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Arte Islâmica em Portugal

O norte de África é o prolongamento natural do sul da Península Ibérica.
Mesquita de Córdova




Na Península Ibérica, cristãos, muçulmanos e judeus conviveram entre o séc. VIII e o séc. XV.
A Norte, os cristãos viviam em pequenas aldeias, dedicando-se principalmente à agricultura.
Os muçulmanos tinham uma cultura muito superior, vivendo em cidades muito prósperas e
desenvolvidas.
a) Arte Emiral

759 - fundação do emirato de
Córdova: Abd al-Rahman I (756 -
788) refugia-se na Península Ibérica
no seguimento de lutas internas no
seio do império. Autonomiza o
emirato e desenvolve as artes. Esta
estratégia prosseguirá nos reinados
seguintes, com destaque para o de
Abd al-Rahman II (822-852). O
Emirato torna-se um importante
centro de cultura, verificando-se
uma intensa islamização.

Inicia-se a construção da Mesquita
de Córdova no séc. VIII, que será
sucessivamente ampliada até à
última fase por volta do ano 1000.

Durante este período são muito
influentes os laços com Damasco
(Síria).
A alcáçova de Mérida foi edificada por ordem de Abd al-Rhaman II em 835
                  e é a mais importante construção militar deste período.
b) Arte Califal (929-1031):
ampliação da mesquita de Córdova.
Arte mais rica e variada. Ganham
impulso as artes decorativas. Com
Abd al-Rahman III (912-961) e o
filho Al-Hakan II (961 – 976) o
emirato proclama-se califado e
atinge o apogeu.

Almançor, chefe militar do califado
(976-1002) desenvolve uma política
de expansão que o leva a saquear
Santiago de Compostela em 997.

As grandes ampliações na Mesquita
de Córdova datam desta era.
A qibla é a direcção de
Meca para onde se
orientam os templos. Está
assinalado pelo mihrab.
Madina al-Zahara, nos arredores de Córdova
Abd al Rahman III inicia a construção para celebrar a sua dignidade califal.
Esta arte emiral caracteriza-se pelo gosto pela
simetria, pela estilização e geometrização.
O uso do mármore, dos azulejos, o
estuque e as citações do Corão são
elementos típicos da decoração da
arquitectura muçulmana.




Sala dos Embaixadores
Alcazar de Sevilha
Séc. XIV
A prosperidade económica
                                                                        do Califado propicia o
                                                                        desenvolvimento das artes
                                                                        menores, nomeadamente as
                                                                        cerâmicas, metais e marfim




                                                                         Cofre em marfim do tesouro da Sé de Braga
                                                                              (20 cm altura x 10 cm diâmetro),
                                                                          encomendado por Abd al-Malik, filho do
                                                                             Almançor, data dos inícios do séc. XI
Píxide do Príncipe Al-Mughira, proveniente das oficinas da Madina al-
Zahra (ano de 968 )
Museu do Louvre
c) Arte das Taifas (1031-1096)
         Sucederam-se lutas intestinas
            após a morte de Almançor,
      dividindo-se o califado em taifas
                           (1031-1096).

           Lisboa, Santarém e Coimbra
      fazem parte da taifa de Badajoz.
       O Algarve e o restante Alentejo
         integravam a taifa de Sevilha.
            Córdova perde influência e
            Toledo torna-se o principal
      centro cultural, destaque para a
                    escola de tradução.

            A arte palaciana urbana
      predomina sobre a arquitectura
                           religiosa.




