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Professora: Leci Santália
 O Romantismo definiu-se como escola
 literária nas letras universais a partir dos
 últimos 25 anos do século XVIII. Publicado na
 Alemanha por Goethe em 1774, Werther lança
 as bases definitivas do sentimentalismo
 romântico e do escapismo pelo suicídio; em
 1781, Schiller publica Os salteadores,
 inaugurando a volta ao passado histórico, e
 mais tarde o drama Guilherme Tell, no qual
 transforma seu personagem em herói nacional
 lutando pela independência da Suíça.
• Na Inglaterra, o Romantismo se manifesta nos
  primeiros anos do século XIX, com destaque para
  Lord Byron e sua poesia ultra-romântica, e para
  Walter Scott, autor do célebre Ivanhoé, que
  desenvolve o gênero do romance histórico. Mas,
  se coube à Alemanha e à Inglaterra um papel
  pioneiro com relação à nova tendência, a França
  encarregou-se de divulgar o Romantismo.
Goethe
Johann         Wolfgang      Goethe
(1749-1832) foi um dos mais
importantes autores do Romantismo
                                        file:///D:/watson/da Suíça_arquivos/pict1.jpg




alemão. Seu romance Werther foi um
verdadeiro marco do novo movimento
literário; sobre essa obra, assim se
manifesta Manuel Bandeira:
“... romance passional, de cor
violentamente romântica, documento
eloqüente do chamado ‘mal do século’.
Esta obra, escrita aos 24 anos, em
parte autobiográfica, teve enorme
repercussão em toda a Europa e diz-se
que provocou verdadeira mania de                                                        Lord Byron
suicídio.”
Em Portugal, o Romantismo apresenta como marco inicial a
publicação, em 1825, do poema “Camões”, escrito por
Almeida Garrett durante seu exílio em Paris. Portanto, os
primeiros anos do Romantismo em Portugal coincidem com as
lutas civis entre liberais e conservadores, acirradas após D.
Pedro renunciar ao trono brasileiro e engajar-se na luta pelo
trono português ao lado dos liberais.
   Portugal vive, assim, uma guerra civil que se estende por
dois anos (1832-34); somente em 1836, com os liberais no
poder, é que o país retoma uma certa tranqüilidade. E por
isso que se define a escola romântica só a partir de 1836,
com a publicação da revista Panorama, das primeiras
narrativas de Alexandre Herculano e dos dramas de
Garrett. Com a vitória do liberalismo burguês, desaparece a
censura absolutista, propagando-se, ao mesmo tempo, novas
idéias políticas e literárias.
A crise do Romantismo deve ser contada a
partir das primeiras atitudes de rebeldia de
um grupo de jovens estudantes de Coimbra,
liderados por Antero de Quental e Teófilo
Braga, que não mais queriam sujeitar-se aos
velhos ensinamentos românticos. A crise
chegaria a seu momento máximo em 1865,
com a famosa Questão Coimbrã, que
revolucionou as letras em Portugal e indicou
um novo caminho: o Realismo.
Na segunda metade do século XVIII, o processo de
industrialização modificou as antigas relações
econômicas, estabelecendo na Europa uma nova
organização política e social que muito influenciaria os
tempos modernos. Daí a importância da Revolução
Francesa, tão exaltada pelos românticos de primeira
hora. O culto à Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a
valorização do indivíduo, a valorização dos direitos
naturais e o conseqüente questionamento das estruturas
da monarquia, encaixam-se perfeitamente na situação
de crise política e social de Portugal, que vive, a partir
de 1820, “uma luta de vida ou morte entre a burguesia
e as camadas detentoras dos bens feudais”.
Assim é que, como resultado do processo industrial e
da ascensão da burguesia ao poder político, o plano
social delineia-se em duas classes distintas e
antagônicas, embora atuassem parelhas durante a
Revolução: a classe dominante, agora representada
pela burguesia capitalista industrial, e a classe
dominada, representada pelo proletariado, O
Romantismo, no dizer de um historiador, foi uma escola
“da burguesia, pela burguesia e para a burguesia”, de
onde seu caráter profundamente ideológico em favor
da classe dominante (inclusive com algumas
manifestações de rebeldia por parte de pequenos-
burgueses. insatisfeitos).
