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Apresentação Casa Grande e Senzala
1. SOCIOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO
TÍTULO: A População Brasileira -
Diversidade Nacional e Regional
SUBTÍTULO: Casa Grande e Senzala – Gilberto Freyre
Luiza Maria Silva de Almeida
2. POVO
Em diferentes fases históricas o conceito de povo corresponde a
diferentes agrupamentos de forças sociais: não é uma situação
eterna e imutável.
Sempre se encontra um traço geral, permanente, que
atravessa a história e se repete, algo que existe em qualquer
tempo e em qualquer lugar.
Em todas as situações, povo é o conjunto das classes,
camadas e grupos sociais empenhados na solução objetiva das
tarefas do desenvolvimento progressista e revolucionário na área
em que vive.
3. Formação do Povo Brasileiro
“Todo brasileiro, mesmo o mais alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando
não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do
negro”. ...............................................................
Durante os três séculos do período colonial desenvolveu-se no
Brasil uma cultura que, sendo portuguesa em sua temática e estilo,
incorporou não apenas motivos locais mas também valores das culturas
dominadas. .................................. .
4. MATRIZ
PORTUGUESA
Durante todo período colonial os portugueses
foram no Brasil uma minoria em face da presença indígena
e também da presença da população de origem africana,
que logo começa a afluir como força de trabalho.
O peso dessa minoria na formação da cultura
brasileira é contudo, considerável. Não apenas porque os
portugueses eram os senhores e, os demais, escravos ou
quase escravos. O que importa é que os portugueses
dispunham de técnicas mais avançadas e continuavam a
alimentar-se de suas fontes culturais europeias, enquanto
os aborígenes e os africanos foram isolados das matrizes
culturais respectivas e privados de memória histórica.
A matriz portuguesa, expressa sua força maior na
arquitetura. As estruturas de dominação social estavam
constituídas pelos senhores de terras e pelos estamentos
burocráticos civil, religioso e militar. Na ausência de uma
classe mercantil poderosa, tudo dependia do Estado e da
Igreja.
.
5. O português tinha comportamento flexível, rico em
aptidões incoerentes e difíceis de se conciliarem.
Não havia um tipo determinado, com presença de
genesia violenta, gosto pelas anedotas de fundo erótico,
brio, franqueza, lealdade, patriotismo vibrante,
imprevidência, inteligência, fatalismo e uma primorosa
aptidão para imitar. Generoso, com espírito prático, atento à
realidade útil, dotado de um espírito de honra escrupuloso,
vivo e fácil e compreender as coisas, porém sempre a
espera de algum milagre para sanar todas as dificuldades.
Hereditariamente predisposto a vida nos trópicos por
um longo habitat natural, o português já possuía as
condições físicas para obter êxito em sua permanência no
Brasil.
6. A mobilidade é outro segredo da vitória portuguesa.
Dominando espaços enormes, tinham filhos com as
nativas. Esta mobilidade gerava a miscigenação que compensava
a deficiência de massa humana essencialmente portuguesa. A
mulher morena sempre foi a preferida do português celebrada
pela sua beleza. ...........................................................................
Por isso a formação do brasileiro, com uma sociedade
agrária ou ainda dos grandes desbravadores deu-se pela
miscigenação, pois o português já era duvidoso de sua pureza
étnica. Pela capacidade do mestiço, formado pela união sem
escrúpulo com as mulheres da terra originou-se um povo novo.
Unindo-se com a mulher índia ou negra multiplicou-
se numa população mestiça ainda mais adaptável ao clima
tropical.
7. MATRIZ
INDÍGENA
A reciprocidade cultural do ameríndio com o
português gerou uma sociedade cristã na
superestrutura com a mulher índia recém-batizada por
esposa e mãe de família.
Trouxe para a economia e a vida domestica
suas tradições, experiências e utensílios. A índia cedeu
a rede para embalar o sono ou a volúpia, o óleo de
coco para os cabelos, animais domésticos amansados
pelas mãos. O asseio pessoal, a higiene do corpo. O
milho, o caju, o mingau.
Nos sertões o indígena foi o guia, o canoeiro,
o guerreiro, o caçador e o pescador. Ágil em
mobilidade, atrevimento e ardor guerreiro, não se
adaptou as lavouras de cana. Portador de uma bravura
heroica e militar, colaborou na defesa da colônia contra
os inimigos.
8. Ensinou a caça, pesca, cultura de mandioca, tabaco , coca,
milho, inhame ou cará, jerimum, pimenta. Ensinou a usar toda a
vida animal aproveitada para alimento. O uso do mel, a farinha ou
bolo de mandioca, a caça pequena conservada em caldo grosso
apimentado, o conhecimento e uso de curare e outros venenos. O
uso de flecha, lança, arco e remo, rede, cerâmica, cestos,
instrumentos de madeira, canoas escavadas na madeira,
frequente deslocamento de populações e o terreno ao redor da
casa limpo, todos foram herdados da cultura da floresta.
Não havia entre os indígenas nenhum problema no fato do
homem e companheiro tomar outra ou outras mulheres. A mulher
deixada tomava outro, ou esta mesmo deixava o marido e tomava
outro. Por isso a facilidade da união do português com a mulher
indígena gerando a maior parte da população brasileira da época.
9. Com a aptidão natural da mulher indígena para a
estabilidade, a contribuição dela para a formação social do
brasileiro começa com a geração de filhos. ...........................
