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ÉTICA
CONTEMPORÂNEA
O debate liberal
comunitário
Ética Discursiva de J. Habermas:
Se detém sobre o
problema da validade de
normas morais.
A “objetividade” e “validade” da moral:
A explicação se
encontra em um acordo ou
consenso que é o
fundamento de toda lei
válida em uma sociedade
democrática.
E esse acordo é possível graças a algo que possuimos: “a
comunicação”.
A forma de
vida do ser humano se dá
através da
LINGUAGEM.
Dito em outros termos, as pessoas possuem
“competência comunicativa”:
a capacidade para
se comunicar através da
linguagem e
conseguir que a
comunicacão seja racional.
A lei moral é uma lei autoimposta, como já pensava Kant,
mas essa lei não pode
proceder apenas de uma
unidade
de conciência individual,
ela deve ser
consensualizada social e
democratica.
 Busca determinar o que é 'justo',
não o que é 'moral', 'ético' ou 'bom'.
 Sustenta a necessidade de um
consenso em torno de uma
concepção pública de justiça
compartilhada pela comunidade
social (contratualismo moral).
 A busca deste consenso dos
cidadãos, a capacidade de colocar-
se na esfera pública buscando
alcançar um entendimento em torno
dos dissensos.
 Neste ponto, a proposta filosófica
de Rawls aproxima-se da visão de
democracia deliberativa de Jürgen
Habermas.
No entanto, numa posição antagônica a este retorno a certa
revalorização da modernidade e autores como Kant,
está a posição de A. MacIntyre e Michael Sandel
MacIntyre faz um diagnóstico pessimista:
a Ética já não é possível,
uma
vez que
impossivel chegar a
acordos morais
nem fundamentá-los
racionalmente.
Assim, para MacIntyre, nosso tempo se compõe de uma
colcha de retalhos de
moralidades de outras épocas: herdamos virtudes gregas,
mandamentos cristãos, ideias modernas sobre
direitos e deveres fundamentais.
Para tanto, nossa linguagem é uma desordem de
conceitos descontextualizados,
visto que já não são nossas as formas de vida
que as originaram.
Em outras palavras,
falta a base para alguns
valores comuns
compartilhados.
Por outro lado, e derivado do anterior,
qualquer tentativa filosófica
de “fundamentar” uma
determinada concepção
moral está
destinado ao fracaso.
E como resultado disso, o único discurso adequado para
nosso tempo, termina sendo o “emotivista”:
nossos juízos morais
são apenas expressão de
meros sentimentos.
São as reações pessoais ou grupais a situações que
aprovamos ou desaprovamos.
Para isso não existem possibilidades de um fundamento
racional:
o relativismo é total.
Portanto, para MacIntyre, a origem do problema se centra
na perda de uma “teleologia”,
ou seja, uma concepção
moral da pessoa, como
existía, por exemplo, para
Aristóteles ou Santo
Tomás.
Por esta razão, a virtude ou a Ética passaram a não se
explicar em um mundo como o nosso, conclui MacIntyre.
Mas como sair, então, de tal situação?
Afirma MacIntyre:
“Voltarmos próximos ao
aristotelismo .
MacIntyre propõe assim uma saída que alguns vêem
como improvável:
a volta a sociedades comunitárias
Quando foi possível
compartihar os mesmos fins
(telos)
Apenas tal situação
possibilitaria, segundo ele, a
Reconstrução da Ética.
MacIntyre espera que a comunidade ofereça a todos os seus
membros
um sentido mais
concreto de suas
“FINALIDADES” em
um agrupamento
humano.
Debate liberal comunitário
 Os liberais se sentem
herdeiros de Locke,
Hobbes, Stuart Mill, Kant.
 Os comunitaristas, têm
as suas raízes no
aristotelismo, em Hegel
Debate liberal comunitário
 Aristóteles parte do Homem e deduz as virtudes
necessárias para atingir um ideal de vida.
