O documento discute hemoglobinopatias, alterações hereditárias que afetam a hemoglobina. Essas alterações podem ser estruturais ou por deficiência de síntese da globina. A hemoglobina S é a mais comum e causa a anemia falciforme quando homozigótica ou doença falciforme quando heterozigótica. As hemoglobinopatias constituem a condição genética mais prevalente na raça humana.
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Hemoglobinopatias
1. Hemoglobinopatias
As hemoglobinopatias são alterações hereditárias que afetam a hemoglobina.
Estas alterações podem ser estruturais ou por deficiência de síntese.
Nas hemoglobinopatias estruturais ocorre a alteração em uma ou mais cadeias
da hemoglobina. Na grande maioria dos casos, tais alterações são causadas por
mutações de ponto, que determinam a troca de um aminoácido por outro.
Nas hemoglobinopatias por deficiência de síntese, ocorre uma depressão
parcial ou total da síntese de um ou mais tipos de cadeias polipeptídicas da
globina, determinando as talassemias. Existem dois tipos: talassemias do tipo
alfa e talassemias do tipo beta, com incidências variadas no território nacional.
Entre as hemoglobinopatias estruturais, a hemoglobina S é a mais comum das
alterações hematológicas hereditárias conhecidas no homem. Sua etiologia é
gênica, com padrão autossômico recessivo e decorrente de mutação no gene
da globina beta, produzindo uma alteração estrutural na molécula. Em sua
forma homozigótica é denominada anemia falciforme e, em alterações onde
pelo menos um gene é a Hb S, é denominada doença falciforme. Nessa situação,
podem combinar com outras anormalidades hereditárias das hemoglobinas,
como a hemoglobina C (Hb C) e a hemoglobina D (Hb D), resultando nas duplas
heterozigoses Hb SC e Hb SD respectivamente. Na combinação com a beta
talassemia resulta em Sbtalassemia, também conhecida como
microdepranocitose. Um casal portador de um gene anormal tem a chance de
25% de ter um filho com doença falciforme.
As hemoglobinopatias constituem a condição genética de maior prevalência na
raça humana. Cerca de 3 a 4% da população mundial é portadora de pelo
menos um gene anormal da molécula da hemoglobina.
Esta mutação faz com que os eritrócitos sofram polimerização em baixas
concentrações de O2, acarretando mudança levando à deformidade da
hemácia e aumentando a viscosidade sanguínea com formação de cristais
tactóides. As células falcizadas passam, então, a apresentar a forma de foice
com manifestações variáveis em seu portador, dependentes da quantidade de
hemoglobina S produzida.
A polimerização é o evento primário na patogênese molecular da doença
falciforme. Depois de repetidos afoiçamentos, a célula perde a sua forma
bicôncava e torna-se irreversível. O fenômeno de afoiçamento está associado
ao espessamento da camada íntima dos vasos de pequeno calibre, responsável
pela fisiopatologia da doença falciforme.
Como consequências, ocorrem fenômenos de vaso-oclusão em pequenos vasos,
causando enfartes com lesões de órgãos diversos e episódios de dor.
A doença falciforme é a mais frequente dentre as hemoglobinopatias e está
associada a manifestações clínicas de gravidade variável e alta incidência de
morbidade e mortalidade. Sem medidas preventivas, 25% das crianças
acometidas pela doença falciforme morrem antes de atingirem cinco anos de
2. idade, em virtude das complicações secundárias, principalmente as
infecciosas.
Sabe-se que o diagnóstico precoce possibilita o acompanhamento dessas
crianças antes do surgimento de sintomas e complicações, proporcionando a
chance da melhor qualidade de vida e menor morbi-mortalidade,
principalmente por complicações.
Os portadores heterozigotos para Hb S, caracteriza o portador do traço
falciforme. Estes indivíduos não são doentes nem possuem anormalidades no
número e forma das hemácias. Embora o portador do traço falciforme (AS)
comumente seja assintomático, quando são expostos a condições extremas de
baixa tensão de O2, como ocorre em esforços físicos extenuantes,
despressurização da cabine de vôo e em grandes altitudes, podem apresentar
sintomas.
Bibliografia recomendada
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