1) O documento discute a diferenciação dos lugares e a organização interna das cidades. Apresenta os conceitos de áreas urbanas e rurais e como as cidades se desenvolvem ao longo do tempo através de processos como a urbanização e a suburbanização;
2) Aborda a morfologia urbana de cidades europeias, que geralmente apresentam centros antigos irregulares e zonas industriais na periferia, e discute como o relevo influencia o padrão de desenvolvimento das cidades;
3) Discutem-se também
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
A Diferenciação dos Espaços Urbanos e Rurais
1. A – A DIFERENCIAÇÃO DOS LUGARES
Espaço ocupado de formas diferentes!
Nuns sítios… há muita gente, muitas casas, muitos automóveis... noutros... o verde ainda é a cor
dominante!
No nosso planeta há áreas que:
exercem maior atracção sobre a população e onde, por isso, o valor da densidade
populacional é mais elevado;
têm condições naturais adversas e aí os grupos humanos, pouco numerosos, fazem, por
vezes, uma vida nómada.
Entre estes dois extremos de densidade populacional existem várias formas de fixação humana,
mas as duas que habitualmente se consideram como mais significativas são:
As cidades, onde a grande concentração de pessoas condiciona a organização do espaço
urbano; daí que, em todas elas, a paisagem urbana seja semelhante e fortemente marcada
pela intervenção do Homem.
Cidade: aglomerado populacional de certa importância onde as pessoas se ocupam
essencialmente na indústria, no comércio e nos serviços.
Paisagem urbana: organização do espaço correspondente às áreas ocupadas pelas cidades.
Independentemente da área onde se localiza a cidade, seja junto ao mar, à beira de um rio ou no
sopé de uma montanha, ela apresenta:
edifícios de vários andares
ruas que se cruzam em várias direcções
praças onde convergem várias ruas
forte concentração e diversidade de actividades.
O campo
Campo: designação vulgarmente atribuída às áreas rurais onde a actividade predominante é a
agricultura.
que se caracteriza por:
• construções mais ou menos dispersas de um ou dois pisos, que formam as aldeias;
• predomínio das actividades ligadas à Natureza;
• aproveitamento turístico de determinados lugares;
• implantação de algumas indústrias.
2. Aldeia: pequeno aglomerado de casas, que podem formar um núcleo contínuo ou estar
dispersas no meio da floresta ou dos terrenos agrícolas.
A paisagem rural,
Paisagem rural: organização do espaço correspondente a áreas onde predominam as
actividades ligadas à agricultura, embora também existam actividades turísticas e algumas
indústrias e onde estão inseridas povoações mais ou menos dispersas. Opõe-se ao espaço
urbano.
característica do campo, ao contrário da paisagem urbana, pode apresentar aspectos muito
diversificados, porque é sobretudo o reflexo das actividades dominantes:
• exploração florestal;
• criação de gado;
• agricultura;
que são fortemente condicionados pelos características naturais, em particular:
• relevo, que pode ser mais ou menos acidentado;
• clima.
B – OS CENTROS URBANOS
Cidades — cada vez mais e maiores
O Mundo está a tornar-se o planeta das cidades. Algumas maiores e mais povoadas que certos
países!
O aumento do número e do tamanho das cidades tornou-se um fenómeno generalizado a nível
mundial. Este facto justifica os elevados valores da taxa de urbanização na maior parte dos
países, bem como a existência de um grande número de cidades de enormes dimensões.
Taxa de urbanização: percentagem de população urbana em relação à população total.
Calcula-se utilizando a seguinte fórmula:
O número de cidades e a sua dimensão têm crescido consideravelmente. Se, em 1950, apenas
Nova Iorque e Londres tinham mais de 10 milhões de habitantes, actualmente esse número
aproxima-se das duas dezenas e tende a aumentar.
Cidades com mais de 1 milhão de habitantes.