O nacionalismo, o sentimentalismo, o subjetivismo, o
 irracionalismo — características marcantes do
 Romantismo inicial — não podem ser analisados
 isoladamente, sem se mencionar sua carga
 ideológica. O historiador Nelson Werneck Sodré
 assim sintetiza o problema:              file:///D:/watson/da Suíça_arquivos/pict4.jpg




(...) Burguesia e romantismo, pois, são
como sinônimos, o segundo é a
expressão literária da plena
dominação da primeira.
(...) O advento do romantismo, pois,
só tem uma explicação clara e
profunda, a explicação objetiva,
quando subordinada ao quadro
histórico em que se processou.”
Ao longo do tempo, as expressões romantismo e romântico têm
sido usadas nas mais variadas acepções: uma conduta sentimental
é logo identificada como ipmântica; uma pessoa sonhadora é logo
taxada de romântica; as idealizações logo são interpretadas como
romantismo; há até quem considere o fazer poético como um ato de
romantismo, e assim por diante.
    O primeiro passo para tentar estabelecer as características
românticas é entender o Romantismo como um estilo de época
delimitado no tempo, ou seja, como o período que se inicia nos
últimos anos do século XVIII e se estende até meados do século XIX.
Mesmo assim, percebe-se nitidamente uma evolução no
comportamento dos autores românicos, sendo as características
finais do movimento até contraditórias se comparadas às dos
primeiros românticos.
Inicialmente, romântico era tudo aquilo que se opunha a
clássico. Ou seja, os modelos da Antigüidade Clássica foram
então substituídos pelos da Idade Média (notadamente de seus
últimos séculos, que coincidem com o surgimento da burguesia);
a uma arte de caráter erudito e nobre opõe-se uma arte de
caráter popular, que valoriza o folclórico e o nacional; o
indivíduo passa a ser o centro das atenções, apelando-se para
a imaginação e para os sentimentos, do que resulta uma
interpretação subjetiva da realidade.



Ao longo do tempo, as expressões romantismo e romântico têm sido
usadas nas mais variadas acepções: uma conduta sentimental é logo
identificada como ipmântica; uma pessoa sonhadora é logo taxada de
romântica; as idealizações logo são interpretadas como romantismo; há
até quem considere ofazer poético como um ato de romantismo, e assim
por diante.
•Um dos acontecimentos mais importantes
relacionados ao Romantismo foi o surgimento de
um público consumidor, uma vez que a literatura
tornasse mais popular, o que não acontecia com
os estilos de época de características clássicas.
Surge o romance, forma mais acessível de
manifestação literária; o teatro ganha novo
impulso, abandonando as formas clássicas e se
inspirando em temas nacionais (o teatro de
Almeida Garrett, em Portugal).
 Quanto ao conteúdo, os românticos cultivavam
o nacionalismo, que se manifestava na exaltação
da natureza pátria, no retorno ao passado histórico
e na criação do herói nacional. No caso das
literaturas européias, esses heróis nacionais são
belos e valentes cavaleiros medievais que lutam por
Deus, por uma donzela e pela pátria. Eurico, o
presbítero, de Alexandre Herculano, é o mais bem
acabado modelo de herói romântico português,
escrito sob a influência de Walter Scott, ou, como
afirma o próprio Herculano: “o imortal Scott,
modelo e desespero de todos os romancistas”.
 Da exaltação do passado
                                         file:///D:/watson/da Suíça_arquivos/pict6.jpg




 histórico nasce o culto à Idade
 Média, que, além de representar
 as glórias e tradições do passado,
 também assume o papel de negar
 os valores da Antigüidade
 Clássica, como o paganismo.
 Assiste- se, dessa forma, a uma
 comunhão entre Poesia, Deus e
 Pátria:



        “Deus à poesia deu por alvo a pátria,
        Deu a glória e a virtude.”
                      Alexandre Herculano
A natureza também assume múltiplos
significados: ora é uma extensão da pátria,
ora é um refúgio à vida atribulada dos
centros urbanos do século XIX, ora é um
prolongamento do próprio poeta e de seu
estado emocional.
