O documento discute o significado de cidadania, democracia e tolerância. Apresenta diferentes perspectivas filosóficas sobre esses temas ao longo da história. Argumenta que o diálogo é essencial para resolver problemas complexos na sociedade de forma pacífica e justa.
2. O tema “Filosofia na cidade” tem
como objetivo salientar o
contributo da filosofia para a
construção da cidadania. É
importante que este tema seja
reconhecido para que as pessoas
saibam a importância da
tolerância e do diálogo na
atualidade e, também, para
esclarecer de que modo podemos
praticar a filosofia e contribuir
na sociedade como cidadãos
livres e responsáveis.
3. Se nós decidirmos prosseguir os estudos e seguir uma
carreira na investigação científica, por exemplo,
estaremos a traçar o rumo para a nossa vida pessoal, mas
ao mesmo tempo iremos interferir na vida da sociedade,
pois as nossas decisões poderão ou não ser um bem
maior para a coletividade.
4. Posto isto, compreendemos que o ser humano não
vive isolado, pois depende da sociedade-cultura e da
convivência com os outros para sobreviver, agir e
transformar.
5. No entanto, a convivência entre os indivíduos dentro da
sociedade nem sempre é fácil. Citando Kant, parece
existir uma sociabilidade insociável ligada à natureza
humana. Com isto Kant quer dizer que “…o homem tem
uma inclinação para entrar em sociedade (…). Mas
também tem uma grande propensão a isolar-se (…)”
6. Então, na sociedade encontramos
Mas ao mesmo tempo
O nosso ambiente
natural
Questionamo-lo e
queremos modificá-
lo
7.
8. A palavra cidadão designa aquele que vive na cidade e,
por isso, goza de direitos civis e políticos dentro dela. À
semelhança da antiga democracia ateniense, o cidadão é
um homem-livre, capaz de participar nas decisões
públicas da cidade e que cumpre as suas obrigações
naturais a sua subsistência e a da sua
família.
9. Desde muito cedo os filósofos consideraram a
existência de duas esferas – pública e privada – na
vida do individuo. Para os gregos, o espaço publico
sobrepõe-se ao privado, porque este permite ao
homem a realização plena da sua natureza (política).
10. Atualmente, as noções de espaço privado e espaço
público são utilizadas num sentido diferente. Não faz
sentido, assim, dizer que a realização humana só é
possível ao nível do espaço público, ou seja, da esfera
política.
11. Nós, enquanto seres livres e moralmente conscientes, somos
capazes de tomar as nossas próprias decisões – no nosso
espaço privado; porém, sempre que o fazemos, mostramo-
nos e interferimos no seio da coletividade – espaço público.
Na esfera privada, o individuo procurará o que é melhor
para si e na esfera pública, procurará o que é melhor para
todos.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19. A tarefa da reflexão política é então, concluindo, a de
tentar conciliar as exigências individuais com as da
coletividade (sociedade civil), para assegurar as
melhores condições (de justiça) para todos.
20. Para os gregos, a razão teórica estava ligada à observação e à
produção de conhecimentos, enquanto a razão prática – a praxis –
significava a ação comum, a reflexão acerca dos problemas práticos
da vida pública da cidade – polis.
A filosofia na polis – a evolução da
filosofia política
21. É aos gregos que devemos o nascimento da
democracia e, com ela, o da política
A palavra política deriva de polis, e assim significa
originariamente gestão dos assuntos ou negócios da
polis.
22. A democracia reconhece a igualdade de todos os
cidadãos perante a lei e, assim, a cidadania constrói-
se com base no reconhecimento dessa igualdade e da
liberdade do cidadão.
23. Com Aristóteles
surge o conceito
de filosofia política
como uma
disciplina ou
ramo de saber.
24. No Tratado da Política, o filósofo caracteriza o homem
como um animal social e político e reconhece a
importância da palavra na sociedade política.
25. Aristóteles lança as seguintes questões:
(questão da soberania, já colocada por Platão)
27. Foram vários os pensadores que refletiram sobre
estas questões e que contribuíram para o
desenvolvimento da filosofia política:
Nicolau B. Maquiavel Thomas Hobbes
29. Nas diferentes conceções políticas por eles desenvolvidas, no
entanto, encontra-se um problema determinante: a natureza
humana.
30. Se o ser humano tem tendência para o mal, deve
existir uma autoridade para lhe impor regras;
Se é naturalmente bom, deseja o bem de todos e
será capaz de os respeitar de livre vontade.
32. Devemos reconhecer então três princípios fundamentais:
• A democracia como regime preferível;
• A liberdade e a igualdade como direitos fundamentais;
• O diálogo como via razoável de resolução de problemas
comuns.
33. Concluindo, a atual reflexão filosófico-política age
no sentido de encontrar a melhor forma de
coexistência do direito de igualdade com o direito à
diferença. As suas respostas elucidam-nos para a
importância do
diálogo e da tolerância
como pilares de construção da
cidadania
34. Devido aos fenómenos de globalização e de emigração,
as sociedades democráticas são obrigadas a repensar o
estatuto do cidadão enquanto ser humano e cidadão do
mundo. É assim urgente garantir os seus direitos
fundamentais.
