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A Interpretação dos Sonhos




Vitória, agosto/2003
A Interpretação dos Sonhos


 Qual a inserção da “Interpretação
dos Sonhos” na Teoria Psicanalítica?
Temas Psicodinâmicos Básicos da
    Teoria Psicanalítica
   Explicação das Neuroses        Psicodinâmica


   Explicação dos Processos Oníricos         Interpretação
                                             dos dos Sonhos

   Explicação do Desenvolvimento            Teoria da Libido
     Psicossexual

   Explicação da Estrutura Adaptativa do Eu e
     das Relações Objetais     O Eu, a Identidade e os Objetos


   Desenvolvimento e Capacidades do Ego
Os Três Eixos Teóricos do
    Pensamento Clínico de Freud
   Teoria das Representações:
      Acesso à semiologia mental: o cenário


   Teoria do Conflito Mental:
      Possibilita a investigação dos processos etiopatogênicos


   Teoria das Transformações Psíquicas:
      Fornece a estratégia terapêutica


                Eksterman, A. (1989) A Presença de Freud, Imago, R.J.
A Interpretação dos Sonhos

“A Interpretação dos Sonhos é a via real que

 leva ao conhecimento das atividades
 inconscientes da mente”
               (Freud, S. Obras Completas, vol V, cap.VII)



“Flectere si nequeo superos, acheronta
 movebo”
                       (Virgílio, A Eneida)
A Interpretação dos Sonhos
   Começou a ser escrito em 1895. Publicado em 1899 com a
      data de 1900: “a novidade digna de um novo século.”
   Wilhelm Fliess
   Jean Martin Charcot (1825 -1919)
   Escola de Nancy
   Theophrastus Bombastus von Hohenheim (Paracelso, 1493-1541)
    e Franz Anton Mesmer (1734-1815)
   James Braid (1795-1860) e Bertrand (1730-1840).
   Josef François-Felix Babinsky (1857-1932)
   Pierre Marie-Felix Janet (1859-1947) e Josef Breuer (1842-1925)
A Interpretação dos Sonhos
1º Capítulo: Revisão da Literatura Científica

2º Capítulo: O Método de Interpretar Sonhos: Sonho modelo
3º Capítulo: A Realização de Desejos: tese central

4º Capítulo: A Deformação Onírica: conteúdo latente e manifesto
5º Capítulo: Material e Fonte dos Sonhos: restos diurnos, material infantil
                                                      e somático
6º Capítulo: Elaboração Onírica: o trabalho do sonho: latentemanifesto

7º Capítulo: A Psicologia dos Processos Oníricos
O Método de Interpretar
Sonhos (2° capítulo)
   Interpretar um sonho é:


Dar significado, substituí-lo por algo que se
 ajuste à cadeia dos atos mentais como um
    elo que tenha validade e importância
             igual aos restantes.
Métodos de Interpretar
Sonhos
1- Interpretação Simbólica

2- Interpretação por Decifração

3- Interpretação Científica
Métodos de Interpretar
Sonhos
1- Interpretação Simbólica:

 Considera-se o sonho como um todo e
procura-se substituí-lo por outro conteúdo
intelegível e, em certos aspectos, análogo ao
original (ex: sonho do Faraó).


 Depende da intuição do interpretador. Impossível
de ser ensinada
Métodos de Interpretar
Sonhos
2- Interpretação por Decifração:

 Cada elemento possui um significado
fixo e anteriormente estabelecido e que
leva em conta as características do sonhador
(“Livro dos Sonhos”)
Métodos de Interpretar
Sonhos
3- Interpretação Científica
a) Preparação Psicológica do paciente:
  - Aumentar a atenção que ele dispensa à próprias percepções
    psíquicas;
  - Eliminar a crítica pela qual ele filtra os pensamentos que lhe
    ocorrem;
  - Facilita se ele estiver deitado e com os olhos fechados.

