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Fundação de Ensino de Contagem - FUNEC/ Centec
Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico
Departamento de Análises Clínicas

Amanda Morais Campos (3)
Deborah de Oliveira Moreira (9)
Joyce Ramos Rodrigues (14)
Maria Luíza Pereira (18)

TALASSEMIAS E GRUPOS SANGUÍNEOS

HEMATOLOGIA

2° A - Análises Clínicas
Contagem/2013
Amanda Morais Campos
Deborah de Oliveira Moreira
Joyce Ramos Rodrigues
Maria Luíza Pereira

TALASSEMIAS E GRUPOS SANGUÍNEOS

Trabalho apresentado à instituição FUNECCentec, ao professor Wellerson Moreira, na
disciplina de Hematologia, para obtenção
parcial da nota trimestral.

Contagem
2
2013

TALASSEMIAS E GRUPOS SANGUÍNEOS
Resumo
Talassemias são hemoglobinopatias que geralmente causam Anemia Ferropriva de leve a
moderada. Os Grupos Sanguíneos são classificações dadas ao sangue de acordo com cada
sistema.

3
Sumário
Sumário.......................................................................................................................................4
....................................................................................................................................................4
TALASSEMIAS E GRUPOS SANGUÍNEOS..........................................................................5
Introdução...................................................................................................................................5
Talassemias.................................................................................................................................6
Causas.....................................................................................................................................6
Sintomas das Talassemias ......................................................................................................7
Tipos de Talassemias..............................................................................................................7
Talassemia Alfa.......................................................................................................................7
Talassemia Beta .....................................................................................................................8
Talassemia Minor ...................................................................................................................8
Talassemia Major....................................................................................................................9
Talassemia Intermédia .........................................................................................................10
Exames e diagnósticos..........................................................................................................11
Tratamento e prevenções......................................................................................................11
Sistemas sanguíneos..................................................................................................................12
Sistema ABO.........................................................................................................................13
Transfusão sanguínea............................................................................................................14
Possibilidades de transfusão..................................................................................................15
Sistema Rh............................................................................................................................15
Eritroblastose fetal ou Doença hemolítica do recém nascido...............................................16
Sistema Lewis (Le)...............................................................................................................16
Sistema Kell (KEL)...............................................................................................................17
Sistema MNS........................................................................................................................18
Sistema Kidd (JK).................................................................................................................19
Sistema Duffy (FY)...............................................................................................................20
Sistema Diego.......................................................................................................................22
Conclusão..................................................................................................................................23

4
TALASSEMIAS E GRUPOS SANGUÍNEOS
Introdução
As Talassemias são hemoglobinopatias hereditárias. Se apresentam de diversas formas, sendo
algumas delas mais graves que outras. São causadoras de Anemia Ferropriva de leve a severa,
entre outras complicações.
Em relação aos grupos sanguíneos, estes são fundamentais na classificação do sangue antes de
transfusões. São diversos tipos de classificações, porém as principais são o Sistema ABO e o
Rh.
O setor de Hematologia nos Laboratórios de Análises Clínicas é fundamental tanto para o
diagnóstico das Talassemias, quanto para a classificação do sangue de acordo com os
Sistemas Sanguíneos.

5
Talassemias
A Talassemia ou anemia do Mediterrâneo, é uma doença hereditária do sangue que afeta a
capacidade da pessoa de produzir hemoglobina, o pigmento existente nos glóbulos vermelhos
que responde pelo transporte de oxigênio para todos os tecidos e órgãos do corpo.
Nessa condição, há um defeito geneticamente determinado em uma das quatro cadeias de
proteínas, ou globinas, que formam a hemoglobina, duas denominadas alfa e outras duas
chamadas de beta. Esse problema reduz ou impede a fabricação da hemoglobina normal.
Além disso, o indivíduo tem os glóbulos vermelhos menores, o que é chamado de
microcitose. A Talassemia pode ser classificada como alfa ou beta, dependendo da cadeia
afetada, e se apresentar de duas formas: minor, quando a pessoa só possui o traço da doença,
sem alterações significativas no nível de hemoglobina, ou major, com profundo
comprometimento da produção do pigmento, com reflexos severos no baço, no fígado, nos
ossos e no coração, o que implica cuidados médicos permanentes.
Algumas pessoas podem ter uma apresentação intermediária, com sintomas mais leves. A
Talassemia atinge principalmente as populações de origem italiana, grega, asiática e africana.
Estima-se que, no mundo, 15 milhões de pessoas sejam talassêmicas.

Causas
A causa da talassemia está em alterações existentes em um dos genes do cromossomo 16, que
regula a produção das cadeias alfa de globina, ou do cromossomo 11, que controla as cadeias
betas. Chamadas tecnicamente de mutações, essas alterações têm origem hereditária e podem
se mostrar de centenas de formas diferentes. Contudo, para desenvolver a Talassemia major, o
indivíduo precisa obrigatoriamente apresentar um par de genes alterados, herdados tanto da
mãe quanto do pai, que não necessariamente devem ser portadores da forma grave da doença
6
para passá-la a seus descendentes – apenas a Talassemia minor, ou seja, a mutação em uma
unidade do gene, já basta para transmiti-la, desde que o parceiro também possua esse traço ou
mesmo a anemia desenvolvida.

Sintomas das Talassemias
A Talassemia major, que provoca maiores complicações, inicialmente causa os mesmos
sintomas da Anemia Ferropriva: fadiga, irritabilidade, vulnerabilidade a infecções, atraso no
crescimento, respiração curta, palidez e falta de apetite, entre outros. Com o tempo, a carência
de hemoglobina provoca sinais mais específicos que incluem o aumento do baço, do fígado e
do coração, a coloração amarelada dos olhos e da pele – a chamada icterícia – e a presença de
deformidades ósseas. Na Talassemia minor, a doença geralmente cursa sem sinais clínicos,
mas pode causar palidez e uma leve anemia que não se resolve com a suplementação de ferro.

Tipos de Talassemias
Talassemia Alfa
Pessoas com Alfa Talassemia apresentam uma ou mais mutações no cromossomo 16 –
afetando a produção das duas cadeias α (alpha) de globina que compõem a hemoglobina. Esta
condição pode provocar decréscimo da alfa-globina e sua consequente escassez.
O indivíduo pode ser apenas o portador do gene defeituoso, herdado de um dos pais, sem
necessariamente apresentar os sintomas de anemia ou requerer tratamento. Em algumas
pessoas com Talassemia, nas quais a mutação é leve e afeta apenas ligeiramente a produção
de globina, pode ser observada apenas uma leve anemia, necessitando somente de
acompanhamento em certas situações, tais como cirurgias, gravidez e idade avançada.
Outra possibilidade é o desenvolvimento da chamada Doença da Hemoglobina H. Neste
caso, o decréscimo da produção de alfa globina é mais grave. As cadeias Beta continuam a ser
produzidas de maneira normal, e as moléculas excedentes começam a se combinar entre si,
originando um novo tipo de hemoglobina – a Hb H. Esta tem uma função semelhante à da
hemoglogina normal. Entretanto, como é mais instável, e sua vida (duração) é menor, as
células vermelhas (hemácias) que contém esta hemoglobina terão menor duração no
organismo, o que resultará em uma anemia de moderada a severa. Se não tratada, suas
7
consequências para o organismo serão fadiga, deformações ósseas (pois uma maior parte da
medula estará comprometida com a produção das hemácias), e hepatomegalia: aumento do
fígado, pois este órgão estará mais ocupado destruindo as hemácias "velhas". Para estes
pacientes, costuma ser recomendado tratamento à base de transfusões
periódicas, em um hemocentro ou hospital especializado, com monitoramento médico
periódico e realização de exames anuais.
Por outro lado, há casos em que a mutação no cromossomo 16 leva à completa incapacidade
do organismo em produzir as cadeias alfa, e a produção de hemoglobina normal torna-se
impossível. Este estado produz uma doença conhecida como Hydropsia fetalis ( ou Hidropsia
Fetal), que leva ao óbito do feto ainda no útero. Felizmente este tipo de acontecimento é
muito raro.
Talassemia Beta
As Beta-Talassemias são mais frequentes no Brasil e no mundo, e pessoas com esta condição
apresentam uma ou mais mutações no cromossomo 11. O defeito genético afeta a produção
das cadeias beta da hemoglobina, a qual – com as duas cadeias alfa – forma a hemoglobina. A
condição genética provoca a redução da produção da beta globina, e sua consequente escassez
no organismo. Há uma variedade de subtipos – causadas por uma variedade de cerca de mil
mutações já descobertas, mas geralmente se classificam em três grupos básicos: Talassemia
Minor (ou traço talassêmico), intermédia e major.
Talassemia Minor
A Talassemia Minor (Talassemia menor) é também conhecida como traço talassêmico. Esta
pessoa apresenta apenas a herança genética da Talassemia – provinda do pai ou da mãe. Na
maioria dos casos, apresenta apenas leve anemia, que perdura por toda a vida, mas não traz
prejuízo significativo ao organismo nem requer tratamento.
Porém , mesmo que o indivíduo possa viver toda a vida com Talassemia Minor, sem
necessidade de tratamento, existe uma boa razão para que todos tenham este diagnóstico: há
uma chance de 25% de que uma criança, filha de pai e mãe portadores dessa forma leve da
doença, venha a nascer com Talassemia Major, mais severa e que requer tratamento logo nos
primeiros meses de vida. Assim, o pai ou a mãe que tem Talassemia Minor deve promover o
8
diagnóstico de seu cônjuge (marido ou mulher), de preferência antes de quaisquer decisões
sobre planejamento familiar. Dessa maneira, os pais estarão mais atentos, devendo procurar
atenção diagnóstica e terapêutica especializadas, para assegurar a qualidade de vida e
longevidade de seus filhos.

