SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 68
Baixar para ler offline
XXXV Curso de Reumatologia dos CHUC 
“Ciência na Prática” 
Coimbra, 16 e 17 Outubro de 2014 
Manuel Salgado 
Unidade de Reumatologia Pediátrica 
Hospital Pediátrico de Coimbra, CHUC 
Diagnósticos Frequentes 
em 
Reumatologia Pediátrica
“Rheumatologyremains one of the few medical specialities where the storyand examination are the most important aspects in establishing a differential diagnosis”.(1) Foster HE. Cabral DA. Is musculoskeletal history and examination so different in paediatrics? Best Pract Res Clin Rheumatol 2006;20(2):241-62. Desafiante…
•Ausência de formação pré e pós graduada no aparelho musculoesquelético . 
•A revisão da história clínica (anamnese e exame físico) de 257 internamentos de crianças mostrou: > 90% da observação (e dos registos) dos aparelhos respiratórios e cardíaco apenas 4% de registos sobreo aparelho musculoesquelético. 
Meyers A et al. More “cries from joints”: assessment of the musculoskeletal system is poorly documented in routine paediatric clerking. Rheumatology 2004;43:1045-9 
More “cries from joints” UK
Todo o diagnóstico se baseia na clínica… isto é na SEMIOLOGIA. 
A SEMIOLOGIA é a interpretação do PORMENOR. 
Não existe nenhuma associação de exames complementares que informem mais do que uma anamnese cuidadosacomplementada com uma observação minuciosa.
Arnold Capute“Erra-se mais por não observar do que por não saber”. 
“Quem não sabe o que procura, não entende o que encontra”. 
Claude Bernard
Doresmusculoesqueléticas e/ou claudicaçãoem Ambulatório 
Total 
MMEc 
% 
Crianças 
4.292 
396 
9,2% 
Consultas 
11.052 
487 
4,4% 
Salgado M. Consulta privadainformatizada FileMaker ≈ 20 anos, Outubro 2014 
Idades >12 meses –17 anos
MME Ambulatório: “Os 10 mais” 
Doenças 
Nº 
%* 
Dorescrescimento 
83 
1,9 
Dores membros inf., cronicas / recor 
68 
1,6 
Artralgiasrecorrentes 
39 
0,9 
“Reumatismos” agudos 
36 
0,9 
Osteocondrites / Osteocondroses 
22 
0,5 
Infeções agudas graves / “severas” 
17 
0,4 
Titulites (TASO 15; RA teste 1) 
16 
0,4 
Pronaçãodolosa 
16 
0,4 
Doençasoro 
12 
0,3 
“Reumatimos” crónicos 
11 
0,3* 332 = 7,7% das crianças (84%)Salgado M. 2014
“DORES de CRESCIMENTO” 
Primeira descrição: 
Duchamp M. Maladies de la Croissance. 
In: Levrault FG,ed. Mémoires de Médicine Practique. Paris. 
Jean-Frederic Lobstein, 1832
http://areadospais.asic.pt/
DC: Localização 
•80-90 % exclusiva/. membros inferiores 
•Face anterior coxas, face anterior e posterior das pernas, joelhos (cavado poplíteo, zonas periarticulares), dorso pés. 
•Mais raro: m. superiores 
•Nunca articulares (exceto joelho, ...) 
•Localização imprecisa: não aponta, antes desliza a palma da mão ao longo da coxa, perna, joelho,.. 
•BILATERAIS
DC: Horário e Periodicidade: 
•Vespertinas e/ou nocturnas 
•25% exclusivamente noturnas 
–primeira metade da noite (++ no 1º 1/3) 
–só uma vez por noite 
•Duração: < 30 minutos (excecional até 2 H) 
•Raramente ocorrem durante o dia 
•NUNCApela matinaisDas rarassituações clínicas não orgânicascom dor noturna
DC: Outras Características: 
•Localização imprecisa são ”profundas” 
•Intermitentes-intervalos livres variáveis 
•Mimetismo: horário, localização, padrão 
•Ausênciade outras manifestações: 
•Øsinais sistémicos 
•Øpontos dolorosos 
•EO sempre normal (crise e intervalos) 
•Marcha normal 
•Crescimento normal 
•Melhoria com massagem / calor local
DC: Diagnóstico 
•Manifestações clínicas características: 
•Intermitência, bilaterais, horário, duração crises, localização, mimetismo das crises, Ø desencadeantes, Ø clínica associada, exame objetivo sempre normal, 
•NÃO é um diagnóstico de exclusão 
•Exames complementares são dispensáveis 
•Critérios de Exclusão bastará >1 (um)
Salgado M, Estanqueiro P. “Dores decrescimento. Saúde Infantil 2007;29(2):83-6 
DC: 11 Critérios Exclusão
Salgado M, Estanqueiro P. “Dores decrescimento. Saúde Infantil 2007;29(2):83-6DC: 11 Critérios Exclusão
Am Fam Physician. 2011;83(3):285-291. 
Osteochondrosis: Common Causes of Pain in Growing Bones 
22 osteocondrites(0,5% população) 2 Legg-Perthes2 van Neck 
8 Larsen3 Osgood-Schlatter7 Sever
Padrão Mecânico
Caso Clínico 
•MC: Dores no Joelho direito (5 anos + 8 meses) 
•DA: 
•Dor + claudicação intermitente do MID desde 2A 
•5A -dor à mobilização” do joelho direito+ claudicação matinal breve 
•VS (22), hemograma N, TASO < 200 
•RX joelho D –“discreta irregularidade do contorno do núcleo epifisário distal do fémur, …”
Sinal Galeazzi positivo à direita 
Amiotrofia músculos coxa e perna direitas 
Caso Clínico
4324.935A + 8M27.10.95 
O nervo obturador passa junto da cápsula articular da anca, e tem expressão cutânea a nível do joelho.
REGRA BÁSICA 
Perante uma dor referida a um determinada local dum membro, deve-se examinar também cuidadosamente: 
•Articulações acima e abaixo do local da dor 
•Segmentos compreendidosentre “articulação acima” e a “articulação abaixo”.
Joelho: POSTURA ANTÁLGICAPosição antálgica:FABRe: 
•Flexão Abdução e Rotação externa 
Artrite séptica JE
Manobras de Exploração da Anca 
Limitação movimentos (+ a rotação interna): Artrite anca esquerda“Log-roll test”