b) O conteúdo do sonho:
  - Não tomar o sonho como um todo, e sim em parcelas isoladas;
  - Pedir associações para cada parcela: “pensamentos de fundo”
  - Justificativa: os sonhos são conglomerados de formações
    psíquicas
Um Sonho Modelo
“Sonho da Injeção de Irma”
Preâmbulo:
 Freud estava tratando uma pessoa amiga e não
 estava satisfeito com o resultado do tratamento;

 Em um encontro, sentiu-se repreendido por um
 amigo em relação ao desfecho do tratamento;

 Preparou uma defesa para seu mentor, amigo
 comum dos dois.
Um grande salão – numerosos convidados,
que estávamos a receber. Entre eles estava Irma.
Imediatamente, levei-a para um lado, como se
para responder a sua carta e repreendê-la por não
haver aceitado ainda minha ‘solução’. Disse-lhe o
seguinte: ‘Se você ainda sente dores, é realmente
por culpa sua.’ Respondeu: ‘Se o sr. pudesse
imaginar que dores tenho agora na garganta, no
estômago e no abdome... Estão me sufocando...’
Fiquei alarmado e olhei para ela. Estava pálida e
inchada. Pensei comigo mesmo que, afinal de
contas, deixara de localizar algum mal orgânico.
Levei-a até a janela e examinei-lhe a garganta,
tendo dado mostras de resistência, como as
mulheres com dentaduras postiças. Pensei comigo
mesmo que realmente não havia necessidade de ela
fazer aquilo. Em seguida abriu a boca como devia e
no lado direito descobri uma grande placa branca;
em outro lugar, localizei extensas crostas cinza-
esbranquiçadas sobre algumas notáveis estruturas
crespas e, evidentemente, estavam modeladas nos
cornetos do nariz.
Imediatamente chamei o Dr. M. e ele repetiu o
exame e confirmou-o... O Dr. M. tinha uma
aparência muito diferente da comum; estava muito
pálido, claudicava e tinha o queixo escanhoado...
Meu amigo Otto estava também agora de pé ao
lado dela, e meu amigo Leopold auscultava-lhe
através do corpete e dizia: ‘Ela tem uma área surda
bem embaixo, à esquerda.’ Também indicou que
uma porção da pele no ombro esquerdo estava
infiltrada. (Notei isso, da mesma forma que ele,
apesar do vestido)...
M. disse: ‘Não há dúvida que é uma infecção, mas não
tem importância; sobreviverá à disenteria e a toxina
será eliminada.’ ... Estávamos diretamente cônscios,
também, da origem da infecção. Não muito antes,
quando ela não estava se sentindo bem, meu amigo
Otto aplicara-lhe uma injeção de um preparado de
propil, propilos... ácido propiônico... Trimetilamina (e
eu via diante de mim a fórmula desse preparado em
grossos caracteres)... Injeções dessa natureza não
devem ser feitas tão impensadamente... E
provavelmente a seringa não devia estar limpa.
A Interpretação do Sonho
         Modelo
   Separar o sonho em suas partes isoladas:
 O salão                            O aspecto do Dr. M.
 A repreensão de Irma: a culpa      A presença dos amigos Otto e Leopold
 As queixas de Irma                 O reparo da pelo do ombro e o vestido
 O aspecto de Irma                  de Irma

 A ansiedade de Freud com sua       A fala diagnóstica do Dr. M. (é uma
 falha                               infecção) e seus elementos

 O novo exame na janela             Otto dá uma injeção

 O que foi encontrado: as placas    Os elementos químicos: propil, propilos,
 e os cornetos                       ácido propiônico, trimetilamina

 A convocação do Dr. M. para        A reprensão pela injeção e pela seringa
 confirmação do exame                estar suja
A Interpretação do Sonho
Modelo
Conclusões Parciais:
 Freud não era o responsável pela persistência das dores
 de Irma, mas sim Otto (vingança pelas críticas feitas em sua visita)
 e sua viuvez (insinuação erótica à injeção dada por Otto)


 Realizou o desejo de ser inocentado pelo sentimento de
 fracasso em várias situações de sua vida (tratamentos, doença
 da mulher, morte da filha, morte de um amigo pela cocaína: elaboração
 de culpas  uma culpa puxa a outra)
A Interpretação do Sonho
Modelo
Conclusões Finais:
 Freud estava se achando mal preparado para
 desempenhar as funções que havia se proposto:
 ser marido, ser pai e ser psicanalista.

