2. 02
01 Lei 11.645 de 10 de Março de 2008
A construção dos índios como habitantes da América.
03
Marilena Chaui
500 anos caminhos da memória trilhas do futuro.
04 Povos indígenas e o passado das Américas e o passado
do Brasil
06 Aos povos indígenas que história lhes interessa que
seja contada e lembrada?
O que você vai aprender hoje
Nossa
Pauta
02
História
do Brasil
3. História
do Brasil
Tanto nos textos mais antigos, nas narrativas que foram registradas, como na fala
de hoje dos nossos parentes na aldeia, sempre quando os velhos vão falar eles
começam as narrativas deles nos lembrando, seja na língua do meu povo, onde nós
vamos chamar o branco de Kraí, ou na língua dos nossos outros parentes, como os
Yanomami, que chamam os brancos de Nape. E tanto os Kraí como os Nape sempre
aparecem nas nossas narrativas marcando um lugar de oposição constante no
mundo inteiro, não só aqui neste lugar da América, mas no mundo inteiro,
mostrando a diferença e apontando aspectos fundadores da identidade própria de
cada uma das nossas tradições, das nossas culturas, nos mostrando a necessidade
de cada um de nós reconhecer a diferença que existe, diferença original, de que
cada povo, cada tradição e cada cultura é portadora, é herdeira. Só quando
conseguirmos reconhecer essa diferença não como defeito, nem como oposição,
mas como diferença da natureza própria de cada cultura e de cada povo, só assim
poderemos avançar um pouco o nosso reconhecimento do outro e estabelecer
uma convivência mais verdadeira entre nós.
(O Eterno Retorno do
Encontro)
Ailton Krenak
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4. Obrigatórios o estudo de História
e cultura afro-brasileira e indígena
1.Formação da população brasileira, a luta dos povos
indígenas no brasil, cultura indígena,índio na formação da
sociedade brasileira, resgatando suas contribuições nas
áreas social econômico e política, pertinente à história do
Brasil.
2.Conteúdos ministrados no âmbito de tudo o currículo
escolar, em especial educação artística, literatura e história
brasileira.
Lei 11.645 de 10
de Março de
2008
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História
do Brasil
5. Os motores de transformação
Visibilidade dos povos indígenas depois da
Constituição de 1988.
1992Lutas e conflitos na demarcação das Terra
Indígenas. Consolidação das organizações
indígenas.
Lei de 2003 que respondia as lutas dos afro-
brasileiros. Os índios seriampoucos e
concentrados na Amazônia.
Presença de ONGs e amigos dos índios na mídia,
nos partidos políticos. Mudança na orientação da
FUNAI a partir de 2003.
Origem e
contexto
da lei
História
do Brasil
06
6. Para que, por que, e desde onde conhecer
e estudar as história dos povos indígenas
no Brasil?
07
História
do Brasil
8. A questão
teórica
História
do Brasil 09
As culturas e as diferenças
Um dos grandes desafios da condição humana.
Uma das grandes questões da segunda metade
do século XX
ALTERIDADE ou a invenção e construção do
OUTRO
Alteridade: igualdade ou diferença.
Alteridade como diferença: superiores e
inferiores.
Alteridade, colonialismo e modernidade.
Desde Heródoto: o texto (a crônica, a carta, o
informe) como o espaço de produção do OUTRO
como diferente e inferior
9. A questão
teórica
História
do Brasil 09
A construção europeia
Desde o século XVI de uma imagem dos
habitantes de América, que lhes dará um lugar
subalterno na composição do mundo.
Esta imagem manifestada em discurso guio a
política colonial e depois a republicana e do
império do Brasil em grande parte ate as
constituições do fim do XX e inicio do XXI.
Isto foi repetido nos século XVIII e XIX com Ásia e
África. Houve uma produção do OUTRO, ou
melhor dos outros, desde a diferença entendida
como inferioridade.
12. História
do Brasil
A redução de toda a variedade cultural dos habitantes do
continente a um traço: os sacrifícios humanos e as praticas
antropofágicas.
Para dar conta delas, aos índios foram aplicados dois
substantivos da tradição cultural europeia, o de selvagem e
o de bárbaro, que referidos aos índios viram adjetivos que os
desqualificariam e os oporiam ao cristianismo e a civilização:
selvagens e bárbaros, por conseguinte inferiores e na frente
dos europeus obrigados a ser submetidos a estes.
Dois imaginários europeus (medieval e romano) para designar
o diferente o que não conseguia ser enquadrado e que por sua
vez deveria ser submetido à ordem colonial que se estava
impondo
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14. Selvagens e bárbaros vão ganhando novos conteúdos
como canibal, incorporando também tudo o que escapara
ao cânone da civilização cristã.
No fim do século XVIII e durante o XIX estes conteúdos
foram adquirindo um caráter de “cientifico”.