Manobras de Exploração da Anca: ROTAÇÃO INTERNA 
Posição antálgica: 
Flexão, Abdução e Rotação Externa
Fausto, 13 A 
-dor relacionado com esforço 
-pontos dolorosos 
-arrancamento parcial da tuberosidade proximal da tíbiana inserção do tendão-formação óssea na inserção do tendão tumoraçãoOsgood-Schlatter
94010353 
, 13 AOsgood-Schlatter
12 casos(0,3%) Doença Soro-like
Doença “Soro-like”2 dias apóssuspender cefaclor(D.11) 
Idade: 26 mesesDéborarash + febre elevada + poliartrite + rash sobre as articulaçõesMais comum doD7 –D11de fármaco
D9cefaclor (re-exposição): 
-exantema polimorfo / multiforme 
-exantema sobre articulações 
-poliartrite migratória 
-impotência funcional -febre 40 ºC 
Doença Soro-Likeartrite
Infeciosas (17) 
Doenças 
Nº 
Osteomielite 
4 
Artriteseptica 
4 
Celulite membros 
4 
Miositevírica 
2 
Piomiosite 
1 
Bursite 
2 
Salgado M. 2014
“Erythema of the skin overlying a swollen joint is unusual in JIA and suggest 
an alternative diagnosis such as acute rheumatic fever or septic arthritis”. 1 
1. Davies K, Coperman A. The spectrum of paediatric and adolescent rheumatology. Best Pract Res Clin Rheumatol 2006;20(2):179-200. Presença de RuborPoliartrite sépticaArtrite (cotovelo) + artrite calcâneo
•Febre + artrite (“tibiotársica d.ta“ e cotovelo esq.) 
•Artrite com padrão aditivo, com dor muito intensa, calor ++ e rubor ++ “Reumatológico”. 
•Hemocultura D3: Streptococcus pyogenesCaso clínico 
“Osteoartrite” Multifocal: Reumatológico ou Infeccioso? 98003119, 10 anos
Caso de artrite séptica por Kingella Kingae29.09.201016 meses 
DOR 
Impotência funcional 
Dor despertada pelo exame object. articulação 
Choro / queixume 
Intensa 
Incapaz de utilizar a 
articulação 
Com qualquer movimento 
Sim 
•Surtos em infantários 3 
•O segundo gérmen mais comum de osteomielite/artrite em < 3 anos idade 3 
•Febre em 50% casos de osteomielite atraso 3 
•Característico: -Infecção respiratória prévia 
-VS ligeiramente ↑↑ 
-PCR normal3 
3. Kuhls TL. Kingella species. In: Feijin & Cherry Textbook of Pediatric Infectious Diseases. 2009:1773-7.
93003256 
•♂, 27 M 
•MC: Anca dolorosa esquerda D7 
•DA: Claudicação + dor espontânea + mobilização 
•Apirético. 
•AP e AF: irrelevantes 
•EO: 
–Recusava a carga 
–Anca em posição flexão, abdução rotação externa (FAbRe) 
JPBFCaso clínico
JPBF93003256 ▲“Sinovite transitória” anca esquerda-Ecografia: derrame articular-RX bacia / ancas: “normal” Leuco: 6.200 5.400 6.780
16.06.93 
93003256 ♂, 27 mesesJPBFD15D15D2D4OSTEOMIELITE metáfises: 
•Manifestações radiológicas (ósseas): surgem > 7 –10 dias depois início infecção 
•manifestações líticas surgem após 2 a 6 semanas 
•manifestação mais precoce: perda da estrutura trabecular 
Artrotomia: osteomielite séptica complicada de artrite 
Líquido: muitos leucócitos; cultura negativa (flucloxacilina)
Reumatismos (47) 
Doenças 
Nº 
Sinovite transitória anca 
17 
Artrite reactiva 
11 
PurpuraSchoenlein-Henoch 
6 
RAA + ARepós-Streptpyog 
2 
ArtritesIdiopática Juvenis 
10 
LES 
1 
Salgado M. 2014
Current Orthopaedics 2004;18:284-290“The irritable hip in childhood”
SinoviteTrnsitóriada Anca 
•Causa + freq. de dor na anca na criança 
•Idades: 18 mese-13 anos; pico 4-7 anos 
•Sexo: ♂> ♀= 2 : 1 
•Etiologia ? 
•Comum: prévio CRS 2 semanas antes (30%) 
Excessivamente diagnosticada
SinoviteTransitória-Clínica* Mais para exclusão de outras patologias 
•Deita-se bem … 
•Ao acordar -dor, claudicação; por vezes recusa em caminhar e a apoiar MI afectado 
•Dor pode irradiar para coxa ou joelho 
•Posição antálgica(FAbRe) 
•Febre baixa por vezes 
•VS / Leucócitos: normal ou ligeiramente 
•Ecografiaanca: derrame articular (70%) 
•RX bacia / anca: normal ou alargamento 
interlinha*
SinoviteTransitória (cont.) 
•Bilateral: < 4% 
•Duração: desde 4 a 5 dias a 1 a 2 semanas 
•Recorrência: 4 -17%(+++ primeiros 6 meses) se bilateral … Deve-se questionar diagnóstico !!!
SinoviteTransitória (cont.) 
•Diagnóstico diferencial: 
–Artrite séptica–sem febre ou febre baixa 
–Osteomielite–sem febre !!! 
–Brucelose 
–Legg-Perthes, etc... –se recorrente ou prolongada 
–RAA / FR / ARepós estreptocócica 
–AIJ oligoarticular 2% das SinovitesTransitórias Anca
Prevalência1: 1.000 crianças tem “reumatismo” 6 vezes mais frequente que o síndroma nefrótico
CASUÍSTICAS 
12.939 1 
3.269 2 
2.460 3 
•Artrites Idiopáticas Juv. 
28,1 
21,0 
18,1 
•Conectivites 
12,4 
8,5 
13,6 
•Outras d. reumáticas 
= 
1,3 
3,1 
•Acrossíndromes 
2,2 
0,5 
3,7 
•S. Auto-inflamatórios 
? 
? 
1,9 
•Dores / artrite sem causa 
6,2 
26,1 
11,6 
•Dores crescimento 
1,9 
0,2 
3,2 
•Fibromialgia 
2,0 
1,1 
1,3 
•Algoneurodistrofia(DRCT1) 
1,9 
0,3 
3,5 
•Mecânicas / Ortopédicas 
8,7 
10,6 
3,3 
•Infecciosas 
3,6 
7,0 
3,3 
•Displasias esqueléticas 
0,08 
0,1 
0,4 
•Doenças metabólicas 
0,01 
0,03 
0,04 
•Doenças malignas 
0,3 
0,8 
1,2 
•Imunodeficiências 
? 
? 
0,5 
•Iatrogenia (D. soro-like+++) 
0,8 
0,2 
2,7 
•Miscelânea 
32 
≈24 
18,83. HPC 42,7% 
31,3% 
40,4% 
0,2% 3 1. J Rheumatol1996;23:1968-73 
2. J Rheumatol2005;32.1992-2001Resultados em %3. Rev Bras Reumatol 2007;47:418-23.
CASUÍSTICAS 
12.939 1 
3.269 2 
2.460 3 
•AIJ 
