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FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
                               Caio Prado Jr.

INTRODUÇÃO:

         A década de 1930 representa um marco transformador na História brasileira, pelo menos no que se refere às artes e
produção intelectual. A derrubada da República Velha e a instalação de um novo governo que procurou diminuir a
dependência econômica do país em relação à agricultura monocultora, desenvolvendo um Estado com bases industriais e que
atua na formação de uma burguesia industrial (o chamado Estado de Compromisso definido por Boris Fausto em A
Revolução de 1930) abriram espaço para uma renovação na sociedade brasileira. Isso se manifestou em diversos campos,
produzindo estudos e novas propostas para entender o Brasil, redescobri-lo em seus detalhes, problemáticas e buscar
explicações para o momento pelo qual a nação passava. Pode-se dizer que 1930 é o início de uma intensa transformação no
entendimento e nas interpretações sobre o Brasil: entram em cartaz estudos que, procurando no nosso passado colonial
elementos que auxiliassem a explicar a conjuntura e as características que regiam o Brasil naquele momento, interagiam com
as mais modernas teorias sociológicas e historiográficas vigentes na Europa. As análises a respeito da realidade do país
produzidas no pós-30 dialogarão com as novas tendências de estudo no campo das ciências humanas, como por exemplo a
interdisciplinaridade. Disciplinas como a História, Sociologia, Geografia, Economia etc. irão complementar-se na obra dos
autores com o intuito de chegar a interpretações mais corretas e completas sobre a realidade nacional.
         Dentre todas as obras que visavam compreender o Brasil, analisando e partindo de seu passado como colônia até o
momento histórico em que foram elaboradas, uma destaca-se como a mais perfeita análise do período colonial e as
implicações deste no presente momento nacional. Trata-se de Formação do Brasil Contemporâneo, do historiador paulista
Caio Prado Jr. Publicado pela primeira vez em 1942, esse livro é o expoente máximo da obra de Caio, autor também de
Evolução Política do Brasil e História Econômica do Brasil. De estilo simples, muito bem escrito, utilizando vasta base
documental, Formação descreve as características econômicas, administrativas, populacionais e sociais do território brasileiro
desde o início de sua colonização até os primeiros anos do Século XIX. A narrativa inclusive parte dessa última época,
considerada pelo autor “uma síntese”: de um lado, representa o balanço final de toda a obra colonizadora ao longo de três
séculos; de outro, constitui a chave para interpretar o processo histórico anterior a ele e o próprio Brasil daquele momento
pós-1930. O corte, então, aborda o período de três séculos e é o fundamento para se compreender as modificações seguintes.
Para Prado, na entrada do Século XIX o legado colonizador já estava consolidado no Brasil e o território começava a respirar
ares de mudança (por exemplo, a vinda da Família Real Portuguesa, entrada das idéias políticas liberais francesas e maior
influência inglesa na economia e sociedade) que influíram no processo de Independência da colônia. A partir do momento em
que considera uma ruptura do sistema colonial, Caio Prado penetra fundo no passado e na estrutura desse sistema. E, dentre
várias conclusões a que chega, uma se destaca como a principal: mais de um século após a Independência, o Brasil ainda
mantinha em diversos aspectos o caráter e as características de colônia, principalmente no que se refere à economia e
sociedade.
         Essa é a posição que o autor defende e demonstra ao longo de todo o livro. Prado mostra como as modificações pelas
quais o Brasil passara e estava passando eram superficiais, havendo sempre a presença incômoda, invencível e indissociável
no processo de evolução nacional. Para explicar isso, apresenta-nos o inovador conceito de sentido histórico, definido como
“o conjunto de fatos e acontecimentos essenciais que constituem a evolução de um povo num largo período de tempo”. Diz
Prado que o sentido manifesta-se ao longo da história desse povo, e que pode ser modificado com transformações profundas.
No caso brasileiro, o sentido de formação de nosso povo (e que guiou a nossa colonização) é ser uma colônia especializada
no fornecimento de produtos agrícolas tropicais para os mercados estrangeiros. Tudo no Brasil Colônia, afirma o
historiador, surgiu e foi formado com o intuito de constituir uma unidade fornecedora de produtos comercializáveis para a
Europa; não havia a preocupação de constituir uma sociedade ou uma administração organizadas e raízes nacionais firmes,
mas apenas uma feitoria comercial. Esta foi a lógica de todo o período colonial, determinando o nosso sentido histórico e,
com ele, a permanência de diversos aspectos coloniais na atual sociedade brasileira. O caráter agrícola (base de nossa
constituição econômica) e suas relações com a sociedade, segundo Prado, implantaram-se de tal forma na formação brasileira
que ainda podiam se fazer sentir presentes naquela época.
São exemplos desse sentido o processo de povoamento colonial, com os colonos recém-chegados e as correntes internas
procurando sempre o litoral nordestino, nas regiões produtoras de bens agrícolas exportáveis; a constituição da economia
nacional no tripé latifúndio- monocultura- trabalho escravo, voltado para o mercado externo e subjugando o mercado
interno (que é uma base essencial para o desenvolvimento de uma nação); a utilização do negro como escravo apenas como
força produtiva, banalizando-o e impedindo que contribuísse positivamente para a constituição de nosso povo; o surgimento
de um setor “inorgânico” na sociedade colonial, localizado entre os senhores de terras e os escravos (os dois extremos sociais
e diretamente implicados na estrutura produtiva), no qual seus componentes não possuem ocupação fixa ou força social (por
estarem fora do campo econômico-produtivo) e se caracterizam pela desarticulação e desunião; a estrutura patrimonialista, na
qual os senhores oligárquicos, donos de imenso poder na conjuntura econômica e social, consideram-se donos dos espaços
público e privado; etc. Muito disso permanece até hoje (como a concentração, ainda intensa, da população no litoral; a
presença sempre incômoda do latifúndio, atravancando o avanço agrícola e a reforma agrária; a presença de uma população
não-integrada à economia e desarticulada, vivendo na miséria; etc.), o que comprova a atualidade da obra.
No entanto, Caio Prado não deixou de enxergar possibilidades de transformação dessa persistente ordem colonial. Formação
é um livro constituído de uma contraposição dialética entre a permanência de estruturas coloniais e as constantes chances de
derrubada dessa ordem, a ocorrer por intermédio da articulação interna e ação do setor “inorgânico”, ou seja, das classes
mais humildes e pobres da população. Será a participação e integração deste setor na sociedade que possibilitará a queda dos
resquícios coloniais, produzindo uma modificação e, quem sabe, a definição de um novo sentido histórico para o Brasil. O
autor mostra que sempre foi essa população desarticulada que, sozinha e sem qualquer apoio, tomou as iniciativas para
modificar a sociedade colonial e expandi-la além da monocultura litorânea exportadora. Por exemplo, o avanço da pecuária
pelos sertões; o processo de povoamento do interior e expansão para territórios além do Tratado de Tordesilhas etc.
O livro de Caio Prado faz-se destacado também por propor, pela primeira vez, uma aplicação bem-feita do Marxismo na
historiografia e análise do Brasil Colonial. O historiador utiliza-se de propostas marxistas para explicar a formação de nossa
sociedade colonial e suas possibilidades de superação. Assim, o sentido histórico do Brasil, expresso na colonização, é uma
demonstração do Materialismo Histórico, ou seja: a História como o eterno processo de produção humana das necessidades
fundamentais e dos bens materiais para a sobrevivência. Dessa forma, o sentido de nossa colonização, ao produzir produtos
agrícolas para o mercado externo, representa a satisfação material e desenvolvimento das economias e necessidades
metropolitanas (o materialismo também faz-se presente nessa concepção de que nossa história e modo de ser de nossa
sociedade reflete o fim de nossa formação: produzir bens agrícolas para o mercado externo). O mesmo processo gera a
acumulação primitiva de capitais (que, segundo Fernando Novais, serão usados para a promoção, na Europa, do
capitalismo industrial) por parte das metrópoles e a divisão do trabalho no processo produtivo, gerando sempre um pólo
mais rico, que domina toda a produção (a metrópole), e outro, que é o produtor, totalmente alienado dos objetos e do acesso
aos mesmos (a colônia). Prado também utiliza Marx para enxergar as possibilidades de superação das estruturas coloniais. Se
a História é feita pelos homens mais simples (pois são a força produtiva da sociedade), é a ação e integração destes sob o
interesse comum de satisfazer as necessidades fundamentais para sua sobrevivência que podem derrubar tal organização,
que declaradamente os exclui e os aliena ao longo do processo produtivo.
Outro ponto de destaque do livro é a interdisciplinaridade. A obra fornece um panorama completo do Brasil Colonial
interagindo diversas disciplinas em um mesmo estudo. Assim, as descrições históricas sobre o processo de povoamento vêm
precedidas de uma apresentação das características geográficas do território, seus pontos mais atraentes para os colonos e os
locais de repulsão; o mesmo procedimento descritivo é observado quando aborda as três principais áreas onde a pecuária se
desenvolve; a produção açucareira da grande lavoura é analisada sob as perspectivas econômica, sociológica (ao denunciar a
alienação e banalização da população escrava com a produção em larga escala – análise esta marxista) e crítica (afirmando ser
um sistema produtivo rudimentar e criticando os colonos, que não buscavam novas técnicas para incrementar a produção); a
narração dos fatos históricos sempre acompanhadas de comentários do autor e informações vindas dos relatos de viajantes e
cronistas.
        Portanto, Formação do Brasil Contemporâneo é a obra mais completa e informativa sobre nosso período colonial.
Tornou-se merecidamente o exponencial da transformação intelectual observada com o advento dos anos 30 deste século no
Brasil. Busca no nosso passado explicações para o Brasil deste século, bem como as chances de modificação da ordem
colonial nela persistente. Se chega a ser em certas passagens extremamente crítico em relação à estruturação colonial e ao
Brasil atual, Caio Prado não é pessimista. Pois soube reconhecer que a transformação da nossa sociedade pode ocorrer, pelas
mãos do povo, oprimido e desarticulado desde aquela época. Ou seja, da mesma forma que a História está em transformação
constante, o Brasil pode ter seu sentido histórico modificado. Basta acreditar e lutar para tanto.

