Este documento fornece as estruturas necessárias para a elaboração de um artigo de opinião, incluindo: 1) contextualização do assunto; 2) explicitação da posição assumida e argumentos de apoio; 3) consideração de posições contrárias e argumentos de refutação; e 4) conclusão retomando a posição defendida. O artigo deve ter um título e indicar as iniciais do autor.
1. ELEMENTOS NECESSÁRIOS NA ESTRUTURA DE
UM ARTIGO DE OPINIÃO
1) CONTEXTUALIZAÇÃO E/OU APRESENTAÇÃO DO ASSUNTO EM
DISCUSSÃO.
2) EXPLICITAÇÃO DA POSIÇÃO ASSUMIDA.
3) UTILIZAÇÃO DE ARGUMENTOS QUE SUSTENTAM A POSIÇÃO
ASSUMIDA.
4) CONSIDERAÇÃO DE POSIÇÃO CONTRÁRIA E ANTECIPAÇÃO DE
POSSÍVEIS ARTUMENTOS CONTRÁRIOS À POSIÇÃO ASSUMIDA.
5) UTILIZAÇÃO DE ARGUMENTOS QUE REFUTAM A POSIÇÃO
CONTRÁRIA.
6) RETOMADA DA POSIÇÃO ASSUMIDA E/OU RETOMADA DO
ARGUMENTO MAIS ENFÁTICO.
7) CONCLUSÃO ENFÁTICA E DE COBRANÇA RETOMANDO A POSIÇÃO
DEFENDIDA
ATENÇÃO: O ARTIGO DE OPINIÃO DEVE APRESENTAR UM TÍTULO
E AS INICIAIS DO NOME DO AUTOR DO TEXTO DE ACORDO COM
O PROPÓSITO DA REDAÇÃO.
2. 02 allencar Rodriguez
Capítulo I
CONTEXTUALIZAÇÃO: GÊNEROS TEXTUAIS
Vamos analisar agora a estrutura de alguns gêneros
textuais que podem ser cobrados na construção escrita
da prova de redação Unicamp. Porém é preciso
ressaltar que toda redação tem um objetivo propósito
que conduz a elaboração do texto.
Por exemplo: GÊNERO DISCURSIVO CARTA
a) Carta para um jornal comentando uma notícia
b) Carta à prefeitura solicitando prestação de serviço
em sua rua
c) Carta contando uma história para uma pessoa
(relato) – o mesmo do simulado: “olho de menino
triste”.
Para elaborar os textos acima, ou qualquer outro, você
de seguir os parâmetros abaixo para cumprir a
FINALIDADE DO TEXTO.
1)Quem fala (Interlocutor Interno)
2)Sobre o que fala
3)Com quem fala (Interlocutor Externo)
4)Com qual finalidade
5)Gênero
3. estudo aplicado redação 03
Esses parâmetros:
Estruturam os textos dos candidatos e estruturam as
escolhas lingüísticas. A partir do gênero e do propósito
é escolhido o vocabulário mais adequado e que tipo de
estrutura será usado no propósito comunicativo que é
tanto para a escrita como para a leitura e na
interlocução: ou seja, a posição enunciativa e o
interlocutor e o gênero.
1 - ESTUDO DE GÊNEROS ARGUMENTATIVOS
1.1 – ARTIGO DE OPINIÃO
O endurecimento das penas seguramente é um instrumento de inibição à
criminalidade
Ari Friedenbac
A responsabilização do menor por seus atos infracionais tem de ser debatida com a
serenidade que o tema exige. A sociedade vem expressando com clareza sua
preocupação com a crescente violência, notadamente nos grandes centros. Não
podemos conceber que se pretenda educar as novas gerações sem que se transmita
às crianças e aos jovens o claro conhecimento de limites.
É inegável que reprimir é parte integrante do processo educativo, E isso deve
ocorrer no âmbito da sociedade. Evidentemente, não se pode falar em punição sem
que se atue com o efetivo intuito de evitar que o cidadão, seja ele menor ou maior
de 18 anos, cometa qualquer ato infracional, ou seja, há que se atuar com
determinação no sentido de permitir a inclusão social de todos os brasileiros, dando-
lhes, antes de tudo, o direito e as condições de fazer um efetivo planejamento
familiar e propiciando-lhes acesso a saúde, educação trabalho. Concomitantemente,
há que se aparelhar o Estado para atuar quando estamos sendo impedidos de
exercer nossos direitos mais essenciais: o direito à vida e o de ir e vir.