28,1 
21,0 
18,1 
•LES 
1,8 
1,0 
2,3 
•LES Neonatal 
0,8 
0,2 
0,3 
•DMJ 
1,3 
0,6 
0,9 
•S. Sjögren 
0,8 
0 
0,4 
•DMTC (..%) + DITC (..%) 
0,4 
0,06 
0,2 
•Behçet 
0,1 
0,06 
1,0 
•Vasculites graves 
0,2 
0,2 
0,4 
•Artrites Reactivas 
? 
? 
2,9 
•F. reumática / ARe Str py 
2,1 
0,9 
1,8 
•Esclerodermias 
0,8 
0,7 
0,7 
•Sind. Auto-inflamatórios 
... 
… 
1,93. HPC 42,7% 31,3% 40,4% 1. J Rheumatol1996;23:1968-732. J Rheumatol2005;32.1992-2001Resultados em %
ArtritesIdiopáticasJuvenis
AIJ Poliarticular 
02002061 
Nov. 2005 
♂, 7 anos (início 3,5 A) AIJ Poli FR negativo
Definição de Artrite
ARTRITES IDIOPÁTICAS 
JUVENIS 
•Início < 16 anos = “juvenil” 
•Idiopáticas –não se sabe a causa 
•AIJs (plural) –associa grupo heterogéneo
21345677 Subtipos AIJ
Subtipos AIJ (ILAR*, 1997): 
UK 1 
2000 
Ger2 
2000 
Fra. 32000 
Spñ42001 
HPC 
2014 
Sistémica 
15 
17 
17 
14 
9 
Oligoarticular 
44 
27 
35 
38 
52 
Poliarticular FR neg. 
20 
26 
15 
22 
19 
Poliarticular FR pos. 
5 
3 
2 
2 
2,2 
Artrite com entesite 
7 
6 
7 
7 
12 
Artrite Psoriática 
8 
5 
4 
2 
5 
Indiferenciada 
2 
16 
20 
15 
2 
DOENTES (nº) 
572 
172 
194 
125 
448 
em % 
1. Thomas E et al. Subtyping of juvenile idiopathic arthritis using latent class analysis. Arthritis Rheum 2000;43:1496-503 
2. Krumrey-Langkammerer M et. al. Evaluation of the ILAR criteria for juvenile idiopathic arthritis. J Rheumatol 2001;28:2544-7 
3. Hofer M, et al. Juvenile idiopathic arthritis evaluated prospectively in a single center according to the Durban criteria.J Rheumatol 2001;28:1083-90 
4. Merino R, et J. Evaluation of ILAR classification criteria for juvenile idiopathic arthritis in Spanish children. J Rheumatol2001;28:2731-6
Dor na Artrites IdiopáticasJuvenis
10024474 
AIJ oligoarticular 
“… ≈ 25% das crianças com AIJ oligoarticular NÃO têm dores ou comportam-se como não tendo dores, observando-se apenas a tumefacção articular” (1). AIJ: AUSÊNCIA / DOR LIGEIRA
“… ≈ 25% das crianças com AIJ oligoarticular NÃO têm dores ou comportam-se como não tendo dores, observando-se apenas a tumefacção articular” (1). AIJ: AUSÊNCIA / DOR LIGEIRA1. Woo P, Laxer RM, Sherry DD. Pediatric Rheumatology in Clinical PracticeLondon, Springer-Verlag 2007: pg 25+++ Tumefacção e rigidez articular com padrão inflamatórioAIJpsoriática
2 meses depois de Hexacetonido triamcinolona. intra-articular JD + JEFlexo articular e/ou rigidez articular mantidas AIJ Oligoarticular (52%) Dor + 
04005835 
03004020Dor +
abertura da boca 1,5 dedos da própria doente (≈ 3 cm) 
Martini G et al. Isolated temporomandibular synovitis as unique presentation of juvenile idiopathic arthritis. J Rheumatol 2001;28:1689-92. 
Normal (3 dedos) Qualquer articulação a Inaugural
0300484201.07.200303004842 ♂, 4 A01.07.2003Febre D13 + rigidez nuca com LCR normal + peritonite + 2 episódios de rash morbiliforme transitórioEnvolvimento inaugural e único da coluna cervical (vários meses) 
•5 das 448 AIJ (≈1%) 
•AIJ sistémica –1 
•AIJ oligoarticular (> 6 meses) –4 (3 oligoestendida) 2ª manif. -Uveíte
TOTAL 
Uveítes 
% 
Oligoarticular 
58 
24 
41% 
Poliarticular FR negat. 
25 
2 
8% 
Poliarticular FR posit. 
4 
- 
- 
Sistémica 
16 
1* 
6% 
Espondiloartropatias 
13 
1 
8% 
Psoriática 
4 
2 
50% 
Não classificável 
7 
1 
14% 
TOTAL 
127 
31 
24% 
Uveíte nas AIJs (HPC): (duração >5 anos) 
* 1 vitrite 
AIJs avaliadas: 312
Uveítes agudas 
Espondiloartropatias 
Incidência: ++ 
♂♂♂♂♂♂:♀ 
Sintomas / sinais evidentes 
> 8 anos 
HLA.B27 +++ (80%) 
Boa resposta tratamento 
Não evolução crónica 
História familiar ++ (=) 
Uveítes crónicas 
AIJ oligo/ Psoríatica 
Incidência: ++++ 
♀♀♀♀:♂♂ 
Ausência sintomas / sinais 
+++ < 5 anos 
ANA positivos 
Má resposta tratamento 
Cronicidade +++ 
História familiar ausente 
UVEÍTEs nas AIJs
UVEÍTEs nas AIJs 
Uveítes crónicasUveítes agudas
Demora entre Artrite e 1ªUveíte (127 AIJs duração >5 A) 
58AIJ Oligoarticulares 24 uveítes (41%) 
69Outras AIJs 7 Uveítes (10%) 
3 /31 (10%) uveíte precedeu artrite. + 3 /31 (10%) artrite desvalorizada até à ocorrência de uveíte. 8 / 24 (33%) em 3 (10%) a uveíte precedeu a artrite: 0,4; 5; 9 mesesInício da ARTRITE 
2 / 7 (29%) 
Idade 
(anos)
Exame Objectivo e Exames ComplementaresEm reumatologia a tecnologia não substitui o convencional. 
CONCLUSÕES:
CONCLUSÕES:
•O crescimento não faz doer 
•As “dores de crescimento” são um nome ambíguo que inclui: 
-Dores idiopáticas (noturnas ou não) 
-Osteocondroses (relacionadas com o crescimento) 
•As dores de crescimento têm manifestações clínicas muito características 
•RX osteocondroses sem clínica não tem valor clínico 
CONCLUSÕES:
CONCLUSÕES 
•A doença soro-like é uma complicação muito frequente do uso indescriminado de antibiótico 
•A artralgia na criança com reumatismo é bem tolerada ao invés das infeções e dos reumatismos agudos 
•As Artrite idiopáticas juvenis são o reumatismo crónico mais frequentes, sendo uveíte crónica a principal complicação extra-articular
CONCLUSÕES 
•Os critérios de exclusão das dores de crescimento poderão ser um instrumento de selecção nos doentes a investigar e/ou a a referenciar.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