A urbanização em 2000
3. São várias as razões que contribuem para este movimento de urbanização:
o êxodo rural, responsável pela urbanização dos países de industrialização mais antiga, como
o Reino Unido, a Alemanha, a França, que hoje continua a verificar-se nos países em
desenvolvimento, onde os campos estão em crise enquanto as cidades beneficiam de uma
imagem mais atractiva;
o forte crescimento natural, que ainda se regista nos países em desenvolvimento e que
contribui também para o crescimento urbano;
a concentração espacial das actividades, resultante da industrialização e da terciarização
do espaço urbano. Estas actividades são grandes consumidoras de espaço, exigem mão-de-
obra, consumidores e boas condições de transporte que só as cidades podem oferecer.
Urbanização: concentração de população nas cidades.
Terciarização: processo pelo qual o comércio e os serviços vão assumindo progressivamente
maior importância na economia de um país.
A grande concentração de população na cidade pode levar à saturação do espaço dos serviços,
tornando-a menos atractiva, e fazer com que:
diminua a vinda de população das áreas rurais e algumas pessoas troquem a cidade pelo
campo — êxodo urbano;
cada vez mais pessoas se fixem nas áreas rurais, embora continuem a trabalhar na cidade.
Esta situação resulta, em grande parte, da melhoria dos transportes e do menor preço da
habitação nas áreas rurais.
Estes fenómenos justificam a diferença que se verifica na evolução da população urbana em
países com diferentes níveis de desenvolvimento:
nos países desenvolvidos, onde se sentiram mais cedo os inconvenientes das grandes
cidades, começa a notar-se um ritmo de crescimento mais lento. A população urbana evolui
ao ritmo do crescimento natural;
4. nos países em desenvolvimento, de urbanização mais recente, a taxa de urbanização ainda
continua a aumentar a um ritmo acelerado, pois, para além do crescimento natural ser mais
elevado, continua a afluir à cidade gente vinda do campo onde as condições de vida são
menos atractivas do que nas cidades.
População urbana: população que vive nas cidades ou centros urbanos, incluindo as áreas
metropolitanas.
Esta diferença na evolução recente dos dois grupos de países não foi ainda suficiente para
equilibrar os valores das taxas de urbanização, uma vez que:
• as mais elevadas predominam ainda nos países desenvolvidos;
• as mais baixas encontram-se todas nos países em desenvolvimento.
CIDADES MAL SEMEADAS
Em cada continente e em cada país as cidades distribuem-se de forma irregular.
Tal como a população, também as cidades se distribuem de forma irregular à superfície do
Globo. As regiões mais densamente povoadas são as que possuem maior número de cidades.
As cidades são pólos de recepção de população que aí se desloca à procura de melhores
condições de vida.
O crescimento populacional das cidades origina a concentração de equipamentos e serviços
sociais e culturais, como: hospitais, escolas, bibliotecas, cinemas, serviços administrativos.
Numa primeira fase a população e consequentes actividades económicas concentram-se no
centro. A este fenómeno dá-se o nome de urbanização.
Urbanização: corresponde à expansão da cidade.
O crescimento demográfico, o desenvolvimento das actividades económicas e dos transportes
originam a suburbanização.
Suburbanização: corresponde ao crescimento das áreas envolventes da cidade (subúrbios).
A saturação do centro da cidade leva a população urbana a fixar residência nos arredores e
subúrbios da cidade – fase centrifuga – dá-se o êxodo urbano.
O contínuo crescimento destas áreas, a saturação das infra-estruturas e o congestionamento
contribuem para que a população afaste a sua residência das cidades e se fixe em áreas rurais
com boa acessibilidade e bem equipadas com infra-estruturas – periurbanização – esta
população realiza diariamente um movimento pendular, pois continua a trabalhar na cidade.