Quando falo em repressão, evidentemente não estou querendo apoiar qualquer
política favorável a negar direitos civis. Não apóio qualquer prática de tortura ou
violência. No entanto, a colocação de limites à criança, ao jovem e ao adolescente é
uma forma inequívoca de educá-los. O polêmico debate a respeito da maioridade
penal não pode ser encaminhado como uma questão meramente matemática. Não se
trata de 18, 16 ou 14 anos.
(...)
4. 04 allencar Rodriguez
Alguns problemas da Febem têm soluções mais simples do que pode parecer – eis
que diversas questões foram previstas pelo legislador ao redigir o ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente). Muitas vezes o que falta é a correta aplicação da lei.
Está previsto no estatuto que o menor interno deverá ficar separado de acordo
com idade, compleição física e infração/periculosidade. A reinserção desse menor
infrator dependerá também de programas de colocação profissional desses jovens
quando retornam ao convívio social.
O sistema para os jovens infratores deveria ser constituído de unidades de
pequeno porte, nas quais o menor seria obrigado a estudar, a fazer cursos
profissionalizantes, com acompanhamento efetivo de psicólogos. O menor ou maior
que, ao sair de um período de reclusão, não tiver qualquer perspectiva de trabalho e
vida decente seguramente voltará a delinqüir.
Com todo tipo de acesso à informação que hoje um jovem tem, seja através da
televisão, de revistas, jornais, internet (hoje disponível na maioria das escolas
públicas), além do fato de a maioria dos jovens nessa faixa etária já estar
trabalhando ou de alguma forma ajudando na manutenção de sua casa, não é
possível concebermos um adolescente não estar em condições de arcar com as
responsabilidades de seus atos, seja ao votar, ao dirigir, ao agredir, ao matar etc.
A aplicação de penas mais severas, seja aos menores infratores, seja aos maiores
de 18 anos, diferentemente do que pregam os defensores do continuísmo, inibe o
agente agressor e deve passar a clara mensagem de que “o crime não compensa”. O
endurecimento das penas seguramente é um instrumento de inibição à
criminalidade.
As autoridades constituídas, bem como os teóricos de plantão, necessitam de
vivência do mundo real. Há que assumir uma posição responsável, pois lidar com a
questão da violência apenas com olhos voltados aos fatores sociais (da maior
importância), sem dúvida, constitui uma visão bastante míope.
Ari Friedenbach é advogado e um dos fundadores do Instituto Liana Friedenbach,
criado no final de 2003, com o objetivo de prestar apoio às vítimas de violência. Ele
é pai de Liana Friedenbach, que foi seqüestrada e assassinada, junto com o
namorado, em novembro de 2003. Esses crimes foram cometidos por cinco pessoas,
entre as quais um menor de idade.
5. estudo aplicado redação 05
ANÁLISE DO TEXTO
Veja que o texto foi escrito por um advogado, portanto conhecedor de
leis e de assuntos como a discussão da maioridade penal. Essa discussão,
porém, é polêmica. Existem vários e diferentes argumentos para a
mesma questão.
O texto exprime a opinião exclusiva de um autor, cuja coletânea de
argumentações tenta persuadir, induzir o leitor da necessidade de
aplicação de leis severas ao menor por seus atos infracionais.
Note que as passagens grafadas em vermelho são situações incisivas,
enfáticas de contexto de linguagem imperativas de suas opiniões.
Na conclusão, último parágrafo em azul, há uma veemente
cobrança daqueles que são responsáveis institucionalmente pela
aprovação e aplicação de leis, igualmente para aqueles que se envolvem
nessas discussões sem a devida prática e conhecimento que o assunto
requer.
O texto também possui um título e é nominado (no caso da
redação para o vestibular – escrever apenas as iniciais do nome de
acordo com o propósito da redação).
ARTIGO DE OPINIÃO
Texto argumentativo:
◊argumentação, expressão de opiniões
Intencionalidade comunicativa:
◊influenciar o pensamento dos destinatários (os leitores), isto é,
construir ou transformar (fortalecer, confirmar, inverter,
enfraquecer) a posição o ponto de vista desses destinatários
sobre uma questão controversa de interesse social e,
eventualmente, mudar o comportamento deles. Provar o ponto
de vista, a opinião do autor do artigo.