Aljafería (Zaragoza)
Séc. XI
A decoração é exuberante, com recurso ao estuque e ao gesso.
d) Arte da era dos Almorávidas e
 Almóadas (1090-1228). Os cristãos tiram
 partido das dissidências entre os
 muçulmanos.
 Em 1085, Toledo cai às mãos de Afonso
 VI de Leão. Nesta época chegam ao
 Magreb os Almorávidas, fanáticos
 islâmicos adeptos da Guerra Santa
 (Jihad). Entram na Península em 1086 e
 integram o Al-Andaluz no reino
 Almorávida com sede em Marrocos
 (Marraquexe). Em 1143, caem os
 Almorávidas e regressam as taifas. Esta
 situação permite o avanço de Afonso
 Henriques que conquista Santarém e
 Lisboa em 1147. Os Almóadas ocupam
 Marraquexe e substituem a dinastia
 Almorávida. Passam à Península e
 reconquistam o território de Sevilha a
 Cáceres. A dinastia durará até 1228.


Torre da Giralda
Sevilha
Em Portugal, a mesquita de Mértola, actual igreja
paroquial, data deste período almóada.
A mesquita de Mértola tinha planta quase quadrangular com cinco naves.
O sul da Península está pontuado por pequenas ermidas, hoje cristianizadas, com a forma
cúbica que aproveitaram antigas construções árabes: os morábitos.
Ermida de Santa Margarida de Evoramonte; Estremoz




  Estas cubas reproduzem a Ka’aba de Meca e,
  provavelmente, albergavam a sepultura de ascetas
  com fama de santidade.
Morabito do Cercal no Cadaval
Os ribat eram uma espécie de pequenas fortificações ocupadas por guerreiros religiosos
que viviam isolados em oração e estudo sob a orientação de um mestre.
Na Atalaia (Arrifana, Aljezur) foi escavado o mais importante ribat conhecido em Portugal.
Desta palavra – ribat – deriva o topónimo Arrábida.
O castelo de Silves, embora já muito
alterado, é o melhor exemplo da
arquitectura militar almóada em
território português.
O castelo de Paderne (Albufeira) data deste período.
Com o avanço da reconquista sobrevive o reino de Granada, com a dinastia Nasrí (1231-1492).
Alhambra; Granada
Pátio dos Leões
Alhambra; Granada
Em Portugal, os vestígios da presença islâmica não são tão exuberantes como na Andaluzia.




No entanto, é justo reconhecer a pujança cultural de Silves, Mértola e Lisboa, bem como
destacar nomes como o do poeta Abu-l Walid al-Baji ou Abu Muhammad Abd Allah ibn
Muhammad ibn al-Sid al - Batalyawsi (1052-1127), autor de um Livro dos Círculos, uma obra-
-prima que o historiador Borges Coelho considera um dos maiores pensadores que nasceu no
solo que hoje é português. A sua teologia e argumentação são, segundo os entendidos,
semelhantes às de S. Tomás de Aquino.
Mértola conserva ainda importantes vestígios da presença islâmica.
Capitel
           séc. XIII
        Museu Mértola




Porta almóada
Mértola
Peça de cerâmica
Mértola
Séc. XI




Lucerna
Mértola
O vaso islâmico de Tavira,
achado há cerca de 1 década,
constitui um raro exemplar.
Pelo seu estado de
conservação, pela tipologia e
pela decoração.
Data do séc. XI.
Lápide árabe do Museu de Évora, datada de 914 – 915, referindo-se à reconstrução da cidade, após a
destruição e abandono provocados pelo ataque de Ordonho II, rei da Galiza.
O Museu de Évora
possui um núcleo de
arte islâmica,
formado a partir da
colecção do
arcebispo de Évora,
D. Frei Manuel do
Cenáculo (1802 –
1814).

Este capitel é uma
aquisição recente do
museu, foi achado
em Beja nos anos 40
e constitui excelente
exemplo do
refinamento da arte
califal do séc. XI.
O museu de S. João de Alporão, em Santarém, conserva três capitéis da era califal e
almorávida, onde se nota a sobreposição da tendência geometrizante sobre a tradição
coríntia. No espaço entre as volutas exibem inscrições de carácter religioso. Por esta
razão, devem ter sido parte de uma mesquita, da qual nada resta.
Lisboa (Al-Lixbûnâ) foi uma importantíssima cidade durante o período islâmico (716 – 1147) e
ainda hoje exibe marcas dessa presença, como por exemplo no bairros populares de Alfama,
Mouraria, Castelo,….
Al-Lixbûnâ era a maior cidade do Gharb
al-Andalus. No séc. XI contava com cerca
de 25 000 habitantes!