Quando, numa determinada área, existem várias cidades, formam-se grandes espaços
urbanizados contínuos, que podem adquirir características e designações diferentes: se os
limites das várias cidades próximas se unem, não sendo possível determinar facilmente onde
termina uma e acaba a outra, estamos na presença de uma conurbação ou de uma
megalópolis; a designação depende da menor ou maior extensão ocupada pelo conjunto de
cidades.
Megalópolis: extensa área urbanizada, constituída por várias cidades independentes mas tão
próximas que ficam aglutinadas pelas suas periferias. Em certos casos a extensão ocupada é
relativamente pequena e o número de cidades é reduzido; dá-se então o nome de conurbação.
5. A nível mundial, consideram-se três megalópolis, todas elas situadas em países desenvolvidos,
mas em continentes diferentes.
Três grandes megalópolis
Pode acontecer que uma cidade de maior importância, por exemplo a capital do país ou uma
cidade portuária, cresça de tal forma que vá integrando na sua área urbana outras cidades mais
pequenas, vilas e até aldeias, que antes estavam separadas por espaço não construído. Quando
tal acontece, diz-se que se formou uma área metropolitana e habitualmente toma o nome da
cidade mais importante.
Área Metropolitana: vasta região urbanizada resultante da junção de vários concelhos, com
aglomerados urbanos ou não urbanos (pequenas cidades, vilas, aldeias, pequenos aglomerados
industriais).
Em Portugal consideram-se duas áreas metropolitanas, a do Porto e a de Lisboa.
Área Metropolitana do Porto Área Metropolitana de Lisboa
Curiosidades:
A cidade…
… mais poluída: Cidade do México, México.
… com mais tráfego de transportes: Los Angeles, EUA.
… com maior praça: Tiananmen, Pequim, China (396 hectares).
D – ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CIDADES / DIFERENCIAÇÃO FUNCIONAL DO ESPAÇO
URBANO
Como se “arrumam” as cidades.
Nada se localiza ao acaso, cada “coisa” no seu sítio!
As cidades actuais identificam-se, fundamentalmente, por duas características:
• intensa aglomeração de população que aí reside e/ou trabalha;
• grande concentração e variedade de actividades que nela se exercem.
Apesar da sua grande diversidade, as actividades podem associar-se tendo em conta o tipo de
necessidades que satisfazem à população, designando-se então por funções urbanas.
6. Função urbana: conjunto de actividades exercidas no interior de uma cidade que satisfazem
determinadas necessidades da população. As mais frequentes são as funções: comercial, de
serviços, industrial e residencial.
Deste modo, em todas as cidades é possível considerar várias funções que se concretizam em
diferentes locais ou edifícios. Destas as mais representativas são:
Funções urbanas Actividades/locais característicos
Residencial Blocos de apartamentos, vivendas
Comercial Lojas, tabacarias, pastelarias…
Industrial Fábricas
Pessoais Cabeleireiro, cartório
de Saúde Consultório, centro de saúde
Político-administrativos Câmara Municipal, repartição de Finanças
Serviços Financeiros Banco, seguros, bolsa
Religiosos Igreja/catedral
Turísticos Museu, monumento
Culturais/universitários Universidades
Nem todas as localizações são vantajosas para cada uma destas funções porque:
• as características do espaço pretendido são diferentes de uma para outra;
• o modo como satisfazem a população depende do local onde se instalam.
Assim, o que normalmente acontece é que as actividades que têm alguma afinidade entre si, ou
seja, que pertencem à mesma função urbana, têm localizações próxima e dão origem a que
determinadas áreas da cidade se apresentem, sob o ponto vista funcional, mais ou menos
homogéneas, são as áreas funcionais.
Área funcional: espaço, no interior da cidade, onde predomina uma determinada função urbana.
As áreas funcionais de Lisboa nos anos 70
Em todas as cidades as áreas funcionais são semelhantes:
áreas industriais — espaços situados na periferia com infra-estruturas destinadas à
implantação de fábricas e armazéns;
centro, CBD ou Baixa — área da cidade com forte acessibilidade, preferida para a localização
do comércio e serviços;
áreas residenciais — espaços onde se concentram edifícios de habitação.