Talassemia Major
Também conhecida como anemia de Cooley, a Talassemia Major é o tipo mais grave da
doença. Sem tratamento apropriado, a pessoa com esta forma de Talassemia – herdada tanto
do pai como da mãe – desenvolve anemia severa, a qual pode levar a modificações orgânicas
e

tóxicas,

sérias

complicações

de

saúde

e

até

a

morte.

A severidade do estado anêmico é medida pela dosagem da hemoglobina no sangue. Na
pessoa com Talassemia, os níveis dessa proteína geralmente são mantidos abaixo de 8 g/dL
(em torno de 6 a 7 g/dL), enquanto em um adulto normal os valores variam de 11 a 16 g/dL.
A redução ou falta de cadeias beta da globina afeta diretamente a formação da hemoglobina,
originando hemácias (células vermelhas do sangue) mais frágeis e de menor duração, e ainda
de menor capacidade de carregamento do oxigênio. Usualmente a condição causa anemia
crônica, com sintomas clássicos de palidez, fadiga, fraqueza e sonolência. Um outro fator
importante: como duas cadeias betas são necessárias para juntar-se a duas cadeias alfa e
formar a molécula de hemoglobina normal (α2β2), resulta que as cadeias alfa se acumulam e
depositam nas hemácias circulantes, destruindo-as (hemólise). Isto agrava a anemia, e ainda
resulta no excesso de bilirrubina, causando icterícia -coloração amarelada da pele e dos olhos.
Quanto mais é adiado o tratamento, maiores as complicações. Para corrigir a Na doença
ocorre uma anemia crônica severa, que leva o organismo a recorrer a alguns mecanismos de
defesa, que acabam criando outros problemas, como os cardíacos, hepatomegalia e
esplenomegalia, e problemas na medula óssea e gastrointestinais.
A medula óssea sofre um aumento de até 30 vezes o seu tamanho normal, de maneira a ser
capaz de produzir mais eritrócitos e compensar por seu baixo número no organismo. Com
isso, a formação da parte rígida (mineral) dos ossos também é comprometida, podendo causar
9
deformidades. Os ossos se tornam finos e mais frágeis, tornando o crescimento da criança
mais difícil, e aumentam os riscos de fraturas e osteoporose. A terapia transfusional evita
estes efeitos, pois mantém a hemoglobina em níveis mais elevados e reduz a necessidade de
produção pelo próprio corpo.
O baço e o fígado também aumentam de tamanhos. Esses órgãos são órgãos produtores de
sangue, em condições específicas. São os produtores de sangue no bebê até a 32ª semana da
concepção, e progressivamente cedem esta função à medula. Entretanto na Talassemia, como
o organismo precisa de maior fluxo de sangue, estes órgãos continuam a produzir sangue e
sofrem aumento, pois nesta idade têm também outras funções importantes. Eles também estão
envolvidos na destruição das hemácias, que na talassemia major precisam ser retiradas da
circulação mais rápido, contribuindo para o aumento desses órgãos.
O coração tenta compensar o decréscimo da capacidade de hemoglobina (reduzida) em
transportar o oxigênio às células e tecidos. Dessa maneira, começa a bater mais rapidamente
para acelerar a circulação sanguínea. Este esforço extra causa taquicardia e produz aumento
do coração (cardiomegalia), podendo levar, tardiamente, à insuficiência cardíaca.
Na presença de anemia, o sistema gastrintestinal passa a absorver maior quantidade de ferro
a partir da dieta normal. No caso da Talassemia major, este mecanismo traz mais prejuízo que
vantagens. Nesta doença, a causa da anemia não é a falta de ferro, mas sim da hemoglobina. O
ferro absorvido tende a causar uma sobrecarga, prejudicial ao organismo, e que se deposita
nos órgãos vitais, como o coração, pâncreas, intestino – onde pode originar doenças
adicionais.
Talassemia Intermédia
Como o nome sugere, este tipo de Talassemia se encontra, em sua gravidade, entre a
Talassemia Minor e a Talassemia Major. Os pacientes apresentam níveis diferenciados da
doença. Em alguns casos, estes pacientes apresentam uma anemia discreta, mas –
diferentemente de pacientes com o traço talassêmico – podem requerer terapia transfusional.
Outras vezes, as alterações de exames laboratoriais sugerem a talassemia major, mas a
hemoglobina se mantém entre 8 e 10 g/dL e o paciente pode viver sem transfusões.
Duas importantes características podem ajudar a confirmar o diagnóstico. A Talassemia
intermédia é causada por uma mutação que pode ter sido herdada apenas do pai ou da mãe –
não de ambos. Adicionalmente, mesmo se uma anemia crônica discreta descarte o uso de
10
transfusões, este paciente precisará de tratamento para uma vida saudável, e em algum ponto
da vida deverá requerer o uso de terapias.
Surgem algumas complicações. A medula óssea aumenta seu tamanho tentando compensar a
Anemia. Ocorrem também deformidades nos ossos longos, como costelas, nas vértebras.
Também ocorre osteoporose, que tratada com suplementação de cálcio.
Também é comum o surgimento de cálculo biliar, formados por subprodutos liberados
durante a degradação das hemácias, e acumulados na vesícula biliar , causando obstrução e
dor. A presença dos cálculos pode ser confirmada por ultra-sonografia e, em alguns casos, a
vesícula biliar deve ser removida cirurgicamente. Outros problemas são Úlceras de membros
inferiores devido a circulação e oxigenação insatisfatórias;problemas renais, tendência a
tromboses, eritropoese aumentada e complicações cardíacas.

Exames e diagnósticos
No período neonatal, o rastreamento da doença no bebê pode ser feito através de um teste do
pezinho ampliado. Os pais da criança também podem precisar ser avaliados para a
identificação do traço talassêmico que justifique a transmissão dessa doença.
Na criança ou adulto, o diagnóstico começa com um simples hemograma, que, sozinho,
levanta a suspeita da Talassemia, tanto pelo baixo nível de hemoglobina quanto pelo formato
das hemácias, menores que o normal. Contudo, a comprovação exige o estudo da
hemoglobina, através da eletroforese. Testes moleculares também podem ser empregados para
detecção das mutações envolvidas na doença.

Tratamento e prevenções
A Talassemia Minor não requer tratamento, a não ser durante a gravidez ou em caso de
associação com outra doença do sangue. No entanto, o tratamento da Talassemia Major
precisa ser feito ao longo de toda a vida do indivíduo, com transfusões sanguíneas periódicas,
em média a cada três ou quatro semanas, para atenuar a anemia crônica, prevenir o déficit do
desenvolvimento ósseo e a interferência no funcionamento do coração e assegurar que os
tecidos e órgãos recebam a quantidade de oxigênio suficiente.

11
No entanto, como as frequentes transfusões levam a pessoa a acumular ferro no organismo, a
terapêutica também inclui o uso de medicamentos para extrair esse excesso do corpo,
potencialmente capaz de provocar danos irreversíveis para órgãos vitais. Outro problema do
recebimento constante de sangue é o risco de adquirir doenças infecciosas. Uma forma
alternativa de tratamento da Talassemia major é um transplante de medula óssea, que
igualmente requer uma série de cuidados para ser bem-sucedido.
Infelizmente, não existem medidas preventivas contra as mutações que interferem na
produção de hemoglobina. Dessa maneira, o diagnóstico precoce continua sendo um grande
instrumento para aumentar a proteção ao portador dessa hemoglobinopatia e prolongar sua
expectativa de vida, com ou sem transplante.
Para os casais com história de moléstias do sangue na família, uma estratégia interessante de
prevenção pode ser o aconselhamento com um geneticista, de modo que possam conhecer
exatamente a probabilidade de ter filhos com essa ou outras anemias hereditárias e, assim,
fazer um planejamento familiar mais consciente.