Componentes lingüísticos:
◊pontuação – período composto por coordenação – período
composto por subordinação – conjunção
6. 06 allencar Rodriguez
Este é um tipo de gênero textual que expõe o
posicionamento do autor (especialista num determinado
assunto) diante de um assunto em diferentes situações de
comunicação envolvendo uma questão controversa ou
polêmica que podem incidir sobre temas políticos, sociais,
científicos e culturais, de interesse geral e atual, que afetem
direta ou indiretamente um grande número de pessoas, e
procura respondê-las. Normalmente essas questões surgem
a partir de algum fato acontecido e noticiado. Uma questão
controversa é aquela para a qual não há uma resposta única,
Isto é, perante ela é possível assumir diferentes pontos de
vista. Esse posicionamento é fundamentado em argumentos
diante de seu PONTO de VISTA tendo como característica a
PERSUASÃO.
Isso, numa linguagem objetiva onde aparecem os
contextos imperativos do tipo (exija – ajude – favoreça –
faça). O Artigo de Opinião geralmente é escrito em primeira
pessoa, pois o texto detém marcas pessoais do autor.
Portanto, o artigo de opinião tem a intenção de convencer
seus interlocutores e para isso precisa apresentar
argumentos convincentes fundamentados em dados
verdadeiros e opiniões verdadeiras. O artigo de opinião
sempre traz um contexto de questões polêmicas – onde a
argumentação traz uma questão controversa (que é
aquela para a qual não há uma resposta única, isto é perante
ela é possível assumir diferentes posicionamentos).
7. estudo aplicado redação 07
Veja exemplos de questões controversas:
Questão 1) a pena de morte implica na diminuição de crimes hediondos?
Questão 2) o aborto: é um direito à vida ou uma cultura de morte?
Questão 3) bolsa família: é esmola ou é benefício.
Questão 4) a clonagem humana deve ser permitida?
Veja que nesses temas polêmicos sempre haverá pelo
menos três tipos de argumentos diferentes: alguém
argumentará em favor, outro contra e outro parcialmente
contra ou em favor. Desta forma, as questões do artigo de
opinião incidem sobre temas de interesse geral e atual num
contexto político, social, científico e cultural. Essas questões,
pelo seu caráter factual, surgem a partir de algum fato
expressivo focalizado veemente pela mídia.
O artigo de opinião tem o objetivo de influenciar o
pensamento dos leitores. Essas influências têm a
características de reforçar uma idéia do autor do artigo no
leitor convencendo-o a ser cúmplice de seus argumentos. Da
mesma forma, o artigo de opinião tem o poder de inverter a
opinião do leitor, enfraquecer essa opinião, desistir da
opinião ou até mesmo criar uma opinião sobre determinado
tema. Em suma, o artigo de opinião caracteriza-se por mudar
o comportamento do leitor sobre um tema expressivo,
transformar suas opiniões e/ou atitudes.
8. 08 allencar Rodriguez
Para produzir um artigo de opinião siga as orientações
abaixo:
a) Após a leitura do texto fonte (que pode ser uma notícia de
jornal, revista, etc.) faça um projeto de texto contextualizando
suas opiniões e seus argumentos (OPAR). Fundamente seu ponto
de vista de acordo com o propósito pedido nas instruções da
prova.
b) Na construção textual, leve em consideração o interlocutor,
isto é, use uma linguagem adequada a quem irá ler à sua
opinião. Contudo, a linguagem deve ser direta, incisiva, enérgica
e convincente.
c) Escolha os argumentos que são inerentes ao propósito da
proposta do texto a ser produzido.
d) Ao iniciar o texto construa um enunciado expressando a idéia
central do texto, isto é, apresente a questão que será discutida,
o qual você vai defender com a expressão de suas opiniões e as
argumentações.
e) No parágrafo seguinte, explicite a sua posição assumida e motivo,
a razão pela posição assumida. Utilize argumentos que dêem
suporte a sua posição. Use referências que sustem seu ponto de
vista como notícias na mídia, estudos acadêmicos ou autores
conhecidos que escreveram sobre o assunto.
f) Construa um parágrafo, fortalecendo seu ponto de vista e
antecipando possíveis argumentos contrários à sua posição
assumida. Utilize argumentos que refutam a posição contrária.