7. CBD (Central Business District): área funcional da cidade com uma forte concentração de
comércio e serviços onde, por isso, aflui muita população e o preço do solo é muito elevado.
Comércio: actividade que permite a aquisição de produtos em troca de um valor monetário. Por
exemplo, um supermercado.
Serviço: actividade que permite a satisfação de uma necessidade da população, pode ser em
troca de um valor monetário, por exemplo, um cabeleireiro, ou um serviço grátis, por exemplo,
uma repartição de Finanças.
Acessibilidade: maior ou menor facilidade com que se atinge um lugar a partir de outros.
C – A MORFOLOGIA URBANA
O puzzle urbano... na Europa
A fisionomia das cidades reflecte-se na planta...
As numerosas actividades que se exercem na cidade permitem simultaneamente:
satisfazer as diversas necessidades das pessoas e empresas;
oferecer emprego a quem nela procura trabalho.
Para que estes objectivos possam ser atingidos, é necessário que se procure a melhor
organização possível do espaço no interior das cidades. Este aspecto pode ser observado numa
planta, onde se percebe a forma como se combinam os espaços construídos, os espaços livres
e as vias de circulação;
Planta: projecção horizontal de uma cidade ou edifício de grande escala.
A análise de diferentes plantas de cidades permite-nos concluir que é possível distinguir
diferentes formas de organização interna da cidade, normalmente associadas a diferentes áreas
do Globo.
Modelo de cidade europeia
Nas cidades do continente europeu:
há normalmente um centro antigo, que se caracteriza pela planta irregular;
Planta irregular: planta de
uma cidade onde as ruas
estão dispostas de uma
forma desorganizada,
reflectindo o crescimento
espontâneo da cidade.
a área urbana, no seu conjunto, pode organizar-se segundo uma planta
radioconcêntrica ou apresentar plantas diferentes para sectores diferentes da cidade;
8. Planta radioconcêntrica:
planta de uma cidade onde há
um conjunto de ruas que
divergem do centro e outras
que são mais ou menos
circulares e concêntricas.
as zonas industriais localizam-se na periferia;
é possível identificar áreas com tipos de construção característicos de determinados
períodos;
os edifícios em altura surgem apenas no CBD, também chamado Centro de Negócios.
A organização interna de qualquer cidade fica a dever-se, fundamentalmente:
• às características de relevo. Quando é acidentado adapta-se melhor a uma planta irregular e
quando é plano permite plantas com malhas mais geométricas;
• ao passado histórico e à época de fundação da cidade. Se a cidade, ou o sector da cidade, é
antigo, as suas ruas não estão adaptadas à circulação automóvel; se a cidade é moderna, as
ruas são mais largas para facilitar a circulação de veículos;
• ao valor do solo nas diferentes áreas da cidade. No centro, mais acessível, onde os comércios
e serviços desejam instalar-se, o preço do solo é elevado, por os edifícios são mais altos;
• à decisão dos poderes públicos. Se antigamente o crescimento da cidade se fazia de maneira
espontânea, hoje em dia é ao planeamento urbano que cabe a decisão acerca da ocupação do
solo nas várias áreas da cidade.
O puzzle urbano... no resto do Mundo
Os modelos de cidade diferem nas diferentes regiões do Globo.
Na Europa, o modelo de cidade reflecte a antiguidade da maior parte das cidades e as fases da
sua evolução.
No resto do Mundo, onde a História é diferente, os modelos de cidade têm de ser também
diferentes.
A cidade norte-americana, semelhante à australiana, tem características específicas:
Modelo de cidade norte-americana
• a inexistência de centro antigo bem como de edifícios de arquitectura clássica;
• a importância do CBD com edifícios de grande altura (arranha-céus);
• a dominância de planta ortogonal.
