Dor recorrente em membros é comum na infância. O documento discute a avaliação e diagnóstico diferencial de causas funcionais versus orgânicas, com foco em anamnese detalhada, exame físico e exames complementares seletivos. A maioria dos casos é funcional, incluindo dor do crescimento, enquanto causas orgânicas raras requerem investigação cuidadosa.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
HOSPITAL DE PEDIATRIA PROF. HERIBERTO FERREIRA BEZERRA - HOSPED
DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA - DPEDI
INTERNATO EM PEDITARIA I – PED I
DOR EM MMII NA INFÂNCIA - REVISÃO
DOR RECORRENTE EM MEMBROS
Doutorandos: GEORGE ANDERSON
MARCELO ALENCAR
Profº: LEONARDO MOURA FERREIRA DE SOUZA
3. CASO CLÍNICO - HISTÓRIA CLÍNICA
•
IDENTIFICAÇÃO: M.V.L, 09 anos, masculino.
•
QP: dor em mmii há +/- 2 anos que piorou
no último mês.
4. HISTÓRIA CLÍNICA
•
HDA: Mãe relata que o paciente apresentou
quadro álgico em mmii há +/- 2 anos que se
intensificou no último mês. Refere 4 episódios de
dores de forte intensidade que impedem a
postura e a marcha do paciente. Se intensificam à
noite e diminuem de intensidade no decorrer do
dia. Não apresentam fatores desencadeantes e
agravantes, porém são atenuadas à massagem
manual realizada pelo pai. São bilaterais, no
entanto, sem caráter migratório nem aditivo.
5. HISTÓRIA CLÍNICA
- Além disso, o paciente manifestou, em passado
recente, episódios de furunculose, sendo tratado
com cefalexina.
- O pai também apresenta quadros álgicos em
mmii.
- Mãe nega passado de faringoamidalite de
repetição.
6. EXAME FÍSICO
- EXAME GERAL
EGB, vigil, ativo, eupneico, eutrófico, normohidratado,
normocorado, acinótico, anictérico, afebril, s/adenomegalias. FE
preservadas.
- EXAME SEGMENTAR
Exame do cavum e orofaringe: s/anormalidades;
ACV: RCR em 2T com BNF, s/E e s/S;
AP: MV(+) bilateralmente e simétrico, s/RA;
ABD: Plano, flácido, timpânico, s/megalias palpáveis, indolor à
palpação e c/RHA(+);
Extremidades: Funções motora e sensitiva preservadas. C/ boa
perfusão tissular. Porém, apresenta lesões cicatriciais em MIE.
8. CONDUTAS
1) Solicitados: Hemograma, Provas de atividade
inflamatória(PCR, VSH e Mucoproteínas ) e
Radiografia de MMII;
2) Orientações para melhor detalhar as dores;
3) Retorno ambulatorial.
9. DOR RECORRENTE EM MEMBROS
DOR EM MMII NA INFÂNCIA
•
•
•
•
Predomina: 4-10 anos de idade;
Discreto predomínio no sexo feminino;
Natureza não orgânica em > 90% dos casos;
5 causas orgânicas: mecânicas, inflamatórias,
hematológicas, neoplásicas e metabólicas;
• 1 grupo de causas funcionais.
10. DOR RECORRENTE EM MEMBROS
DOR EM MMII NA INFÂNCIA
1-Anamnese específica:
• Caracterização da dor(localização, intensidade, modo
de início, freqüência, duração de cada episódio,
variação ao longo do dia, influência do repouso e
movimentação, atenuação e piora, uso de drogas e
resposta terapêutica e repercussão nas atividades
diárias);
• Investigar manifestações sistêmicas;
• O envolvimento de outros órgãos e sistemas;
11. DOR RECORRENTE EM MEMBROS
DOR EM MMII NA INFÂNCIA
2-Exame Físico:
– postura e marcha,
– semiologia articular (inspeção, palpação,
movimentação ativa e passiva de todas as
articulações, incluindo quadril),
– palpação de pulsos periféricos,
– medida do comprimento dos membros inferiores:
distância entre a espinha ântero-superior e o
maléolo tibial medial (> 0,5 cm)
– avaliação da força muscular e dos reflexos
tendinosos.
12. DOR RECORRENTE EM MEMBROS
DOR EM MMII NA INFÂNCIA
• Afastada a hipótese de origem orgânica, deve-se destacar a
dor de origem funcional ( 4-15% das consultas pediátricas e
25% das reumatológicas);
• Nesses pacientes atentar:
indícios de distúrbios emocionais( pessoais e
familiares), problemas de adaptação ou relacionamento,
perfil psicológico perfeccionista, cefaléia e/ou dor abdominal
recorrentes e sem solução, fadiga, depressão, alterações do
sono, apetite, sintomas de conversão(paralisia, dormência,
cegueira) e presença de um ou mais familiares com doença
grave ou com o mesmo tipo de dor.
