O documento descreve aspectos da presença romana na Península Ibérica, incluindo a conquista inicial, as obras públicas construídas e as cidades desenvolvidas. Detalha elementos arquitetônicos como villas, termas, templos, teatros e anfiteatros presentes nas cidades romanas. Apresenta também retratos imperiais encontrados em sítios arqueológicos portugueses.
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G arte romana em portugal
1. Cavalo Hiberus
Pormenor do chamado
mosaico dos cavalos da
villa romana de Torre de
Palma, Monforte;
Portalegre
Arte
Romana
em
Portugal
2. No ano de 218 a. C., os exércitos romanos entram pela
primeira vez na Península Ibérica, acudindo aos
habitantes da cidade de Sagunto, atacada e ocupada
por Aníbal.
Aníbal Barca
(247-183 a. C.)
3. Museus do Vaticano
Roma
As Guerras Cantábricas (29 – 19 a. C.)
trazem César Augusto à Península Ibérica
que assim é finalmente pacificada.
Seguem-se séculos de paz, produzindo-se
uma intensa assimilação da civilização
romana.
4. Os legionários instalavam-se nos
territórios ocupados com as suas
famílias em grandes acampamentos
que davam depois origem a cidades.
Cultivavam a terra e trabalhavam nos
vários ofícios. Eram também colonos.
Contactavam e influenciavam os
indígenas.
5. Ponte de Alcântara
Obras públicas: além da propaganda à
grandeza de Roma, era recrutada mão-de-obra
local que, trabalhando com os legionários, ia
assimilando os modos romanos.
6. Ponte romana de Vila Formosa sobre a ribeira de Seda
Ponte de Sor
Sécs. I – II d. C.
7. Ponte sobre o rio Tuela
Torre D. Chama
Bragança
Estas pontes integravam-se na rede de vias imperiais, eram
sólidas, simétricas, recorrendo normalmente ao granito
(raramente ao xisto), em aparelho almofadado, exibindo
marcas de forfex.
10. O aqueduto de Conimbriga abastecia a população a partir da
nascente de Alcabideque.
11. A Villa era uma herdade de exploração agrícola. Incluía campos cultivados, pastagens e a mata.
A parte edificada incluía a residência do proprietário, dos criados e escravos, bem como a adega,
lagar, celeiro e estábulos.
12. A villa era um latifúndio pertencente a um senhor (dominus) destinada a exploração agrícola, florestal
e pecuária, tendo ao centro a casa senhorial rodeada pelas instalações rurais (lagares, celeiros, tulhas,
adegas, estábulos,…) e por habitações de pessoal livre ou servil.
Villa romana do Rabaçal; Penela; séc. IV d.C.
15. Ruínas do templo romano de Milreu. O embasamento é revestido por mosaicos com
figurações de peixes. O templo foi cristianizado no Baixo Império, o que é comprovado
pela existência de um baptistério e de sepulturas de inumação.
17. Villa de S. Cucufate
Vidigueira
Beja
Séc. I d. C.
Muros de xisto com fiadas de tijolo. As abóbadas foram
construídas com cofragens de madeira. Já pouco resta do andar
superior. Seria o piso nobre da residência de onde o dominus
avistava toda a propriedade e a cidade de Pax Iulia
18. Opus incertum Opus testaceum Opus reticulatum
Opus signinum Opus quadratum Opus caementicium
19. Não há vestígios de ocupação visigótica ou islâmica em S. Cucufate.
Na Idade Média, a villa foi um convento.
20. A villa foi destruída e substituída por um novo edifício com afinidades com as
construções norte-africanas. Esta nova villa senhorial incluía um templo
semelhante ao de Milreu que, todavia, não se conservou, sendo provável tratar-
se do mesmo arquitecto. Durante a ocupação muçulmana foi ocupado para outro
uso. Após a reconquista foi adaptado a convento
21. O mosteiro foi abandonado no séc. XVI, preservando-se a capela, consagrada a S.
Cucufute, até ao séc. XVIII
23. Ostium - porta de entrada. Fauces - vestíbulo (pequeno corredor que dava acesso ao peristilo). Atrium - centro do corpo
anterior da domus; núcleo social da habitação. Era aqui que o dominus recebia os seus clientes. Era decorado com estátuas
de mármore ou retratos dos antepassados. Impluvium - Tanque onde se acolhiam as águas pluviais. Peristilo - Parte
posterior da domus ao qual se acedia por um fauces ou pelo Tablinum. Pátio com colunas com um jardim com esculturas e
pequenos lagos. Tablinum - Compartimento principal reservado ao dono da casa. Triclinium - Sala de refeições
A domus geralmente tinha 1 ou 2 pisos,
telhado coberto com telha cerâmica,
organizada em torno dos pátios interiores.