As doenças reumáticas e seu impacto na saúde
As doenças reumáticas e seu impacto na saúdeAs doenças reumáticas e seu impacto na saúde
As doenças reumáticas e seu impacto na saúdepauloalambert
 
Doença reumatóide
Doença reumatóide Doença reumatóide
Doença reumatóide pauloalambert
 
Doença Mista do Tecido Conjuntivo
Doença Mista do Tecido ConjuntivoDoença Mista do Tecido Conjuntivo
Doença Mista do Tecido ConjuntivoPaulo Alambert
 
Espondiloartrite 2020
Espondiloartrite 2020Espondiloartrite 2020
Espondiloartrite 2020pauloalambert
 
Doença reumatóide
Doença reumatóide Doença reumatóide
Doença reumatóide pauloalambert
 
Doença reumatóide 1
Doença reumatóide 1Doença reumatóide 1
Doença reumatóide 1pauloalambert
 
Monoartrite à esclarecer rc
Monoartrite à esclarecer rcMonoartrite à esclarecer rc
Monoartrite à esclarecer rcpauloalambert
 
Diagnósticos Diferenciais das monoartrites
Diagnósticos Diferenciais das monoartritesDiagnósticos Diferenciais das monoartrites
Diagnósticos Diferenciais das monoartritesPaulo Alambert
 
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.Paulo Alambert
 
Diagnóstico diferencial das monoartrites
Diagnóstico diferencial das monoartritesDiagnóstico diferencial das monoartrites
Diagnóstico diferencial das monoartritespauloalambert
 
Espondiloartrites 2015
Espondiloartrites 2015Espondiloartrites 2015
Espondiloartrites 2015pauloalambert
 
Pé DiabéTico FormaçãO
Pé DiabéTico FormaçãOPé DiabéTico FormaçãO
Pé DiabéTico FormaçãOManuel Parreira
 
Diagnóstico Diferencial das Poliartrites
Diagnóstico Diferencial das PoliartritesDiagnóstico Diferencial das Poliartrites
Diagnóstico Diferencial das Poliartritespauloalambert
 
Artropatias microcristalinas
Artropatias microcristalinas Artropatias microcristalinas
Artropatias microcristalinas pauloalambert
 

Mais procurados (18)

As doenças reumáticas e seu impacto na saúde
As doenças reumáticas e seu impacto na saúdeAs doenças reumáticas e seu impacto na saúde
As doenças reumáticas e seu impacto na saúde
 
Doença reumatóide
Doença reumatóide Doença reumatóide
Doença reumatóide
 
Relato de caso oa
Relato de caso oaRelato de caso oa
Relato de caso oa
 
Doença Mista do Tecido Conjuntivo
Doença Mista do Tecido ConjuntivoDoença Mista do Tecido Conjuntivo
Doença Mista do Tecido Conjuntivo
 
Espondiloartrite 2020
Espondiloartrite 2020Espondiloartrite 2020
Espondiloartrite 2020
 
Doença reumatóide
Doença reumatóide Doença reumatóide
Doença reumatóide
 
Doença reumatóide 1
Doença reumatóide 1Doença reumatóide 1
Doença reumatóide 1
 
Doença reumatóide
Doença reumatóideDoença reumatóide
Doença reumatóide
 
Monoartrite à esclarecer rc
Monoartrite à esclarecer rcMonoartrite à esclarecer rc
Monoartrite à esclarecer rc
 
ESPONDILOARTRITES
ESPONDILOARTRITESESPONDILOARTRITES
ESPONDILOARTRITES
 
Diagnósticos Diferenciais das monoartrites
Diagnósticos Diferenciais das monoartritesDiagnósticos Diferenciais das monoartrites
Diagnósticos Diferenciais das monoartrites
 
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
 
Diagnóstico diferencial das monoartrites
Diagnóstico diferencial das monoartritesDiagnóstico diferencial das monoartrites
Diagnóstico diferencial das monoartrites
 
Espondiloartrites 2015
Espondiloartrites 2015Espondiloartrites 2015
Espondiloartrites 2015
 
Pé DiabéTico FormaçãO
Pé DiabéTico FormaçãOPé DiabéTico FormaçãO
Pé DiabéTico FormaçãO
 
Diagnóstico Diferencial das Poliartrites
Diagnóstico Diferencial das PoliartritesDiagnóstico Diferencial das Poliartrites
Diagnóstico Diferencial das Poliartrites
 
Artropatias microcristalinas
Artropatias microcristalinas Artropatias microcristalinas
Artropatias microcristalinas
 
Espondiloartrites
EspondiloartritesEspondiloartrites
Espondiloartrites
 

Semelhante a Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica 16.10.14

Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica
Diagnósticos frequentes reumatologia pediátricaDiagnósticos frequentes reumatologia pediátrica
Diagnósticos frequentes reumatologia pediátricasalgadokk
 
Tromboembolismo Pulmonar
Tromboembolismo PulmonarTromboembolismo Pulmonar
Tromboembolismo PulmonarFlávia Salame
 
Instabilidade do Joelho no Esporte Adaptado
Instabilidade do Joelho no Esporte AdaptadoInstabilidade do Joelho no Esporte Adaptado
Instabilidade do Joelho no Esporte AdaptadoDavid Sadigursky
 
Osgood – schlatter e condromalácia patelar
Osgood – schlatter e condromalácia patelarOsgood – schlatter e condromalácia patelar
Osgood – schlatter e condromalácia patelarnikkisilva
 
Dor recorrente em membros na infância
Dor recorrente em membros na infânciaDor recorrente em membros na infância
Dor recorrente em membros na infânciablogped1
 
Espondilodiscite infecciosa - Neurocirurgia / Discitis / Osteomielite coluna ...
Espondilodiscite infecciosa - Neurocirurgia / Discitis / Osteomielite coluna ...Espondilodiscite infecciosa - Neurocirurgia / Discitis / Osteomielite coluna ...
Espondilodiscite infecciosa - Neurocirurgia / Discitis / Osteomielite coluna ...Erion Junior de Andrade
 
Em Tempos De Dengue II
Em Tempos De Dengue IIEm Tempos De Dengue II
Em Tempos De Dengue IImarioaugusto
 

Semelhante a Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica 16.10.14 (20)

Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica
Diagnósticos frequentes reumatologia pediátricaDiagnósticos frequentes reumatologia pediátrica
Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica
 
Infecções Osteoarticulares
Infecções OsteoarticularesInfecções Osteoarticulares
Infecções Osteoarticulares
 
Sarcoma de Ewing CONLIGAS MEDICINA UNICID
Sarcoma de Ewing CONLIGAS MEDICINA UNICIDSarcoma de Ewing CONLIGAS MEDICINA UNICID
Sarcoma de Ewing CONLIGAS MEDICINA UNICID
 