 Seu desejo: ser libertado deste sentimento.



 Objetivo terapêutico: desenvolvimento do ego
Um Sonho é a Realização
de um Desejo (3° capítulo)
Tipos de desejos:

 Biológicos: Fome, sede, sexo e sobrevivência (biológica e
                psicológica)




 Sociais e Culturais: Realização pessoal e seus
                       equivalentes compensatórios
                       (fama, prestígio, poder,riqueza)
Um Sonho é a Realização de
um Desejo
Tipos de sonhos:

   Sonhos de Conveniência: os desejos são apresentados
                               como realizados



   Sonhos de Elaboração:      os desejos não são, necessa-
                               riamente, apresentados como
                               realizados

   Sonhos de Angústia:        angústia como sinal
A Deformação dos
Sonhos (4° capítulo)
 Todo sonho é a realização de um desejo,
nos quais o desejo está, geralmente,
disfarçado.
            Manifesto: designa o sonho tal como
Conteúdo:              aparece ao sonhador

            Latente:   conjunto de significados
                       a que chega a análise

Censura Onírica:   é o que transforma os pensamentos oníricos
                   (conteúdo latente) no conteúdo manifesto,
                   acessível à consciência
A Deformação dos
Sonhos
Sonhos de contra-desejos:

 Resistência ao processo terapêutico



 Transformação (defensiva) da atividade em
  passividade


 Realização de desejos masoquistas
A Deformação dos
Sonhos
Conclusão:


Todo sonho é a realização (disfarçada)
de um desejo (suprimido ou reprimido)
A Psicologia dos Processos
Oníricos (7° capítulo)
   Esquecimento dos Sonhos

   Regressão

   Realização de desejos

   A Função dos Sonhos – Sonhos de Angústia

   O Modelo da Mente

   A Fisiologia mental: Os Processos Mentais, Repressão

   As Estruturas mentais: ICs, PCs, Cs.
A Psicologia dos Processos
Oníricos
Características dos Sonhos a serem demonstradas:
   Os sonhos são atos psíquicos de tanta significação quanto
    qualquer outro.

   A força motivadora dos sonhos é um desejo buscando sua
    realização (consciência).

   A aparência incoerente e bizarra é devida à censura onírica,
    à condensação, ao deslocamento, às considerações de
    representabilidade (elaboração onírica) e à necessidade de
    que a estrutura externa (conteúdo manifesto) tenha uma
    aparência de racionalidade (elaboração secundária).

   Todo sonho trata de um problema atual da pessoa, cuja solução
    só pode ser expressa (realizada) no tempo presente
O Esquecimento dos Sonhos
   Escolha do tema:          fenômeno psicológico que carecia de explicação e
                               era usado como um dos motivos para se pensar
                              que os sonhos eram produtos residuais da mente.

   Pontos importantes:
       Há conexão entre a consciência e o inconsciente. O aspecto confuso,
        bizarro e o esquecimento dos sonhos deve-se à deformação imposta
        pela censura.
       A elaboração onírica atende a dois senhores: ao ICS (Id) e à censura
        (ego -sono- e superego).
       Não há nada de insignificante e de arbitrário num sonho.
       Determinismo Psíquico: o sonho é sobredeterminado.
       Intencionalidade do Inconsciente: nada é ao acaso, aleatório.
O Esquecimentos dos
Sonhos
Dicas Técnicas:
   Sonhos difíceis: pedir para repetir. Aquilo que for modificado
                        é importante.
   Dúvida no relato: como o esquecimento, serve aos propósitos
                          da censura onírica.
   Sonhos tidos numa mesma noite: no geral devem ser
                                tratados como um todo único.

