2. O QUE É PANTEISMO
A expressão ‘Panteísmo’ deriva do grego ‘pan’, que tem o sentido de ‘tudo’; e
de ‘theos’, que significa ‘Deus’. Desta forma este termo se traduz
aproximadamente por ‘tudo é Deus’. Segundo esta doutrina, Deus está
presente em todo o Universo, em cada elemento; ela defende igualmente a
existência de várias divindades ligadas aos mais variados componentes da
Natureza.
O panteísmo é a crença de que absolutamente tudo e todos compõem um
Deus abrangente, e imanente, ou que o Universo (ou a Natureza) e Deus são
idênticos. Sendo assim, os adeptos dessa posição, os panteístas, não
acreditam num deus pessoal, antropomórfico ou criador.
3. A palavra ‘panteísta’ foi utilizada originalmente por John Toland, em
1705. Algum tempo depois, porém, esta denominação foi
contestada por Fay, que preferiu batizá-la de ‘Panteísmo’, expressão
até hoje adotada por quem se refere a este corpo teórico. Os
panteístas não pregam a crença em um Deus que criou o Cosmos,
nem vê Nele um Ser que em tudo intervém. Eles apenas percebem
na realidade, a expressão divina.
4. RELAÇÃO COM OUTRAS DOUTRINAS E COM A CIENCIA
O panteísta é aquele que acredita e/ou tem a percepção da natureza e do
Universo como divindade. Ao contrário dos deístas, ele não advoga a
existência nem de um Deus criador do Universo, tão pouco de divindades
teístas intervencionistas, mas simplesmente especula que tudo o que
existe é manifestação divina, autoconsciente.
De entre as doutrinas ocidentais, o panteísmo é uma das que mais se
aproximam das filosofias orientais como o budismo, o jainismo, o taoísmo
e o confucionismo. É também a linha filosófica que mais se aproxima da
filosofia hermética do antigo Egito, onde o principal objetivo é fazer parte
da conspiração Universal (ou conspiração Cósmica).
Contudo, o panteísta não vê a Ciência de maneira diversa de um ateu, não
atribuindo a nenhum tipo de divindade fatos como a origem do Universo,
da Vida e da espécie Humana. Deus, no panteísmo, é todo o Universo. O
seu templo é qualquer lugar e sua lei é a das Ciências Naturais, a lei
natural.
5. OUTROS ASPECTOS DO PANTEISMO
De acordo com os panteístas, Deus seria, em
relação ao todo, a cabeça, enquanto o
Cosmos seria seu aspecto corporal. E
convivem igualmente a crença em um único
Ser Supremo, e a certeza da existência de
“diversos deuses” conectados aos elementos
naturais. Esta doutrina conjuga a esfera
mental à dimensão material, e percebe nesta
identidade a natureza divina.
6. A FILOSOFIA PANTEISTA E SUAS VERTENTES
• Panteísmo cosmológico. Doutrina que considera o Universo e
Deus como sendo identicamente o mesmo ser.
• Panteísmo místico. Aquele que considera a massa total das
coisas como um ser do qual o real e o ideal, o subjetivo e o
objetivo, são como que os dois pólos opostos.
• Panteísmo ontológico. Aquele que reconhece apenas a
substância eterna; espinosismo.
• Panteísmo psicológico. Sistema que considera Deus a alma
do Mundo, o qual seria o corpo da divindade.
7. HÁ VÁRIOS TIPOS DE PANTEISMO
Há vários tipos de Panteísmo, sendo os principais:
• O Cósmico, no qual se parte da visão da existência perecível, transitória,
permeada pela presença de Deus;
• O Acósmico, contrário a este, que principia sua compreensão percebendo a
dimensão divina, concluindo que ela constitui todo o real;
• O Hilozoísta, para o qual a divindade é a principal característica do mundo,
movendo sua existência;
• O Imanentista, que prega a integração imanente de Deus ao Cosmos;
• O Monista Absolutista, segundo o qual a divindade é ao mesmo tempo
superior ao mundo e semelhante a ele;
• O Monista Relativista, de acordo com o qual o Universo é concreto e se
modifica, enquanto a divindade se mantém inalterável.
8. TEORIAS ESPIRITUAIS SOBRE PANTEISMO
• Para esta doutrina, Deus se identifica com o Cosmos. Os panteístas não
adotam locais sagrados e a única norma que seguem é a Lei Natural,
vigente também no âmbito da Ciência.