Sistemas sanguíneos
Ocorreram diversas descobertas a partir da identificação do sistema ABO e com isso já foram
descritos até hoje mais de 250 diferentes antígenos eritrocitários, organizados em sistemas,
grupos e coleções. Os sistemas de grupos sanguíneos são caracterizados pela presença ou
ausência de antígenos na membrana eritrocitária. Estes antígenos possuem características
polimórficas bem definidas como parte integrante dos componentes da membrana.
Antígenos eritrocitários são estruturas genéticas definidas por sequência de aminoácidos
específicos ou por carboidratos ligados à essas proteínas ou lipídios, sendo que o grupo ABO
é composto de carboidratos e os grupos Duffy, Rh, MNSs, Kell, Kidd e Lewis, são compostos
por proteína( Figura 1). Ou seja, o grupo sanguíneo é herdado geneticamente, porém não
existe um gene específico que codifique os sistemas, e sim, um gene que codifica açúcares
que formarão os antígenos.

12
Figura 1
Sistema ABO
Em 1900, o imunologista austríaco, Karl Landsteiner, observou que o soro do sangue de uma
pessoa muitas vezes coagula ao ser misturado com o de outra. Landsteiner percebeu que as
hemácias ou glóbulos vermelhos do sangue podem ter, ou não, aderidos em suas membranas,
dois tipos de antígenos, A e B, nos quais podem existir quatro tipos de hemácias: A:
apresentam apenas antígeno A; B: apresentam apenas antígeno B; AB: apresentam antígenos
A e B; O: não apresentam nenhum dos dois antígenos. Três genes situados num mesmo locus
cromossômico (alelos múltiplos) condicionam o tipo sanguíneo em humanos: IA, IB e i. IA e
IB são dominantes em relação a i, porém não apresentam dominância entre si. Os possíveis
genótipos para os quatro tipos sanguíneos são:

Tabela 1- Genótipos
No plasma podem existir, ou não, dois tipos de anticorpos: Anti-A e Anti-B. O indivíduo de
sangue tipo A não produz anticorpos Anti-A, mas é capaz de produzir anticorpos Anti-B, uma
vez que o antígeno B lhe é estranho. O indivíduo de sangue tipo B não produz anticorpos
Anti-B, mas é capaz de produzir anticorpos Anti-A, uma vez que o antígeno A lhe é estranho.
O indivíduo AB não produz nenhum dos dois anticorpos pois os dois antígenos lhe são
familiares. O indivíduo O é capaz de produzir anticorpos Anti- A e Anti-B, pois não apresenta
13
em suas hemácias antígenos A e B, como exposto na Figura 2 e na Tabela 2.

Figura 2- Antígenos presente nas hemácias

Tabela 2-Aglutinogenios e Aglutininas
Transfusão sanguínea
Problema: receptor imune a algumas das proteínas dos glóbulos sanguíneos do doador. Os
anticorpos do receptor podem causar a aglutinação e hemólise das células injetadas (do
doador).
Aglutininas: potentes anticorpos do plasma que reagem com os aglutinogênios A e B. • 1907:
primeira transfusão precedida de exame de compatiblidade ABO, por Reuben Ottenberg. Esse
procedimento só passou a ser utilizado em larga escala a partir da Primeira Guerra Mundial
(1914 - 1918).
14
Possibilidades de transfusão
Para ocorrer a transfusão de sangue, deve haver compatibilidade entre as hemácias do doador
e o plasma do receptor, isto é, o receptor não tem aglutinina contra os aglutinogênios do
sangue que está recebendo como mostrado na Figura 3. Tipo O = doador universal, não possui
aglutinogênio. Tipo AB = receptor universal, não possui aglutininas no plasma.

Figura 3- Esquema explicativo sobre a doação de sangue
Sistema Rh
Um fato que revolucionou a prática da medicina transfusional foi a identificação do fator Rh,
observado no sangue de macacos Rhesus. Mais ou menos, 85% das pessoas possuem o fator
Rh nas hemácias, sendo por isso chamados de Rh+ (Rh positivos). Os 15% restantes que não
o possuem são chamados de Rh- (Rh negativos). O Sistema Rh é determinado por um par de
genes alelos com dominância completa. O alelo R é dominante e o r recessivo (tabela 3).
Assim os possíveis genótipos para o sistema Rh são:

15
Tabela 3- Genótipos do Sistema Rh
Um indivíduo Rh negativo só deve receber transfusão de sangue Rh negativo. Caso receba
sangue Rh positivo, haverá sua sensibilização e a formação de anticorpos Anti-Rh.
Eritroblastose fetal ou Doença hemolítica do recém nascido
Quando mães Rh- geram filhos Rh+, e nestes casos pequenos vasos da placenta se rompem e
há passagem de sangue do filho para a mãe. Em resposta, o sangue da mãe passa a produzir
anticorpos anti-Rh, em uma próxima gravidez, se o filho for Rh+, os anticorpos maternos irão
atacar as hemácias do feto. A doença pode variar do excesso de pigmento biliar no sangue até
o aumento do fígado, baço, placenta, acúmulo de líquido no abdômen, tórax, coração e pele e
pode levar até à morte fetal.
Sistema Lewis (Le)
A primeira descrição de um anticorpo do Sistema Lewis foi publicado em 1946 pelo
hematologista britânico Arthur Ernest Mourant. O sistema de anticorpos Lewis é um dos mais
frequentemente encontrados na pré-transfusão e no pré-natal.
Estes antígenos são os únicos que constituem um grupo de moléculas que não são sintetizadas
pelos eritrócitos, mas sim por células tissulares que os produzem secretando os no plasma e,
posteriormente, são absorvidos pela membrana dos eritrócitos.
Este sistema é designado pelo símbolo “LE” e seu gene denominado “FUT3”. Possui 6
antígenos e o gene que codifica esta proteína, sendo encontrado no cromossomo 19p-13.3,
ligado ao locus C3 do sistema complemento. Sendo o fenótipo do indivíduo sendo referido
como Leb ou Lea e depende de interações genéticas entre os genes H (h), Se (se) e também
dos genes Lewis (Le ou le). A quantidade do antígeno eritrocitário depende dos genes ABO
herdados.
Os antígenos Lewis em recém nascidos só são evidenciados nas secreções, mas só são
determinados nos eritrócitos após dois ou três anos de idade. Estes antígenos não estão
presentes nas hemácias fetais.
Os antígenos Lewis podem eluir após estocagens prolongadas, portanto devem ser analisados
em amostras de sangue de estocagem recente. Seus anticorpos são geralmente da classe IgM,
16
o tipo de anticorpo que não atravessa a barreira placentária, isso faz com que evite a Doença
Hemolítica Perinatal.
Sistema Kell (KEL)
Este foi o primeiro sistema a ser descoberto após a introdução de testes de antiglobulina
humana, em 1946. Foi definido através do anticorpo encontrado no soro de uma paciente cujo
nome era Sra. Kellacher, daí a origem do nome “Kell”. O sistema é um dos antígenos
irregulares com maior incidência em politransfundidos.
O símbolo adotado para tal sistema é o “KEL”, já que seu gene é denominado “KEL”. Os
antigenos do sistema Kell sao expressos na glicoproteina transmembrana N-glicosilada Kell,
produto do gene KEL localizado no cromossomo 7.Este gene possui vários polimorfismos
importantes na expressão dos antígenos, sendo que já foram associados 23 antígenos a este
sistema. A localização deste gene se encontra no cromossomo 7q33. Está associado ao
sistema XK (cromossomos X), sendo que sua função pode estar relacionada ao transporte
transmembrana. Há variação da incidência do antígeno K em relação às etnias sendo menos
encontrados em negros e frequentemente encontrados em árabes (Figura 4).
A glicoproteína Kell e expressa principalmente na linhagem eritróide , testículos e menor
expressão no cérebro, tecidos linfoides e tecido muscular. Grande parte dos seus anticorpos é
estimulada com exposição das hemácias à gravidez ou transfusões, sendo o anticorpo
classificado como IgG, sendo reativo à 37°C.
O sistema Kell tem um fenotipo nulo raro, Ko,/ Kell null com ausencia de todos os antígenos
Kell.
Ausência e suas Consequências
A ausência de XK pode provocar Síndrome de McLeod, também chamada de síndrome do
pulmão hiperluzente unilateral, que é uma desordem rara ligada a bronquite e a bronqueolite
obliterante. Também pode provocar fraca expressão dos ag Kell. Bem como Acancitose,
Anemia Hemolítica, Distrofia muscular, cardiomiopatia, disturbios psiquiatricos e defeitos
neurologicos, como perda de reflexos e transtornos do movimento.
Antígenos mais importantes do sistema:
Dos 23 antígenos, os mais importantes são:
•

K(K1)
17
•

k(K2)

•

Kpa (K3)

•

Kpb (K4)

•

Kpc (K5)

•

Jsa(K6)

•

Jsb (K7)

Figura 4
Sistema MNS
Este sistema foi proposto em 1927 por Landsteiner e Levine, após a observação da capacidade
de aglutinação de hemácias humanas em teste realizado em coelhos, sendo a partir de então
possível à caracterização de dois tipos de aglutinogênios presentes conjuntamente ou isolados
na membrana dos eritrócitos: o antígeno M e o antígeno N. Portanto, trata se de uma herança
co-dominante (sem ação dominante ou recessiva) do grupo sanguíneo, formado pelos alelos
LM e LN (Figura 5).
Trata-se de um sistema cuja designação é feita pelo símbolo “MNS” e seus genes, “GYPA”,
“GYPB” e “GYPE”. É considerado o segundo sistema em diversidade antigênica, depois do
Rh, apresentando 43 antígenos complexos. A localização de seus genes situa-se no
cromossomo 4q28-q31, no sentido 5’3’. Ao nascimento esses antígenos apresentam grande
desenvolvimento. São originados aos eritrócitos, e suas células percussoras na medula óssea.

