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Hemoglobinopatias
As hemoglobinopatias são alterações hereditárias que afetam a hemoglobina.
Estas alterações podem ser estruturais ou por deficiência de síntese.
Nas hemoglobinopatias estruturais ocorre a alteração em uma ou mais cadeias
da hemoglobina. Na grande maioria dos casos, tais alterações são causadas por
mutações de ponto, que determinam a troca de um aminoácido por outro.
Nas hemoglobinopatias por deficiência de síntese, ocorre uma depressão
parcial ou total da síntese de um ou mais tipos de cadeias polipeptídicas da
globina, determinando as talassemias. Existem dois tipos: talassemias do tipo
alfa e talassemias do tipo beta, com incidências variadas no território nacional.
Entre as hemoglobinopatias estruturais, a hemoglobina S é a mais comum das
alterações hematológicas hereditárias conhecidas no homem. Sua etiologia é
gênica, com padrão autossômico recessivo e decorrente de mutação no gene
da globina beta, produzindo uma alteração estrutural na molécula. Em sua
forma homozigótica é denominada anemia falciforme e, em alterações onde
pelo menos um gene é a Hb S, é denominada doença falciforme. Nessa situação,
podem combinar com outras anormalidades hereditárias das hemoglobinas,
como a hemoglobina C (Hb C) e a hemoglobina D (Hb D), resultando nas duplas
heterozigoses Hb SC e Hb SD respectivamente. Na combinação com a beta
talassemia resulta em Sbtalassemia, também conhecida como
microdepranocitose. Um casal portador de um gene anormal tem a chance de
25% de ter um filho com doença falciforme.
As hemoglobinopatias constituem a condição genética de maior prevalência na
raça humana. Cerca de 3 a 4% da população mundial é portadora de pelo
menos um gene anormal da molécula da hemoglobina.
Esta mutação faz com que os eritrócitos sofram polimerização em baixas
concentrações de O2, acarretando mudança levando à deformidade da
hemácia e aumentando a viscosidade sanguínea com formação de cristais
tactóides. As células falcizadas passam, então, a apresentar a forma de foice
com manifestações variáveis em seu portador, dependentes da quantidade de
hemoglobina S produzida.
A polimerização é o evento primário na patogênese molecular da doença
falciforme. Depois de repetidos afoiçamentos, a célula perde a sua forma
bicôncava e torna-se irreversível. O fenômeno de afoiçamento está associado
ao espessamento da camada íntima dos vasos de pequeno calibre, responsável
pela fisiopatologia da doença falciforme.
Como consequências, ocorrem fenômenos de vaso-oclusão em pequenos vasos,
causando enfartes com lesões de órgãos diversos e episódios de dor.
A doença falciforme é a mais frequente dentre as hemoglobinopatias e está
associada a manifestações clínicas de gravidade variável e alta incidência de
morbidade e mortalidade. Sem medidas preventivas, 25% das crianças
acometidas pela doença falciforme morrem antes de atingirem cinco anos de
idade, em virtude das complicações secundárias, principalmente as
infecciosas.
Sabe-se que o diagnóstico precoce possibilita o acompanhamento dessas
crianças antes do surgimento de sintomas e complicações, proporcionando a
chance da melhor qualidade de vida e menor morbi-mortalidade,
principalmente por complicações.
Os portadores heterozigotos para Hb S, caracteriza o portador do traço
falciforme. Estes indivíduos não são doentes nem possuem anormalidades no
número e forma das hemácias. Embora o portador do traço falciforme (AS)
comumente seja assintomático, quando são expostos a condições extremas de
baixa tensão de O2, como ocorre em esforços físicos extenuantes,
despressurização da cabine de vôo e em grandes altitudes, podem apresentar
sintomas.
Bibliografia recomendada
1. WHO-Update of the progress of haemoglobinopaties control. Report of 3rd and
4th Annual Meeting of the WHO Working of the Community Control of Hereditary
Anaemias, Milan 1984 and Banggkoc 1985. World Health Organization.
2. Zago,MA; Costa,FF. Hematological and genetic features os Sickle Cell Anemia
and Sickle Cell Beta Thalassemia in a Brazilian population. Clinical
Genetics , 1980, 18:58-64.
3. Zago, MA; Costa, FF; Bottura, C; Ione, IG. Hereditary hemoglobin screening
disorders in a Brazilian population. Human Hereditary. 1983, 33:125-129.
4. Vichinsky, E.; Hurts,D ;Erals, A ; Lubin, B. Newborn Screening for Sickle
Cell Disease: effect and mortality. Pediatrics. 1988,81(6) 749-755.
5. WHO – Possible indicators for considerations or planning and establishment
of genetics services. WHO Advisory Group on Hedreditary Disease, Geneva,
1985.
6. Leiken, S.L.,Gallagher, D, Kinney, TR; Sloane,D ; Klug, P ; Rida, W. Mortality
in children and adolescents with Sickle Cell Disease. Pediatrics. 1989,84:
500-508.
7. Gaston, MH; Verter, JI; Woods, G. Prophylaxis with oral penicilin in children
with Sickle Cell disease. New England Journal Medicine. 1986, 314:
1593-1599.
8. Vichinsky, EP. Comprehensive care in Sickle Cell Disease: it´s impact on
morbity and mortality. Semin Hematol. 1991, 28:220-226.
9. Gutiérrez, MJ. Detección neonatal de falcémia. Implementación de um programa
piloto em la Republica Dominicana. Arch Domin Pediatr. 1992,28: 19-23.