9. Planta ortogonal: planta
de uma cidade onde as
ruas são longas e
rectilíneas e se cruzam
perpendicularmente.
Modelo de cidade latino-americana
A cidade latino-americana e, de uma forma geral, as dos países em desenvolvimento
distinguem-se pela:
• existência do centro colonial, com um tipo de construção própria; ausência de zonas industriais;
• nítida estratificação social das áreas residenciais;
• existência de bairros de lata (no Brasil são as favelas, em França chamam-lhe bidonvilles).
As diferenças encontrados nos modelos dos vários tipos de cidade ficam a dever-se:
• ao passado histórico e à época de fundação da cidade. Se a cidade é de construção recente
obedece geralmente a um plano prévio, apresenta uma planta geométrica e reflecte as novas
técnicas de construção. Se a cidade é de ocupação mais antiga, e tem mesmo um passado
colonial, apresenta marcas de outras épocas e até dos povos colonizadores;
• ao nível de desenvolvimento do país. Se o país é industrializado, naturalmente a cidade
apresenta áreas dedicadas a esta actividade. Se o país é pouco desenvolvido e existe uma
grande parte da população com carências económicas, este facto surge reflectido nas
características das áreas residenciais.
As favelas do Rio de Janeiro
O QUE A CIDADE TEM PARA OFERECER
Apesar da oferta, muito do que existe na cidade não tem ali a sua origem!
10. Os residentes na cidade e os que a visitam, vindos de outras áreas, procuram satisfazer
diferentes necessidades e, por isso, devem ter acesso a produtos e serviços muito variados:
• os bens alimentares que, na sua maior parte, são obtidos da agricultura e da pesca e que são
consumidos sem sofrerem qualquer transformação, provêm do sector primário:
Produtos da Terra
— vegetais;
— carne;
— peixe;
— água;
—…
• os produtos fabricados pelas várias indústrias, e que por isso mesmo sofreram transformações
mais menos profundas, são provenientes do sector secundário:
— livros;
— aparelhos electrónicos
— pronto-a-vestir;
—…
• o comércio, que põe à disposição da população todos os produtos do sector primário e
secundário em vários locais, forma em conjunto com os diversos serviços, o que se chama o
sector terciário, constituído por:
— centros comerciais;
— bancos;
— lojas;
— cinemas;
— hospitais;
— escolas;
—…
De uma forma simples, os três sectores podem distinguir-se pela natureza das actividades que
os compõem. O sector terciário é o mais característico da cidade, pois é aqui que se concentra a
maior diversidade de bens e serviços, mas a maior parte dos produtos, embora oferecidos na
cidade, não são produzidos no seu interior, mas sim em áreas que podem ser próximas ou
distantes e que têm características muito diferentes:
• áreas litorais;
• áreas rurais;
• áreas industriais ou urbano-industriais, quando se localizam próximo das cidades.
Na medida em que nestas áreas também residem muitas pessoas que se dirigem à cidade para
beneficiarem do seu comércio e dos seus serviços, estabelecem-se entre a cidade e cada uma
das outras áreas relações de complementaridade.
Relações de complementaridade: trocas entre duas áreas que oferecem bens ou serviços
diferentes.
CADA UM DÁ O QUE TEM
11. A CIDADE É UM PONTO DE ENCONTRO
Venha de longe ou de perto, tudo ali vai ter. Estradas, pessoas, produtos...
A cidade, como local de concentração de grande variedade de bens e serviços, transforma-se
simultaneamente:
numa aglomeração de população e de empresas;
num centro que atrai pessoas que residem em áreas próximas e até distantes.
As pessoas procuram residir na cidade ou deslocam-se até lá porque:
é mais fácil conseguir trabalho e por isso muitas fazem deslocações diárias para o seu
emprego localizado na cidade — são as migrações pendulares;
têm a certeza de que lá vão poder encontrar tudo, ou quase tudo, aquilo de que
necessitam para satisfazer as suas necessidades do dia-a-dia.