Era o polo de uma importante região que
ia de Santarém a Sintra, de Arruda a
Almada, articulando-se com o vale do
Sado e estendendo-se para o interior,
pelo curso do Tejo.

Era ainda escala e porto da navegação
costeira atlântica e mediterrânica.

A sua influência estendia-se para norte,
até ao Mondego, e para sul até Silves,
Mértola e o vale do Guadiana.




Alfama
A mesquita localizava-se no local onde hoje se ergue a Sé.
O friso de Chelas (Museu do Carmo; sécs. IX-X) testemunha as influências orientais e as
ligações do Andaluz ao restante mundo árabe.
Depois da conquista definitiva da cidade, muitos muçulmanos
continuaram a viver nas mesmas cidades, agora sob domínio
cristão. Viviam em bairros separados – as mourarias – com
certas restrições, podendo no entanto praticar a sua religião,
mediante o pagamento de impostos especiais.

O mesmo sucedia aos cristãos que viviam em cidades sob
domínio islâmico, ainda que, em tempos de intolerância e
perseguição, tivessem que fugir e exilar-se.




Lápide
sécs.XII-XIII                                       Capitel islâmico
Museu da Cidade                                                Séc. X
Lisboa                                Museu Nacional de Arqueologia
                                                              Lisboa
Fragmento da planta topográfica de
Lisboa mostrando a cerca moura

Escala - 1: 10 000

In A. Vieira da Silva: A Cerca Moura de
Lisboa; Lisboa; publicações Culturais da
Câmara Municipal de Lisboa; 1939;
Estampa I ; entre pp. 8 e 9.
A partir de Câmara Municipal de Lisboa
Gabinete de Estudos Olisiponenses.

http://geo.cm-lisboa.pt
Beco do Arco Escuro escada dava acesso    Arco das Portas do Mar. Corpo do edifício
     ao adarve da muralha moura          sobre o arco era uma torre da cerca moura.
Troço da Cerca Moura
Pátio do Senhor de Murça
                   Lisboa
Torre de Alfama, Cerca Moura de Lisboa
Na fronteira do Mondego, Coimbra era a cidade mediterrânica mais setentrional, misturando as
tradições islâmicas com a fé cristã: são os moçárabes.
A toponímia preserva essas referências islâmicas:
                                Assafarge, Almedina, Almalaguês.