Os pavimentos eram revestidos com
mármores ou mosaicos. Estuques nas
paredes.
32. O apodyterium era o vestiário colocado à entrada onde se deixavam as roupas. Passava-se
a um terreiro ensaibrado (palestra) para a prática do exercício físico, lavavam-se depois os
pés (pedilúvio) e o corpo, seguindo-se uma sucessão de banhos (tepidarium, caldarium e
um frigidarium)
Termas de Augusto
33. Os banhos de Augusto foram arrasados para
se erguerem as enormes termas de Trajano.
34. Havia ainda as termas do Aqueduto e as termas da Muralha. Estas foram
demolidas nos finais do séc. III quando se ergueu o muro defensivo.
Laconicum (banho-turco)
das termas da Muralha.
35. No séc. I a. C. Conimbriga teve o seu
primeiro forum: o de Augusto. Possuía um
templo, estabelecimentos comerciais, a
basílica e a cúria.
36. Nos anos de 77 -78, um cidadão local, M. Júnio Latrão foi eleito sacerdote do culto
imperial, em Mérida. A cidade de Conimbriga sentiu-se honrada, pois foi por esta
década que a cidade foi promovida a município. Para assinalar a distinção, foi demolido
o velho forum, e erguido um outro: o chamado forum dos flávios.
39. Sob o actual Museu Nacional Machado de Castro, antigo Paço Episcopal, conserva-se o
criptopórtico romano de Aeminium. Construído em 2 andares, era a base do forum.
40. O Criptopórtico esteve entulhado
durante séculos e só é identificado como
romano no séc. XVI pelo poeta Sá de
Miranda que as designa como grotas,
ainda que fossem conhecidas como covas
desde a Idade Média.
As escavações iniciaram-se na década de
30 do séc. XX. O primeiro estudo só é
publicado em 1973, por Jorge de Alarcão
e J. M. Bairrão Oleiro.
Na década de 1990, efectuam-se novas
escavações, atribuindo-se a estrutura ao
tempo de Cláudio (1ª metade séc. I d. C.).
Foi recentemente reaberto ao público.
44. O incorrectamente designado Templo de Diana, em Évora, erguia-se no
forum e é datável do séc. I d. C., não sendo o templo original do forum
de Ebora.
45. O templo era consagrado ao culto imperial. Este culto aproximava os colonos romanos e os
indígenas, constituindo um factor de unidade do império.
46. O templo serviu de açougue e de paço da Inquisição.
Foi restaurado no séc. XIX.
49. Capitéis compósitos, no Museu Regional de Beja, da basílica e do templo
do forum de Pax Iulia (finais do séc. I d. C.)
50. Fonte do Ídolo
Braga
Não se tratando de um templo, é um santuário consagrado a uma divindade indígena
numa parede rochosa de onde brotava uma fonte. Representa-se a divindade
(Tongoenabiago) e o cidadão que patrocinou a obra (Célico Frontão)
51. A Torre de Almofala (Figueira
de Castelo Rodrigo) foi
remodelada nos sécs. XVI e XVII.
O podium é claramente romano.
Desconhece-se qual teria sido o
uso: templo ou mausoléu.
52. A Torre de Centum
Cellas (Belmonte) é
igualmente difícil de
interpretar. Não
seria nem um
templo nem um
praetorium
(quartel-general),
sendo mais
provável que
servisse de
residência,
eventualmente uma
estalagem, ou a
parte de uma villa,
o que constituiria
um modelo único
dentro deste tipo
de construções.
55. O anfiteatro de Bobadela. Tem reduzido interesse arquitectónico pois foi muito arruinado, para além do
que a sua concepção tira proveito das condições naturais. É o primeiro que se escava em Portugal,
ainda que se conheçam outros , como Conimbriga, Balsa ou Aeminium.