13. DOR RECORRENTE EM MEMBROS
DOR EM MMII NA INFÂNCIA
• Exames complementares: Hemograma
completo, provas de atividade
inflamatória(VSH e PCR) e Radiografias das
regiões referidas;
• Cuidado com os resultados falsos-positivos de
exames complementares;
• Não há um tratamento padronizado, porém 2
objetivos são primordiais: restauração
funcional e controle da dor.
14. DOR RECORRENTE EM MEMBROS
DOR EM MMII NA INFÂNCIA
• causa orgânica é rara (3 – 4%)
• Sinais de alerta
15.
16. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Faixa etária
Principais causas
Recém-nascidos (até 28 dias)
Sífilis congênita, tocotraumatismo
Lactentes (29 dias a 02 anos)
Escorbuto, anemia falciforme,
espancamento, osteoartrite
Pré-escolares e escolares (03 a 10 anos)
Dor do crescimento, febre reumática,
neoplasias, traumas, artrite reumatóide
Adolescentes (11 a 21 anos)
Traumatismos, neoplasias, OsgoodSchlatter
17. DOR RECORRENTE EM MEMBROS
DOR EM MMII NA INFÂNCIA
CAUSA FUNCIONAL
CAUSA ORGÂNICA
19. FUNCIONAIS
• Dor do crescimento
– 02 – 12 anos
– Prevalência de 04 – 37%
– Dor Bilateral, intermitente, difusa, geralmente no fim do
dia, não altera rotina da criança
– Melhora com calor, massagem e analgésicos
• Síndrome da hipermobilidade articular
– Hipermobilidade articular generalizada, associada a dores
musculoesqueléticas
– Pelo menos cinco dos critérios
21. Tratamento
• Explicitar para os pais que não existe uma
doença, mas que a dor é real;
• Fisioterapia ativa e/ou a prática de esportes
aquáticos para fortalecer a musculatura
periarticular;
• AINES só devem ser indicados nos casos de
dor intensa.
25. NEOPLÁSICAS
• Leucemia:
– Dor óssea geralmente não restrita apenas aos
MMII.
– Adenomegalia, hepatoesplenomegalia, febre,
palidez
• Tumores ósseos:
– 50% dos tumores ósseos primários são malignos
– localizada, unilateral, perda de peso, massas
indolores
– Alivio da dor a compressão
26. FEBRE REUMÁTICA
• Dor articular migratória (joelhor e tornozelos)
• A dor deve ser acompanhada de calor, rubor,
edema ou limitação do movimento.
Sinais maiores
Sinais menores
Cardite
Febre
Poliartrite
Artralgia
Coréia
Nódulos subcutâneos
Prova de atividade
inflamatória: PCR, VSH, alfa-2
Eritema marginado
Aumento do PR
02 critérios maiores ou 01 critério maior e 02 menores
27. ANEMIA FALCIFORME
• Dor em ossos longos durante as crises
hemolíticas, apesar de predominarem as
artrites e artralgias;
• Fenômenos vasoclusivos;
• Crise óssea: simula FR ou artrite séptica;
• Atraso no crescimento e desenvolvimento.
28. FIBROMIALGIA
• ↑ freqüente sexo F
• Paciente reclama de fadiga, dificuldade em dormir,
sono não-reparador, cefaleia, edema subjetivo e
dores abdominais
• queixas desproporcionais aos achados do exame
Critérios do American College of Rheumatology
1. Dor difusa por mais de 03 meses
2. Dor em 11 dos 18 tenderpoints
3. Dor acima e abaixo da cintura
4. Dor nos dimídios direito e esquerdo
5. Dor axial
30. ARTRITE REUMATÓIDE JUVENIL
• Dor articular
• Melhora no decorrer do dia
• Edema articular
• Diagnóstico
– Artrite de mais de uma articulação
– Duração por mais de 06 semanas
– Idade inferior a 16 anos
– Exclusão de outras causas
32. Dores recorrentes em
membros
SIM
Febre + anemia ->
Leucemias, hemoglobinopatias
Manifestações Articulares -> Febre
reumática, artrite séptica, doenças
do tecido conjuntivo
Manifestações sistêmicas?
SIM
Tumores Ósseos
Superuso
osteocondrites
Não
Dor localizada?
Não
Dor do crescimento
Fibromialgia
Desordens ortopédicas
33. REFERÊNCIAS
1. Manual Prático de Atendimento em Consultório e Ambulatório de
Pediatria – Sociedade Brasileira de Pediatria(SBP);2006;
2. LOPES AC, AMATO NETO V., Tratado de clínica médica, São
Paulo:Roca;2006;
3. FIGUEIRAF, ALVES JGB, BACELAR, CH; Manual de Diagnóstico
Diferencial em Pediatria, Instituto Materno-Infantil Professor
Fernando Figueira (IMIP), 2ª Edição, Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005;
4. GILIO, A. E. ; ESCOBAR, A. M. U. ; GRISI, S. J. F. E. . Pediatria Geral:
Neonatologia, Pediatria Clínica, Terapia Intensiva - Hospital
Universitário da Universidade de São Paulo. São Paulo: Atheneu,
2011. v. 1.
5. FREIRE, LINCOLYN- Diagnóstico Diferencial em Pediatria -Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.