Tromboembolismo Pulmonar
Tromboembolismo PulmonarTromboembolismo Pulmonar
Tromboembolismo Pulmonar
 
Instabilidade do Joelho no Esporte Adaptado
Instabilidade do Joelho no Esporte AdaptadoInstabilidade do Joelho no Esporte Adaptado
Instabilidade do Joelho no Esporte Adaptado
 
Aula 6: Dra. Érica Boldrini (Oncologista Pediátrica)
 Aula 6: Dra. Érica Boldrini (Oncologista Pediátrica)  Aula 6: Dra. Érica Boldrini (Oncologista Pediátrica)
Aula 6: Dra. Érica Boldrini (Oncologista Pediátrica)
 
Apresentação1.pptx
Apresentação1.pptxApresentação1.pptx
Apresentação1.pptx
 
Apresentacao junho
Apresentacao junhoApresentacao junho
Apresentacao junho
 
Osgood – schlatter e condromalácia patelar
Osgood – schlatter e condromalácia patelarOsgood – schlatter e condromalácia patelar
Osgood – schlatter e condromalácia patelar
 
Dor recorrente em membros na infância
Dor recorrente em membros na infânciaDor recorrente em membros na infância
Dor recorrente em membros na infância
 
Infecções da coluna vertebral
Infecções da coluna vertebralInfecções da coluna vertebral
Infecções da coluna vertebral
 
Tocotraumatismo
TocotraumatismoTocotraumatismo
Tocotraumatismo
 
Osteoartrose
Osteoartrose Osteoartrose
Osteoartrose
 
Caso clínico
Caso clínicoCaso clínico
Caso clínico
 
Modulo 09
Modulo 09Modulo 09
Modulo 09
 
Espondilodiscite infecciosa - Neurocirurgia / Discitis / Osteomielite coluna ...
Espondilodiscite infecciosa - Neurocirurgia / Discitis / Osteomielite coluna ...Espondilodiscite infecciosa - Neurocirurgia / Discitis / Osteomielite coluna ...
Espondilodiscite infecciosa - Neurocirurgia / Discitis / Osteomielite coluna ...
 
Modulo 18
Modulo 18Modulo 18
Modulo 18
 
Doença de Paget
Doença de PagetDoença de Paget
Doença de Paget
 
Em Tempos De Dengue II
Em Tempos De Dengue IIEm Tempos De Dengue II
Em Tempos De Dengue II
 
Em Tempos De Dengue
Em Tempos De DengueEm Tempos De Dengue
Em Tempos De Dengue
 

Mais de salgadokk

Critérios de exclusão de crianças das creches
Critérios de exclusão de crianças das crechesCritérios de exclusão de crianças das creches
Critérios de exclusão de crianças das crechessalgadokk
 
Parecer jurídico junho 2012
Parecer jurídico junho 2012Parecer jurídico junho 2012
Parecer jurídico junho 2012salgadokk
 
Indicações para exclusão de crianças com doenças infetocontagiosas das c...
Indicações para exclusão de crianças com doenças infetocontagiosas das c...Indicações para exclusão de crianças com doenças infetocontagiosas das c...
Indicações para exclusão de crianças com doenças infetocontagiosas das c...salgadokk
 
Decreto lei 95 criticas 22.05.15
Decreto lei 95 criticas 22.05.15Decreto lei 95 criticas 22.05.15
Decreto lei 95 criticas 22.05.15salgadokk
 
Infeções em creche e infantário 23.05.15
Infeções em creche e infantário 23.05.15Infeções em creche e infantário 23.05.15
Infeções em creche e infantário 23.05.15salgadokk
 
Espasmos do choro na criança em idade pre-escolar
Espasmos do choro na criança em idade pre-escolarEspasmos do choro na criança em idade pre-escolar
Espasmos do choro na criança em idade pre-escolarsalgadokk
 
Coalescencia dos pequenos lábios na menina
Coalescencia dos pequenos lábios na meninaCoalescencia dos pequenos lábios na menina
Coalescencia dos pequenos lábios na meninasalgadokk
 
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)Critérios de alerta na criança com febre (CAF)
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)salgadokk
 
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)Critérios de alerta na criança com febre (CAF)
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)salgadokk
 
Doença aguda na escola
Doença aguda na escolaDoença aguda na escola
Doença aguda na escolasalgadokk
 
Evicção escolar e de infantarios - A lei
Evicção escolar e de infantarios - A leiEvicção escolar e de infantarios - A lei
Evicção escolar e de infantarios - A leisalgadokk
 
Convulsões febris
Convulsões febrisConvulsões febris
Convulsões febrissalgadokk
 
Formas de contágios de doenças infeciosas
Formas de contágios de doenças infeciosasFormas de contágios de doenças infeciosas
Formas de contágios de doenças infeciosassalgadokk
 
Critérios de exclusão de crianças dos infantários por doenças infeciosas
Critérios de exclusão de crianças dos infantários por doenças infeciosasCritérios de exclusão de crianças dos infantários por doenças infeciosas
Critérios de exclusão de crianças dos infantários por doenças infeciosassalgadokk
 
Sindroma de ulisses
Sindroma de ulissesSindroma de ulisses
Sindroma de ulissessalgadokk
 

Mais de salgadokk (16)

Critérios de exclusão de crianças das creches
Critérios de exclusão de crianças das crechesCritérios de exclusão de crianças das creches
Critérios de exclusão de crianças das creches
 
Parecer jurídico junho 2012
Parecer jurídico junho 2012Parecer jurídico junho 2012
Parecer jurídico junho 2012
 
Indicações para exclusão de crianças com doenças infetocontagiosas das c...
Indicações para exclusão de crianças com doenças infetocontagiosas das c...Indicações para exclusão de crianças com doenças infetocontagiosas das c...
Indicações para exclusão de crianças com doenças infetocontagiosas das c...
 