As empresas têm todo o interesse em localizar os seus estabelecimentos na cidade pois:
têm a garantia de obter lucro devido ao elevado número de clientes;
podem conseguir trabalhadores com mais facilidade, graças à concentração pessoas na
cidade.
Cada cidade tenha a sua área de influência, cuja dimensão depende da importância das
funções da cidade.
Área de influência: área geográfica na qual a cidade exerce as suas funções.
O SOSSEGO OU A AGITAÇÃO?
Viver na cidade ou no campo não é bem a mesma coisa!
As diferentes características do espaço urbano e do espaço rural decorrem:
da forma como o espaço é ocupado pelos grupos humanos. De forma contínua na
cidade ou de forma descontínua no campo;
das actividades desenvolvidas em cada um deles. Domina o sector terciário na cidade e
o sector primário no campo.
12. Por estes motivos, a cidade e o campo proporcionam às pessoas diferentes oportunidades, que
nos permitem distinguir o modo de vida rural do modo de urbano.
Modo de vida: conjunto de hábitos que caracterizam as diferentes vertentes da vida do indivíduo
ou do grupo — profissão, tempos livres, vida familiar...
Enquanto no campo, duma forma geral:
o persistem muitas ocupações, com horários de trabalho mais ou menos flexíveis há
pouca oferta de ocupação de tempos livres;
valoriza-se a tradição: os trajes, os pratos típicos, as festas populares...;
todas as pessoas se conhecem e entreajudam em caso de necessidade;
o ambiente é sossegado e há pouca poluição sonora e visual;
as deslocações das pessoas são curtas, o ritmo de vida é calmo.
A pacatez do campo
Na cidade, normalmente:
a esmagadora maioria das pessoas cumpre horários de trabalho muito rígidos; a oferta
de actividades de ocupação de tempos livres é muito diversificada;
não há um conjunto de valores comuns, mas uma grande diversidade de hábitos. Aceita-
se a diversidade, valoriza-se o que é moderno;
cada um sente os seus problemas. As relações entre as pessoas são pouco familiares;
as ruas estão repletas de painéis publicitários e a intensa circulação automóvel deteriora
a qualidade do ar;
as pessoas têm uma grande mobilidade dentro, de e para a cidade; o ritmo de vida é
agitado.
Actualmente, nos países desenvolvidos, este contraste está um pouco atenuado, porque:
o desenvolvimento dos transportes facilita as deslocações diárias entre a cidade e
campo;
a existência, em muitas aldeias, de infra-estruturas e equipamentos oferece muitas das
comodidades próprias da cidade;
os meios de comunicação social difundem novos hábitos e valores.
Estas condições permitem a adopção pelos rurais do modo de vida urbano e motivam muitos
urbanos a residir no campo — é a rurbanização.
Urbano: indivíduo que vive na cidade; o que diz respeito à cidade.
Rurbanização: instalação de equipamentos e actividades próprios dos centros urbanos, em
aglomerados de pequenas dimensões localizados no espaço rural envolvente, que leva alguns
urbanos a mudar a sua residência da cidade para o campo.
13. O buliço da cidade
O “REVERSO DA MEDALHA” NA CIDADE!
Longe vai o tempo em que viver na cidade era o sonho de qualquer um...
Com a Revolução Industrial, as cidades tornaram-se atractivas devido à falta de trabalho no
campo para ocupar uma população rural cada vez mais numerosa.