   Associações superficiais: são substitutos de associações
                                mais profundas suprimidas(censura)
Regressão
   Definição:
    É um efeito da resistência que se opõe ao avanço de um
    pensamento em direção à consciência e da atração simultânea
    que sobre ele é exercida pelos pensamentos reprimidos.



   Fatores que induzem à regressão



   Tipos de regressão
Regressão
Fatores que induzem à Regressão:

    Repressão: impossibilidade de acesso à consciência para
    efetuar a ação específica (sono, fadiga, doença e trauma têm o
    mesmo efeito)


   Atração que as primeiras experiências exercem
    sobre os pensamentos reprimidos e do pré-
    consciente


    Afastamento da realidade         (sono, fadiga, doença e trauma)
Regressão
Tipos de Regressão:

   Tópica ou Topográfica:        do polo motor para o perceptivo


   Temporal:    quanto à fase libidinal e quanto ao objeto



   Formal:   desestruturação do ego (formas e comportamentos
              menos complexos)



   Filogenética:   desenvolvida em “Totem e Tabu”
Regressão
   Como e por que os pensamentos oníricos se
    expressam preferentemente por imagens?
    Teoria da Regressão ao polo perceptivo

   Por que os pensamentos que geram os sonhos
    não buscam a consciência durante o dia?
    Neurociência  espaço
    Psicanálise  repressão


   Por que a regressão não ocorre na vida de vigília?
    Fala das alucinações, mas não consegue responder. Mais tarde,
    ao estudar as psicoses, vai falar na invasão do Processo Primário
    na fadiga, nas doenças e nas situações traumáticas.
Avanços na Teoria sobre
a Mente
   Concepções sobre a mente:
       Antropologia: estrutura adaptativa
O ser humano é o único que habita todas as regiões do planeta

       Neurociência: processador de informações
O ser humano é o que tem o comportamento mais complexo

       Psicanálise: estrutura de representações
A representação tem a função de registrar a experiência
sensorial, assegurando a manutenção da experiência (memória)
e produzindo o sentimento de continuidade do eu (identidade).

Memória e identidade se estruturam para assegurar sobre a
permanência do eu e do mundo.
Avanços na Teoria sobre
a Mente
Primeira Teoria sobre a Mente:
    Modelo: arco reflexo

    Características: Não é uma estrutura anatômica (virtual)
                        Formada por sistemas com organização

                         hierarquizada: sistema consciente
                                        sistema pré-consciente
                                        sistema inconsciente
                                        sistema crítico
Avanços na Teoria sobre
    a Mente
   Sistema Consciente:            não retém nenhuma modificação (memória),
    é fugaz (“bloco mágico”) e é o melhor para a ação específica e a adaptação.



   Sistema Pré-consciente:           também não retém modificações e é
        quem supre o sistema consciente com todas as qualidades sensórias.



   Sistema Insconsciente:         engloba os sistemas mnêmicos, o
reprimido e o que não tem acesso ao consciente, mas não é reprimido.



   Sistema Crítico:      Sem localização precisa: às vezes entre os sistemas
                             ICs e PCs, outras vezes entre o PCs e o Cs.
“1ª Tópica”

 Pcpt   Mnem Mnem                Ics   Pcs



             •   •   •   •   •



                                             M
Consciência




Processos pré-conscientes
                                 Atenção          Processos inconscientes
       de elaboração
                                                     de elaboração




                            Estímulos somáticos
“2ª Tópica”
                                            Processo Secundário:
    iv o