SENTIDO DA COLONIZAÇÃO:

A acepção de sentido, para o uso do autor, é aquela pela qual podemos notar o rumo que a história de cada povo tem, se esta
for concedida por um conjunto de acontecimentos coesos que apontam em uma direção, colhidos ao longo de um período de
longa duração. O autor analisa então as origens do sentido da colonização, a partir das motivações dos colonos das áreas
tropicais, especialmente o Brasil - são de importância capital os estímulos de cada “tipo de colono” para a apreensão das
razões desse sentido da colonização. Para tanto, compara-os constantemente com os colonos das zonas temperadas da
América. Enquanto estes migraram por motivos de perseguição político-religiosa, e vieram com o intuito de montar uma
sociedade que fosse espelho da que deixavam; aqueles participavam da empresa comercial de suas Coroas, e, portanto
acompanhavam , inicialmente, o movimento delas – antes de exploração que habitação da terra. Daí a afirmação que
perpassa o trabalho do autor, tanto quanto o de nossa herança colonial, que é a da essência da formação de um país que não
era para ser senão uma colônia fornecedora de gêneros que interessassem ao comércio europeu, objetivo maior da metrópole
portuguesa.
1a PARTE: POVOAMENTO

CAPÍTULOS

POVOAMENTO

Trata-se do relato descritivo da costa marítima que pertence ao Brasil. Porém não é a mera descrição aleatória : a geografia
interessa à medida em que está articulada com as potencialidades naturais (ou ausência delas) e, portanto com a facilidade (ou
dificuldade) de estabelecimento humano. Somando aos fatores naturais, os de interesse material; como comunicação com o
exterior e interior; os políticos, como a união das Coroas; e os do próprio processo de estabelecimento humano e subsidiação
deste, como a pecuária , as missões jesuíticas; e a mineração – traça os principais fatores de fixação humana pelo território.
• Notamos que os fatores que concorrem para o povoamento estão também concernindo ao sentido da colonização, a
     medida que não se trata de um espaço simplesmente favorável para o estabelecimento humano, mas também, senão
     unicamente, para o proveito que se pode tirar dele

POVOAMENTO INTERIOR

Nesse capítulo trata mais especificamente dos fatores de adentramento da colonização, sejam eles a mineração e a pecuária.
Faz uma comparação entre ambas, sob os aspectos de: locais em que se estabeleceram, motivos que as impulsionaram,
diferença do modo pelo qual cada uma se processou e como isso foi materializado na formação social originada por elas.
• Pecuária e mineração entram no sentido da colonização à medida em que a primeira é subsídio em muitos casos da
    grande lavoura, no sentido de alimentação e fornecimento de animais para o trabalho - e a segunda é fruto de uma
    atividade já empenhada no sentido, seja ela, o apresamento de índios , a procura de minas, ou a devastação do
    território, que a mineração veio a concretizar, enquanto exploração econômica e fixação de populações.

CORRENTES DE POVOAMENTO

Pensando a evolução do povoamento em três grandes momentos – o primeiro, que se inaugura com a colonização e vai até o
fim do século XVII, e que é inicial; o segundo, caracterizada pela revolução demográfica na abertura do século XVIII e que
tem cerne na descoberta de ouro no Centro-sul da colônia, do qual emerge um terceiro , que é o novo equilíbrio que se
estabelece, seja este, o do Império em sua segunda parte - ocupa-se da complexa rede de movimentos intercruzados, que é o
processo do segundo para o terceiro momento. Trata-se do que ocorre no período em que privilegia: as transformações que o
fim daquele clímax da mineração provocará em termos de migrações internas ( despovoamento das regiões de mineração e
uma atenção às atividades agrícolas e pastoris); simultaneamente, o avanço da fazendas de gado no Nordeste, mas efeitos da
Seca Grande no Ceará e recuo da pecuária aí. O que nos deixa o capítulo é a extrema complexidade demográfica do período
abordado, que é o da gestação de um novo equilíbrio e de outras transformações, das quais podemos entender que um dos
primeiros sinais é a mudança do eixo econômico do Nordeste para o Centro-sul.
Uma observação faz-se imperiosa, duas ou mais, aliás:
• Ele privilegia o relato das tentativas de povoamento que deram certo, ou seja, que de alguma forma, deixaram seu
    legado ao brasil de hoje.
• As correntes de povoamento estão ligadas; especialmente aqui, pela semivirgindade do território; à procura constante
    de um modo melhor de adequação ao meio, dado que a melhor forma de ocupação e vida humanas não foram ainda
    encontradas pelo Homem.
• A inversão do movimento que se verifica com a decadência das minas – de retorno ao litoral – sobretudo no final do
    século XVIII
• A instabilidade e falta de orientação da colonização no sentido de fundar uma sociedade com bases sólidas e orgânicas
    reflete no povoamento, a medida em que este se processa, seguindo o rastro, da atividade econômica mais favorável, que
    indica seu caminho. (p.73)