O imperialismo colonial do XIX se serviu assim das teorias
da hierarquia entre as raças para mostrar de forma
evidente a diferença entre a civilização de ocidente e a
barbárie dos “outros”.
Desde 1850 por praticamente cem anos consagrou-se a
exibição destes outros junto com animais e espécies
exóticas.
07
História
do Brasil
17. No Brasil o avanço da ocupação do território desde o
século XVIII e durante tudo o XIX e o XX se traduz em
confrontos, expulsões, assassinatos das populações
indígenas que se insurgiam o que apareciam fragilizadas.
Como no período colonial os índios no reduzidos ou que
reagiam eram denominados de selvagens.
A republica na Constituição de 1891 nomeou os índios
como silvícolas que deveriam se integrar à civilização
brasileira.
O imaginário do selvagem fortemente enraizado cumpriu
diversas funções, inclusive em 1992 ano dos 500 anos da
chegada dos europeus ao continente e da celebração no
Brasil da reunião das nações unidas para o médio ambiente.
História
do Brasil
03
18. Brasil 1992: As brigas entre
ambientalistas e mineradores e
agronegócio, os conflitos da
demarcação.
Oportunismo comercial/político e
imaginário ainda vigente. do Indio
Selvagem.
1997 torpe assassinato do pataxo
Gauldino de Jesus do Santos no dia do
índio em Brasília.
07
História
do Brasil
19. 500 anos - caminhos da
memória trilhas do futuro.
Marilena Chaui
11
História
do Brasil
20. Quem lê os primeiros relatos sobre o Novo Mundo - diários e cartas de
Colombo, Vespúcio, Caminha, Las Casas – observa que a descrição dos
nativos da terra obedece a um padrão sempre igual: são seres belos,
fortes, livres, "sem fé, sem rei e sem lei". As descrições de Vespúcio, mais
do que as dos outros, são de deslumbramento, particularmente quando se
referem aos homens jovens e às mulheres. A imagem dos "índios" não é
casual: os primeiros
navegantes estão convencidos de que aportaram no Paraíso Terrestre e
descrevem as criaturas belas e inocentes que viveriam nas cercanias
paradisíacas. A esta construção imaginária veio acrescentar-se, mais
tarde, a que identificava òs nativos com as 10 tribos perdidas de Israel e
que, encontradas, ofereciam o primeiro e seguro sinal de que se
aproximava o Tempo do Fim, a restauração do Reino de Deus na Terra.
Quando, no século XVIII, fazendo a crítica iluminista da civilização e
anunciando o romantismo, Rousseau construiu a figura do bom-selvagem,
apenas concluiu um caminho aberto no final do século XV.
História
do Brasil
03
21. Contraposta à imagem boa e bela dos nativos, a ação da conquista ergueu
uma outra, avesso e negação da primeira. Agora,os "índios" são
traiçoeiros, bárbaros, indolentes, pagãos, imprestáveis e perigosos.
Postos sob o signo da barbárie, deveriam ser escravizados, evangelizados
e, quando necessário, exterminados.
Durante os últimos 500 anos, a América não cessou de oscilar entre as
duas imagens brancas dos índios e, nos dois casos,as gentes e as culturas
só puderam aparecer filtradas pelas lentes da bondade ou da barbárie
originária. Cegos e surdos para a diferença cultural (no sentido amplo
deste termo), os pós-colombinos e póscabralinos realizaram a obra da
dominação, mesmo quando julgaram que faziam o contrário, desejosos de
aumentar o rebanho do povo de Deus ou os cidadãos da sociedade
moderna.
História
do Brasil
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22. Povos indígenas e o
passado das
Américas e o passado
do Brasil
14
História
do Brasil
23. Os efeitos da
colonização,
evangelização,
escravidão,
aculturação e
extermínio
História
do Brasil 09
A certeza de que os povos indígenas pertencem ao
passado das Américas e ao passado do Brasil - Em 3
Sentidos difamatórios
Passado cronológico: os povos indígenas são resíduo ou
remanescente em fase de extinção como outras espécieis naturais
Passado ideológico: os povos indígenas desapareceram ou estão
desaparecendo, vencidos pelo progresso da civilização que não
puderam acompanha
Passado simbólico: os povos indígenas são apenas a memória da
boa sociedade perdida, da harmonia desfeita entre homem e
natureza, anterior à cisão que marca o advento da cultura moderna
(isto é, do capitalismo). No presente, os índios seriam apenas uma
realidade empírica com a qual é difícil lidar em termos económicos,
políticos e sociais. Donde a ideia de "Reserva Indígena", espaço
onde se conservam espécimens e resíduos.
24. Como brasileiros na tarefa de consolidar e alcançar uma
sociedade menos desigual e de real exercício da
democracia que relação interessa ser estabelecida com
os povos indígenas?
Aos povos indígenas que história lhes interessa que seja
contada e lembrada?
História
do Brasil
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