como as operações de produção estão
estrategicamente estruturadas para capturar uma parte significativa do consumo. A maneira como as
atividades de produção agrícola podem ser organizadas ou ainda quais segmentos do mercado de
consumo serão alcançados pelos diferentes produtos da empresa processadora decorrem da
estratégia de produção. O foco dos esforços de pesquisa, que está em fase de desenvolvimento dos
instrumentos de coleta de dados, está em identificar e descrever as prioridades competitivas e as
estratégias de operações ao longo de uma cadeia produtiva. Esse foco de análise tem a vantagem de
ajudar a identificar quais estratégias específicas de operações podem ajudar uma organização a
conquistar uma participação maior em seu mercado de atuação. É importante também fazer a
seguinte contraposição: comparar as estratégias tradicionais que garantem a participação da
empresa em um mercado em oposição as estratégias que visam ajudar a organização agregar mais
valor ao longo da cadeia de produção e consumo. É justamente esse segundo tipo de estratégia que
tem o poder reposicionar uma empresa em seu mercado de atuação.
Embrapa Café: Gostaria de complementar essa entrevista com algum comentário?
José Márcio: Sim, tenho a dizer que o Consórcio de Pesquisa Café tem se mostrado uma ótima
plataforma para o trabalho colaborativo entre pesquisadores de diferentes instituições. À medida que
as colaborações aconteçam ainda mais, esse arranjo institucional tende a consolidar resultados tanto
de pesquisa quanto de extensão.
Consórcio Pesquisa Café
Criado em 1997, congrega instituições de pesquisa, ensino e extensão localizadas nas principais
regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação das instituições e a
otimização de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais. Foi criado por dez instituições:
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
- Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico -
IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e
Extensão Rural - Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -Mapa, Empresa de
Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras -
Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.
Avanços do Consórcio Pesquisa Café
Quando da criação do Consórcio, conforme dados oficiais do Informe Estatístico do Departamento do
Café - Dcaf/MAPA, a produção de café era de 18,9 milhões de sacas de 60kg e produtividade de 8,0
sacas/hectare. Em 2014, de acordo com a Conab (maio/2014), com praticamente a mesma área
cultivada - 2,3 milhões de hectares - o País deverá produzir 44,566 milhões de sacas, o que
representará incremento de aproximadamente 236% no período de 1997 a 2014, com produtividade
de 23,1 sacas/ha.
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Bureau divulga novo Relatório Internacional de Tendências de Café
Bureau de Inteligência Competitiva do Café
22/08/2014
O Bureau de Inteligência competitiva do Café divulgou seu novo Relatório
Internacional de Tendências de Café, no qual menciona que a ferrugem ainda é
tema de discussões na América Central, pois a situação permanece em alguns
países da região e faz com que se busque medidas eficientes para o controle da
doença. A íntegra do relatório, contendo mais informações sobre a cafeicultura
mundial, pode ser acessada através do link
http://www.icafebr.com.br/publicacao2/Relatorio%20v3%20n7.pdf.
MG: agricultores familiares que produzem café podem participar de feira internacional
Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA
22/08/2014
As cooperativas e associações de agricultores familiares que
produzem café (foto: Marcelo Curia/MDA) em seis estados
brasileiros poderão participar da 9ª edição do Espaço Café
Brasil, feira que será realizada de 15 a 18 de setembro em Belo
Horizonte (MG). O evento é um dos mais importantes do País
para o setor e tem alcance internacional. Na última edição,
recebeu a visita de 12 mil pessoas do Brasil e de mais 70
países e gerou R$ 24 milhões em negócios diretos.
A área destinada à agricultura familiar se chamará Espaço
Brasil Rural Contemporâneo – Café e é promovida pelo MDA e pelo Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra). Poderão participar os empreendimentos com DAP Jurídica Minas Gerais,
Espírito Santo, Paraná, São Paulo, Rondônia e Bahia. Os interessados em ocupar esse espaço
devem acessar a carta de manifestação de interesse, preencher o formulário e enviar para o e-mail
tatyana.santos@mda.gov.br até 1º de setembro. Serão selecionados 10 empreendimentos.
O Espaço Café Brasil promove plataforma de negócios para o mercado de cafés, voltada para todo o
setor, da qual participam agricultores, cooperativas, torrefadores, exportadores, varejistas, donos de
cafeterias, empresários, baristas e consumidores.
Além disso, as cooperativas e associações selecionadas, podem levar uma amostra do melhor lote
de café arábica e/ou conilon para ser avaliada na sala oficial do evento.
“Será uma oportunidade para comprovar que a agricultura familiar, além de organizada, é capaz de
produzir cafés especiais, atendendo os diferentes padrões de exigência do mercado, tanto no café
em grão cru quanto no industrializado”, assinala o diretor do Departamento de Geração de Renda e
Agregação de Valor da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF) do MDA, Onaur Ruano.
Participação da Agricultura Familiar no café
* Segundo o Censo Agropecuário 2006, a agricultura familiar é responsável por 47% da produção
nacional de café;
* Os principais estados produtores são Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, São Paulo, Rondônia e
Bahia, sendo que Minas é o maior produtor;
* No Brasil, há 276 mil estabelecimentos familiares que produzem café. Desses, 114 mil ficam em
Minas Gerais, o que corresponde a 41,3%;
* Os estabelecimentos familiares mineiros produzem 409,43 milhões de quilos de café - equivalente a
6,8 milhões de sacas de 60kg. O número corresponde a 44,5% do que é produzido pela agricultura
familiar brasileira e 21% de todo o café do Brasil (somados empreendimentos familiares e não
familiares).