                                               EGOCENTRISMO
    Outra característica marcante do          significa    literalmente
Romantismo, e verdadeiro “cartão de            colocar o próprio eu
visita” de todo o movimento, é o               como centro de todas
sentimentalismo, a supervalorização das        as coisas. Dessa forma,
emoções pessoais: é o mundo interior que       o ego monopoliza todas
conta,         o       subjetivismo.           as      atenções;      as
E à medida que esse aprofundamento em          opiniões        e      os
direção ao eu se intensifica, cultivando o     problemas alheios não
individualismo e o pessoalismo, perde-se a     merecem atenção.
consciência do todo, do coletivo, do social.
A excessiva valorização dó eu gera o
 egocentrismo, ou seja, os poetas
 românticos se colocavam como centro do
 universo. Evidentemente, surge daí um
 choque entre o poeta e a realidade. A       O       egocentrismo,
 derrota inevitável do ego produz um         também chamado de
 estado de frustração e tédio. Seguem-se     egotismo,         vai
 constantes e múltiplas fugas da             caracterizar
 realidade: o álcool, o ópio, as “casas de   determinados
 aluguel” (os prostíbulos), a saudade da     momentos           da
 infância, as constantes idealizações da     literatura, sendo que
 sociedade, do amor, da mulher; o            essa postura é mais
 romântico, enfim, foge no tempo e no        acentuada          no
 espaço. No entanto, essas fugas têm ida     Romantismo.
 e volta, exceção feita à maior de todas
 as fugas românticas: a morte.
• Quanto ao aspecto formal, a literatura romântica se
  desvincula completamente dos padrões e normas
  estéticas do Classicismo. O verso livre, sem métrica e
  sem estrofação, e o verso branco, sem rima,
  caracterizam a poesia romântica, prevalecendo,
  dessa forma, o “acento da inspiração”.
Classicismo                       Romantismo
• modelo clássico                 • não há modelos
• geral, universal                • particular, individual
• impessoal, objetivo             • pessoal, subjetivo
• Antigüidade Clássica            • Idade Média
• paganismo                       • Cristianismo
• apelo à inteligência            • apelo à imaginação sensibilidade
• razão                           • sensibilidade
• erudição                        • folclore
• elitização                      • motivos populares
• disciplina                      • libertação
• o amor e a mulher idealizados   • o amor e a mulher idealizados
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O surgimento do Romantismo na Europa e suas principais características

  • 2.  O Romantismo definiu-se como escola literária nas letras universais a partir dos últimos 25 anos do século XVIII. Publicado na Alemanha por Goethe em 1774, Werther lança as bases definitivas do sentimentalismo romântico e do escapismo pelo suicídio; em 1781, Schiller publica Os salteadores, inaugurando a volta ao passado histórico, e mais tarde o drama Guilherme Tell, no qual transforma seu personagem em herói nacional lutando pela independência da Suíça.
  • 3. • Na Inglaterra, o Romantismo se manifesta nos primeiros anos do século XIX, com destaque para Lord Byron e sua poesia ultra-romântica, e para Walter Scott, autor do célebre Ivanhoé, que desenvolve o gênero do romance histórico. Mas, se coube à Alemanha e à Inglaterra um papel pioneiro com relação à nova tendência, a França encarregou-se de divulgar o Romantismo.
  • 4. Goethe Johann Wolfgang Goethe (1749-1832) foi um dos mais importantes autores do Romantismo file:///D:/watson/da Suíça_arquivos/pict1.jpg alemão. Seu romance Werther foi um verdadeiro marco do novo movimento literário; sobre essa obra, assim se manifesta Manuel Bandeira: “... romance passional, de cor violentamente romântica, documento eloqüente do chamado ‘mal do século’. Esta obra, escrita aos 24 anos, em parte autobiográfica, teve enorme repercussão em toda a Europa e diz-se que provocou verdadeira mania de Lord Byron suicídio.”