35. Neste sentido, é devido que nos debrucemos acerca
de alguns dos problemas atuais. A saber:
fome
39. É difícil, no entanto, encontrar uma solução para
estes problemas pois estão diversos valores e
interesses em questão. Todavia, não deixamos de nos
perguntar:
40.
41.
42.
43.
44. Devemos assim repensar a tolerância no conjunto de
convicções (religiosas, filosóficas, políticas, etc.) que
ocupam o espaço social e cultural do planeta.
45.
46.
47. Segundo o Dicionário de Filosofia:
“Ser tolerante é abstermo-nos de agir contra o que
reprovamos, contra o que nos é politicamente contrário ou
contra o que é diferente de nós.”
48. Isso significa que ser tolerante é permitir certas
atitudes e comportamos que não aceitamos como
corretos ou que não estão de acordo com as nossas
convicções.
49. A tolerância é então agora concebida como o respeito
pelas diferenças, ao contrário da antiga perceção
negativa que a via apenas como a mera permissão
(mas não aceitação) das diferenças religiosas.
50. Reconhecer os direitos humanos significa afirmar a igual
dignidade de todos os indivíduos, independentemente das
suas diferenças de:
Cor;
Raça;
Etnia;
Religião;
Partido político;
Opinião.
51. Devemos, assim, manter e respeitar estas diferenças,
aceitá-las e reconhecê-las pela liberdade e dignidade
de todos e de cada um. Isso quer dizer que o facto de
defendermos um ideal político ou termos uma certa
convicção não implica que possamos ser intolerantes
perante as convicções e os ideais dos outros.
52.
53. Porém, é ainda muito difícil resolver determinados
problemas socioculturais e, por isso mesmo, torna-se
necessário reafirmar a importância do
diálogo
Promovido pela democracia instaurada pelos
gregos, juntamente com o debate e a discussão.
“O melhor regime dos até agora conhecidos
na história da humanidade.” -Karl Popper
54.
55. a) A «ética da discussão» de Apel e Habermas
Nela parte-se da ideia de uma situação ideal de
comunicação cujos intervenientes partilham de iguais
condições de diálogo e conseguem, dessa forma,
entender-se.
No entanto, uma «comunidade ideal de fala» não é o
mesmo que uma comunidade real. Nesta, as opiniões são
diferentes e discordantes.
56.
57. Assim, na maior parte das vezes só será possível atingir
consensos provisórios ou estabelecer compromissos
negociados (pois não é possível que as opiniões de todos
concordem). Apel e Habermas defendem então a ideia de uma
necessária participação dos indivíduos no espaço público,
através da expressão e da discussão pública. Contudo, avisam
para o papel fundamental de um Estado de direito
democrático capaz de exercer plenamente as suas funções,
garantindo os direitos essenciais dos cidadãos.
58. b) O «consenso de sobreposição de doutrinas abrangentes
razoáveis» de Rawls
O filósofo John Rawls entende que numa sociedade realmente
democrática todos os participantes devem estar interessados em
cooperar porque todos são reconhecidos como iguais. No entanto,
Rawls sabe que as sociedades democráticas atuais são plurais e
que os indivíduos têm não só objetivos diferentes, como também
defendem ideias e convicções - filosóficas, políticas ou religiosas –
distintas.
59. Segundo Rawls, uma sociedade justa só será estável
se reunir um conjunto de doutrinas razoáveis que
têm em vista um consenso duradouro. Se dada
doutrina não for razoável, então ela não poderá ser
admitida no interior da sociedade justa.
60. Então, como vimos, é no diálogo que encontramos o meio de
resolução dos conflitos e das questões públicas. A paixão dos gregos
pelo homem levou-os a encontrar na
democracia
a melhor forma de gerirem os assuntos comuns
62. Pode afirmar-se, por fim, que ser cidadão significa:
pôr em ação a nossa liberdade e igualdade;
empenharmo-nos na defesa dos interesses comuns.
63. Infelizmente, nos dias de hoje, a participação dos
cidadãos na vida política é cada vez menor, e nota-se
um crescente desinteresse dos jovens pela política.
64. Para além de cidadãos - inseridos numa cidade e
país com leis, normas e regras próprias – somos seres
humanos, com direitos e deveres que devem ser
reconhecidos, protegidos e respeitados.
65. Vejamos então algumas ideias-chave
caracterizadoras do cidadão contemporâneo:
É sujeito de direitos fundamentais, como a liberdade
e a igualdade;
É portador de identidade e dignidade próprias;
Tem o poder de decidir e o dever de participar
democraticamente nos assuntos públicos;
Deve ser solidário e responsável;
Deve construir a paz, tendo como instrumento o
diálogo;
Deve participar na construção de uma sociedade
melhor e mais justa.
66.
67. Com este trabalho compreendemos o significado de
conceitos como tolerância, democracia e cidadania,
debatemos algumas questões públicas atuais e
vimos, por fim, o que é ser cidadão.
68. “Contextos”, Manual de Filosofia do 11ºano
https://www.google.pt/imghp?hl=pt-
PT&tab=wi&ei=IgSGU7WFBpKr0AWQ34CQCA&ved=
0CAQQqi4oAg
http://www.defnarede.com/
http://www.dedihc.pr.gov.br/modules/conteudo/conte
udo.php?conteudo=8