RAÇAS

O capítulo tem dois momentos: fala em cada uma das três raças que formam o Brasil e depois na miscigenação das mesmas.
Trata dos brancos: primeiramente degredados, até século XIX a maioria de lusitanos, à exceção de espanhóis e afins da união
ibérica. Nos primeiros anos do século XIX, o quadro muda: não é tão identificável a natureza desses imigrantes, são de todas
as províncias de Portugal, e de vários níveis sociais (de fidalgos a letrados, e humildes) – o q se afirma é a ocupação , senão
em cargos administrativos, em comércio. Além desse movimento espontâneo de migração, há a colonização estimulada, a dos
casais, que difere em propósito (ocupar lugares quase desabitados) e modo (o estabelecimento é provido de subsídios para a
efetiva fixação).
Afirma que o português tinha em vista a utilização do indígena no processo de colonização, incorporando-o na obra
colonizadora.( os colonos o viam como trabalhador e a metrópole como povoador, e a Igreja, representada nas missões, viam-
no como almas do Império da cristandade, do qual Portugal era o agente divino). Quanto à Igreja afirma que ela tinha um
papel autônomo frente a coroa. (p.93). por fim, o legislador da questão viria ser Pombal – e o autor afirma que , apesar das
falhas dessa legislação- o objetivo da colonização, incorporação do índio na massa geral da população, foi ajudado, pelo
menos em relação aos aldeados . Estuda ainda a distribuição dos índios pelo território, e as posteriores tentativas de controle e
legislação da questão indígena.
Considera que a questão do negro é mais simples. Foi uniformizado pela escravidão, que nunca foi contestada de fato. Sua
participação na mestiçagem é superior à do índio, ainda que nesse sentido, haja algumas dificuldades: o preconceito com as
ligações branco-negro e a desproporção entre os sexos.
O autor passa a abordar fatores que concorrem para a abundante miscigenação que caracteriza o Brasil – e merece destaque o
possível gosto do português por raças “exóticas”, bem como sua capacidade de cruzamento com outras raças ( e tal aptidão
estaria ligada com ao fato de a região de Portugal ser historicamente um ponto de encontro e convergência dos brancos
europeus com as raças mais escuras do continente africano); além disso, o modo como se processa a emigração portuguesa
para o Brasil: o homem vindo só e a ausência de mulheres brancas. Fato que contribui inclusive, para a formação de novos
padrões moral-sociais, como a tolerância a comportamentos que no local de origem seriam considerados fora da conduta
aceitável.
O autor discute as variantes regionais da mestiçagem: em que intensidade e porque assim se deu. Em suma, afirma que o
panorama étnico é: maioria de mestiços, do cruzamento branco-preto. Os influxos de brancos, de negros, de índios, não
mudam substancialmente a feição predominante – as poucas modificações tendem ao negro que é preponderante em
quantidade.
• O sentido está aqui implícito ao afirmar sobre a incorporação do índio na obra colonizadora e na presença do negro
     como uniformizado pela escravidão.
• Nas categorias sociais que primeiramente vem a ocupar o território.
• No direcionamento da mestiçagem, o autor destaca que quem a conduz, tal qual o campo social, e o econômico, é a raça
     ‘dominante’, ou seja, o branco.

2a PARTE: VIDA MATERIAL

CAPÍTULOS

ECONOMIA

Setor em que se verifica mais fidedignamente aquele sentido, do qual tantas outras características derivam. Sentido de uma
colônia cuja razão de ser é o fornecimento ao comércio europeu de gêneros tropicais ou minerais de grande valor.
A economia da colônia foi uma invenção portuguesa para uma colonização inédita, sui generis no conjunto das colônias de
até então. Ao tratar da agricultura, o autor pensa o tripé – latifúndio, monocultura e escravidão – como “célula fundamental
da economia agrária brasileira”, direcionada para o sentido da colonização .
A mineração, à parte da forma que tanto diverge da agricultura, concorre no mesmo sentido de grande unidade que trabalha
para a metrópole.
A extração também se insere dentro desse quadro de exploração de grande contingente de mão-de-obra, para atendimento de
demanda reinol.
Num outro plano estão as atividades “acessórios”, que são apenas subsídios para que a empresa colonial, que é de fato o que
interessa no Brasil, possa vingar.(síntese, p.125)
O autor tem como base também, a idéia de ciclo econômico, surtos de gêneros que polarizam toda a colônia para sua
produção, e que depois de certo tempo, acabam por ceder cena a outro gênero, e assim por diante.
Em suma, a economia não é uma estrutura de base orgânica ( formação de um sistema e meios de mantê-lo) em que a
população nela empregada é agente : pelo contrário – a população empregada nele é aríete de objetivos externos aos quais
está subordinada.

GRANDE LAVOURA

O período que privilegia, é marcado por transformações na esfera mundial, e que, simultaneamente é reflexo e refletirá na
colônia. ( trata-se do desenvolvimento e incremento das relações comerciais de todo o mundo, haveria ainda, a Revolução
Industrial, as disputas acirram-se pelo comércio colonial – Portugal estaria no jogo dúbio de paz). Focaliza, em função desses
fatores, bem como do da decadência mineradora, o capítulo do Renascimento Agrícola: o algodão, o açúcar paulista , as
primeiras mudas do café. Contudo, trata-se de um incremento no sentido quantitativo, não qualitativo. O autor investiga
ainda as causas do atraso técnico da agricultura no Brasil. Atribui à natureza semibárbara do escravo e seu trabalho
ineficiente, principalmente. Considera ainda o isolamento ao qual a metrópole relegou sua colônia, que impossibilitou o
contato com tecnologias; e, por outro lado, tal isolamento não era suprido por uma possível educação ou algo nesse sentido.
Outrossim, o aproveitamento racional do solo exigiria um reinvestimento ou inversão de capital, esferas que , somando-se à
natureza do colono português a abundância dos recursos naturais, ficaram abdicadas de uma possível abordagem.
O autor discorre ainda, a cerca da organização do trabalho e distribuição geográfica no que concerne ao açúcar, algodão e
tabaco. Em menor proporção, do arroz, anil e cacau.
• Sentido está no fato de a agricultura da grande lavoura estar tão desvinculada com as necessidades de quem a faz e tão
    voltada para a exportação, que sequer o problema de subsistência alimentar ela pode resolver.



AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA

Trata-se de uma distinção necessária entre a lavoura de subsistência e a grande lavoura, dada a especificidade de nossa
formação e sentido dela. A segunda produzindo para a exportação, em grandes unidades , com grande contingente de
trabalhadores e organização coletiva do trabalho – a primeira terá outros tipos de organização e estrutura agrária, mas ainda
será um apêndice da grande empresa comercial. Lembra que os produtos de exportação são consumidos no país, como açúcar,
tabaco, algodão, arroz – e outros, de subsistência também são exportados , porém em menor quantidade. O autor analisa esse
tipo de agricultura, como apêndice da grande lavoura, como autônoma e como se dá nas cidades. Há ainda as providências
legais para prevenir a constante carestia alimentar. Destaca ainda o milho, a mandioca, o arroz e o feijão.

MINERÇÃO

Tem o mesmo caráter econômico da grande lavoura. (no sentido) . Faz uma análise das causas da decadência aurífera,
declínio desde meados do século XVIII – somatória de falta de conhecimento que não fosse o empírico, outras formas de
exploração, com a superficilidade dos aluviões. Como a empresa mineradora não passava de “uma aventura passageira”, sem
organicidade, condicionada exclusivamente pelo pagamento de quinto à Coroa; no século XIX ocorre o colapso final da
atividade, pois já se tinha explorado toda a superfície dessa vasta área. O autor relata a legislação incapaz e pretensiosamente
rígida ( na verdade uma casta de burocracia infestada e assentada de privilégios); a organização do trabalho ( tanto grande
quanto pequeno); o exclusivo régio do diamante (no qual a administração é também terrível). Considera o capítulo de maior
incompetência da administração colonial portuguesa.