 Kant e Rawls elaboram princípios de justiça sem
referência aos papéis e identidades que nos situam no
mundo, ou seja de forma livre.
CONCEPÇÕES CONCORRENTES DA
SOCIEDADE E DO INDIVÍDUO
Polis de Aristóteles
O papel da política e da
"Escola de Atenas" é criar
bons cidadãos (virtuosos).
Porque? Porque os bons
cidadãos contribuem para o
Telos (fim) da Polis
(Cidade/Sociedade)
Estamos todos em um navio e
o papel da tripulação é ajudar
o capitão/líderes/
exemplares a chegar ao
DESTINO
Destino = Felicidade Humana
e Bem Comum
Modernidade
O papel da sociedade é
preservar o Direito de
Liberdade do Indivíduo
escolher o que o bem (Telos)
que um cidadão pode querer
O indivíduo é anterior à Polis
(sociedade)
Não pode haver uma
concepção comum do BEM —
devemos permanecer
neutros
Estamos cada um em nossos
pequenos navios, indo em
direção a qualquer destino,
esbarrando um no outro o
tempo todo
Debate liberal comunitário
 Os antigos viam o bem
como objeto do desejo
que levaria à melhor
forma de vida
(eudaimonia)
Buscavam o telos a partir da
natureza humana.
Debate liberal comunitário
 O comunitarismo propõe que o
indivíduo seja considerado membro
inserido numa comunidade política de
iguais. E, para que exista um
aperfeiçoamento da vida política na
democracia, se exija uma cooperação
social, um empenhamento público e
participação
 O indivíduo tem obrigações éticas
para com a finalidade social, deve
viver para a sua comunidade
organizada em torno de uma só
ideia substantiva de bem comum.
 Os modernos preocupam-se com a questão
do justo (dever).
 Rejeitam a teleologia de Aristóteles por
acreditarem que ela não nos dá margem
para escolher por nós mesmos. Ela não
respeitaria as pessoas como seres capazes
de escolher sozinhos os próprios objetivos.
Debate liberal comunitário
Debate liberal comunitário
 Os liberais consideram que se
deve garantir a cada um maneira
igualitária, a liberdade de
escolha da concepção da "vida
boa.
 Partilham a ideia de liberdade de
consciência, respeito pelos
direitos do indivíduo e
desconfiança frente à ameaça de
um Estado paternalista.
 Duas formas diferentes de relacionar o homem a seus fins:
 Voluntarista (liberal), baseada na escolha - o "eu" é livre somente se for
concebido, anteriormente a noção de bem. Os princípios políticos e
morais se legitimam a partir de um exercício da vontade individual, sob
a forma da "escolha" ou do "consentimento".
 Cognitivista (comunitarista): os fins são anteriores a nossa identidade,
devendo, assim, ser descobertos - e, eventualmente, revistos - a partir
de um processo reflexivo. Os princípios políticos e morais são derivados
de fins ou "bens" que são mais descobertos do que propriamente
escolhidos.
Debate liberal comunitário
 Michael Sandel argumenta que o
pluralismo das sociedades
contemporâneas deveria incentivar o
debate sobre moralidade e religião, e não
desestimulá-lo.
 Para o liberalismo, "respeitar" as
convicções dos outros parece consistir
em ignorá-las, o que seria uma forma
espúria de respeito, empobrecendo o
discurso público e fomentando
radicalismos.
Debate liberal comunitário
 Para Sandel, deve-se fomentar
uma vida cívica mais "sadia e
engajada" do que aquela que o
Estado liberal permite.
 Se os indivíduos não debaterem
qual concepção de boa vida é a
mais adequada para si mesmos
e para sua comunidade, esta
"discussão" será realizada a
sua revelia – em
consequência de uma lógica
de mercado, culturalmente
sedimentada.