                                           - Regido pelo “Princípio de Realidade”
                 Pcpt-Cs
d it




                                           - Coerência, não contradição, T/E
au




                                           - Impele à reflexão
                 PCs

           Ego                       o
                                  id de     Processo Primário:
                                im a
                              pr ualid )   - Regido pelo “Princípio do Prazer”
                            Re ex ntil     - Condensação, deslocamento e represent.
                              ( s fa
                       Id        In        - É o mais antigo
                                           - Linguagem imagética das emoções
                                           - Impele à ação
                                           - Só é completamente dominado pelo
                                              Processo Secundário no final da
                                              adolescência
Estruturação do Mundo
Mental

                      biofisiologia
 sistema do eu


             consciência


                      sistema
                    sociocultural
Realização de Desejos
1ª parte: Psicologia da Formação dos

          Sonhos

2ª parte: Psicologia do Inconsciente

3ª parte: Psicologia da Formação dos
           Sintomas
Psicologia da Formação
dos Sonhos
Restos Diurnos:
   É tudo aquilo que não foi concluído durante o dia
    por algum obstáculo;
   O que não foi resolvido por insuficiência pessoal;
   O que foi rejeitado ou reprimido;
   O que foi estimulado em nosso inconsciente pelos
    estímulos recebidos durante o dia (é o mais
    poderoso);
   O que foi indiferente durante o dia.
Psicologia da Formação dos
Sonhos
Origem dos Desejos:
 Desejos despertados durante o dia e
  repudiados, jogados no Ics.
                                           são os capazes de
 Desejos despertados durante o sono,       produzir sonhos
provenientes do Ics (reprimidos), nada
tendo a ver com a vida diurna.


 Desejos despertados durante o dia
por motivos externos e não satisfeitos,    precisam encontrar
permanecendo no Pcs.                      desejos inconscientes
                                           do mesmo teor para
 Desejos provenientes de necessidades     produzirem sonhos
orgânicas e corporais.
Realização de Desejos
                               (Sistema Pcpt-Cs)
                    devaneios, lapsos, atos falhos, sintomas            dia



(Sistema Pcpt-Cs)

- Resíduos diurnos                   (ICs)
  que não puderam                                                 (Sistema PCs)
  ser afastados                 Desejo reprimido               Desejo recente (adiado
                                  (sexualidade                     ou reprimido)
- Atividades do dia
  que excitaram
                                     Infantil)
  um desejo ics




                                 (Sistema Pcpt-Cs)                     noite
                                       sonhos
Realização de Desejos
1- Sonhos
                  Expressão de um desejo
2- Lapsos         deformado pela censura

3- Devaneios

4- Alucinações    Expressão de um desejo
                     deformado pela
5- Delírios       desorganização do ego


                 Expressão de dois desejos
6- Sintomas       opostos (Id e superego)
Psicologia dos Sonhos
     Desagradáveis
     Quando os restos diurnos são constituídos
      por por material desprazeroso:
    As idéias desagradáveis são substi-
                                           Sonhos de realização de
   tuídas por idéias opostas e os afetos
                                           desejo comum
   desagradáveis são suprimidos:

    Idéias desagradáveis, modificadas,
     penetram no sonho:
os afetos desagradáveis são suprimidos  Sonhos vividos com indiferença
os afetos desagradáveis permanecem  Sonhos de angústia

    Sonhos que realizam o desejo de
                                           A força motivadora não vem
     punir o sonhante devido a um          do inconsciente, mas sim do
     desejo reprimido e proibido           superego
Principio do
    Prazer/Desprazer

Satisfação biológica                          Frustração



                           Repressão
                       (considerações sobre
                        as representações
                          de si mesmo)



Realização pessoal                            Fracasso
Psicologia dos Processos
Inconscientes
Recapitulando:
 O modelo para se pensar a mente era o
do arco reflexo.
 A mente visa a descarga das tensões.
Nesse sentido, o desejo é a melhor maneira
do sistema alcançar a descarga.
   É o desejo que movimenta a mente.
Psicologia dos Processos
    Inconscientes
     Formação dos Desejos:
 Necessidades básicas       +       Objeto da satisfação



                            ⇓
     Vivências de satisfação, cuja recordação é o desejo


Impulsos inconscientes, carências infantis e traumas buscam a
     consciência para realização, superação e elaboração
Psicologia da Formação
dos Sintomas
   O modelo é o sintoma histérico.