                           Capitel califal do século XI, proveniente de
                             Montemor-o-Velho e conservado no
                             Museu Nacional Machado de Castro;
                                             Coimbra
Alta de Coimbra
A alcáçova muçulmana de Qulumbriya seria um grande quadrilátero regular com c. de 80 m de lado,
com torres circulares ainda hoje visíveis, entrando-se pelo sítio da actual Porta Férrea. A cidade teria
uma mesquita. Todavia, não há vestígios, nem indícios sequer da sua localização
Bibliografia:
- ALARCÃO, Jorge de: Coimbra. A Montagem do Cenário Urbano; Coimbra; Imprensa da Universidade; 2008; pp. 72
– 80.
- ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de: Arte islâmica em Portugal; in «História da Arte em Portugal»; vol. 2; Lisboa;
Publicações Alfa; 1986.
- ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de: Arte islâmica; in «História da Arte em Portugal. O Românico»; Lisboa;
Editorial Presença; 2001; pp. 41 – 56.
- CATARINO; Helena: A ocupação islâmica; in «História de Portugal» (direcção de João Medina); Volume 3; Lisboa;
Clube Internacional do Livro; 1996; pp. 47 – 92.
-COELHO, António Borges (organização, prefácio e notas): Portugal na Espanha Árabe; Lisboa; Editorial Caminho;
2008.
-LOPES, David: O domínio árabe; in «História de Portugal» (dirigida por Damião Peres»; Volume 1; Barcelos;
Portucalense Editora; 1928; pp. 91-431.
-MACIAS, Santiago: Mértola islâmica; Mértola; Campo Arqueológico de Mértola; 1996.
-MARQUES, A. H. de Oliveira: Portugal islâmico; in «Nova História de Portugal» (dirigida pelo próprio em conjunto
com Joel Serrão»; Volume 2; Lisboa; Editorial Presença; 1993; pp. 117 – 249.
- PEREIRA, Paulo: Arte Portuguesa. História Essencial; Lisboa; Temas e Debates / Círculo de Leitores; 2011; pp. 165 e
ss.
-TORRES, Cláudio: Cerâmica islâmica portuguesa ; Mértola; Campo Arqueológico de Mértola, 1987.
-TORRES, Cláudio: O Gharb al-Andalus; in «História de Portugal» (dir. José Mattoso»; Volume 1; Lisboa; Círculo de
Leitores; 1993; pp 363 – 415.
- TORRES, Cláudio e MACIAS, Santiago (coord.): Portugal Islâmico. Os últimos sinais do Mediterrâneo; (catálogo da
exposição); Lisboa; edição do Museu Nacional de Arqueologia / Instituto Português de Museus; 1998.
- TORRES, Cláudio e MACIAS, Santiago : Arte islâmica no ocidente andaluz; in «História da Arte Portuguesa»
(direcção de Paulo Pereira); Volume 1; Lisboa; Círculo de Leitores; 1995.
- TORRES, Cláudio e MACIAS, Santiago: O legado islâmico em Portugal; Lisboa; Círculo de Leitores; 1998.
- Terras da moura encantada. Arte islâmica em Portugal; Barcelos; Livraria Civilização Editora; 1999.