• O conhecimento que traz a salvação é o de que a alma humana (atmã) e o
mundo espiritual (Brahman) são uma coisa só. O atmã é uma parte
integrante não só dos seres humanos, mas também se encontra nas
plantas e nos animais. Isso é conhecido como panteísmo.
• Em diversas culturas panteístas, frequentemente a idéia de um Deus que
vive em tudo complementa e coexiste pacificamente com o conceito de
múltiplos deuses associados com os diversos elementos da natureza,
sendo ambos aspectos do panteísmo.
• A principal convicção é que Deus, ou força divina, está presente no mundo
e permeia tudo o que nele existe. O divino também pode ser
experimentado como algo impessoal, como a alma do mundo, ou um
sistema do mundo. O panteísmo costuma ser associado ao misticismo, no
qual o objetivo do mortal é alcançar a união com o divino.
9. OS FILÓSOFOS E SEUS SISTEMAS FILOSÓFICOS
• Deus se confunde com a alma do mundo, no panteísmo estóico;
• No panteísmo de Plotino com o Uno absoluto do qual emanam a
alma e a inteligência formadora do mundo;
• no panteísmo de Spinoza, com a Substância única cujos modos são
as almas e os corpos e com o Espírito absoluto, onde o
desenvolvimento dialético de Idéia se completa.
• Para Saisset, o panteísmo toma por princípio a consubstancialidade
eterna e necessária do finito e do infinito, de Deus e da natureza.
Há sempre um fator comum a todas as concepções
panteísta, ou seja:
Deus é o Todo, ou O todo é Deus.
10. SISTEMA CLÁSSICO E MODERNO
Clássico
• A forma assumida pelo panteísmo clássico vê no mundo simples emanação,
revelação ou realização de Deus, sem realidade própria independente, nem
substância permanente, que não sejam a própria substância e demais
atributos de Deus.
Moderno
• Modernamente, foi Spinoza que concebeu a forma mais completa e
elaborada do panteísmo. Deus e natureza são a mesma coisa, mas
enquanto Deus é naturante, a natureza é naturata (gerada). O universo não
só é a emanação e a manifestação de Deus, mas é sua própria realização,
na ordem de todas as coisas. Hegel denominou o panteísmo de Spinoza de
"acosmismo" (negação da existência de um universo fora de Deus). Segundo
ele, Spinoza não confunde Deus com a natureza e com o universo finito,
nem considera Deus o universo. Pelo contrário, nega a realidade do
universo, vendo em Deus a única realidade.
11. PRINCIPAL FILOSOFO DO PANTEÍSMO
BARUCK SPINOZA – 1632 A 1677
Baruch de Espinoza (24 de novembro de 1632, Amsterdã — 21 de fevereiro de 1677, Haia) foi um
dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com
René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã - Holanda, no seio de uma família
judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno.
A sua família fugiu da Inquisição de Portugal. Foi um profundo estudioso da Bíblia, do Talmude e
de obras de judeus. Também se dedicou ao estudo de Sócrates, Platão, Aristóteles, Demócrito,
Epicuro, Lucrécio e também de Giordano Bruno;
Ganhou fama pelas suas posições opostas à superstição (Deus sive natura, Deus, ou seja a
Natureza, um conceito filosófico, e não religioso), e ainda devido ao fato da sua ética ter sido
escrita sob a forma de postulado e definições, como se fosse um tratado de geometria.
A 27 de Julho de 1656, a Sinagoga Portuguesa de Amsterdão puniu Espinoza com o chérem,
equivalente hebraico da excomunhão católica, pelos seus postulados a respeito de Deus em sua
obra, defendendo que Deus é o mecanismo imanente da natureza, e a Bíblia, uma obra
metafórico-alegórica que não pede leitura racional e que não exprime a verdade sobre Deus .
12. PANTEISMO EM O LIVRO DOS ESPIRITOS
Diferenças entre a Doutrina Panteísta e a Doutrina Espírita
Texto extraído de "O LIVRO DOS ESPÍRITOS" — Livro Primeiro, cap. I, II, III e IV obra
codificada por Allan Kardec - perguntas de 14 a 16:
14 - Deus é um ser distinto, ou seria, segundo a opinião de alguns, a resultante de
todas as forças e de todas as inteligências do Universo, reunidas?