Na alimentação a principal contribuição eram os alimentos
preparados com a massa ou farinha de mandioca que substituiu o
trigo. Era ainda da mandioca que se preparava o mingau para as
crianças, bolos de carimã, tapioca, entre outros. Do milho
preparavam a farinha, a canjica, a pamonha, a pipoca. Também a
alimentação a base de peixe, a moqueca. O uso de pimenta,
limão, gengibre, plantas e ervas medicinais. ...................................
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10. Ainda o uso de fibras para tecelagem, algodão, peipeçaba
para fazer vassouras, cabaços como vasilhas de carregar água e
guardar farinha e a gamela.
O conhecimento de madeira e outros elementos vegetais
de construção (cipó, tibó, sapê), animais para alimentação, com
uso dos cascos, penas, peles, lanugem e couro na vida íntima e
diária (cuias, agasalho, enchimento de travesseiros, almofadas,
colchões), junco para esteiras, herdamos dos indígenas. Havia
ainda tinta de várias cores: branco da tabatinga, vermelho de
araribá, pau-brasil e de urucum, preto de jenipapo, amarelo de
tatajuba e o uso de goma e resinas.
Sem o indígena não haveria o poder de tirar proveito
da natureza, tão comum no brasileiro.
11. MATRIZ
AFRO
A disposição psíquica de adaptação talvez
biológica ao clima quente, explicam em parte ter
sido o negro na América portuguesa o maior e
mais plástico colaborador do branco na obra da
colonização agrária.
O negro também mudou a forma de falar o
português. Criaram um novo jeito de falar
caracteristicamente brasileiro: me diga, me faça,
me espere.
A figura boa da ama negra, que criava o
menino lhe dando de mamar, que embalava o
berço, ensinava as primeiras palavras, que lhe
dava na boca o primeiro pirão de carne e molho
de ferrugem. O negro velho contador de histórias.
A mucama e a cozinheira.
12. Mudaram as relações com o meio, com a vida, com o
mundo; experiências que se realizavam através do escravo ou à
sua sombra de guia, de cúmplice, de curandeiro.
As mães pretas ocupavam lugar de honra no seio das
famílias patriarcais. Era a negra quem dava de mamar ao nhonhô,
mimava, preparava o banho morno, cuidava da roupa, contava
histórias e algumas vezes até substituía a própria mãe.
Eram negras as parteiras e curandeiras. Era também das
negras que vinham os filhos mestiços. O desejo do sinhô-moço
pela escrava gerava filhos não por vontade própria, mas por
ordem de seu Senhor. .................................................................
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13. Houve muitos meninos brancos que aprenderam a ler, escrever
e contar, com professores negros; eles era bons e doces, ao contrário
dos padres e frades. Havia também músicos, acrobatas de circo.
Também eram africanos os barbeiros e dentistas. Eram os negros que
plantavam a cana, que a cortavam. Responsáveis pela moenda,
purgação e branqueamento do açúcar e a destilação do aguardente.
Havia a mão do negro em todos os afazeres domésticos. ...................
Também na culinária a cultura negra se manifestou. Introduziu o
azeite de dendê e a pimenta malagueta. O quiabo, a banana, variadas
maneiras de se preparar a galinha e o peixe. A farofa, o quibebe, o
vatapá. O bolo de tabuleiro e doces feitos em casa, doces secos,
bolinhos de goma, sequilhos, confeitos. Mocotós, vatapás, arroz de
coco, feijão de coco, angus, pão-de-ló de arroz e de milho, o acarajé e
o caruru.
14. ...................................................
Do negro vem também a animação, a alegria. A risada do
negro quebrou a vil tristeza do português. Deu alegria ao São João,
animou o bumba-meu-boi, o carnaval, a festa de reis. Nos engenhos,
tanto nas plantações como dentro de casa, nas cidades carregando
sacos de açúcar, pianos, os negros trabalhavam sempre cantando:
seus cantos de trabalho, tanto de xangô como os de festas, os de
ninar menino encheram de alegria africana a vida brasileira.
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Dos negros herdamos o samba, o carnaval, a capoeira.
Herdamos a esperança, a perseverança e a força, tão
característicos em nossa luta diária pela sobrevivência.
15. Assim a hibridação da sociedade portuguesa facilitou
a “mistura” que originaria o brasileiro. Não houve um Brasil
já formado, mas originário do português e da miscigenação.
O Brasil de Freyre é o Brasil do parentesco, da
familiaridade, um Brasil escravocrata e patrimonialista. Um
Brasil que se mostra a partir da sua cultura, onde esta
cultura se manifesta até mesmo por meio da culinária e
exerce grande influência na vida social e em sua estrutura.
Essa mistura possibilitou enxergar o Brasil com um
ângulo diferente. .................................................................. .
Um povo novo, pronto para o futuro e para
mostrar ao mundo que aqui prevalece o verdadeiro
sentido da socialização. .................................................
16. Bibliografia:
.FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. Global Editora.
Recife. 2003.
. FURTADO, Celso. Que somos? Revista do Brasil. Secretaria
de Estado da Cultura e Prefeitura do Rio de Janeiro, ano 1, n.2,
1984.
. SODRE, Nelson Werneck. Cadernos do Povo Brasileiro.
Quem é o povo brasileiro? Civilização Brasileira. Rio. 1967