18
São associados a sialoglicoproteínas de membrana (SGP) no caso, GPA e GPB
transmembranas, como demonstrado na figura.

Figura 5
O antígeno anti-M possui anticorpos frios, IgM em quase sua totalidade, porém podem
apresentar associações com IgG. O anti-M não possui grande importância transfusional. Já o
anti-N é mais raro e pode ser observado em pacientes submetidos a hemodiálises em
aparelhos que foram esterilizados por formoldeídos. Mas a reatividade do anti-N é destruída
quando as células são pré-tratadas com enzimas. Os antígenos do sistema sanguíneo MNSs
são levados em moléculas chamadas Glicoforinas, no caso, Glicoforina A, Glicoforina B e
Híbrido de ambas.
Os Anticorpos anti – M e anti – N, raramente causam DHPR. E os anticorpos anti-S e anti-s,
são clinicamente significativos e produzem aloimunizações.
Sistema Kidd (JK)
o grupo sanguíneo Kidd é o mais simples. Seu primeiro antígeno foi definido em 1951 através
de um anticorpo no soro da Sra. Kidd e dois anos depois seu segundo antígeno foi descoberto.
Para designar este sistema utiliza-se o símbolo “JK”, seu gene “JK” ou “SLC14A”. Possui 3
antígenos, sendo eles Jka, Jkb e Jkc (Figura 6). O gene que codifica esta proteína é encontrado
no cromossomo 18q12-q21, e é composta por 391 aminoácidos, que atravessam 10 vezes a
membrana do eritrócito, como demonstrado na figura logo abaixo. Esta proteína é responsável
pelo transporte de uréia nas células vermelhas do sangue e do rim.

19
Figura 6
A glicoproteína Kidd funciona transportando ureia rapidamente, intra e extraeritrocitária,
quando os eritrócitos atravessam altas concentrações de ureia na medula renal, prevenindo
dessa forma a desidratação.
O Sistema Kidd é de complexa detecção, podendo passar despercebido pelos testes prétransfusionais, ocasionando reação transfusional hemolítica do tipo tardia, podendo esta ser
uma anemia hemolítica, em que o organismo destrói as transfusões de sangue, levando a baixa
contagem de células vermelhas do sangue. Os anticorpos Kidd são em sua maioria IgG,
ocasionalmente ocorre a mistura de anticorpos de classe IgG e IgM, que por sua vez fixam
complemento.
Sistema Duffy (FY)
Para designar este sistema utiliza-se o símbolo “FY”, assim como seu gene “FY”. Possui 6
antígenos, sendo os principais Fya e Fyb, mas também possui Fy3, Fy4, Fy5 e Fy6 ( Figura
7). É composto por cerca de 336 aminoácidos. Seu locus Duffy é localizado no cromossomo
1q22-23. O gene codifica a glicoproteina Duffy que atravessa membrana 7 vezes. Conhecido
como DARC (Duffy Antigen0 Receptor para Quimiocinas).
São expressos nas hemácias e tecidos como rins, coração, cérebro, pulmão, pâncreas,
músculo, placenta, tireoide. Não expresso em linfócitos, monócitos e plaquetas.
Possui ação quimiorreceptora para:
•

Quimiocinas

•

IL-8
20
•

MCP-1 (Proteina Quimiotatica de Monocito)

•

MIP-1 (Proteina Inflamatoria de Macrofago 1)

•

Plasmodium vivax e P. knowlesi.

Figura 7
Durante a investigação de uma reação transfusional hemolítica, observou-se que o soro do
paciente continha um anticorpo estranho e que suas reações não correspondiam com as dos
sistemas de grupos sanguíneos conhecidos. O paciente era um hemofílico chamado Mr.
Duffy, que já tinha recebido transfusões anteriores. Seu soro continha dois anticorpos, ou seja,
anti-Rh, e um segundo anticorpo que reagiu com uma grande proporção ao do grupo O Rhnegativo; este segundo anticorpo pôde ser detectado com segurança apenas pelo teste de
Coombs indireto, que é o teste realizado para detecção de anticorpos anti- Rh.
O antígeno Duffy é definido por um anticorpo de classe IgG1, sendo este ativador do sistema
complemento. O antígeno Fy é quarenta vezes menos imunogênico que o antígeno K.
Anticorpos anti Fya, podem causar DHRN moderada e reações transfusionais. Anticorpos anti
Fyb são incomuns.
Fenótipos:
Fy(a+b-)
Fy(a-b+)
Fy (a+b+)
21
Fy (a-b-) – este é mais raro em caucasiano e mais comum na raça negra, em especial os
africanos, também é produto de uma mutação que leva a ausência da expressão proteica nas
hemácias e confere resistência a malária.
O fenótipo Fy é responsável por uma queda na imunidade da pessoa em relação à doença da
malária, devido ao Plasmodium ssp., transmissor da malária requerer antígenos Duffy para
entrar nas hemácias. Uma característica interessante pertinente a este sistema, é que em caso
da pessoa ser Fy (a-b-), encontrado comumente em indivíduos negros africanos, esta
apresenta-se resistente ao parasita transmissor. Fy (a-b-) representa, então, uma vantagem
evolutiva.
Sistema Diego
Este sistema é formado por Sistema formado por 21 antígenos, sendo os mais conhecidos
mais conhecidos o Dia / Dib , Wra /Wrb, estando representado na Figura 8 abaixo.

Figura 8
Seus anticorpos possuem origem imune – Ig G e se fixam ao complemento, podendo estar
envolvidos em reações transfusionais imediatas e tardias.
Função biológica:
Troca iônica entre HCO3- e ClManutenção da integridade celular
Formação de antígenos senescentes para sinalização dos macrófagos do Sistema Monocítico
Fagocitário (SMF).
22
Conclusão
Podemos concluir que as Talassemias são importantes patologias, e que necessitam ser
diagnosticadas e tratadas o quanto antes. Os grupos sanguíneos também tem grande
importância em processos de transfusão, e permitem esses tratamentos ocorram de forma a
não prejudicar a saúde do paciente.

23
Referências Bibliográficas
•

PROFBIO, Disponível em :< www.profbio.com.br/aulas/hemato2_06.pdf, acessado em:
20/11/2013.

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FIO EDU, Disponível em :< fio.edu.br/cic/anais/2010_ix_cic/pdf/03BIO/31BIO.pdf,
acessado em: 20/11/2013.

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< xa.yimg.com/kq/groups/24075413/.../name/SISTEMA+LEWIS.pptx, acessado em:
20/11/2013.

•

INFO ESCOLA, Disponível em :< http://www.infoescola.com/doencas/sindrome-deswyer-james-macleod/, acessado em: 20/11/2013.

•

SLIDE SHARE, Disponível em :< http://www.slideshare.net/gisselcc/sistema-sanguneomns, acessado em: 20/11/2013.

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•

VIRTUAL,
Disponível
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:<
http://www.virtual.epm.br/material/tis/currbio/trab2004/2ano/imuno/c11.htm, acessado em: 20/11/2013.

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BIOLOGIA VIVA, Disponível em :< http://www.biologiaviva.xpg.com.br/aborh.htmacessado em: 13/11/2013.

•

CMF ENSINO, Disponível em :

•

< http://www.cmf.ensino.eb.br/sistemas/matDidatico/arquivo/arquivo/1062_arquivo.pdf acessado em: 13/11/2013.

•

VESTIBULAR
UOL,
Disponível
http://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/sistema_abo_rh.jhtm
13/11/2013.