  • 5. Em Portugal, o Romantismo apresenta como marco inicial a publicação, em 1825, do poema “Camões”, escrito por Almeida Garrett durante seu exílio em Paris. Portanto, os primeiros anos do Romantismo em Portugal coincidem com as lutas civis entre liberais e conservadores, acirradas após D. Pedro renunciar ao trono brasileiro e engajar-se na luta pelo trono português ao lado dos liberais. Portugal vive, assim, uma guerra civil que se estende por dois anos (1832-34); somente em 1836, com os liberais no poder, é que o país retoma uma certa tranqüilidade. E por isso que se define a escola romântica só a partir de 1836, com a publicação da revista Panorama, das primeiras narrativas de Alexandre Herculano e dos dramas de Garrett. Com a vitória do liberalismo burguês, desaparece a censura absolutista, propagando-se, ao mesmo tempo, novas idéias políticas e literárias.
  • 6. A crise do Romantismo deve ser contada a partir das primeiras atitudes de rebeldia de um grupo de jovens estudantes de Coimbra, liderados por Antero de Quental e Teófilo Braga, que não mais queriam sujeitar-se aos velhos ensinamentos românticos. A crise chegaria a seu momento máximo em 1865, com a famosa Questão Coimbrã, que revolucionou as letras em Portugal e indicou um novo caminho: o Realismo.
  • 7. Na segunda metade do século XVIII, o processo de industrialização modificou as antigas relações econômicas, estabelecendo na Europa uma nova organização política e social que muito influenciaria os tempos modernos. Daí a importância da Revolução Francesa, tão exaltada pelos românticos de primeira hora. O culto à Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a valorização do indivíduo, a valorização dos direitos naturais e o conseqüente questionamento das estruturas da monarquia, encaixam-se perfeitamente na situação de crise política e social de Portugal, que vive, a partir de 1820, “uma luta de vida ou morte entre a burguesia e as camadas detentoras dos bens feudais”.
  • 8. Assim é que, como resultado do processo industrial e da ascensão da burguesia ao poder político, o plano social delineia-se em duas classes distintas e antagônicas, embora atuassem parelhas durante a Revolução: a classe dominante, agora representada pela burguesia capitalista industrial, e a classe dominada, representada pelo proletariado, O Romantismo, no dizer de um historiador, foi uma escola “da burguesia, pela burguesia e para a burguesia”, de onde seu caráter profundamente ideológico em favor da classe dominante (inclusive com algumas manifestações de rebeldia por parte de pequenos- burgueses. insatisfeitos).
  • 9. O nacionalismo, o sentimentalismo, o subjetivismo, o irracionalismo — características marcantes do Romantismo inicial — não podem ser analisados isoladamente, sem se mencionar sua carga ideológica. O historiador Nelson Werneck Sodré assim sintetiza o problema: file:///D:/watson/da Suíça_arquivos/pict4.jpg (...) Burguesia e romantismo, pois, são como sinônimos, o segundo é a expressão literária da plena dominação da primeira. (...) O advento do romantismo, pois, só tem uma explicação clara e profunda, a explicação objetiva, quando subordinada ao quadro histórico em que se processou.”
  • 10. Ao longo do tempo, as expressões romantismo e romântico têm sido usadas nas mais variadas acepções: uma conduta sentimental é logo identificada como ipmântica; uma pessoa sonhadora é logo taxada de romântica; as idealizações logo são interpretadas como romantismo; há até quem considere o fazer poético como um ato de romantismo, e assim por diante. O primeiro passo para tentar estabelecer as características românticas é entender o Romantismo como um estilo de época delimitado no tempo, ou seja, como o período que se inicia nos últimos anos do século XVIII e se estende até meados do século XIX. Mesmo assim, percebe-se nitidamente uma evolução no comportamento dos autores românicos, sendo as características finais do movimento até contraditórias se comparadas às dos primeiros românticos.
  • 11. Inicialmente, romântico era tudo aquilo que se opunha a clássico. Ou seja, os modelos da Antigüidade Clássica foram então substituídos pelos da Idade Média (notadamente de seus últimos séculos, que coincidem com o surgimento da burguesia); a uma arte de caráter erudito e nobre opõe-se uma arte de caráter popular, que valoriza o folclórico e o nacional; o indivíduo passa a ser o centro das atenções, apelando-se para a imaginação e para os sentimentos, do que resulta uma interpretação subjetiva da realidade. Ao longo do tempo, as expressões romantismo e romântico têm sido usadas nas mais variadas acepções: uma conduta sentimental é logo identificada como ipmântica; uma pessoa sonhadora é logo taxada de romântica; as idealizações logo são interpretadas como romantismo; há até quem considere ofazer poético como um ato de romantismo, e assim por diante.