Debate liberal comunitário
Então, essa polêmica entre
liberais e comunitaristas dá origem a uma das discussões
mais importantes no final da
século XX e o início do XXI:
O chamado debate “liberal-comunitario” que, até hoje, está
aberto.

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Deabate liberal comunitário

  • 2. Ética Discursiva de J. Habermas: Se detém sobre o problema da validade de normas morais.
  • 3. A “objetividade” e “validade” da moral: A explicação se encontra em um acordo ou consenso que é o fundamento de toda lei válida em uma sociedade democrática.
  • 4. E esse acordo é possível graças a algo que possuimos: “a comunicação”. A forma de vida do ser humano se dá através da LINGUAGEM.
  • 5. Dito em outros termos, as pessoas possuem “competência comunicativa”: a capacidade para se comunicar através da linguagem e conseguir que a comunicacão seja racional.
  • 6. A lei moral é uma lei autoimposta, como já pensava Kant, mas essa lei não pode proceder apenas de uma unidade de conciência individual, ela deve ser consensualizada social e democratica.
  • 7.  Busca determinar o que é 'justo', não o que é 'moral', 'ético' ou 'bom'.  Sustenta a necessidade de um consenso em torno de uma concepção pública de justiça compartilhada pela comunidade social (contratualismo moral).  A busca deste consenso dos cidadãos, a capacidade de colocar- se na esfera pública buscando alcançar um entendimento em torno dos dissensos.  Neste ponto, a proposta filosófica de Rawls aproxima-se da visão de democracia deliberativa de Jürgen Habermas.
  • 8. No entanto, numa posição antagônica a este retorno a certa revalorização da modernidade e autores como Kant, está a posição de A. MacIntyre e Michael Sandel
  • 9. MacIntyre faz um diagnóstico pessimista: a Ética já não é possível, uma vez que impossivel chegar a acordos morais nem fundamentá-los racionalmente.
  • 10. Assim, para MacIntyre, nosso tempo se compõe de uma colcha de retalhos de moralidades de outras épocas: herdamos virtudes gregas, mandamentos cristãos, ideias modernas sobre direitos e deveres fundamentais.
  • 11. Para tanto, nossa linguagem é uma desordem de conceitos descontextualizados, visto que já não são nossas as formas de vida que as originaram. Em outras palavras, falta a base para alguns valores comuns compartilhados.
  • 12. Por outro lado, e derivado do anterior, qualquer tentativa filosófica de “fundamentar” uma determinada concepção moral está destinado ao fracaso.
  • 13. E como resultado disso, o único discurso adequado para nosso tempo, termina sendo o “emotivista”: nossos juízos morais são apenas expressão de meros sentimentos.
  • 14. São as reações pessoais ou grupais a situações que aprovamos ou desaprovamos. Para isso não existem possibilidades de um fundamento racional: o relativismo é total.
  • 15. Portanto, para MacIntyre, a origem do problema se centra na perda de uma “teleologia”, ou seja, uma concepção moral da pessoa, como existía, por exemplo, para Aristóteles ou Santo Tomás.
  • 16. Por esta razão, a virtude ou a Ética passaram a não se explicar em um mundo como o nosso, conclui MacIntyre. Mas como sair, então, de tal situação?
  • 18. MacIntyre propõe assim uma saída que alguns vêem como improvável: a volta a sociedades comunitárias Quando foi possível compartihar os mesmos fins (telos) Apenas tal situação possibilitaria, segundo ele, a Reconstrução da Ética.
  • 19. MacIntyre espera que a comunidade ofereça a todos os seus membros um sentido mais concreto de suas “FINALIDADES” em um agrupamento humano.
  • 20. Debate liberal comunitário  Os liberais se sentem herdeiros de Locke, Hobbes, Stuart Mill, Kant.  Os comunitaristas, têm as suas raízes no aristotelismo, em Hegel
  • 21. Debate liberal comunitário  Aristóteles parte do Homem e deduz as virtudes necessárias para atingir um ideal de vida.  Kant e Rawls elaboram princípios de justiça sem referência aos papéis e identidades que nos situam no mundo, ou seja de forma livre.