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Arte islâmica em portugal

  • 1. Arte Islâmica em Portugal 
  • 2. O norte de África é o prolongamento natural do sul da Península Ibérica.
  • 3. Mesquita de Córdova Na Península Ibérica, cristãos, muçulmanos e judeus conviveram entre o séc. VIII e o séc. XV. A Norte, os cristãos viviam em pequenas aldeias, dedicando-se principalmente à agricultura. Os muçulmanos tinham uma cultura muito superior, vivendo em cidades muito prósperas e desenvolvidas.
  • 4. a) Arte Emiral 759 - fundação do emirato de Córdova: Abd al-Rahman I (756 - 788) refugia-se na Península Ibérica no seguimento de lutas internas no seio do império. Autonomiza o emirato e desenvolve as artes. Esta estratégia prosseguirá nos reinados seguintes, com destaque para o de Abd al-Rahman II (822-852). O Emirato torna-se um importante centro de cultura, verificando-se uma intensa islamização. Inicia-se a construção da Mesquita de Córdova no séc. VIII, que será sucessivamente ampliada até à última fase por volta do ano 1000. Durante este período são muito influentes os laços com Damasco (Síria).
  • 5. A alcáçova de Mérida foi edificada por ordem de Abd al-Rhaman II em 835 e é a mais importante construção militar deste período.
  • 6. b) Arte Califal (929-1031): ampliação da mesquita de Córdova. Arte mais rica e variada. Ganham impulso as artes decorativas. Com Abd al-Rahman III (912-961) e o filho Al-Hakan II (961 – 976) o emirato proclama-se califado e atinge o apogeu. Almançor, chefe militar do califado (976-1002) desenvolve uma política de expansão que o leva a saquear Santiago de Compostela em 997. As grandes ampliações na Mesquita de Córdova datam desta era.
  • 7. A qibla é a direcção de Meca para onde se orientam os templos. Está assinalado pelo mihrab.
  • 8. Madina al-Zahara, nos arredores de Córdova
  • 9. Abd al Rahman III inicia a construção para celebrar a sua dignidade califal.
  • 10. Esta arte emiral caracteriza-se pelo gosto pela simetria, pela estilização e geometrização.
  • 11. O uso do mármore, dos azulejos, o estuque e as citações do Corão são elementos típicos da decoração da arquitectura muçulmana. Sala dos Embaixadores Alcazar de Sevilha Séc. XIV
  • 12.
  • 13. A prosperidade económica do Califado propicia o desenvolvimento das artes menores, nomeadamente as cerâmicas, metais e marfim Cofre em marfim do tesouro da Sé de Braga (20 cm altura x 10 cm diâmetro), encomendado por Abd al-Malik, filho do Almançor, data dos inícios do séc. XI Píxide do Príncipe Al-Mughira, proveniente das oficinas da Madina al- Zahra (ano de 968 ) Museu do Louvre
  • 14. c) Arte das Taifas (1031-1096) Sucederam-se lutas intestinas após a morte de Almançor, dividindo-se o califado em taifas (1031-1096). Lisboa, Santarém e Coimbra fazem parte da taifa de Badajoz. O Algarve e o restante Alentejo integravam a taifa de Sevilha. Córdova perde influência e Toledo torna-se o principal centro cultural, destaque para a escola de tradução. A arte palaciana urbana predomina sobre a arquitectura religiosa. Aljafería (Zaragoza) Séc. XI
  • 15. A decoração é exuberante, com recurso ao estuque e ao gesso.
  • 16. d) Arte da era dos Almorávidas e Almóadas (1090-1228). Os cristãos tiram partido das dissidências entre os muçulmanos. Em 1085, Toledo cai às mãos de Afonso VI de Leão. Nesta época chegam ao Magreb os Almorávidas, fanáticos islâmicos adeptos da Guerra Santa (Jihad). Entram na Península em 1086 e integram o Al-Andaluz no reino Almorávida com sede em Marrocos (Marraquexe). Em 1143, caem os Almorávidas e regressam as taifas. Esta situação permite o avanço de Afonso Henriques que conquista Santarém e Lisboa em 1147. Os Almóadas ocupam Marraquexe e substituem a dinastia Almorávida. Passam à Península e reconquistam o território de Sevilha a Cáceres. A dinastia durará até 1228. Torre da Giralda Sevilha