  • 12. •Um dos acontecimentos mais importantes relacionados ao Romantismo foi o surgimento de um público consumidor, uma vez que a literatura tornasse mais popular, o que não acontecia com os estilos de época de características clássicas. Surge o romance, forma mais acessível de manifestação literária; o teatro ganha novo impulso, abandonando as formas clássicas e se inspirando em temas nacionais (o teatro de Almeida Garrett, em Portugal).
  • 13.  Quanto ao conteúdo, os românticos cultivavam o nacionalismo, que se manifestava na exaltação da natureza pátria, no retorno ao passado histórico e na criação do herói nacional. No caso das literaturas européias, esses heróis nacionais são belos e valentes cavaleiros medievais que lutam por Deus, por uma donzela e pela pátria. Eurico, o presbítero, de Alexandre Herculano, é o mais bem acabado modelo de herói romântico português, escrito sob a influência de Walter Scott, ou, como afirma o próprio Herculano: “o imortal Scott, modelo e desespero de todos os romancistas”.
  • 14.  Da exaltação do passado file:///D:/watson/da Suíça_arquivos/pict6.jpg histórico nasce o culto à Idade Média, que, além de representar as glórias e tradições do passado, também assume o papel de negar os valores da Antigüidade Clássica, como o paganismo. Assiste- se, dessa forma, a uma comunhão entre Poesia, Deus e Pátria: “Deus à poesia deu por alvo a pátria, Deu a glória e a virtude.” Alexandre Herculano
  • 15. A natureza também assume múltiplos significados: ora é uma extensão da pátria, ora é um refúgio à vida atribulada dos centros urbanos do século XIX, ora é um prolongamento do próprio poeta e de seu estado emocional. EGOCENTRISMO Outra característica marcante do significa literalmente Romantismo, e verdadeiro “cartão de colocar o próprio eu visita” de todo o movimento, é o como centro de todas sentimentalismo, a supervalorização das as coisas. Dessa forma, emoções pessoais: é o mundo interior que o ego monopoliza todas conta, o subjetivismo. as atenções; as E à medida que esse aprofundamento em opiniões e os direção ao eu se intensifica, cultivando o problemas alheios não individualismo e o pessoalismo, perde-se a merecem atenção. consciência do todo, do coletivo, do social.
  • 16. A excessiva valorização dó eu gera o egocentrismo, ou seja, os poetas românticos se colocavam como centro do universo. Evidentemente, surge daí um choque entre o poeta e a realidade. A O egocentrismo, derrota inevitável do ego produz um também chamado de estado de frustração e tédio. Seguem-se egotismo, vai constantes e múltiplas fugas da caracterizar realidade: o álcool, o ópio, as “casas de determinados aluguel” (os prostíbulos), a saudade da momentos da infância, as constantes idealizações da literatura, sendo que sociedade, do amor, da mulher; o essa postura é mais romântico, enfim, foge no tempo e no acentuada no espaço. No entanto, essas fugas têm ida Romantismo. e volta, exceção feita à maior de todas as fugas românticas: a morte.
  • 17. • Quanto ao aspecto formal, a literatura romântica se desvincula completamente dos padrões e normas estéticas do Classicismo. O verso livre, sem métrica e sem estrofação, e o verso branco, sem rima, caracterizam a poesia romântica, prevalecendo, dessa forma, o “acento da inspiração”.
  • 18. Classicismo Romantismo • modelo clássico • não há modelos • geral, universal • particular, individual • impessoal, objetivo • pessoal, subjetivo • Antigüidade Clássica • Idade Média • paganismo • Cristianismo • apelo à inteligência • apelo à imaginação sensibilidade • razão • sensibilidade • erudição • folclore • elitização • motivos populares • disciplina • libertação • o amor e a mulher idealizados • o amor e a mulher idealizados racionalmente sentimental e subjetivamente • formas poéticas fixas • versificação livre