R. — Se assim fosse, Deus não existiria, porque seria efeito e não causa; ele não
pode ser, ao mesmo tempo, uma coisa e outra.
Deus existe, não o podeis duvidar, e isso é o essencial. Acreditai que vos digo e não
queirais ir além. Não vos percais num labirinto, de onde não poderíeis sair. Isso não
vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis
saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, pois, de lado, todos esses
sistemas; tendes que vos desembaraçar de muitas coisas que vos tocam mais
diretamente. Isto vos será mais útil do que querer penetrar o impenetrável.
13. 15 — Que pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos
os seres, todos os globos do Universo, seriam partes da Divindade e
constituiriam, pelo seu conjunto, a própria Divindade; ou seja, que pensar da
Doutrina Panteísta?
R. — Não podendo ser Deus, o homem quer pelo menos ser uma parte de Deus.
16 — Os que professam esta doutrina pretendem nela encontrar a demonstração
de alguns dos atributos de Deus. Sendo os mundos infinitos, Deus é, por isso
mesmo, infinito; o vácuo ou o nada não existindo em parte alguma, Deus está em
toda parte; Deus estando em toda a parte, pois que tudo é parte integrante de
Deus, dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. O que
se pode opor a este raciocínio?
R. — A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o
absurdo.
14. MORTE E REENCARNAÇÃO
PANTEISMO E REENCARNAÇÃO
Para o panteísta, Deus é tudo e tudo é Deus. Deus é o próprio universo e
tudo o que existe na natureza é divino. É essa a visão geral da maioria das
religiões orientais: que Deus é o próprio universo. Para o panteísta, Deus é
impessoal. O corpo impede o homem de se relacionar com Deus. Para que a
alma possa ser libertada, cada pessoa deve purificar-se do seu corpo. Os
panteístas, na sua maioria, acreditam em reencarnação. Cada pessoa é
salva por seus próprios esforços.
VISÃO DA MORTE PANTEISTA
O Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal. Individualiza-se em
cada ser durante a vida e volta, com a morte, à massa comum.
15. Tem por atividade a divulgação e promoção dos estudos relativos à filosofia
panteísta em seus diversos aspectos bem como a promoção de eventos
relacionados ao conceito filosófico panteísta, tais como: congressos, simpósios,
encontros, rodas de estudos, cursos, atividades culturais e artísticas e demais
atividades relacionadas, bem como publicações de artigos, históricos dos
eventos, livros, exposições e demais manifestações.
A atividade do instituto compreende uma busca e orientação filosófica, a
estabilização e definição de uma ética, o cultivo de uma experiência de união,
como estado de plenitude existencial, aspetos comunitários, onde afiliados,
estudiosos, filósofos e correligionários se reúnem, celebrando as suas afinidades
e afiliações em círculos dialógicos e participativos, jardins de saberes.
O IUP mantém um acervo de artigos originais, vídeos, entrevistas, livros, anais de
congresso e demais materiais didáticos disponíveis, gratuitamente ou com
descontos, para os associados em dia com as suas anuidades.
Presidente: Dr. Regis Alain Barbier
Localizada em Recife - Pernambuco
16. CONCLUSÃO – VISÃO MISTICA PANTEÍSTA
"Mas e você? Quem é você? Um banido, uma coisa estranha sem dimensões, algo
que não é corpo, que não é cosmos? Ou então você é natureza como um pássaro,
uma flor? Uma união misteriosa de cosmos e consciência: o mundo consciente e a
consciência do mundo, rebis eternal (do latim res bina, significando dupla
substância), sagrada unidade das ‘res’ ou substâncias? É você quem diz e
decide…
Cada infante nasce depositante creditado de bilhões de anos de experiências
cósmicas, naturais e culturais, facultando o reconhecimento e conectividade com
a melhor herança cultural e a sabedoria mais genuína dos vanguardistas e
filósofos, capaz de superar e enriquecer o que foi introjetado ou aprendido.
Portanto, essa filosofia é direcionada aos que reconhecem a natureza própria
como ela é, enraizada na unicidade cósmica, cultivando uma autoestima central,
uma confiança basilar nas próprias visões, valores e intuições; aos que sabem que
opinar sobre a existência, o mundo e a vida, é, antes de tudo, opinar sobre si."