Retome enfaticamente a posição assumida.
e) Na conclusão de seu texto trabalhe o mesmo contexto da
redação argumentativa o qual você está habituado. Isto é,
articule a sua linha de pensamento argumentativa em função do
propósito do texto pedido retomando a defesa do seu ponto de
vista.
f) Crie um título que desperte a curiosidade do leitor fazendo uso
da linguagem imperativa.
9. estudo aplicado redação 09
Após terminar o texto siga os seguintes procedimentos;
a) Há erros de ortografia, de gramática, ou outras dificuldades;
b) Seu texto trata-se efetivamente de uma questão polêmica;
c) Contextualizam adequadamente o leitor em relação à questão discutida;
d) Deixam clara a sua posição assumida;
e) Seu texto traz argumentos coerentes e convincentes no sentido influenciar o
pensamento dos destinatários;
f) Apresentam e discutem ou rebatem o pensamento de opositores sobre o
assunto.
Leia outro exemplo abaixo seguindo o procedimento acima:
Bolsa família: fim do engodo, pelo bem dos pobres
L.J.H.
A violência urbana é um cenário que mancha de sangue o cotidiano
daqueles que vivem em centros urbanos. Presente nesse contexto está o
próprio sangue do cidadão trabalhador e de assassinos que mal saíram
da fase da adolescência. Pesquisas indicam que o infrator está entre a
idade de 18 e 25 anos. Entre as várias causas dessa violência a mais
importante delas é a má distribuição de renda, a falta de educação de
qualidade, o analfabetismo, a falta de acesso à escola, falta de empregos
para jovens na fase de transição para a vida adulta e para o trabalhador
de baixa renda, pois isso resulta no indivíduo a privação de uma boa
formação, conseqüentemente melhores oportunidades de melhoria de
vida. Daí partimos do principio que existe uma grande necessidade de
uma corrente social em defesa do “bolsa estudante” por mérito aos
alunos da escola pública em detrimento do “bolsa família” destituído de
sua principal função por um governo populista.
10. Temos visto que o filme da desigualdade social brasileira, segundo o
IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que começou cair em
2001, parece um filme digno de um Oscar pela sua trajetória. Já na
foto da mesma desigualdade vejo um retrato que mostra uma
realidade vergonhosa num país que se posiciona entre os mais ricos do
mundo: somos ainda muito desiguais. Esse fato demonstra que o
“bolsa família”, num primeiro momento, teve bom fundamento na
questão, porém, se tornou, pior do que esmola, um meio de compras
de votos a longo prazo, uma vez que a falta de um controle para o seu
uso, levou milhares de beneficiados a gastar os recursos do “bolsa
família”,famigerado em seu pior contexto, em mesas de sinuca, jogos
de cartas, cachaça e alimentos (seu principal foco) que não trazem
benefícios à saúde, de acordo com pesquisas recentes de jornais de
grande circulação e renomados institutos de pesquisas. Então, nós
como cidadãos éticos e de bem, devemos exigir do governo o fim do
“bolsa família” pelo bem do próprio cidadão que o recebe, porque isso
o manterá em eterna condição de pobreza assim como os seus
descendentes.
Já o “bolsa estudante” seguindo um critério sério e não político,
como provas de avaliação do governo, proverá ao estudante a
valorização do estudo, o estímulo para seu futuro acadêmico ou
trabalho. Como recompensa receberá do estado uma ajuda de custo
que seja um pouco mais ordem do recebido hoje. Você deve imaginar
que parece ser a mesma coisa. Porém, não é. Sem dúvida, esse
processo bolsa por merecimento trará ao individuo a valorização da
moralidade através de seu esforço na educação e novas
oportunidades. Penso que o governo irá argumentar que essa idéia é
das “zelites”, pois ele quer manter seu curral eleitoral principalmente
nas regiões mais pobres do país.
Enfim, o atual estado de violência urbana no país comprova que o
reforço policial, equipamentos de segurança, vigilância armada,
invasões de regiões onde o tráfico domina e alicia os jovens em
situação de risco não é solução para o fim da violência urbana. Já o
“bolsa estudante” por mérito dará sustentabilidade de crescimento
cidadão ao indivíduo. E como cabe a cada um de nós provocar
situações que eliminem situações de pequena violência, então
Manifestem suas opiniões nos órgãos de comunicação, na internet e
nos sites de relacionamentos como forma de protesto. Façam que essa
idéia prospere no sentido de que as violências que mancham de
sangue toda a sociedade sejam suprimidas pela raiz.