PECUÁRIA

Tem papel essencial na alimentação da colônia. Dentre as atividades que não se destinam à exportação é a única com grande
significação. E, pela “proeza de ignorar o espaço” já merece destaque: a conquista do território se deu pelo Norte com a
colheita florestal, pelo Centro-sul, com a mineração, e a pecuária em todo o resto do espaço. O autor faz um estudo de como
se deu a pecuária nas diversas áreas em que penetrou : desde os fatores naturais e condições que estes ofereciam, às
articulações da pecuária com os possíveis mercados que tinha em cada área. É até certo ponto uma abordagem comparativa
de desenvolvimento da atividade, e efeitos posteriores disso.

PRODUÇÕES EXTRATIVAS

Não tem o valor de riqueza imediata, mas é a base de sustentação de grande região que é a do vale do Amazonas, na qual a
atividade é, quase que exclusivamente, a colheita natural de frutos florestais. Aí, os cursos d’água polarizam a colonização, e
esta não se dá como nas outras regiões, o ambiente repele o Homem, que se quiser de fato se estabelecer é convidado a vencer
desafios naturais inúmeros, daí, o autor considerar que é o espaço em que a influência do indígena foi mais presente, pois ele
conhecia o que o europeu temia. Novamente considera que a colonização aí, é uma aventura, e não constituição de uma
sociedade.
NOTA
“Lembra” de extrações que se faz em menor quantidade: madeira, pesca de baleia, sal, salitre e erva-mate.

ARTES E INDÚSTRIA
São atividades que independentemente da agricultura ou mineração tem como fim elaborar matéria-prima, reconhece que têm
vulto insignificante, mas dada sua particularidade, merecem destaque. Faz uma distinção entre atividades urbanas e rurais.
Destaca as indústrias domésticas, artesãos , as dificuldades e entraves da manufatura têxtil, a metalurgia; e esboça as razões e
obstáculos ao desenvolvimento da indústria.

COMÉRCIO

Encara a estrutura comercial como reveladora do caráter, organização e natureza da economia, considera ser este o
‘coroamento’ de sua exposição.
O comércio é derivado do sentido da colonização, organizada em função da produção de gêneros que dêem lucro no comércio
europeu.
O comércio externo, ás vésperas da abertura dos portos é basicamente marítimo e infestado pelo contrabando com os
ingleses, dada a facilidade e proveito deste. Nas importações, sem dúvida, o mais importante a ser considerado é a compra de
escravos.
Quanto ao comércio interno; com exceção dos gêneros que as populações mais interiorizadas não produzem e vão buscar nos
centros, mas que derivam do comércio externo; só aparece com vulto na convergência de gêneros de subsistência para os
grandes centros urbanos. Merece destaque é o gado, que tem maior vulto no intercâmbio interno da colônia. O autor propõe
três linhas de fluxo do comércio colonial: a marinha, a do sertão, e minas.
• O comércio colonial é marcado pela corrente de exportação dos produtos tropicais, e em função desse eixo, os demais
     que não são nada além de amparo a ele, estão em disposição. Primeiramente, o tráfico de escravos, que garante a
     produção dos gêneros e reprodução do sistema; abastecimento de gêneros que subsidiem a população ligada à
     produção: essas são as finalidades essenciais do comércio da colônia.

VIAS DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE

Capítulo de destaque para a geografia do território: como a distância grande, os obstáculos dos acidentes geográficos, o
relevo, os rios, a difícil penetração , resultam em morosas e parcas comunicações e implicam em relações de ritmo lento, e
têm como uma das resultantes o tom de relaxamento que perpassa a vida colonial. Após uma apresentação da evolução e
formação dos traçados das vias de comunicação, analisa a qualidade e condições dos mesmos.
• estabelecimento dessas vias de comunicação está intimamente ligado às atividades de produção e comerciais que se
    formam em função do sentido da colonização.

3a PARTE: VIDA SOCIAL

CAPÍTULOS

ORGANIZAÇÃO SOCIAL

        Escravidão como caracterizadora da sociedade colonial, instituição que perpassa todas as esferas sociais. É o cimento
que une as peças da constituição das colônias americanas. Faz uma breve comparação entre o que foi a escravidão antiga e a
moderna, destacando a alienação do escravo enquanto trabalhador, a ‘inferioridade’ das raças escravizadas na modernidade.
Comenta a participação da Igreja na questão da escravidão.
        Após a abordagem da escravidão faz um apanhado das atividades que são desempenhadas por categorias na colona,
que vai de profissionais liberais até os vadios. Nesse sentido chega à massa inorgânica que não é nem senhor nem escravo,
mas que é a base constituinte do povo. Considera a manifestação de tais massas amorfas socialmente falando, nas agitações
que precedem a Independência- alem disso, discute sua existência, apontando como uma das razões o sistema escravista.
Retoma os fatores materiais determinando a vida social, tal como a instabilidade que caracteriza a produção , o que impede a
fixação plena e sólida da sociedade. Destaca as esferas de poder no interior da colônia, como o clã patriarcal, a Igreja e a
pretensa Coroa, má colocada nessa situação pela incapacidade de administrar sua colônia.
        Estuda ainda os moldes que as relações tecidas entre os senhores e escravos tendem por hora a atenuar a crueza
primitiva do que de fato é tal relação. Trata-se do processo de aristocratização (nobiliarquização) do senhor de escravo.
Aponta as diferenças entre o senhor de escravos da mineração e do Nordeste açucareiro por exemplo, entre outros, para
evidenciar as nuanças que tal caracterização assume em função do tipo de economia que se pratica. Chega à delicada questão
dos comerciantes versus tais falsos aristocratas, os segundos na condição de devedores, os primeiros como credores.
ADMINISTRAÇÃO

         Faz um extenso exercício de alerta para possíveis anacronismos, no que diz respeito a possíveis confusões de
parâmetros de analise. Trata-se de alertar para a historicidade da maneira de administrar e legislar. Após tal exercício, faz
veementes críticas à má administração portuguesa: aponta confusões até mesmo para os entendidos de leis da época, dado que
leis e decretos e alvarás se transpunham e contradiziam-se constantemente- e, apesar do volume da legislação era ineficiente
para seus próprios objetivos – destaca também a corrupção sabida e até aprovada ou regulamentada que permeava todas as
esferas do poder. O restante do capítulo é quase didático, descreve, explicando, o que e quais eram as categorias das
capitanias, por exemplo.

VIDA SOCIAL E POLÍTICA

         Destaca a escravidão como único setor que dá originalidade à estrutura social (que sedimenta relações). Trata do que
chama dos dois instintos naturais do homem: o econômico e o sexual. As relações sociais travadas pelo primeiro já foram
esboçadas. Quanto às do segundo, aponta as “falhas morais e sociais” da família que se formou no Brasil. Retoma, para tanto
fatores de desproporção entre os sexos, desregramento sexual, prostituição, e nova moral que diante disso tudo se forma,
somada à incapacidade do clero em congregar a sociedade dentro da suposta moral que sua doutrina deveria impor. ( o
catolicismo vira lição decorada, nunca fé compreendida e praticada). Tudo remonta o problema da instabilidade,
desembocando num mal-estar generalizado, que têm origem num sistema colonial que imputou vícios profundos – tudo que
em um momento foi essencial para a empresa colonizadora, agora encaminhava a mesma para seu próprio colapso: o
povoamento aleatório e disperso em função dos ventos do comércio europeu, a junção desvairada de três raças de culturas
diferentes, o trabalho servil, entre outros fatores.
         Começa a tratar então do curso inevitável e quase que dando como inexorável ; o processo e fatores que
desembocariam na Independência.