58. O Teatro Romano de Lisboa foi construído no tempo de Nero (séc. I d. C), ficando parcialmente
descoberto após o terramoto de 1755.
http://www.museuteatroromano.pt/Paginas/Default.aspx
59. Teatro romano do Alto da Cividade, em Braga, descoberto acidentalmente em 1999.
60. A cidade de Tongobriga citada por Ptolomeu foi identificada com o lugar do Freixo (Marco
de Canaveses). Teria sido um castro romanizado que deu origem a uma civitas no início do
séc. II, provando que o modo mediterrânico civilizado e urbano foi levado pelos romanos até
às cidades secundárias do Norte da Península.
A construção das termas, do forum e outros edifícios revela o objectivo de dotar a cidade de
equipamentos públicos
62. retrato
Cabeça de estátua de
Augusto, com c. 45 cm,
reaproveitando uma de
Calígula.
Museu Monográfico de
Coimbriga
63. Existem 3 retratos deste imperador encontrados em
território nacional: Conimbriga, Tomar e Mértola.
O imperador é reconhecível pela garra do cabelo sobre
o olho direito.
Estes retratos provinciais difundiam-se a partir de
modelos autorizados em Roma. As imagens eram
exibidas no templo, juntamente com as divindades.
Augusto velado
Museo Nacional de Arte Romano
Mérida
Augusto proveniente de
Mértola
Museu Nacional de Arqueologia
Lisboa
64. Retrato de Mulher (MNMC); séc. I:
Trata-se de um possível retrato de Lívia,
esposa de Augusto, pois aparece capite
uelato.
Foi achado no criptopórtico de Aeminium.
65. Retrato de Trajano (I –II) proveniente do criptopórtico de
Aeminium e conservado no Museu Nacional Machado de Castro. O
imperador surge coroado de louros, com uma expressão fechada e
austera, traduzindo a personalidade do retratado.
O material usado é o mármore de Estremoz – Vila Viçosa.
Vespasiano (I) , também proveniente do criptopórtico.
Surge caracterizado com o ar fatigado com que
usualmente era representado. Este retrato tem sido
interpretado como uma reutilização do de Nero, numa
prática designada como damnatio memoriae, que
condenava ao banimento os retratos de todos os
caídos em desgraça.
66. Retrato de Agripina , a Antiga (ou Agripina Maior), esposa do
imperador Germânico.
Achado no criptopórtico de Coimbra, pode ser apreciado no
Museu Nacional Machado de Castro.
Data do séc. I, é o mais belo retrato do período romano em
Portugal.
Trata-se de um busto em mármore concebido para ser
colocado sobre uma estátua-pedestal.
O penteado é típico da época. Note-se que esta é uma
característica dos retratos romanos que permite, uma vez
conhecidas as modas dos penteados de Roma, datar com
segurança as imagens.
Ressalta, como elemento psicológico, a dignidade da
retratada.
67. Agripina Menor
(ou Agripina, a Jovem)
Museu Municipal de Faro
Filha da anterior e mãe de Nero.
O retrato foi encontrado em Milreu.
68. Este busto do imperador Adriano, tem a
mesma origem do anterior e conserva-se
igualmente no Museu Municipal de Faro.
Destaca-se o paludamentum caindo do
ombro esquerdo, bem como a barba do
imperador. É a primeira vez que a barba
de um imperador se representa como
traço identificador.
Note-se ainda a cabeleira frisada
cobrindo a fronte como se fosse um
capacete.
69. Os retratos particulares são mais
numerosos.
Esta cabeça feminina foi descoberta em
Conimbriga, em cujo museu monográfico se
guarda.
É claramente influenciado pelos cânones
oficiais.
71. No Museu da Comunidade Concelhia da Batalha guarda-se
uma estátua togada com cerca de 2 m.
Estátua togada de Mértola,
notando-se o orifício para
colocar a “cabeça”.
Torso imperial togado
Conimbriga
Séc. I
72. Sarcófago das vindimas,
proveniente de
Castanheira do Ribatejo;
Vila Franca de Xira.
Museu Nacional de
Arqueologia; Lisboa
Meados do séc. III d. C.
Sarcófago proveniente do Monte
da Azinheira;
Reguengos;
Évora.