-

em
acessado

:<
em:

•

FLEURY, Disponível em :
< http://www.fleury.com.br/revista/dicionarios/doencas/Pages/talassemia.aspx, acessado
em: 20/11/2013.

•

ABRASTA, Disponível em :
< http://www.abrasta.org.br/tipos-talassemia, acessado em: 20/11/2013.

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Talassemias e Grupos Sanguíneos: Análise dos Principais Sistemas

  • 1. Fundação de Ensino de Contagem - FUNEC/ Centec Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico Departamento de Análises Clínicas Amanda Morais Campos (3) Deborah de Oliveira Moreira (9) Joyce Ramos Rodrigues (14) Maria Luíza Pereira (18) TALASSEMIAS E GRUPOS SANGUÍNEOS HEMATOLOGIA 2° A - Análises Clínicas
  • 2. Contagem/2013 Amanda Morais Campos Deborah de Oliveira Moreira Joyce Ramos Rodrigues Maria Luíza Pereira TALASSEMIAS E GRUPOS SANGUÍNEOS Trabalho apresentado à instituição FUNECCentec, ao professor Wellerson Moreira, na disciplina de Hematologia, para obtenção parcial da nota trimestral. Contagem 2
  • 3. 2013 TALASSEMIAS E GRUPOS SANGUÍNEOS Resumo Talassemias são hemoglobinopatias que geralmente causam Anemia Ferropriva de leve a moderada. Os Grupos Sanguíneos são classificações dadas ao sangue de acordo com cada sistema. 3
  • 4. Sumário Sumário.......................................................................................................................................4 ....................................................................................................................................................4 TALASSEMIAS E GRUPOS SANGUÍNEOS..........................................................................5 Introdução...................................................................................................................................5 Talassemias.................................................................................................................................6 Causas.....................................................................................................................................6 Sintomas das Talassemias ......................................................................................................7 Tipos de Talassemias..............................................................................................................7 Talassemia Alfa.......................................................................................................................7 Talassemia Beta .....................................................................................................................8 Talassemia Minor ...................................................................................................................8 Talassemia Major....................................................................................................................9 Talassemia Intermédia .........................................................................................................10 Exames e diagnósticos..........................................................................................................11 Tratamento e prevenções......................................................................................................11 Sistemas sanguíneos..................................................................................................................12 Sistema ABO.........................................................................................................................13 Transfusão sanguínea............................................................................................................14 Possibilidades de transfusão..................................................................................................15 Sistema Rh............................................................................................................................15 Eritroblastose fetal ou Doença hemolítica do recém nascido...............................................16 Sistema Lewis (Le)...............................................................................................................16 Sistema Kell (KEL)...............................................................................................................17 Sistema MNS........................................................................................................................18 Sistema Kidd (JK).................................................................................................................19 Sistema Duffy (FY)...............................................................................................................20 Sistema Diego.......................................................................................................................22 Conclusão..................................................................................................................................23 4
  • 5. TALASSEMIAS E GRUPOS SANGUÍNEOS Introdução As Talassemias são hemoglobinopatias hereditárias. Se apresentam de diversas formas, sendo algumas delas mais graves que outras. São causadoras de Anemia Ferropriva de leve a severa, entre outras complicações. Em relação aos grupos sanguíneos, estes são fundamentais na classificação do sangue antes de transfusões. São diversos tipos de classificações, porém as principais são o Sistema ABO e o Rh. O setor de Hematologia nos Laboratórios de Análises Clínicas é fundamental tanto para o diagnóstico das Talassemias, quanto para a classificação do sangue de acordo com os Sistemas Sanguíneos. 5
  • 6. Talassemias A Talassemia ou anemia do Mediterrâneo, é uma doença hereditária do sangue que afeta a capacidade da pessoa de produzir hemoglobina, o pigmento existente nos glóbulos vermelhos que responde pelo transporte de oxigênio para todos os tecidos e órgãos do corpo. Nessa condição, há um defeito geneticamente determinado em uma das quatro cadeias de proteínas, ou globinas, que formam a hemoglobina, duas denominadas alfa e outras duas chamadas de beta. Esse problema reduz ou impede a fabricação da hemoglobina normal. Além disso, o indivíduo tem os glóbulos vermelhos menores, o que é chamado de microcitose. A Talassemia pode ser classificada como alfa ou beta, dependendo da cadeia afetada, e se apresentar de duas formas: minor, quando a pessoa só possui o traço da doença, sem alterações significativas no nível de hemoglobina, ou major, com profundo comprometimento da produção do pigmento, com reflexos severos no baço, no fígado, nos ossos e no coração, o que implica cuidados médicos permanentes. Algumas pessoas podem ter uma apresentação intermediária, com sintomas mais leves. A Talassemia atinge principalmente as populações de origem italiana, grega, asiática e africana. Estima-se que, no mundo, 15 milhões de pessoas sejam talassêmicas. Causas A causa da talassemia está em alterações existentes em um dos genes do cromossomo 16, que regula a produção das cadeias alfa de globina, ou do cromossomo 11, que controla as cadeias betas. Chamadas tecnicamente de mutações, essas alterações têm origem hereditária e podem se mostrar de centenas de formas diferentes. Contudo, para desenvolver a Talassemia major, o indivíduo precisa obrigatoriamente apresentar um par de genes alterados, herdados tanto da mãe quanto do pai, que não necessariamente devem ser portadores da forma grave da doença 6
  • 7. para passá-la a seus descendentes – apenas a Talassemia minor, ou seja, a mutação em uma unidade do gene, já basta para transmiti-la, desde que o parceiro também possua esse traço ou mesmo a anemia desenvolvida. Sintomas das Talassemias A Talassemia major, que provoca maiores complicações, inicialmente causa os mesmos sintomas da Anemia Ferropriva: fadiga, irritabilidade, vulnerabilidade a infecções, atraso no crescimento, respiração curta, palidez e falta de apetite, entre outros. Com o tempo, a carência de hemoglobina provoca sinais mais específicos que incluem o aumento do baço, do fígado e do coração, a coloração amarelada dos olhos e da pele – a chamada icterícia – e a presença de deformidades ósseas. Na Talassemia minor, a doença geralmente cursa sem sinais clínicos, mas pode causar palidez e uma leve anemia que não se resolve com a suplementação de ferro. Tipos de Talassemias Talassemia Alfa Pessoas com Alfa Talassemia apresentam uma ou mais mutações no cromossomo 16 – afetando a produção das duas cadeias α (alpha) de globina que compõem a hemoglobina. Esta condição pode provocar decréscimo da alfa-globina e sua consequente escassez. O indivíduo pode ser apenas o portador do gene defeituoso, herdado de um dos pais, sem necessariamente apresentar os sintomas de anemia ou requerer tratamento. Em algumas pessoas com Talassemia, nas quais a mutação é leve e afeta apenas ligeiramente a produção de globina, pode ser observada apenas uma leve anemia, necessitando somente de acompanhamento em certas situações, tais como cirurgias, gravidez e idade avançada. Outra possibilidade é o desenvolvimento da chamada Doença da Hemoglobina H. Neste caso, o decréscimo da produção de alfa globina é mais grave. As cadeias Beta continuam a ser produzidas de maneira normal, e as moléculas excedentes começam a se combinar entre si, originando um novo tipo de hemoglobina – a Hb H. Esta tem uma função semelhante à da hemoglogina normal. Entretanto, como é mais instável, e sua vida (duração) é menor, as células vermelhas (hemácias) que contém esta hemoglobina terão menor duração no organismo, o que resultará em uma anemia de moderada a severa. Se não tratada, suas 7