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  • 1. FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO Caio Prado Jr. INTRODUÇÃO: A década de 1930 representa um marco transformador na História brasileira, pelo menos no que se refere às artes e produção intelectual. A derrubada da República Velha e a instalação de um novo governo que procurou diminuir a dependência econômica do país em relação à agricultura monocultora, desenvolvendo um Estado com bases industriais e que atua na formação de uma burguesia industrial (o chamado Estado de Compromisso definido por Boris Fausto em A Revolução de 1930) abriram espaço para uma renovação na sociedade brasileira. Isso se manifestou em diversos campos, produzindo estudos e novas propostas para entender o Brasil, redescobri-lo em seus detalhes, problemáticas e buscar explicações para o momento pelo qual a nação passava. Pode-se dizer que 1930 é o início de uma intensa transformação no entendimento e nas interpretações sobre o Brasil: entram em cartaz estudos que, procurando no nosso passado colonial elementos que auxiliassem a explicar a conjuntura e as características que regiam o Brasil naquele momento, interagiam com as mais modernas teorias sociológicas e historiográficas vigentes na Europa. As análises a respeito da realidade do país produzidas no pós-30 dialogarão com as novas tendências de estudo no campo das ciências humanas, como por exemplo a interdisciplinaridade. Disciplinas como a História, Sociologia, Geografia, Economia etc. irão complementar-se na obra dos autores com o intuito de chegar a interpretações mais corretas e completas sobre a realidade nacional. Dentre todas as obras que visavam compreender o Brasil, analisando e partindo de seu passado como colônia até o momento histórico em que foram elaboradas, uma destaca-se como a mais perfeita análise do período colonial e as implicações deste no presente momento nacional. Trata-se de Formação do Brasil Contemporâneo, do historiador paulista Caio Prado Jr. Publicado pela primeira vez em 1942, esse livro é o expoente máximo da obra de Caio, autor também de Evolução Política do Brasil e História Econômica do Brasil. De estilo simples, muito bem escrito, utilizando vasta base documental, Formação descreve as características econômicas, administrativas, populacionais e sociais do território brasileiro desde o início de sua colonização até os primeiros anos do Século XIX. A narrativa inclusive parte dessa última época, considerada pelo autor “uma síntese”: de um lado, representa o balanço final de toda a obra colonizadora ao longo de três séculos; de outro, constitui a chave para interpretar o processo histórico anterior a ele e o próprio Brasil daquele momento pós-1930. O corte, então, aborda o período de três séculos e é o fundamento para se compreender as modificações seguintes. Para Prado, na entrada do Século XIX o legado colonizador já estava consolidado no Brasil e o território começava a respirar ares de mudança (por exemplo, a vinda da Família Real Portuguesa, entrada das idéias políticas liberais francesas e maior influência inglesa na economia e sociedade) que influíram no processo de Independência da colônia. A partir do momento em que considera uma ruptura do sistema colonial, Caio Prado penetra fundo no passado e na estrutura desse sistema. E, dentre várias conclusões a que chega, uma se destaca como a principal: mais de um século após a Independência, o Brasil ainda mantinha em diversos aspectos o caráter e as características de colônia, principalmente no que se refere à economia e sociedade. Essa é a posição que o autor defende e demonstra ao longo de todo o livro. Prado mostra como as modificações pelas quais o Brasil passara e estava passando eram superficiais, havendo sempre a presença incômoda, invencível e indissociável no processo de evolução nacional. Para explicar isso, apresenta-nos o inovador conceito de sentido histórico, definido como “o conjunto de fatos e acontecimentos essenciais que constituem a evolução de um povo num largo período de tempo”. Diz Prado que o sentido manifesta-se ao longo da história desse povo, e que pode ser modificado com transformações profundas. No caso brasileiro, o sentido de formação de nosso povo (e que guiou a nossa colonização) é ser uma colônia especializada no fornecimento de produtos agrícolas tropicais para os mercados estrangeiros. Tudo no Brasil Colônia, afirma o historiador, surgiu e foi formado com o intuito de constituir uma unidade fornecedora de produtos comercializáveis para a Europa; não havia a preocupação de constituir uma sociedade ou uma administração organizadas e raízes nacionais firmes, mas apenas uma feitoria comercial. Esta foi a lógica de todo o período colonial, determinando o nosso sentido histórico e, com ele, a permanência de diversos aspectos coloniais na atual sociedade brasileira. O caráter agrícola (base de nossa constituição econômica) e suas relações com a sociedade, segundo Prado, implantaram-se de tal forma na formação brasileira que ainda podiam se fazer sentir presentes naquela época. São exemplos desse sentido o processo de povoamento colonial, com os colonos recém-chegados e as correntes internas procurando sempre o litoral nordestino, nas regiões produtoras de bens agrícolas exportáveis; a constituição da economia nacional no tripé latifúndio- monocultura- trabalho escravo, voltado para o mercado externo e subjugando o mercado interno (que é uma base essencial para o desenvolvimento de uma nação); a utilização do negro como escravo apenas como força produtiva, banalizando-o e impedindo que contribuísse positivamente para a constituição de nosso povo; o surgimento de um setor “inorgânico” na sociedade colonial, localizado entre os senhores de terras e os escravos (os dois extremos sociais e diretamente implicados na estrutura produtiva), no qual seus componentes não possuem ocupação fixa ou força social (por
  • 2. estarem fora do campo econômico-produtivo) e se caracterizam pela desarticulação e desunião; a estrutura patrimonialista, na qual os senhores oligárquicos, donos de imenso poder na conjuntura econômica e social, consideram-se donos dos espaços público e privado; etc. Muito disso permanece até hoje (como a concentração, ainda intensa, da população no litoral; a presença sempre incômoda do latifúndio, atravancando o avanço agrícola e a reforma agrária; a presença de uma população não-integrada à economia e desarticulada, vivendo na miséria; etc.), o que comprova a atualidade da obra. No entanto, Caio Prado não deixou de enxergar possibilidades de transformação dessa persistente ordem colonial. Formação é um livro constituído de uma contraposição dialética entre a permanência de estruturas coloniais e as constantes chances de derrubada dessa ordem, a ocorrer por intermédio da articulação interna e ação do setor “inorgânico”, ou seja, das classes mais humildes e pobres da população. Será a participação e integração deste setor na sociedade que possibilitará a queda dos resquícios coloniais, produzindo uma modificação e, quem sabe, a definição de um novo sentido histórico para o Brasil. O autor mostra que sempre foi essa população desarticulada que, sozinha e sem qualquer apoio, tomou as iniciativas para modificar a sociedade colonial e expandi-la além da monocultura litorânea exportadora. Por exemplo, o avanço da pecuária pelos sertões; o processo de povoamento do interior e expansão para territórios além do Tratado de Tordesilhas etc. O livro de Caio Prado faz-se destacado também por propor, pela primeira vez, uma aplicação bem-feita do Marxismo na historiografia e análise do Brasil Colonial. O historiador utiliza-se de propostas marxistas para explicar a formação de nossa sociedade colonial e suas possibilidades de superação. Assim, o sentido histórico do Brasil, expresso na colonização, é uma demonstração do Materialismo Histórico, ou seja: a História como o eterno processo de produção humana das necessidades fundamentais e dos bens materiais para