Museu Nacional Soares dos Reis;
Porto
Séc. III d. C.
74. Os mosaicos murais são raros em Portugal. O de Milreu (Estói) é o mais rico encontrado. Este painel
preenche o friso mural do templo. Um outro, também com motivos piscícolas, reveste o muro da
piscina das termas.
76. As tesselas eram pequenos cubos de pedra ou pasta vítrea coloridos .
77. Painel representando o coro das Musas, do chamado “triunfo indiano de Baco”,
das cenas trágicas de Medeia, meditando no infanticídio, e de Hércules,
enlouquecido por Juno, preparando-se para matar a mulher e os filhos.
(villa de Torre de Palma, Monforte; Portalegre)
Finais do séc. III d. C.
78. Este mosaico, achado recentemente (2009) em Alter do Chão (Portalegre), narra um episódio
mitológico: a morte de Medusa por Perseu.
Estes temas mitológicos foram sendo progressivamente substituídos por temas do quotidiano.
http://marialynce.wordpress.com
81. Este mosaico da Casa dos Repuxos (Conimbriga) exibe um tema venatório (caça), o que
constitui um dos motivos mais comuns.
82. Mosaico da designada casa dos esqueletos (Conimbriga). Os motivos geométricos
buscam efeitos tridimensionais.
83. Cavalo Hiberus Cavalo Leneus
Detalhes do Mosaico dos Cavalos da villa romana de Torre de Palma.
84. Bibliografia comentada: Jorge de Alarcão é o autor de referência sobre arte e arqueologia romanas. É
vastíssima a sua produção científica. Para uma abordagem ao tema da arte romana em Portugal,
recomenda-se o já citado 1º vol. da História da Arte em Portugal (Publicações Alfa; Lisboa; 1986) que, além
do capítulo sobre arquitectura romana , inclui ainda um outro de J. M. Bairrão Oleiro relativo aos mosaicos e
outro de Vasco de Sousa sobre a escultura romana. Notável é o livro do prof. Alarcão consagrado a
Conimbriga (Conimbriga, o Chão Escutado; Lisboa; Círculo de Leitores; 1999.) Para além do excelente texto,
mesmo do ponto de vista literário, oferece um arranjo gráfico inexcedível e fotografias de grande qualidade.
Do mesmo autor, o não menos notável e recente trabalho sobre a cidade de Coimbra (Coimbra. A
Montagem do Cenário Urbano; Coimbra; Imprensa da Universidade; 2008) que, entre as páginas 29 e 66
oferece uma resenha com novas interpretações e hipóteses sobre a cidade de Coimbra sob o domínio
romano. Conceição Lopes, também docente do instituto de Arqueologia da Universidade de Coimbra, dirige
o volume da História da Arte Portuguesa dedicado às Expressões Artísticas Anteriores à Formação de
Portugal (Lisboa; Fubu Editores; 2008. Coord. geral de Dalila Rodrigues). A obra de Ana Lídia Pinto, Fernanda
Meireles e M. Cernadas Cambotas (História da Arte Ocidental e Portuguesa, das Origens ao final do século
XX; Porto; Porto Editora; 2001; pp. 231 – 239) está disponível na biblioteca da ESEC e apresenta uma
brevíssima síntese profusamente ilustrada da arte da romanização em Portugal, ainda que as ilustrações se
devam confrontar com pesquisas na internet e o texto seja meramente indicativo. Na biblioteca da ESEC está
também disponível o 1º volume da História da Arte Portuguesa dirigida por Paulo Pereira (Lisboa; Círculo de
Leitores; 1995), contendo uma excelente síntese de M. Justino Maciel (A Arte da Época Clássica (séculos II a.
C. – II d. C.; pp. 78 - 119). Sobre o criptopórtico e o forum de Aeminium, deve citar-se o trabalho de Pedro C.
Carvalho (O Forum de Aeminium; Coimbra; Instituto Português de Museus; 1998). Ainda que de interesse
arqueológico, interessa-nos apenas, para quem desejar informação aprofundada, o cap. II, a partir da pág.
177. Na www, destaco o sítio http://www.portugalromano.com/ que pretende compilar informação dispersa
sobre os vestígios da romanização em Portugal. Quanto ao manual de Paulo Pereira, é indispensável a leitura
do capítulo 4, iniciado na p. 111.