   O sintoma histérico se desenvolve a
    partir da realização de dois desejos
    opostos: o inconsciente, ligado à
    sexualidade infantil, e o desejo de
    punição (ou interdição do desejo).
Psicologia dos Processos
Inconscientes
Psicose:    Domínio do PCs pelo ICs



            Domínio do Ego pelo Id



            Invasão de Processo Primário na
            Consciência
Conclusões:
   Mente e cérebro não funcionam menos efetivamente durante a
    noite do que durante o dia.

  O funcionamento mental nos sonhos não é um funcionamento
psicótico, embora a psicose seja uma das formas de expressão do
Processo Primário de Pensar.

  Função dos sonhos:
   - guardião do sono;
   - a fase Rem do sono permite que a mente reprocesse informações
recebidas durante o dia (integração de novas informações) usando um
“espaço” menor. É um funcionamento “off line” que, se não existisse,
nosso lobo pré-frontal teria que ser tão grande que seria necessário um
carrinho de mão para carregá-lo. Dormimos para sonhar.
Conclusões:
   Significado dos sonhos: a concepção “realização alucinatória de
    um desejo reprimido” se baseia na Teoria dos Instintos e procura
    dar um caráter fisiológico aos sonhos. Afinal, estava apresentando
    suas idéias ao meio médico de Viena.

  Conseqüências da revelação sobre o papel dos sonhos: a
   mente
se tornou objeto de interesse científico, saindo do misticismo, da
mitologia e da metafísica. Até então, os sonhos eram considerados
restos sem importância, resíduos, das experiências diurnas.

   Acréscimos:
    - os sonhos precisam de tradução, não de interpretação;
    - os sonhos lidam com o que é atual na vida do sonhador;
    - os sonhos podem dar retratos claros e buscar soluções.

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A interpretação dos sonhos Freud