a sobrevivência. Dessa forma, o sentido de nossa colonização, ao produzir produtos agrícolas para o mercado externo, representa a satisfação material e desenvolvimento das economias e necessidades metropolitanas (o materialismo também faz-se presente nessa concepção de que nossa história e modo de ser de nossa sociedade reflete o fim de nossa formação: produzir bens agrícolas para o mercado externo). O mesmo processo gera a acumulação primitiva de capitais (que, segundo Fernando Novais, serão usados para a promoção, na Europa, do capitalismo industrial) por parte das metrópoles e a divisão do trabalho no processo produtivo, gerando sempre um pólo mais rico, que domina toda a produção (a metrópole), e outro, que é o produtor, totalmente alienado dos objetos e do acesso aos mesmos (a colônia). Prado também utiliza Marx para enxergar as possibilidades de superação das estruturas coloniais. Se a História é feita pelos homens mais simples (pois são a força produtiva da sociedade), é a ação e integração destes sob o interesse comum de satisfazer as necessidades fundamentais para sua sobrevivência que podem derrubar tal organização, que declaradamente os exclui e os aliena ao longo do processo produtivo. Outro ponto de destaque do livro é a interdisciplinaridade. A obra fornece um panorama completo do Brasil Colonial interagindo diversas disciplinas em um mesmo estudo. Assim, as descrições históricas sobre o processo de povoamento vêm precedidas de uma apresentação das características geográficas do território, seus pontos mais atraentes para os colonos e os locais de repulsão; o mesmo procedimento descritivo é observado quando aborda as três principais áreas onde a pecuária se desenvolve; a produção açucareira da grande lavoura é analisada sob as perspectivas econômica, sociológica (ao denunciar a alienação e banalização da população escrava com a produção em larga escala – análise esta marxista) e crítica (afirmando ser um sistema produtivo rudimentar e criticando os colonos, que não buscavam novas técnicas para incrementar a produção); a narração dos fatos históricos sempre acompanhadas de comentários do autor e informações vindas dos relatos de viajantes e cronistas. Portanto, Formação do Brasil Contemporâneo é a obra mais completa e informativa sobre nosso período colonial. Tornou-se merecidamente o exponencial da transformação intelectual observada com o advento dos anos 30 deste século no Brasil. Busca no nosso passado explicações para o Brasil deste século, bem como as chances de modificação da ordem colonial nela persistente. Se chega a ser em certas passagens extremamente crítico em relação à estruturação colonial e ao Brasil atual, Caio Prado não é pessimista. Pois soube reconhecer que a transformação da nossa sociedade pode ocorrer, pelas mãos do povo, oprimido e desarticulado desde aquela época. Ou seja, da mesma forma que a História está em transformação constante, o Brasil pode ter seu sentido histórico modificado. Basta acreditar e lutar para tanto. SENTIDO DA COLONIZAÇÃO: A acepção de sentido, para o uso do autor, é aquela pela qual podemos notar o rumo que a história de cada povo tem, se esta for concedida por um conjunto de acontecimentos coesos que apontam em uma direção, colhidos ao longo de um período de longa duração. O autor analisa então as origens do sentido da colonização, a partir das motivações dos colonos das áreas tropicais, especialmente o Brasil - são de importância capital os estímulos de cada “tipo de colono” para a apreensão das razões desse sentido da colonização. Para tanto, compara-os constantemente com os colonos das zonas temperadas da América. Enquanto estes migraram por motivos de perseguição político-religiosa, e vieram com o intuito de montar uma sociedade que fosse espelho da que deixavam; aqueles participavam da empresa comercial de suas Coroas, e, portanto acompanhavam , inicialmente, o movimento delas – antes de exploração que habitação da terra. Daí a afirmação que perpassa o trabalho do autor, tanto quanto o de nossa herança colonial, que é a da essência da formação de um país que não era para ser senão uma colônia fornecedora de gêneros que interessassem ao comércio europeu, objetivo maior da metrópole portuguesa.
  • 3. 1a PARTE: POVOAMENTO CAPÍTULOS POVOAMENTO Trata-se do relato descritivo da costa marítima que pertence ao Brasil. Porém não é a mera descrição aleatória : a geografia interessa à medida em que está articulada com as potencialidades naturais (ou ausência delas) e, portanto com a facilidade (ou dificuldade) de estabelecimento humano. Somando aos fatores naturais, os de interesse material; como comunicação com o exterior e interior; os políticos, como a união das Coroas; e os do próprio processo de estabelecimento humano e subsidiação deste, como a pecuária , as missões jesuíticas; e a mineração – traça os principais fatores de fixação humana pelo território. • Notamos que os fatores que concorrem para o povoamento estão também concernindo ao sentido da colonização, a medida que não se trata de um espaço simplesmente favorável para o estabelecimento humano, mas também, senão unicamente, para o proveito que se pode tirar dele POVOAMENTO INTERIOR Nesse capítulo trata mais especificamente dos fatores de adentramento da colonização, sejam eles a mineração e a pecuária. Faz uma comparação entre ambas, sob os aspectos de: locais em que se estabeleceram, motivos que as impulsionaram, diferença do modo pelo qual cada uma se processou e como isso foi materializado na formação social originada por elas. • Pecuária e mineração entram no sentido da colonização à medida em que a primeira é subsídio em muitos casos da grande lavoura, no sentido de alimentação e fornecimento de animais para o trabalho - e a segunda é fruto de uma atividade já empenhada no sentido, seja ela, o apresamento de índios , a procura de minas, ou a devastação do território, que a mineração veio a concretizar, enquanto exploração econômica e fixação de populações. CORRENTES DE POVOAMENTO Pensando a evolução do povoamento em três grandes momentos – o primeiro, que se inaugura com a colonização e vai até o fim do século XVII, e que é inicial; o segundo, caracterizada pela revolução demográfica na abertura do século XVIII e que tem cerne na descoberta de ouro no Centro-sul da colônia, do qual emerge um terceiro , que é o novo equilíbrio que se estabelece, seja este, o do Império em sua segunda parte - ocupa-se da complexa rede de movimentos intercruzados, que é o processo do segundo para o terceiro momento. Trata-se do que ocorre no período em que privilegia: as transformações que o fim daquele clímax da mineração provocará em termos de migrações internas ( despovoamento das regiões de mineração e uma atenção às atividades agrícolas e pastoris); simultaneamente, o avanço da fazendas de gado no Nordeste, mas efeitos da Seca Grande no Ceará e recuo da pecuária aí. O que nos deixa o capítulo é a extrema complexidade demográfica do período abordado, que é o da gestação de um novo equilíbrio e de outras transformações, das quais podemos entender que um dos primeiros sinais é a mudança do eixo econômico do Nordeste para o Centro-sul. Uma observação faz-se imperiosa, duas ou mais, aliás: • Ele privilegia o relato das tentativas de povoamento que deram certo, ou seja, que de alguma forma, deixaram seu legado ao brasil de hoje. • As correntes de povoamento estão ligadas; especialmente aqui, pela semivirgindade do território; à procura constante de um modo melhor de adequação ao meio, dado que a melhor forma de ocupação e vida humanas não foram ainda encontradas pelo Homem. • A inversão do movimento que se verifica com a decadência das minas – de retorno ao litoral – sobretudo no final do século XVIII • A instabilidade e falta de orientação da colonização no sentido de fundar uma sociedade com bases sólidas e orgânicas reflete no povoamento, a medida em que este se processa, seguindo o rastro, da atividade econômica mais favorável, que indica seu caminho. (p.73) RAÇAS O capítulo tem dois momentos: fala em cada uma das três raças que formam o Brasil e depois na miscigenação das mesmas. Trata dos brancos: primeiramente degredados, até século XIX a maioria de lusitanos, à exceção de espanhóis e afins da união ibérica. Nos primeiros anos do século XIX, o quadro muda: não é tão identificável a natureza desses imigrantes, são de todas as províncias de Portugal, e de vários níveis sociais (de fidalgos a letrados, e humildes) – o q se afirma é a ocupação , senão em cargos administrativos, em comércio. Além desse movimento espontâneo de migração, há a colonização estimulada, a dos