  • 8. consequências para o organismo serão fadiga, deformações ósseas (pois uma maior parte da medula estará comprometida com a produção das hemácias), e hepatomegalia: aumento do fígado, pois este órgão estará mais ocupado destruindo as hemácias "velhas". Para estes pacientes, costuma ser recomendado tratamento à base de transfusões periódicas, em um hemocentro ou hospital especializado, com monitoramento médico periódico e realização de exames anuais. Por outro lado, há casos em que a mutação no cromossomo 16 leva à completa incapacidade do organismo em produzir as cadeias alfa, e a produção de hemoglobina normal torna-se impossível. Este estado produz uma doença conhecida como Hydropsia fetalis ( ou Hidropsia Fetal), que leva ao óbito do feto ainda no útero. Felizmente este tipo de acontecimento é muito raro. Talassemia Beta As Beta-Talassemias são mais frequentes no Brasil e no mundo, e pessoas com esta condição apresentam uma ou mais mutações no cromossomo 11. O defeito genético afeta a produção das cadeias beta da hemoglobina, a qual – com as duas cadeias alfa – forma a hemoglobina. A condição genética provoca a redução da produção da beta globina, e sua consequente escassez no organismo. Há uma variedade de subtipos – causadas por uma variedade de cerca de mil mutações já descobertas, mas geralmente se classificam em três grupos básicos: Talassemia Minor (ou traço talassêmico), intermédia e major. Talassemia Minor A Talassemia Minor (Talassemia menor) é também conhecida como traço talassêmico. Esta pessoa apresenta apenas a herança genética da Talassemia – provinda do pai ou da mãe. Na maioria dos casos, apresenta apenas leve anemia, que perdura por toda a vida, mas não traz prejuízo significativo ao organismo nem requer tratamento. Porém , mesmo que o indivíduo possa viver toda a vida com Talassemia Minor, sem necessidade de tratamento, existe uma boa razão para que todos tenham este diagnóstico: há uma chance de 25% de que uma criança, filha de pai e mãe portadores dessa forma leve da doença, venha a nascer com Talassemia Major, mais severa e que requer tratamento logo nos primeiros meses de vida. Assim, o pai ou a mãe que tem Talassemia Minor deve promover o 8
  • 9. diagnóstico de seu cônjuge (marido ou mulher), de preferência antes de quaisquer decisões sobre planejamento familiar. Dessa maneira, os pais estarão mais atentos, devendo procurar atenção diagnóstica e terapêutica especializadas, para assegurar a qualidade de vida e longevidade de seus filhos. Talassemia Major Também conhecida como anemia de Cooley, a Talassemia Major é o tipo mais grave da doença. Sem tratamento apropriado, a pessoa com esta forma de Talassemia – herdada tanto do pai como da mãe – desenvolve anemia severa, a qual pode levar a modificações orgânicas e tóxicas, sérias complicações de saúde e até a morte. A severidade do estado anêmico é medida pela dosagem da hemoglobina no sangue. Na pessoa com Talassemia, os níveis dessa proteína geralmente são mantidos abaixo de 8 g/dL (em torno de 6 a 7 g/dL), enquanto em um adulto normal os valores variam de 11 a 16 g/dL. A redução ou falta de cadeias beta da globina afeta diretamente a formação da hemoglobina, originando hemácias (células vermelhas do sangue) mais frágeis e de menor duração, e ainda de menor capacidade de carregamento do oxigênio. Usualmente a condição causa anemia crônica, com sintomas clássicos de palidez, fadiga, fraqueza e sonolência. Um outro fator importante: como duas cadeias betas são necessárias para juntar-se a duas cadeias alfa e formar a molécula de hemoglobina normal (α2β2), resulta que as cadeias alfa se acumulam e depositam nas hemácias circulantes, destruindo-as (hemólise). Isto agrava a anemia, e ainda resulta no excesso de bilirrubina, causando icterícia -coloração amarelada da pele e dos olhos. Quanto mais é adiado o tratamento, maiores as complicações. Para corrigir a Na doença ocorre uma anemia crônica severa, que leva o organismo a recorrer a alguns mecanismos de defesa, que acabam criando outros problemas, como os cardíacos, hepatomegalia e esplenomegalia, e problemas na medula óssea e gastrointestinais. A medula óssea sofre um aumento de até 30 vezes o seu tamanho normal, de maneira a ser capaz de produzir mais eritrócitos e compensar por seu baixo número no organismo. Com isso, a formação da parte rígida (mineral) dos ossos também é comprometida, podendo causar 9
  • 10. deformidades. Os ossos se tornam finos e mais frágeis, tornando o crescimento da criança mais difícil, e aumentam os riscos de fraturas e osteoporose. A terapia transfusional evita estes efeitos, pois mantém a hemoglobina em níveis mais elevados e reduz a necessidade de produção pelo próprio corpo. O baço e o fígado também aumentam de tamanhos. Esses órgãos são órgãos produtores de sangue, em condições específicas. São os produtores de sangue no bebê até a 32ª semana da concepção, e progressivamente cedem esta função à medula. Entretanto na Talassemia, como o organismo precisa de maior fluxo de sangue, estes órgãos continuam a produzir sangue e sofrem aumento, pois nesta idade têm também outras funções importantes. Eles também estão envolvidos na destruição das hemácias, que na talassemia major precisam ser retiradas da circulação mais rápido, contribuindo para o aumento desses órgãos. O coração tenta compensar o decréscimo da capacidade de hemoglobina (reduzida) em transportar o oxigênio às células e tecidos. Dessa maneira, começa a bater mais rapidamente para acelerar a circulação sanguínea. Este esforço extra causa taquicardia e produz aumento do coração (cardiomegalia), podendo levar, tardiamente, à insuficiência cardíaca. Na presença de anemia, o sistema gastrintestinal passa a absorver maior quantidade de ferro a partir da dieta normal. No caso da Talassemia major, este mecanismo traz mais prejuízo que vantagens. Nesta doença, a causa da anemia não é a falta de ferro, mas sim da hemoglobina. O ferro absorvido tende a causar uma sobrecarga, prejudicial ao organismo, e que se deposita nos órgãos vitais, como o coração, pâncreas, intestino – onde pode originar doenças adicionais. Talassemia Intermédia Como o nome sugere, este tipo de Talassemia se encontra, em sua gravidade, entre a Talassemia Minor e a Talassemia Major. Os pacientes apresentam níveis diferenciados da doença. Em alguns casos, estes pacientes apresentam uma anemia discreta, mas – diferentemente de pacientes com o traço talassêmico – podem requerer terapia transfusional. Outras vezes, as alterações de exames laboratoriais sugerem a talassemia major, mas a hemoglobina se mantém entre 8 e 10 g/dL e o paciente pode viver sem transfusões. Duas importantes características podem ajudar a confirmar o diagnóstico. A Talassemia intermédia é causada por uma mutação que pode ter sido herdada apenas do pai ou da mãe – não de ambos. Adicionalmente, mesmo se uma anemia crônica discreta descarte o uso de 10
  • 11. transfusões, este paciente precisará de tratamento para uma vida saudável, e em algum ponto da vida deverá requerer o uso de terapias. Surgem algumas complicações. A medula óssea aumenta seu tamanho tentando compensar a Anemia. Ocorrem também deformidades nos ossos longos, como costelas, nas vértebras. Também ocorre osteoporose, que tratada com suplementação de cálcio. Também é comum o surgimento de cálculo biliar, formados por subprodutos liberados durante a degradação das hemácias, e acumulados na vesícula biliar , causando obstrução e dor. A presença dos cálculos pode ser confirmada por ultra-sonografia e, em alguns casos, a vesícula biliar deve ser removida cirurgicamente. Outros problemas são Úlceras de membros inferiores devido a circulação e oxigenação insatisfatórias;problemas renais, tendência a tromboses, eritropoese aumentada e complicações cardíacas. Exames e diagnósticos No período neonatal, o rastreamento da doença no bebê pode ser feito através de um teste do pezinho ampliado. Os pais da criança também podem precisar ser avaliados para a identificação do traço talassêmico que justifique a transmissão dessa doença. Na criança ou adulto, o diagnóstico começa com um simples hemograma, que, sozinho, levanta a suspeita da Talassemia, tanto pelo baixo nível de hemoglobina quanto pelo formato das hemácias, menores que o normal. Contudo, a comprovação exige o estudo da hemoglobina, através da eletroforese. Testes moleculares também podem ser empregados para detecção das mutações envolvidas na doença. Tratamento e prevenções A Talassemia Minor não requer tratamento, a não ser durante a gravidez ou em caso de associação com outra doença do sangue. No entanto, o tratamento da Talassemia Major precisa ser feito ao longo de toda a vida do indivíduo, com transfusões sanguíneas periódicas, em média a cada três ou quatro semanas, para atenuar a anemia crônica, prevenir o déficit do desenvolvimento ósseo e a interferência no funcionamento do coração e assegurar que os tecidos e órgãos recebam a quantidade de oxigênio suficiente. 11