  • 17. Em Portugal, a mesquita de Mértola, actual igreja paroquial, data deste período almóada.
  • 18. A mesquita de Mértola tinha planta quase quadrangular com cinco naves.
  • 19.
  • 20.
  • 21.
  • 22. O sul da Península está pontuado por pequenas ermidas, hoje cristianizadas, com a forma cúbica que aproveitaram antigas construções árabes: os morábitos.
  • 23. Ermida de Santa Margarida de Evoramonte; Estremoz Estas cubas reproduzem a Ka’aba de Meca e, provavelmente, albergavam a sepultura de ascetas com fama de santidade.
  • 24. Morabito do Cercal no Cadaval
  • 25. Os ribat eram uma espécie de pequenas fortificações ocupadas por guerreiros religiosos que viviam isolados em oração e estudo sob a orientação de um mestre. Na Atalaia (Arrifana, Aljezur) foi escavado o mais importante ribat conhecido em Portugal. Desta palavra – ribat – deriva o topónimo Arrábida.
  • 26. O castelo de Silves, embora já muito alterado, é o melhor exemplo da arquitectura militar almóada em território português.
  • 27. O castelo de Paderne (Albufeira) data deste período.
  • 28. Com o avanço da reconquista sobrevive o reino de Granada, com a dinastia Nasrí (1231-1492). Alhambra; Granada
  • 30.
  • 31.
  • 32. Em Portugal, os vestígios da presença islâmica não são tão exuberantes como na Andaluzia. No entanto, é justo reconhecer a pujança cultural de Silves, Mértola e Lisboa, bem como destacar nomes como o do poeta Abu-l Walid al-Baji ou Abu Muhammad Abd Allah ibn Muhammad ibn al-Sid al - Batalyawsi (1052-1127), autor de um Livro dos Círculos, uma obra- -prima que o historiador Borges Coelho considera um dos maiores pensadores que nasceu no solo que hoje é português. A sua teologia e argumentação são, segundo os entendidos, semelhantes às de S. Tomás de Aquino.
  • 33. Mértola conserva ainda importantes vestígios da presença islâmica.
  • 34. Capitel séc. XIII Museu Mértola Porta almóada Mértola
  • 35. Peça de cerâmica Mértola Séc. XI Lucerna Mértola
  • 36. O vaso islâmico de Tavira, achado há cerca de 1 década, constitui um raro exemplar. Pelo seu estado de conservação, pela tipologia e pela decoração. Data do séc. XI.
  • 37. Lápide árabe do Museu de Évora, datada de 914 – 915, referindo-se à reconstrução da cidade, após a destruição e abandono provocados pelo ataque de Ordonho II, rei da Galiza.
  • 38. O Museu de Évora possui um núcleo de arte islâmica, formado a partir da colecção do arcebispo de Évora, D. Frei Manuel do Cenáculo (1802 – 1814). Este capitel é uma aquisição recente do museu, foi achado em Beja nos anos 40 e constitui excelente exemplo do refinamento da arte califal do séc. XI.
  • 39. O museu de S. João de Alporão, em Santarém, conserva três capitéis da era califal e almorávida, onde se nota a sobreposição da tendência geometrizante sobre a tradição coríntia. No espaço entre as volutas exibem inscrições de carácter religioso. Por esta razão, devem ter sido parte de uma mesquita, da qual nada resta.
  • 40. Lisboa (Al-Lixbûnâ) foi uma importantíssima cidade durante o período islâmico (716 – 1147) e ainda hoje exibe marcas dessa presença, como por exemplo no bairros populares de Alfama, Mouraria, Castelo,….
  • 41. Al-Lixbûnâ era a maior cidade do Gharb al-Andalus. No séc. XI contava com cerca de 25 000 habitantes! Era o polo de uma importante região que ia de Santarém a Sintra, de Arruda a Almada, articulando-se com o vale do Sado e estendendo-se para o interior, pelo curso do Tejo. Era ainda escala e porto da navegação costeira atlântica e mediterrânica. A sua influência estendia-se para norte, até ao Mondego, e para sul até Silves, Mértola e o vale do Guadiana. Alfama
  • 42. A mesquita localizava-se no local onde hoje se ergue a Sé.
  • 43. O friso de Chelas (Museu do Carmo; sécs. IX-X) testemunha as influências orientais e as ligações do Andaluz ao restante mundo árabe.