  • 4. casais, que difere em propósito (ocupar lugares quase desabitados) e modo (o estabelecimento é provido de subsídios para a efetiva fixação). Afirma que o português tinha em vista a utilização do indígena no processo de colonização, incorporando-o na obra colonizadora.( os colonos o viam como trabalhador e a metrópole como povoador, e a Igreja, representada nas missões, viam- no como almas do Império da cristandade, do qual Portugal era o agente divino). Quanto à Igreja afirma que ela tinha um papel autônomo frente a coroa. (p.93). por fim, o legislador da questão viria ser Pombal – e o autor afirma que , apesar das falhas dessa legislação- o objetivo da colonização, incorporação do índio na massa geral da população, foi ajudado, pelo menos em relação aos aldeados . Estuda ainda a distribuição dos índios pelo território, e as posteriores tentativas de controle e legislação da questão indígena. Considera que a questão do negro é mais simples. Foi uniformizado pela escravidão, que nunca foi contestada de fato. Sua participação na mestiçagem é superior à do índio, ainda que nesse sentido, haja algumas dificuldades: o preconceito com as ligações branco-negro e a desproporção entre os sexos. O autor passa a abordar fatores que concorrem para a abundante miscigenação que caracteriza o Brasil – e merece destaque o possível gosto do português por raças “exóticas”, bem como sua capacidade de cruzamento com outras raças ( e tal aptidão estaria ligada com ao fato de a região de Portugal ser historicamente um ponto de encontro e convergência dos brancos europeus com as raças mais escuras do continente africano); além disso, o modo como se processa a emigração portuguesa para o Brasil: o homem vindo só e a ausência de mulheres brancas. Fato que contribui inclusive, para a formação de novos padrões moral-sociais, como a tolerância a comportamentos que no local de origem seriam considerados fora da conduta aceitável. O autor discute as variantes regionais da mestiçagem: em que intensidade e porque assim se deu. Em suma, afirma que o panorama étnico é: maioria de mestiços, do cruzamento branco-preto. Os influxos de brancos, de negros, de índios, não mudam substancialmente a feição predominante – as poucas modificações tendem ao negro que é preponderante em quantidade. • O sentido está aqui implícito ao afirmar sobre a incorporação do índio na obra colonizadora e na presença do negro como uniformizado pela escravidão. • Nas categorias sociais que primeiramente vem a ocupar o território. • No direcionamento da mestiçagem, o autor destaca que quem a conduz, tal qual o campo social, e o econômico, é a raça ‘dominante’, ou seja, o branco. 2a PARTE: VIDA MATERIAL CAPÍTULOS ECONOMIA Setor em que se verifica mais fidedignamente aquele sentido, do qual tantas outras características derivam. Sentido de uma colônia cuja razão de ser é o fornecimento ao comércio europeu de gêneros tropicais ou minerais de grande valor. A economia da colônia foi uma invenção portuguesa para uma colonização inédita, sui generis no conjunto das colônias de até então. Ao tratar da agricultura, o autor pensa o tripé – latifúndio, monocultura e escravidão – como “célula fundamental da economia agrária brasileira”, direcionada para o sentido da colonização . A mineração, à parte da forma que tanto diverge da agricultura, concorre no mesmo sentido de grande unidade que trabalha para a metrópole. A extração também se insere dentro desse quadro de exploração de grande contingente de mão-de-obra, para atendimento de demanda reinol. Num outro plano estão as atividades “acessórios”, que são apenas subsídios para que a empresa colonial, que é de fato o que interessa no Brasil, possa vingar.(síntese, p.125) O autor tem como base também, a idéia de ciclo econômico, surtos de gêneros que polarizam toda a colônia para sua produção, e que depois de certo tempo, acabam por ceder cena a outro gênero, e assim por diante. Em suma, a economia não é uma estrutura de base orgânica ( formação de um sistema e meios de mantê-lo) em que a população nela empregada é agente : pelo contrário – a população empregada nele é aríete de objetivos externos aos quais está subordinada. GRANDE LAVOURA O período que privilegia, é marcado por transformações na esfera mundial, e que, simultaneamente é reflexo e refletirá na colônia. ( trata-se do desenvolvimento e incremento das relações comerciais de todo o mundo, haveria ainda, a Revolução Industrial, as disputas acirram-se pelo comércio colonial – Portugal estaria no jogo dúbio de paz). Focaliza, em função desses
  • 5. fatores, bem como do da decadência mineradora, o capítulo do Renascimento Agrícola: o algodão, o açúcar paulista , as primeiras mudas do café. Contudo, trata-se de um incremento no sentido quantitativo, não qualitativo. O autor investiga ainda as causas do atraso técnico da agricultura no Brasil. Atribui à natureza semibárbara do escravo e seu trabalho ineficiente, principalmente. Considera ainda o isolamento ao qual a metrópole relegou sua colônia, que impossibilitou o contato com tecnologias; e, por outro lado, tal isolamento não era suprido por uma possível educação ou algo nesse sentido. Outrossim, o aproveitamento racional do solo exigiria um reinvestimento ou inversão de capital, esferas que , somando-se à natureza do colono português a abundância dos recursos naturais, ficaram abdicadas de uma possível abordagem. O autor discorre ainda, a cerca da organização do trabalho e distribuição geográfica no que concerne ao açúcar, algodão e tabaco. Em menor proporção, do arroz, anil e cacau. • Sentido está no fato de a agricultura da grande lavoura estar tão desvinculada com as necessidades de quem a faz e tão voltada para a exportação, que sequer o problema de subsistência alimentar ela pode resolver. AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA Trata-se de uma distinção necessária entre a lavoura de subsistência e a grande lavoura, dada a especificidade de nossa formação e sentido dela. A segunda produzindo para a exportação, em grandes unidades , com grande contingente de trabalhadores e organização coletiva do trabalho – a primeira terá outros tipos de organização e estrutura agrária, mas ainda será um apêndice da grande empresa comercial. Lembra que os produtos de exportação são consumidos no país, como açúcar, tabaco, algodão, arroz – e outros, de subsistência também são exportados , porém em menor quantidade. O autor analisa esse tipo de agricultura, como apêndice da grande lavoura, como autônoma e como se dá nas cidades. Há ainda as providências legais para prevenir a constante carestia alimentar. Destaca ainda o milho, a mandioca, o arroz e o feijão. MINERÇÃO Tem o mesmo caráter econômico da grande lavoura. (no sentido) . Faz uma análise das causas da decadência aurífera, declínio desde meados do século XVIII – somatória de falta de conhecimento que não fosse o empírico, outras formas de exploração, com a superficilidade dos aluviões. Como a empresa mineradora não passava de “uma aventura passageira”, sem organicidade, condicionada exclusivamente pelo pagamento de quinto à Coroa; no século XIX ocorre o colapso final da atividade, pois já se tinha explorado toda a superfície dessa vasta área. O autor relata a legislação incapaz e pretensiosamente rígida ( na verdade uma casta de burocracia infestada e assentada de privilégios); a organização do trabalho ( tanto grande quanto pequeno); o exclusivo régio do diamante (no qual a administração é também terrível). Considera o capítulo de maior incompetência da administração colonial portuguesa. PECUÁRIA Tem papel essencial na alimentação da colônia. Dentre as atividades que não se destinam à exportação é a única com grande significação. E, pela “proeza de ignorar o espaço” já merece destaque: a conquista do território se deu pelo Norte com a colheita florestal, pelo Centro-sul, com a mineração, e a pecuária em todo o resto do espaço. O autor faz um estudo de como se deu a pecuária nas diversas áreas em que penetrou : desde os fatores naturais e condições que estes ofereciam, às articulações da pecuária com os possíveis mercados que tinha em cada área. É até certo ponto uma abordagem comparativa de desenvolvimento da atividade, e efeitos posteriores disso. PRODUÇÕES EXTRATIVAS Não tem o valor de riqueza imediata, mas é a base de sustentação de grande região que é a do vale do Amazonas, na qual a atividade é, quase que exclusivamente, a colheita natural de frutos florestais. Aí, os cursos d’água polarizam a colonização, e esta não se dá como nas outras regiões, o ambiente repele o Homem, que se quiser de fato se estabelecer é convidado a vencer desafios naturais inúmeros, daí, o autor considerar que é o espaço em que a influência do indígena foi mais presente, pois ele conhecia o que o europeu temia. Novamente considera que a colonização aí, é uma aventura, e não constituição de uma sociedade. NOTA “Lembra” de extrações que se faz em menor quantidade: madeira, pesca de baleia, sal, salitre e erva-mate. ARTES E INDÚSTRIA
  • 6. São atividades que independentemente da agricultura ou mineração tem como fim elaborar matéria-prima, reconhece que têm vulto insignificante, mas dada sua particularidade, merecem destaque. Faz uma distinção entre atividades urbanas e rurais. Destaca as indústrias domésticas, artesãos , as dificuldades e entraves da manufatura têxtil, a metalurgia; e esboça as razões e obstáculos ao desenvolvimento da indústria. COMÉRCIO Encara a estrutura comercial como reveladora do caráter, organização e natureza da economia, considera ser este o ‘coroamento’ de sua exposição. O comércio é derivado do sentido da colonização, organizada em função da produção de gêneros que dêem lucro no comércio europeu. O comércio externo, ás vésperas da abertura dos portos é basicamente marítimo e infestado pelo contrabando com os ingleses, dada a facilidade e proveito deste. Nas importações, sem dúvida, o mais importante a ser considerado é a compra de escravos. Quanto ao comércio interno; com exceção dos gêneros que as populações mais interiorizadas não produzem e vão buscar nos centros, mas que derivam do comércio externo; só aparece com vulto na convergência de gêneros de subsistência para os grandes centros urbanos. Merece destaque é o gado, que tem maior vulto no intercâmbio interno da colônia. O autor propõe três linhas de fluxo do comércio colonial: a marinha, a do sertão, e minas. • O comércio colonial é marcado pela corrente de exportação dos produtos tropicais, e em função desse eixo, os demais que não são nada além de amparo a ele, estão em disposição. Primeiramente, o tráfico de escravos, que garante a produção dos gêneros e reprodução do sistema; abastecimento de gêneros que subsidiem a população ligada à produção: essas são as finalidades essenciais do comércio da colônia. VIAS DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE Capítulo de destaque para a geografia do território: como a distância grande, os obstáculos dos acidentes geográficos, o relevo, os rios, a difícil penetração , resultam em morosas e parcas comunicações e implicam em relações de ritmo lento, e têm como uma das resultantes o tom de relaxamento que perpassa a vida colonial. Após uma apresentação da evolução e formação dos traçados das vias de comunicação, analisa a qualidade e condições dos mesmos. • estabelecimento dessas vias de comunicação está intimamente ligado às atividades de produção e comerciais que se formam em função do sentido da colonização. 3a PARTE: VIDA SOCIAL CAPÍTULOS ORGANIZAÇÃO SOCIAL Escravidão como caracterizadora da sociedade colonial, instituição que perpassa todas as esferas sociais. É o cimento que une as peças da constituição das colônias americanas. Faz uma breve comparação entre o que foi a escravidão antiga e a moderna, destacando a alienação do escravo enquanto trabalhador, a ‘inferioridade’ das raças escravizadas na modernidade. Comenta a participação da Igreja na questão da escravidão. Após a abordagem da escravidão faz um apanhado das atividades que são desempenhadas por categorias na colona, que vai de profissionais liberais até os vadios. Nesse sentido chega à massa inorgânica que não é nem senhor nem escravo, mas que é a base constituinte do povo. Considera a manifestação de tais massas amorfas socialmente falando, nas agitações que precedem a Independência- alem disso, discute sua existência, apontando como uma das razões o sistema escravista. Retoma os fatores materiais determinando a vida social, tal como a instabilidade que caracteriza a produção , o que impede a fixação plena e sólida da sociedade. Destaca as esferas de poder no interior da colônia, como o clã patriarcal, a Igreja e a pretensa Coroa, má colocada nessa situação pela incapacidade de administrar sua colônia. Estuda ainda os moldes que as relações tecidas entre os senhores e escravos tendem por hora a atenuar a crueza primitiva do que de fato é tal relação. Trata-se do processo de aristocratização (nobiliarquização) do senhor de escravo. Aponta as diferenças entre o senhor de escravos da mineração e do Nordeste açucareiro por exemplo, entre outros, para evidenciar as nuanças que tal caracterização assume em função do tipo de economia que se pratica. Chega à delicada questão dos comerciantes versus tais falsos aristocratas, os segundos na condição de devedores, os primeiros como credores.
  • 7. ADMINISTRAÇÃO Faz um extenso exercício de alerta para possíveis anacronismos, no que diz respeito a possíveis confusões de parâmetros de analise. Trata-se de alertar para a historicidade da maneira de administrar e legislar. Após tal exercício, faz veementes críticas à má administração portuguesa: aponta confusões até mesmo para os entendidos de leis da época, dado que leis e decretos e alvarás se transpunham e contradiziam-se constantemente- e, apesar do volume da legislação era ineficiente para seus próprios objetivos – destaca também a corrupção sabida e até aprovada ou regulamentada que permeava todas as esferas do poder. O restante do capítulo é quase didático, descreve, explicando, o que e quais eram as categorias das capitanias, por exemplo. VIDA SOCIAL E POLÍTICA Destaca a escravidão como único setor que dá originalidade à estrutura social (que sedimenta relações). Trata do que chama dos dois instintos naturais do homem: o econômico e o sexual. As relações sociais travadas pelo primeiro já foram esboçadas. Quanto às do segundo, aponta as “falhas morais e sociais” da família que se formou no Brasil. Retoma, para tanto fatores de desproporção entre os sexos, desregramento sexual, prostituição, e nova moral que diante disso tudo se forma, somada à incapacidade do clero em congregar a sociedade dentro da suposta moral que sua doutrina deveria impor. ( o catolicismo vira lição decorada, nunca fé compreendida e praticada). Tudo remonta o problema da instabilidade, desembocando num mal-estar generalizado, que têm origem num sistema colonial que imputou vícios profundos – tudo que em um momento foi essencial para a empresa colonizadora, agora encaminhava a mesma para seu próprio colapso: o povoamento aleatório e disperso em função dos ventos do comércio europeu, a junção desvairada de três raças de culturas diferentes, o trabalho servil, entre outros fatores. Começa a tratar então do curso inevitável e quase que dando como inexorável ; o processo e fatores que desembocariam na Independência.