Actualmente, apesar de continuarem a ter alguns aspectos atractivos, as grandes cidades,
devido à saturação do espaço, apresentam um conjunto de problemas muito diversos:
Um “mundo de problemas”!
o alojamento — a necessidade de construção de edifícios em grande número faz subir o
preço dos terrenos, o que encarece o preço da habitação. Deste modo, a capacidade
económica das pessoas determina a área da cidade onde fixam residência. Nos países em
desenvolvimento, a falta alojamentos leva ao aparecimento dos bairros de lata, normalmente
na periferia das cidades;
os transportes — a grande mobilidade no interior e na periferia da cidade, bem como o grande
número de veículos em circulação, gera situações de congestionamento de tráfego, que
aumentam o tempo das deslocações, a poluição e o stress dos condutores;
14. Engarrafamento de transito
o abastecimento de água, energia, alimentos — nos países desenvolvidos, de forma geral, as
infra-estruturas e as redes de abastecimento garantem a satisfação da população. Nos países
em desenvolvimento isso nem sempre acontece;
esgotos, poluição e lixo — os fumos, os esgotos e o lixo produzido continuamente nas cidades
sobrecarregam a atmosfera, o solo e as águas de produtos que muitas vezes não são
absorvidos pela Natureza, o que contribui para a diminuição da qualidade do ambiente;
solidão, insegurança e criminalidade — a coabitação na cidade, no bairro e até no prédio de
pessoas que praticamente não se conhecem; a falta de emprego; a idade avançada e a falta
de companhia para alguns idosos pode explicar que na cidade, mais que na aldeia, estes
problemas se façam sentir. O aumento dos sem-abrigo e dos assaltos são a prova disso.
Um sem-abrigo
São estes problemas que explicam que, nos países desenvolvidos, o êxodo urbano comece a ter
algum significado e o êxodo rural esteja a perder importância.
UM ESFORÇO PARA INVERTER A SITUAÇÃO
É urgente resolver ou minorar os problemas das cidades!
Nos países desenvolvidos onde:
primeiro se fizeram sentir os problemas das cidades;
existem mais recursos económicos e técnicos;
estão a ser feitos esforços para controlar o crescimento das cidades e alguns dos seus
problemas, através da:
organização da expansão da cidade — os poderes públicos procuram através do
planeamento urbano, organizar a cidade, garantindo uma distribuição equilibrada dos vários
equipamentos (espaços verdes, transportes, serviços sociais...), promovendo a recuperação
dos núcleos antigos e procurando que a qualidade ambiental seja preservada;
Planeamento urbano: conjunto de acções, compiladas em vários documentos, que constituem o
plano e que procuram localizar as pessoas e as actividades de uma forma organizada.
15. construção de bairros sociais — em muitas cidades existem bairros degradados, quer na
periferia, ocupados por população vinda do campo, quer no centro, onde vivem
predominantemente pessoas idosas. Os ocupantes destes bairros, de fraco poder económico,
não podem suportar rendas de casa elevadas. Para resolver esta situação, os poderes
públicos constroem bairros sociais modo a proporcionarem rendas mais modestas;
construção de ETAR e de aterros sanitários — para evitar que os esgotos e os lixos
contaminem os cursos de água e os solos, as cidades tendem a estar equipadas:
— com estações de tratamento, onde a água dos esgotos, depois de estes serem sujeitos a
diferentes transformações, pode ser reutilizada, por exemplo. para rega;
— com espaços devidamente equipados para fazer a selecção dos lixos e permitir, quando é
possível, a sua reciclagem ou reutilização;
organização dos espaços de circulação — no sentido de diminuir o tráfego e facilitar a
circulação das pessoas na cidade, é cada vez mais frequente:
— a existência de ruas pedonais no centro e nas áreas históricas da cidade, onde é interdito
o trânsito de veículos;
— a diversificação do transporte público - autocarro, metropolitano, metro de superfície, para
tentar romper com o ciclo vicioso do transporte urbano.
Um ciclo vicioso
combate à pobreza e à marginalidade — o desemprego, a falta de apoio da família, a
desintegração social, mais frequente nos grupos de imigrantes, gera problemas sociais muito
graves, que muitas vezes são combatidos por organizações não governamentais que actuam
movidas apenas pela solidariedade;