  • 44. Depois da conquista definitiva da cidade, muitos muçulmanos continuaram a viver nas mesmas cidades, agora sob domínio cristão. Viviam em bairros separados – as mourarias – com certas restrições, podendo no entanto praticar a sua religião, mediante o pagamento de impostos especiais. O mesmo sucedia aos cristãos que viviam em cidades sob domínio islâmico, ainda que, em tempos de intolerância e perseguição, tivessem que fugir e exilar-se. Lápide sécs.XII-XIII Capitel islâmico Museu da Cidade Séc. X Lisboa Museu Nacional de Arqueologia Lisboa
  • 45. Fragmento da planta topográfica de Lisboa mostrando a cerca moura Escala - 1: 10 000 In A. Vieira da Silva: A Cerca Moura de Lisboa; Lisboa; publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa; 1939; Estampa I ; entre pp. 8 e 9. A partir de Câmara Municipal de Lisboa Gabinete de Estudos Olisiponenses. http://geo.cm-lisboa.pt
  • 46. Beco do Arco Escuro escada dava acesso Arco das Portas do Mar. Corpo do edifício ao adarve da muralha moura sobre o arco era uma torre da cerca moura.
  • 47. Troço da Cerca Moura Pátio do Senhor de Murça Lisboa
  • 48. Torre de Alfama, Cerca Moura de Lisboa
  • 49. Na fronteira do Mondego, Coimbra era a cidade mediterrânica mais setentrional, misturando as tradições islâmicas com a fé cristã: são os moçárabes.
  • 50. A toponímia preserva essas referências islâmicas: Assafarge, Almedina, Almalaguês. Capitel califal do século XI, proveniente de Montemor-o-Velho e conservado no Museu Nacional Machado de Castro; Coimbra Alta de Coimbra
  • 51. A alcáçova muçulmana de Qulumbriya seria um grande quadrilátero regular com c. de 80 m de lado, com torres circulares ainda hoje visíveis, entrando-se pelo sítio da actual Porta Férrea. A cidade teria uma mesquita. Todavia, não há vestígios, nem indícios sequer da sua localização
  • 52. Bibliografia: - ALARCÃO, Jorge de: Coimbra. A Montagem do Cenário Urbano; Coimbra; Imprensa da Universidade; 2008; pp. 72 – 80. - ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de: Arte islâmica em Portugal; in «História da Arte em Portugal»; vol. 2; Lisboa; Publicações Alfa; 1986. - ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de: Arte islâmica; in «História da Arte em Portugal. O Românico»; Lisboa; Editorial Presença; 2001; pp. 41 – 56. - CATARINO; Helena: A ocupação islâmica; in «História de Portugal» (direcção de João Medina); Volume 3; Lisboa; Clube Internacional do Livro; 1996; pp. 47 – 92. -COELHO, António Borges (organização, prefácio e notas): Portugal na Espanha Árabe; Lisboa; Editorial Caminho; 2008. -LOPES, David: O domínio árabe; in «História de Portugal» (dirigida por Damião Peres»; Volume 1; Barcelos; Portucalense Editora; 1928; pp. 91-431. -MACIAS, Santiago: Mértola islâmica; Mértola; Campo Arqueológico de Mértola; 1996. -MARQUES, A. H. de Oliveira: Portugal islâmico; in «Nova História de Portugal» (dirigida pelo próprio em conjunto com Joel Serrão»; Volume 2; Lisboa; Editorial Presença; 1993; pp. 117 – 249. - PEREIRA, Paulo: Arte Portuguesa. História Essencial; Lisboa; Temas e Debates / Círculo de Leitores; 2011; pp. 165 e ss. -TORRES, Cláudio: Cerâmica islâmica portuguesa ; Mértola; Campo Arqueológico de Mértola, 1987. -TORRES, Cláudio: O Gharb al-Andalus; in «História de Portugal» (dir. José Mattoso»; Volume 1; Lisboa; Círculo de Leitores; 1993; pp 363 – 415. - TORRES, Cláudio e MACIAS, Santiago (coord.): Portugal Islâmico. Os últimos sinais do Mediterrâneo; (catálogo da exposição); Lisboa; edição do Museu Nacional de Arqueologia / Instituto Português de Museus; 1998. - TORRES, Cláudio e MACIAS, Santiago : Arte islâmica no ocidente andaluz; in «História da Arte Portuguesa» (direcção de Paulo Pereira); Volume 1; Lisboa; Círculo de Leitores; 1995. - TORRES, Cláudio e MACIAS, Santiago: O legado islâmico em Portugal; Lisboa; Círculo de Leitores; 1998. - Terras da moura encantada. Arte islâmica em Portugal; Barcelos; Livraria Civilização Editora; 1999.