  • 22. CONCEPÇÕES CONCORRENTES DA SOCIEDADE E DO INDIVÍDUO Polis de Aristóteles O papel da política e da "Escola de Atenas" é criar bons cidadãos (virtuosos). Porque? Porque os bons cidadãos contribuem para o Telos (fim) da Polis (Cidade/Sociedade) Estamos todos em um navio e o papel da tripulação é ajudar o capitão/líderes/ exemplares a chegar ao DESTINO Destino = Felicidade Humana e Bem Comum Modernidade O papel da sociedade é preservar o Direito de Liberdade do Indivíduo escolher o que o bem (Telos) que um cidadão pode querer O indivíduo é anterior à Polis (sociedade) Não pode haver uma concepção comum do BEM — devemos permanecer neutros Estamos cada um em nossos pequenos navios, indo em direção a qualquer destino, esbarrando um no outro o tempo todo
  • 23. Debate liberal comunitário  Os antigos viam o bem como objeto do desejo que levaria à melhor forma de vida (eudaimonia) Buscavam o telos a partir da natureza humana.
  • 24. Debate liberal comunitário  O comunitarismo propõe que o indivíduo seja considerado membro inserido numa comunidade política de iguais. E, para que exista um aperfeiçoamento da vida política na democracia, se exija uma cooperação social, um empenhamento público e participação  O indivíduo tem obrigações éticas para com a finalidade social, deve viver para a sua comunidade organizada em torno de uma só ideia substantiva de bem comum.
  • 25.  Os modernos preocupam-se com a questão do justo (dever).  Rejeitam a teleologia de Aristóteles por acreditarem que ela não nos dá margem para escolher por nós mesmos. Ela não respeitaria as pessoas como seres capazes de escolher sozinhos os próprios objetivos. Debate liberal comunitário
  • 26. Debate liberal comunitário  Os liberais consideram que se deve garantir a cada um maneira igualitária, a liberdade de escolha da concepção da "vida boa.  Partilham a ideia de liberdade de consciência, respeito pelos direitos do indivíduo e desconfiança frente à ameaça de um Estado paternalista.
  • 27.  Duas formas diferentes de relacionar o homem a seus fins:  Voluntarista (liberal), baseada na escolha - o "eu" é livre somente se for concebido, anteriormente a noção de bem. Os princípios políticos e morais se legitimam a partir de um exercício da vontade individual, sob a forma da "escolha" ou do "consentimento".  Cognitivista (comunitarista): os fins são anteriores a nossa identidade, devendo, assim, ser descobertos - e, eventualmente, revistos - a partir de um processo reflexivo. Os princípios políticos e morais são derivados de fins ou "bens" que são mais descobertos do que propriamente escolhidos. Debate liberal comunitário
  • 28.  Michael Sandel argumenta que o pluralismo das sociedades contemporâneas deveria incentivar o debate sobre moralidade e religião, e não desestimulá-lo.  Para o liberalismo, "respeitar" as convicções dos outros parece consistir em ignorá-las, o que seria uma forma espúria de respeito, empobrecendo o discurso público e fomentando radicalismos. Debate liberal comunitário
  • 29.  Para Sandel, deve-se fomentar uma vida cívica mais "sadia e engajada" do que aquela que o Estado liberal permite.  Se os indivíduos não debaterem qual concepção de boa vida é a mais adequada para si mesmos e para sua comunidade, esta "discussão" será realizada a sua revelia – em consequência de uma lógica de mercado, culturalmente sedimentada. Debate liberal comunitário
  • 30. Então, essa polêmica entre liberais e comunitaristas dá origem a uma das discussões mais importantes no final da século XX e o início do XXI: O chamado debate “liberal-comunitario” que, até hoje, está aberto.