Decreto lei 95 criticas 22.05.15
Decreto lei 95 criticas 22.05.15Decreto lei 95 criticas 22.05.15
Decreto lei 95 criticas 22.05.15
 
Infeções em creche e infantário 23.05.15
Infeções em creche e infantário 23.05.15Infeções em creche e infantário 23.05.15
Infeções em creche e infantário 23.05.15
 
Espasmos do choro na criança em idade pre-escolar
Espasmos do choro na criança em idade pre-escolarEspasmos do choro na criança em idade pre-escolar
Espasmos do choro na criança em idade pre-escolar
 
Parasitoses
ParasitosesParasitoses
Parasitoses
 
Coalescencia dos pequenos lábios na menina
Coalescencia dos pequenos lábios na meninaCoalescencia dos pequenos lábios na menina
Coalescencia dos pequenos lábios na menina
 
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)Critérios de alerta na criança com febre (CAF)
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)
 
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)Critérios de alerta na criança com febre (CAF)
Critérios de alerta na criança com febre (CAF)
 
Doença aguda na escola
Doença aguda na escolaDoença aguda na escola
Doença aguda na escola
 
Evicção escolar e de infantarios - A lei
Evicção escolar e de infantarios - A leiEvicção escolar e de infantarios - A lei
Evicção escolar e de infantarios - A lei
 
Convulsões febris
Convulsões febrisConvulsões febris
Convulsões febris
 
Formas de contágios de doenças infeciosas
Formas de contágios de doenças infeciosasFormas de contágios de doenças infeciosas
Formas de contágios de doenças infeciosas
 
Critérios de exclusão de crianças dos infantários por doenças infeciosas
Critérios de exclusão de crianças dos infantários por doenças infeciosasCritérios de exclusão de crianças dos infantários por doenças infeciosas
Critérios de exclusão de crianças dos infantários por doenças infeciosas
 