  • 12. No entanto, como as frequentes transfusões levam a pessoa a acumular ferro no organismo, a terapêutica também inclui o uso de medicamentos para extrair esse excesso do corpo, potencialmente capaz de provocar danos irreversíveis para órgãos vitais. Outro problema do recebimento constante de sangue é o risco de adquirir doenças infecciosas. Uma forma alternativa de tratamento da Talassemia major é um transplante de medula óssea, que igualmente requer uma série de cuidados para ser bem-sucedido. Infelizmente, não existem medidas preventivas contra as mutações que interferem na produção de hemoglobina. Dessa maneira, o diagnóstico precoce continua sendo um grande instrumento para aumentar a proteção ao portador dessa hemoglobinopatia e prolongar sua expectativa de vida, com ou sem transplante. Para os casais com história de moléstias do sangue na família, uma estratégia interessante de prevenção pode ser o aconselhamento com um geneticista, de modo que possam conhecer exatamente a probabilidade de ter filhos com essa ou outras anemias hereditárias e, assim, fazer um planejamento familiar mais consciente. Sistemas sanguíneos Ocorreram diversas descobertas a partir da identificação do sistema ABO e com isso já foram descritos até hoje mais de 250 diferentes antígenos eritrocitários, organizados em sistemas, grupos e coleções. Os sistemas de grupos sanguíneos são caracterizados pela presença ou ausência de antígenos na membrana eritrocitária. Estes antígenos possuem características polimórficas bem definidas como parte integrante dos componentes da membrana. Antígenos eritrocitários são estruturas genéticas definidas por sequência de aminoácidos específicos ou por carboidratos ligados à essas proteínas ou lipídios, sendo que o grupo ABO é composto de carboidratos e os grupos Duffy, Rh, MNSs, Kell, Kidd e Lewis, são compostos por proteína( Figura 1). Ou seja, o grupo sanguíneo é herdado geneticamente, porém não existe um gene específico que codifique os sistemas, e sim, um gene que codifica açúcares que formarão os antígenos. 12
  • 13. Figura 1 Sistema ABO Em 1900, o imunologista austríaco, Karl Landsteiner, observou que o soro do sangue de uma pessoa muitas vezes coagula ao ser misturado com o de outra. Landsteiner percebeu que as hemácias ou glóbulos vermelhos do sangue podem ter, ou não, aderidos em suas membranas, dois tipos de antígenos, A e B, nos quais podem existir quatro tipos de hemácias: A: apresentam apenas antígeno A; B: apresentam apenas antígeno B; AB: apresentam antígenos A e B; O: não apresentam nenhum dos dois antígenos. Três genes situados num mesmo locus cromossômico (alelos múltiplos) condicionam o tipo sanguíneo em humanos: IA, IB e i. IA e IB são dominantes em relação a i, porém não apresentam dominância entre si. Os possíveis genótipos para os quatro tipos sanguíneos são: Tabela 1- Genótipos No plasma podem existir, ou não, dois tipos de anticorpos: Anti-A e Anti-B. O indivíduo de sangue tipo A não produz anticorpos Anti-A, mas é capaz de produzir anticorpos Anti-B, uma vez que o antígeno B lhe é estranho. O indivíduo de sangue tipo B não produz anticorpos Anti-B, mas é capaz de produzir anticorpos Anti-A, uma vez que o antígeno A lhe é estranho. O indivíduo AB não produz nenhum dos dois anticorpos pois os dois antígenos lhe são familiares. O indivíduo O é capaz de produzir anticorpos Anti- A e Anti-B, pois não apresenta 13
  • 14. em suas hemácias antígenos A e B, como exposto na Figura 2 e na Tabela 2. Figura 2- Antígenos presente nas hemácias Tabela 2-Aglutinogenios e Aglutininas Transfusão sanguínea Problema: receptor imune a algumas das proteínas dos glóbulos sanguíneos do doador. Os anticorpos do receptor podem causar a aglutinação e hemólise das células injetadas (do doador). Aglutininas: potentes anticorpos do plasma que reagem com os aglutinogênios A e B. • 1907: primeira transfusão precedida de exame de compatiblidade ABO, por Reuben Ottenberg. Esse procedimento só passou a ser utilizado em larga escala a partir da Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918). 14
  • 15. Possibilidades de transfusão Para ocorrer a transfusão de sangue, deve haver compatibilidade entre as hemácias do doador e o plasma do receptor, isto é, o receptor não tem aglutinina contra os aglutinogênios do sangue que está recebendo como mostrado na Figura 3. Tipo O = doador universal, não possui aglutinogênio. Tipo AB = receptor universal, não possui aglutininas no plasma. Figura 3- Esquema explicativo sobre a doação de sangue Sistema Rh Um fato que revolucionou a prática da medicina transfusional foi a identificação do fator Rh, observado no sangue de macacos Rhesus. Mais ou menos, 85% das pessoas possuem o fator Rh nas hemácias, sendo por isso chamados de Rh+ (Rh positivos). Os 15% restantes que não o possuem são chamados de Rh- (Rh negativos). O Sistema Rh é determinado por um par de genes alelos com dominância completa. O alelo R é dominante e o r recessivo (tabela 3). Assim os possíveis genótipos para o sistema Rh são: 15
  • 16. Tabela 3- Genótipos do Sistema Rh Um indivíduo Rh negativo só deve receber transfusão de sangue Rh negativo. Caso receba sangue Rh positivo, haverá sua sensibilização e a formação de anticorpos Anti-Rh. Eritroblastose fetal ou Doença hemolítica do recém nascido Quando mães Rh- geram filhos Rh+, e nestes casos pequenos vasos da placenta se rompem e há passagem de sangue do filho para a mãe. Em resposta, o sangue da mãe passa a produzir anticorpos anti-Rh, em uma próxima gravidez, se o filho for Rh+, os anticorpos maternos irão atacar as hemácias do feto. A doença pode variar do excesso de pigmento biliar no sangue até o aumento do fígado, baço, placenta, acúmulo de líquido no abdômen, tórax, coração e pele e pode levar até à morte fetal. Sistema Lewis (Le) A primeira descrição de um anticorpo do Sistema Lewis foi publicado em 1946 pelo hematologista britânico Arthur Ernest Mourant. O sistema de anticorpos Lewis é um dos mais frequentemente encontrados na pré-transfusão e no pré-natal. Estes antígenos são os únicos que constituem um grupo de moléculas que não são sintetizadas pelos eritrócitos, mas sim por células tissulares que os produzem secretando os no plasma e, posteriormente, são absorvidos pela membrana dos eritrócitos. Este sistema é designado pelo símbolo “LE” e seu gene denominado “FUT3”. Possui 6 antígenos e o gene que codifica esta proteína, sendo encontrado no cromossomo 19p-13.3, ligado ao locus C3 do sistema complemento. Sendo o fenótipo do indivíduo sendo referido como Leb ou Lea e depende de interações genéticas entre os genes H (h), Se (se) e também dos genes Lewis (Le ou le). A quantidade do antígeno eritrocitário depende dos genes ABO herdados. Os antígenos Lewis em recém nascidos só são evidenciados nas secreções, mas só são determinados nos eritrócitos após dois ou três anos de idade. Estes antígenos não estão presentes nas hemácias fetais. Os antígenos Lewis podem eluir após estocagens prolongadas, portanto devem ser analisados em amostras de sangue de estocagem recente. Seus anticorpos são geralmente da classe IgM, 16