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Hemoglobinopatias

  • 1. Hemoglobinopatias As hemoglobinopatias são alterações hereditárias que afetam a hemoglobina. Estas alterações podem ser estruturais ou por deficiência de síntese. Nas hemoglobinopatias estruturais ocorre a alteração em uma ou mais cadeias da hemoglobina. Na grande maioria dos casos, tais alterações são causadas por mutações de ponto, que determinam a troca de um aminoácido por outro. Nas hemoglobinopatias por deficiência de síntese, ocorre uma depressão parcial ou total da síntese de um ou mais tipos de cadeias polipeptídicas da globina, determinando as talassemias. Existem dois tipos: talassemias do tipo alfa e talassemias do tipo beta, com incidências variadas no território nacional. Entre as hemoglobinopatias estruturais, a hemoglobina S é a mais comum das alterações hematológicas hereditárias conhecidas no homem. Sua etiologia é gênica, com padrão autossômico recessivo e decorrente de mutação no gene da globina beta, produzindo uma alteração estrutural na molécula. Em sua forma homozigótica é denominada anemia falciforme e, em alterações onde pelo menos um gene é a Hb S, é denominada doença falciforme. Nessa situação, podem combinar com outras anormalidades hereditárias das hemoglobinas, como a hemoglobina C (Hb C) e a hemoglobina D (Hb D), resultando nas duplas heterozigoses Hb SC e Hb SD respectivamente. Na combinação com a beta talassemia resulta em Sbtalassemia, também conhecida como microdepranocitose. Um casal portador de um gene anormal tem a chance de 25% de ter um filho com doença falciforme. As hemoglobinopatias constituem a condição genética de maior prevalência na raça humana. Cerca de 3 a 4% da população mundial é portadora de pelo menos um gene anormal da molécula da hemoglobina. Esta mutação faz com que os eritrócitos sofram polimerização em baixas concentrações de O2, acarretando mudança levando à deformidade da hemácia e aumentando a viscosidade sanguínea com formação de cristais tactóides. As células falcizadas passam, então, a apresentar a forma de foice com manifestações variáveis em seu portador, dependentes da quantidade de hemoglobina S produzida. A polimerização é o evento primário na patogênese molecular da doença falciforme. Depois de repetidos afoiçamentos, a célula perde a sua forma bicôncava e torna-se irreversível. O fenômeno de afoiçamento está associado ao espessamento da camada íntima dos vasos de pequeno calibre, responsável pela fisiopatologia da doença falciforme. Como consequências, ocorrem fenômenos de vaso-oclusão em pequenos vasos, causando enfartes com lesões de órgãos diversos e episódios de dor. A doença falciforme é a mais frequente dentre as hemoglobinopatias e está associada a manifestações clínicas de gravidade variável e alta incidência de morbidade e mortalidade. Sem medidas preventivas, 25% das crianças acometidas pela doença falciforme morrem antes de atingirem cinco anos de
  • 2. idade, em virtude das complicações secundárias, principalmente as infecciosas. Sabe-se que o diagnóstico precoce possibilita o acompanhamento dessas crianças antes do surgimento de sintomas e complicações, proporcionando a chance da melhor qualidade de vida e menor morbi-mortalidade, principalmente por complicações. Os portadores heterozigotos para Hb S, caracteriza o portador do traço falciforme. Estes indivíduos não são doentes nem possuem anormalidades no número e forma das hemácias. Embora o portador do traço falciforme (AS) comumente seja assintomático, quando são expostos a condições extremas de baixa tensão de O2, como ocorre em esforços físicos extenuantes, despressurização da cabine de vôo e em grandes altitudes, podem apresentar sintomas. Bibliografia recomendada 1. WHO-Update of the progress of haemoglobinopaties control. Report of 3rd and 4th Annual Meeting of the WHO Working of the Community Control of Hereditary Anaemias, Milan 1984 and Banggkoc 1985. World Health Organization. 2. Zago,MA; Costa,FF. Hematological and genetic features os Sickle Cell Anemia and Sickle Cell Beta Thalassemia in a Brazilian population. Clinical Genetics , 1980, 18:58-64. 3. Zago, MA; Costa, FF; Bottura, C; Ione, IG. Hereditary hemoglobin screening disorders in a Brazilian population. Human Hereditary. 1983, 33:125-129. 4. Vichinsky, E.; Hurts,D ;Erals, A ; Lubin, B. Newborn Screening for Sickle Cell Disease: effect and mortality. Pediatrics. 1988,81(6) 749-755. 5. WHO – Possible indicators for considerations or planning and establishment of genetics services. WHO Advisory Group on Hedreditary Disease, Geneva, 1985. 6. Leiken, S.L.,Gallagher, D, Kinney, TR; Sloane,D ; Klug, P ; Rida, W. Mortality in children and adolescents with Sickle Cell Disease. Pediatrics. 1989,84: 500-508. 7. Gaston, MH; Verter, JI; Woods, G. Prophylaxis with oral penicilin in children with Sickle Cell disease. New England Journal Medicine. 1986, 314: 1593-1599. 8. Vichinsky, EP. Comprehensive care in Sickle Cell Disease: it´s impact on morbity and mortality. Semin Hematol. 1991, 28:220-226.
  • 3. 9. Gutiérrez, MJ. Detección neonatal de falcémia. Implementación de um programa piloto em la Republica Dominicana. Arch Domin Pediatr. 1992,28: 19-23.