Sindroma de ulisses
Sindroma de ulissesSindroma de ulisses
Sindroma de ulisses
 

Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica 16.10.14

  • 1. XXXV Curso de Reumatologia dos CHUC “Ciência na Prática” Coimbra, 16 e 17 Outubro de 2014 Manuel Salgado Unidade de Reumatologia Pediátrica Hospital Pediátrico de Coimbra, CHUC Diagnósticos Frequentes em Reumatologia Pediátrica
  • 2. “Rheumatologyremains one of the few medical specialities where the storyand examination are the most important aspects in establishing a differential diagnosis”.(1) Foster HE. Cabral DA. Is musculoskeletal history and examination so different in paediatrics? Best Pract Res Clin Rheumatol 2006;20(2):241-62. Desafiante…
  • 3. •Ausência de formação pré e pós graduada no aparelho musculoesquelético . •A revisão da história clínica (anamnese e exame físico) de 257 internamentos de crianças mostrou: > 90% da observação (e dos registos) dos aparelhos respiratórios e cardíaco apenas 4% de registos sobreo aparelho musculoesquelético. Meyers A et al. More “cries from joints”: assessment of the musculoskeletal system is poorly documented in routine paediatric clerking. Rheumatology 2004;43:1045-9 More “cries from joints” UK
  • 4.
  • 5. Todo o diagnóstico se baseia na clínica… isto é na SEMIOLOGIA. A SEMIOLOGIA é a interpretação do PORMENOR. Não existe nenhuma associação de exames complementares que informem mais do que uma anamnese cuidadosacomplementada com uma observação minuciosa.
  • 6. Arnold Capute“Erra-se mais por não observar do que por não saber”. “Quem não sabe o que procura, não entende o que encontra”. Claude Bernard
  • 7. Doresmusculoesqueléticas e/ou claudicaçãoem Ambulatório Total MMEc % Crianças 4.292 396 9,2% Consultas 11.052 487 4,4% Salgado M. Consulta privadainformatizada FileMaker ≈ 20 anos, Outubro 2014 Idades >12 meses –17 anos
  • 8. MME Ambulatório: “Os 10 mais” Doenças Nº %* Dorescrescimento 83 1,9 Dores membros inf., cronicas / recor 68 1,6 Artralgiasrecorrentes 39 0,9 “Reumatismos” agudos 36 0,9 Osteocondrites / Osteocondroses 22 0,5 Infeções agudas graves / “severas” 17 0,4 Titulites (TASO 15; RA teste 1) 16 0,4 Pronaçãodolosa 16 0,4 Doençasoro 12 0,3 “Reumatimos” crónicos 11 0,3* 332 = 7,7% das crianças (84%)Salgado M. 2014
  • 9. “DORES de CRESCIMENTO” Primeira descrição: Duchamp M. Maladies de la Croissance. In: Levrault FG,ed. Mémoires de Médicine Practique. Paris. Jean-Frederic Lobstein, 1832
  • 11. DC: Localização •80-90 % exclusiva/. membros inferiores •Face anterior coxas, face anterior e posterior das pernas, joelhos (cavado poplíteo, zonas periarticulares), dorso pés. •Mais raro: m. superiores •Nunca articulares (exceto joelho, ...) •Localização imprecisa: não aponta, antes desliza a palma da mão ao longo da coxa, perna, joelho,.. •BILATERAIS
  • 12. DC: Horário e Periodicidade: •Vespertinas e/ou nocturnas •25% exclusivamente noturnas –primeira metade da noite (++ no 1º 1/3) –só uma vez por noite •Duração: < 30 minutos (excecional até 2 H) •Raramente ocorrem durante o dia •NUNCApela matinaisDas rarassituações clínicas não orgânicascom dor noturna
  • 13. DC: Outras Características: •Localização imprecisa são ”profundas” •Intermitentes-intervalos livres variáveis •Mimetismo: horário, localização, padrão •Ausênciade outras manifestações: •Øsinais sistémicos •Øpontos dolorosos •EO sempre normal (crise e intervalos) •Marcha normal •Crescimento normal •Melhoria com massagem / calor local
  • 14. DC: Diagnóstico •Manifestações clínicas características: •Intermitência, bilaterais, horário, duração crises, localização, mimetismo das crises, Ø desencadeantes, Ø clínica associada, exame objetivo sempre normal, •NÃO é um diagnóstico de exclusão •Exames complementares são dispensáveis •Critérios de Exclusão bastará >1 (um)
  • 15. Salgado M, Estanqueiro P. “Dores decrescimento. Saúde Infantil 2007;29(2):83-6 DC: 11 Critérios Exclusão
  • 16. Salgado M, Estanqueiro P. “Dores decrescimento. Saúde Infantil 2007;29(2):83-6DC: 11 Critérios Exclusão
  • 17.
  • 18. Am Fam Physician. 2011;83(3):285-291. Osteochondrosis: Common Causes of Pain in Growing Bones 22 osteocondrites(0,5% população) 2 Legg-Perthes2 van Neck 8 Larsen3 Osgood-Schlatter7 Sever
  • 20. Caso Clínico •MC: Dores no Joelho direito (5 anos + 8 meses) •DA: •Dor + claudicação intermitente do MID desde 2A •5A -dor à mobilização” do joelho direito+ claudicação matinal breve •VS (22), hemograma N, TASO < 200 •RX joelho D –“discreta irregularidade do contorno do núcleo epifisário distal do fémur, …”
  • 21. Sinal Galeazzi positivo à direita Amiotrofia músculos coxa e perna direitas Caso Clínico
  • 22. 4324.935A + 8M27.10.95 O nervo obturador passa junto da cápsula articular da anca, e tem expressão cutânea a nível do joelho.
  • 23. REGRA BÁSICA Perante uma dor referida a um determinada local dum membro, deve-se examinar também cuidadosamente: •Articulações acima e abaixo do local da dor •Segmentos compreendidosentre “articulação acima” e a “articulação abaixo”.
  • 24. Joelho: POSTURA ANTÁLGICAPosição antálgica:FABRe: •Flexão Abdução e Rotação externa Artrite séptica JE
  • 25. Manobras de Exploração da Anca Limitação movimentos (+ a rotação interna): Artrite anca esquerda“Log-roll test”
  • 26. Manobras de Exploração da Anca: ROTAÇÃO INTERNA Posição antálgica: Flexão, Abdução e Rotação Externa
  • 27. Fausto, 13 A -dor relacionado com esforço -pontos dolorosos -arrancamento parcial da tuberosidade proximal da tíbiana inserção do tendão-formação óssea na inserção do tendão tumoraçãoOsgood-Schlatter
  • 28. 94010353 , 13 AOsgood-Schlatter
  • 30. Doença “Soro-like”2 dias apóssuspender cefaclor(D.11) Idade: 26 mesesDéborarash + febre elevada + poliartrite + rash sobre as articulaçõesMais comum doD7 –D11de fármaco
  • 31. D9cefaclor (re-exposição): -exantema polimorfo / multiforme -exantema sobre articulações -poliartrite migratória -impotência funcional -febre 40 ºC Doença Soro-Likeartrite
  • 32. Infeciosas (17) Doenças Nº Osteomielite 4 Artriteseptica 4 Celulite membros 4 Miositevírica 2 Piomiosite 1 Bursite 2 Salgado M. 2014
  • 33. “Erythema of the skin overlying a swollen joint is unusual in JIA and suggest an alternative diagnosis such as acute rheumatic fever or septic arthritis”. 1 1. Davies K, Coperman A. The spectrum of paediatric and adolescent rheumatology. Best Pract Res Clin Rheumatol 2006;20(2):179-200. Presença de RuborPoliartrite sépticaArtrite (cotovelo) + artrite calcâneo
  • 34. •Febre + artrite (“tibiotársica d.ta“ e cotovelo esq.) •Artrite com padrão aditivo, com dor muito intensa, calor ++ e rubor ++ “Reumatológico”. •Hemocultura D3: Streptococcus pyogenesCaso clínico “Osteoartrite” Multifocal: Reumatológico ou Infeccioso? 98003119, 10 anos
  • 35. Caso de artrite séptica por Kingella Kingae29.09.201016 meses DOR Impotência funcional Dor despertada pelo exame object. articulação Choro / queixume Intensa Incapaz de utilizar a articulação Com qualquer movimento Sim •Surtos em infantários 3 •O segundo gérmen mais comum de osteomielite/artrite em < 3 anos idade 3 •Febre em 50% casos de osteomielite atraso 3 •Característico: -Infecção respiratória prévia -VS ligeiramente ↑↑ -PCR normal3 3. Kuhls TL. Kingella species. In: Feijin & Cherry Textbook of Pediatric Infectious Diseases. 2009:1773-7.
  • 36. 93003256 •♂, 27 M •MC: Anca dolorosa esquerda D7 •DA: Claudicação + dor espontânea + mobilização •Apirético. •AP e AF: irrelevantes •EO: –Recusava a carga –Anca em posição flexão, abdução rotação externa (FAbRe) JPBFCaso clínico
  • 37. JPBF93003256 ▲“Sinovite transitória” anca esquerda-Ecografia: derrame articular-RX bacia / ancas: “normal” Leuco: 6.200 5.400 6.780