  • 17. o tipo de anticorpo que não atravessa a barreira placentária, isso faz com que evite a Doença Hemolítica Perinatal. Sistema Kell (KEL) Este foi o primeiro sistema a ser descoberto após a introdução de testes de antiglobulina humana, em 1946. Foi definido através do anticorpo encontrado no soro de uma paciente cujo nome era Sra. Kellacher, daí a origem do nome “Kell”. O sistema é um dos antígenos irregulares com maior incidência em politransfundidos. O símbolo adotado para tal sistema é o “KEL”, já que seu gene é denominado “KEL”. Os antigenos do sistema Kell sao expressos na glicoproteina transmembrana N-glicosilada Kell, produto do gene KEL localizado no cromossomo 7.Este gene possui vários polimorfismos importantes na expressão dos antígenos, sendo que já foram associados 23 antígenos a este sistema. A localização deste gene se encontra no cromossomo 7q33. Está associado ao sistema XK (cromossomos X), sendo que sua função pode estar relacionada ao transporte transmembrana. Há variação da incidência do antígeno K em relação às etnias sendo menos encontrados em negros e frequentemente encontrados em árabes (Figura 4). A glicoproteína Kell e expressa principalmente na linhagem eritróide , testículos e menor expressão no cérebro, tecidos linfoides e tecido muscular. Grande parte dos seus anticorpos é estimulada com exposição das hemácias à gravidez ou transfusões, sendo o anticorpo classificado como IgG, sendo reativo à 37°C. O sistema Kell tem um fenotipo nulo raro, Ko,/ Kell null com ausencia de todos os antígenos Kell. Ausência e suas Consequências A ausência de XK pode provocar Síndrome de McLeod, também chamada de síndrome do pulmão hiperluzente unilateral, que é uma desordem rara ligada a bronquite e a bronqueolite obliterante. Também pode provocar fraca expressão dos ag Kell. Bem como Acancitose, Anemia Hemolítica, Distrofia muscular, cardiomiopatia, disturbios psiquiatricos e defeitos neurologicos, como perda de reflexos e transtornos do movimento. Antígenos mais importantes do sistema: Dos 23 antígenos, os mais importantes são: • K(K1) 17
  • 18. • k(K2) • Kpa (K3) • Kpb (K4) • Kpc (K5) • Jsa(K6) • Jsb (K7) Figura 4 Sistema MNS Este sistema foi proposto em 1927 por Landsteiner e Levine, após a observação da capacidade de aglutinação de hemácias humanas em teste realizado em coelhos, sendo a partir de então possível à caracterização de dois tipos de aglutinogênios presentes conjuntamente ou isolados na membrana dos eritrócitos: o antígeno M e o antígeno N. Portanto, trata se de uma herança co-dominante (sem ação dominante ou recessiva) do grupo sanguíneo, formado pelos alelos LM e LN (Figura 5). Trata-se de um sistema cuja designação é feita pelo símbolo “MNS” e seus genes, “GYPA”, “GYPB” e “GYPE”. É considerado o segundo sistema em diversidade antigênica, depois do Rh, apresentando 43 antígenos complexos. A localização de seus genes situa-se no cromossomo 4q28-q31, no sentido 5’3’. Ao nascimento esses antígenos apresentam grande desenvolvimento. São originados aos eritrócitos, e suas células percussoras na medula óssea. 18
  • 19. São associados a sialoglicoproteínas de membrana (SGP) no caso, GPA e GPB transmembranas, como demonstrado na figura. Figura 5 O antígeno anti-M possui anticorpos frios, IgM em quase sua totalidade, porém podem apresentar associações com IgG. O anti-M não possui grande importância transfusional. Já o anti-N é mais raro e pode ser observado em pacientes submetidos a hemodiálises em aparelhos que foram esterilizados por formoldeídos. Mas a reatividade do anti-N é destruída quando as células são pré-tratadas com enzimas. Os antígenos do sistema sanguíneo MNSs são levados em moléculas chamadas Glicoforinas, no caso, Glicoforina A, Glicoforina B e Híbrido de ambas. Os Anticorpos anti – M e anti – N, raramente causam DHPR. E os anticorpos anti-S e anti-s, são clinicamente significativos e produzem aloimunizações. Sistema Kidd (JK) o grupo sanguíneo Kidd é o mais simples. Seu primeiro antígeno foi definido em 1951 através de um anticorpo no soro da Sra. Kidd e dois anos depois seu segundo antígeno foi descoberto. Para designar este sistema utiliza-se o símbolo “JK”, seu gene “JK” ou “SLC14A”. Possui 3 antígenos, sendo eles Jka, Jkb e Jkc (Figura 6). O gene que codifica esta proteína é encontrado no cromossomo 18q12-q21, e é composta por 391 aminoácidos, que atravessam 10 vezes a membrana do eritrócito, como demonstrado na figura logo abaixo. Esta proteína é responsável pelo transporte de uréia nas células vermelhas do sangue e do rim. 19
  • 20. Figura 6 A glicoproteína Kidd funciona transportando ureia rapidamente, intra e extraeritrocitária, quando os eritrócitos atravessam altas concentrações de ureia na medula renal, prevenindo dessa forma a desidratação. O Sistema Kidd é de complexa detecção, podendo passar despercebido pelos testes prétransfusionais, ocasionando reação transfusional hemolítica do tipo tardia, podendo esta ser uma anemia hemolítica, em que o organismo destrói as transfusões de sangue, levando a baixa contagem de células vermelhas do sangue. Os anticorpos Kidd são em sua maioria IgG, ocasionalmente ocorre a mistura de anticorpos de classe IgG e IgM, que por sua vez fixam complemento. Sistema Duffy (FY) Para designar este sistema utiliza-se o símbolo “FY”, assim como seu gene “FY”. Possui 6 antígenos, sendo os principais Fya e Fyb, mas também possui Fy3, Fy4, Fy5 e Fy6 ( Figura 7). É composto por cerca de 336 aminoácidos. Seu locus Duffy é localizado no cromossomo 1q22-23. O gene codifica a glicoproteina Duffy que atravessa membrana 7 vezes. Conhecido como DARC (Duffy Antigen0 Receptor para Quimiocinas). São expressos nas hemácias e tecidos como rins, coração, cérebro, pulmão, pâncreas, músculo, placenta, tireoide. Não expresso em linfócitos, monócitos e plaquetas. Possui ação quimiorreceptora para: • Quimiocinas • IL-8 20
  • 21. • MCP-1 (Proteina Quimiotatica de Monocito) • MIP-1 (Proteina Inflamatoria de Macrofago 1) • Plasmodium vivax e P. knowlesi. Figura 7 Durante a investigação de uma reação transfusional hemolítica, observou-se que o soro do paciente continha um anticorpo estranho e que suas reações não correspondiam com as dos sistemas de grupos sanguíneos conhecidos. O paciente era um hemofílico chamado Mr. Duffy, que já tinha recebido transfusões anteriores. Seu soro continha dois anticorpos, ou seja, anti-Rh, e um segundo anticorpo que reagiu com uma grande proporção ao do grupo O Rhnegativo; este segundo anticorpo pôde ser detectado com segurança apenas pelo teste de Coombs indireto, que é o teste realizado para detecção de anticorpos anti- Rh. O antígeno Duffy é definido por um anticorpo de classe IgG1, sendo este ativador do sistema complemento. O antígeno Fy é quarenta vezes menos imunogênico que o antígeno K. Anticorpos anti Fya, podem causar DHRN moderada e reações transfusionais. Anticorpos anti Fyb são incomuns. Fenótipos: Fy(a+b-) Fy(a-b+) Fy (a+b+) 21
  • 22. Fy (a-b-) – este é mais raro em caucasiano e mais comum na raça negra, em especial os africanos, também é produto de uma mutação que leva a ausência da expressão proteica nas hemácias e confere resistência a malária. O fenótipo Fy é responsável por uma queda na imunidade da pessoa em relação à doença da malária, devido ao Plasmodium ssp., transmissor da malária requerer antígenos Duffy para entrar nas hemácias. Uma característica interessante pertinente a este sistema, é que em caso da pessoa ser Fy (a-b-), encontrado comumente em indivíduos negros africanos, esta apresenta-se resistente ao parasita transmissor. Fy (a-b-) representa, então, uma vantagem evolutiva. Sistema Diego Este sistema é formado por Sistema formado por 21 antígenos, sendo os mais conhecidos mais conhecidos o Dia / Dib , Wra /Wrb, estando representado na Figura 8 abaixo. Figura 8 Seus anticorpos possuem origem imune – Ig G e se fixam ao complemento, podendo estar envolvidos em reações transfusionais imediatas e tardias. Função biológica: Troca iônica entre HCO3- e ClManutenção da integridade celular Formação de antígenos senescentes para sinalização dos macrófagos do Sistema Monocítico Fagocitário (SMF). 22
  • 23. Conclusão Podemos concluir que as Talassemias são importantes patologias, e que necessitam ser diagnosticadas e tratadas o quanto antes. Os grupos sanguíneos também tem grande importância em processos de transfusão, e permitem esses tratamentos ocorram de forma a não prejudicar a saúde do paciente. 23
  • 24. Referências Bibliográficas • PROFBIO, Disponível em :< www.profbio.com.br/aulas/hemato2_06.pdf, acessado em: 20/11/2013. • FIO EDU, Disponível em :< fio.edu.br/cic/anais/2010_ix_cic/pdf/03BIO/31BIO.pdf, acessado em: 20/11/2013. • XA YIMG, Disponível em : < xa.yimg.com/kq/groups/24075413/.../name/SISTEMA+LEWIS.pptx, acessado em: 20/11/2013. • INFO ESCOLA, Disponível em :< http://www.infoescola.com/doencas/sindrome-deswyer-james-macleod/, acessado em: 20/11/2013. • SLIDE SHARE, Disponível em :< http://www.slideshare.net/gisselcc/sistema-sanguneomns, acessado em: 20/11/2013. • DRAUZIO VARELLA, Disponível em :< http://drauziovarella.com.br/mulher2/gravidez/incompatibilidade-sanguinea/, acessado em: 20/11/2013. • VIRTUAL, Disponível em :< http://www.virtual.epm.br/material/tis/currbio/trab2004/2ano/imuno/c11.htm, acessado em: 20/11/2013. • BIOLOGIA VIVA, Disponível em :< http://www.biologiaviva.xpg.com.br/aborh.htmacessado em: 13/11/2013. • CMF ENSINO, Disponível em : • < http://www.cmf.ensino.eb.br/sistemas/matDidatico/arquivo/arquivo/1062_arquivo.pdf acessado em: 13/11/2013. • VESTIBULAR UOL, Disponível http://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/sistema_abo_rh.jhtm 13/11/2013. - em acessado :< em: • FLEURY, Disponível em : < http://www.fleury.com.br/revista/dicionarios/doencas/Pages/talassemia.aspx, acessado em: 20/11/2013. • ABRASTA, Disponível em : < http://www.abrasta.org.br/tipos-talassemia, acessado em: 20/11/2013. 24
  • 25. 25