  • 38. 16.06.93 93003256 ♂, 27 mesesJPBFD15D15D2D4OSTEOMIELITE metáfises: •Manifestações radiológicas (ósseas): surgem > 7 –10 dias depois início infecção •manifestações líticas surgem após 2 a 6 semanas •manifestação mais precoce: perda da estrutura trabecular Artrotomia: osteomielite séptica complicada de artrite Líquido: muitos leucócitos; cultura negativa (flucloxacilina)
  • 39. Reumatismos (47) Doenças Nº Sinovite transitória anca 17 Artrite reactiva 11 PurpuraSchoenlein-Henoch 6 RAA + ARepós-Streptpyog 2 ArtritesIdiopática Juvenis 10 LES 1 Salgado M. 2014
  • 40. Current Orthopaedics 2004;18:284-290“The irritable hip in childhood”
  • 41. SinoviteTrnsitóriada Anca •Causa + freq. de dor na anca na criança •Idades: 18 mese-13 anos; pico 4-7 anos •Sexo: ♂> ♀= 2 : 1 •Etiologia ? •Comum: prévio CRS 2 semanas antes (30%) Excessivamente diagnosticada
  • 42. SinoviteTransitória-Clínica* Mais para exclusão de outras patologias •Deita-se bem … •Ao acordar -dor, claudicação; por vezes recusa em caminhar e a apoiar MI afectado •Dor pode irradiar para coxa ou joelho •Posição antálgica(FAbRe) •Febre baixa por vezes •VS / Leucócitos: normal ou ligeiramente •Ecografiaanca: derrame articular (70%) •RX bacia / anca: normal ou alargamento interlinha*
  • 43. SinoviteTransitória (cont.) •Bilateral: < 4% •Duração: desde 4 a 5 dias a 1 a 2 semanas •Recorrência: 4 -17%(+++ primeiros 6 meses) se bilateral … Deve-se questionar diagnóstico !!!
  • 44. SinoviteTransitória (cont.) •Diagnóstico diferencial: –Artrite séptica–sem febre ou febre baixa –Osteomielite–sem febre !!! –Brucelose –Legg-Perthes, etc... –se recorrente ou prolongada –RAA / FR / ARepós estreptocócica –AIJ oligoarticular 2% das SinovitesTransitórias Anca
  • 45. Prevalência1: 1.000 crianças tem “reumatismo” 6 vezes mais frequente que o síndroma nefrótico
  • 46. CASUÍSTICAS 12.939 1 3.269 2 2.460 3 •Artrites Idiopáticas Juv. 28,1 21,0 18,1 •Conectivites 12,4 8,5 13,6 •Outras d. reumáticas = 1,3 3,1 •Acrossíndromes 2,2 0,5 3,7 •S. Auto-inflamatórios ? ? 1,9 •Dores / artrite sem causa 6,2 26,1 11,6 •Dores crescimento 1,9 0,2 3,2 •Fibromialgia 2,0 1,1 1,3 •Algoneurodistrofia(DRCT1) 1,9 0,3 3,5 •Mecânicas / Ortopédicas 8,7 10,6 3,3 •Infecciosas 3,6 7,0 3,3 •Displasias esqueléticas 0,08 0,1 0,4 •Doenças metabólicas 0,01 0,03 0,04 •Doenças malignas 0,3 0,8 1,2 •Imunodeficiências ? ? 0,5 •Iatrogenia (D. soro-like+++) 0,8 0,2 2,7 •Miscelânea 32 ≈24 18,83. HPC 42,7% 31,3% 40,4% 0,2% 3 1. J Rheumatol1996;23:1968-73 2. J Rheumatol2005;32.1992-2001Resultados em %3. Rev Bras Reumatol 2007;47:418-23.
  • 47. CASUÍSTICAS 12.939 1 3.269 2 2.460 3 •AIJ 28,1 21,0 18,1 •LES 1,8 1,0 2,3 •LES Neonatal 0,8 0,2 0,3 •DMJ 1,3 0,6 0,9 •S. Sjögren 0,8 0 0,4 •DMTC (..%) + DITC (..%) 0,4 0,06 0,2 •Behçet 0,1 0,06 1,0 •Vasculites graves 0,2 0,2 0,4 •Artrites Reactivas ? ? 2,9 •F. reumática / ARe Str py 2,1 0,9 1,8 •Esclerodermias 0,8 0,7 0,7 •Sind. Auto-inflamatórios ... … 1,93. HPC 42,7% 31,3% 40,4% 1. J Rheumatol1996;23:1968-732. J Rheumatol2005;32.1992-2001Resultados em %
  • 49. AIJ Poliarticular 02002061 Nov. 2005 ♂, 7 anos (início 3,5 A) AIJ Poli FR negativo
  • 51. ARTRITES IDIOPÁTICAS JUVENIS •Início < 16 anos = “juvenil” •Idiopáticas –não se sabe a causa •AIJs (plural) –associa grupo heterogéneo
  • 53. Subtipos AIJ (ILAR*, 1997): UK 1 2000 Ger2 2000 Fra. 32000 Spñ42001 HPC 2014 Sistémica 15 17 17 14 9 Oligoarticular 44 27 35 38 52 Poliarticular FR neg. 20 26 15 22 19 Poliarticular FR pos. 5 3 2 2 2,2 Artrite com entesite 7 6 7 7 12 Artrite Psoriática 8 5 4 2 5 Indiferenciada 2 16 20 15 2 DOENTES (nº) 572 172 194 125 448 em % 1. Thomas E et al. Subtyping of juvenile idiopathic arthritis using latent class analysis. Arthritis Rheum 2000;43:1496-503 2. Krumrey-Langkammerer M et. al. Evaluation of the ILAR criteria for juvenile idiopathic arthritis. J Rheumatol 2001;28:2544-7 3. Hofer M, et al. Juvenile idiopathic arthritis evaluated prospectively in a single center according to the Durban criteria.J Rheumatol 2001;28:1083-90 4. Merino R, et J. Evaluation of ILAR classification criteria for juvenile idiopathic arthritis in Spanish children. J Rheumatol2001;28:2731-6
  • 54. Dor na Artrites IdiopáticasJuvenis
  • 55. 10024474 AIJ oligoarticular “… ≈ 25% das crianças com AIJ oligoarticular NÃO têm dores ou comportam-se como não tendo dores, observando-se apenas a tumefacção articular” (1). AIJ: AUSÊNCIA / DOR LIGEIRA
  • 56. “… ≈ 25% das crianças com AIJ oligoarticular NÃO têm dores ou comportam-se como não tendo dores, observando-se apenas a tumefacção articular” (1). AIJ: AUSÊNCIA / DOR LIGEIRA1. Woo P, Laxer RM, Sherry DD. Pediatric Rheumatology in Clinical PracticeLondon, Springer-Verlag 2007: pg 25+++ Tumefacção e rigidez articular com padrão inflamatórioAIJpsoriática
  • 57. 2 meses depois de Hexacetonido triamcinolona. intra-articular JD + JEFlexo articular e/ou rigidez articular mantidas AIJ Oligoarticular (52%) Dor + 04005835 03004020Dor +
  • 58. abertura da boca 1,5 dedos da própria doente (≈ 3 cm) Martini G et al. Isolated temporomandibular synovitis as unique presentation of juvenile idiopathic arthritis. J Rheumatol 2001;28:1689-92. Normal (3 dedos) Qualquer articulação a Inaugural
  • 59. 0300484201.07.200303004842 ♂, 4 A01.07.2003Febre D13 + rigidez nuca com LCR normal + peritonite + 2 episódios de rash morbiliforme transitórioEnvolvimento inaugural e único da coluna cervical (vários meses) •5 das 448 AIJ (≈1%) •AIJ sistémica –1 •AIJ oligoarticular (> 6 meses) –4 (3 oligoestendida) 2ª manif. -Uveíte
  • 60. TOTAL Uveítes % Oligoarticular 58 24 41% Poliarticular FR negat. 25 2 8% Poliarticular FR posit. 4 - - Sistémica 16 1* 6% Espondiloartropatias 13 1 8% Psoriática 4 2 50% Não classificável 7 1 14% TOTAL 127 31 24% Uveíte nas AIJs (HPC): (duração >5 anos) * 1 vitrite AIJs avaliadas: 312
  • 61. Uveítes agudas Espondiloartropatias Incidência: ++ ♂♂♂♂♂♂:♀ Sintomas / sinais evidentes > 8 anos HLA.B27 +++ (80%) Boa resposta tratamento Não evolução crónica História familiar ++ (=) Uveítes crónicas AIJ oligo/ Psoríatica Incidência: ++++ ♀♀♀♀:♂♂ Ausência sintomas / sinais +++ < 5 anos ANA positivos Má resposta tratamento Cronicidade +++ História familiar ausente UVEÍTEs nas AIJs
  • 62. UVEÍTEs nas AIJs Uveítes crónicasUveítes agudas
  • 63. Demora entre Artrite e 1ªUveíte (127 AIJs duração >5 A) 58AIJ Oligoarticulares 24 uveítes (41%) 69Outras AIJs 7 Uveítes (10%) 3 /31 (10%) uveíte precedeu artrite. + 3 /31 (10%) artrite desvalorizada até à ocorrência de uveíte. 8 / 24 (33%) em 3 (10%) a uveíte precedeu a artrite: 0,4; 5; 9 mesesInício da ARTRITE 2 / 7 (29%) Idade (anos)
  • 64. Exame Objectivo e Exames ComplementaresEm reumatologia a tecnologia não substitui o convencional. CONCLUSÕES:
  • 66. •O crescimento não faz doer •As “dores de crescimento” são um nome ambíguo que inclui: -Dores idiopáticas (noturnas ou não) -Osteocondroses (relacionadas com o crescimento) •As dores de crescimento têm manifestações clínicas muito características •RX osteocondroses sem clínica não tem valor clínico CONCLUSÕES:
  • 67. CONCLUSÕES •A doença soro-like é uma complicação muito frequente do uso indescriminado de antibiótico •A artralgia na criança com reumatismo é bem tolerada ao invés das infeções e dos reumatismos agudos •As Artrite idiopáticas juvenis são o reumatismo crónico mais frequentes, sendo uveíte crónica a principal complicação extra-articular
  • 68. CONCLUSÕES •Os critérios de exclusão das dores de crescimento poderão ser um instrumento de selecção nos doentes a investigar e/ou a a referenciar.