  • 1. A Interpretação dos Sonhos Vitória, agosto/2003
  • 2. A Interpretação dos Sonhos Qual a inserção da “Interpretação dos Sonhos” na Teoria Psicanalítica?
  • 3. Temas Psicodinâmicos Básicos da Teoria Psicanalítica  Explicação das Neuroses Psicodinâmica  Explicação dos Processos Oníricos Interpretação dos dos Sonhos  Explicação do Desenvolvimento Teoria da Libido Psicossexual  Explicação da Estrutura Adaptativa do Eu e das Relações Objetais O Eu, a Identidade e os Objetos  Desenvolvimento e Capacidades do Ego
  • 4. Os Três Eixos Teóricos do Pensamento Clínico de Freud  Teoria das Representações: Acesso à semiologia mental: o cenário  Teoria do Conflito Mental: Possibilita a investigação dos processos etiopatogênicos  Teoria das Transformações Psíquicas: Fornece a estratégia terapêutica Eksterman, A. (1989) A Presença de Freud, Imago, R.J.
  • 5. A Interpretação dos Sonhos “A Interpretação dos Sonhos é a via real que leva ao conhecimento das atividades inconscientes da mente” (Freud, S. Obras Completas, vol V, cap.VII) “Flectere si nequeo superos, acheronta movebo” (Virgílio, A Eneida)
  • 6. A Interpretação dos Sonhos  Começou a ser escrito em 1895. Publicado em 1899 com a data de 1900: “a novidade digna de um novo século.”  Wilhelm Fliess  Jean Martin Charcot (1825 -1919)  Escola de Nancy  Theophrastus Bombastus von Hohenheim (Paracelso, 1493-1541) e Franz Anton Mesmer (1734-1815)  James Braid (1795-1860) e Bertrand (1730-1840).  Josef François-Felix Babinsky (1857-1932)  Pierre Marie-Felix Janet (1859-1947) e Josef Breuer (1842-1925)
  • 7. A Interpretação dos Sonhos 1º Capítulo: Revisão da Literatura Científica 2º Capítulo: O Método de Interpretar Sonhos: Sonho modelo 3º Capítulo: A Realização de Desejos: tese central 4º Capítulo: A Deformação Onírica: conteúdo latente e manifesto 5º Capítulo: Material e Fonte dos Sonhos: restos diurnos, material infantil e somático 6º Capítulo: Elaboração Onírica: o trabalho do sonho: latentemanifesto 7º Capítulo: A Psicologia dos Processos Oníricos
  • 8. O Método de Interpretar Sonhos (2° capítulo)  Interpretar um sonho é: Dar significado, substituí-lo por algo que se ajuste à cadeia dos atos mentais como um elo que tenha validade e importância igual aos restantes.
  • 9. Métodos de Interpretar Sonhos 1- Interpretação Simbólica 2- Interpretação por Decifração 3- Interpretação Científica
  • 10. Métodos de Interpretar Sonhos 1- Interpretação Simbólica:  Considera-se o sonho como um todo e procura-se substituí-lo por outro conteúdo intelegível e, em certos aspectos, análogo ao original (ex: sonho do Faraó).  Depende da intuição do interpretador. Impossível de ser ensinada
  • 11. Métodos de Interpretar Sonhos 2- Interpretação por Decifração:  Cada elemento possui um significado fixo e anteriormente estabelecido e que leva em conta as características do sonhador (“Livro dos Sonhos”)
  • 12. Métodos de Interpretar Sonhos 3- Interpretação Científica a) Preparação Psicológica do paciente: - Aumentar a atenção que ele dispensa à próprias percepções psíquicas; - Eliminar a crítica pela qual ele filtra os pensamentos que lhe ocorrem; - Facilita se ele estiver deitado e com os olhos fechados. b) O conteúdo do sonho: - Não tomar o sonho como um todo, e sim em parcelas isoladas; - Pedir associações para cada parcela: “pensamentos de fundo” - Justificativa: os sonhos são conglomerados de formações psíquicas
  • 13. Um Sonho Modelo “Sonho da Injeção de Irma” Preâmbulo:  Freud estava tratando uma pessoa amiga e não estava satisfeito com o resultado do tratamento;  Em um encontro, sentiu-se repreendido por um amigo em relação ao desfecho do tratamento;  Preparou uma defesa para seu mentor, amigo comum dos dois.
  • 14. Um grande salão – numerosos convidados, que estávamos a receber. Entre eles estava Irma. Imediatamente, levei-a para um lado, como se para responder a sua carta e repreendê-la por não haver aceitado ainda minha ‘solução’. Disse-lhe o seguinte: ‘Se você ainda sente dores, é realmente por culpa sua.’ Respondeu: ‘Se o sr. pudesse imaginar que dores tenho agora na garganta, no estômago e no abdome... Estão me sufocando...’ Fiquei alarmado e olhei para ela. Estava pálida e inchada. Pensei comigo mesmo que, afinal de contas, deixara de localizar algum mal orgânico.
  • 15. Levei-a até a janela e examinei-lhe a garganta, tendo dado mostras de resistência, como as mulheres com dentaduras postiças. Pensei comigo mesmo que realmente não havia necessidade de ela fazer aquilo. Em seguida abriu a boca como devia e no lado direito descobri uma grande placa branca; em outro lugar, localizei extensas crostas cinza- esbranquiçadas sobre algumas notáveis estruturas crespas e, evidentemente, estavam modeladas nos cornetos do nariz.
  • 16. Imediatamente chamei o Dr. M. e ele repetiu o exame e confirmou-o... O Dr. M. tinha uma aparência muito diferente da comum; estava muito pálido, claudicava e tinha o queixo escanhoado... Meu amigo Otto estava também agora de pé ao lado dela, e meu amigo Leopold auscultava-lhe através do corpete e dizia: ‘Ela tem uma área surda bem embaixo, à esquerda.’ Também indicou que uma porção da pele no ombro esquerdo estava infiltrada. (Notei isso, da mesma forma que ele, apesar do vestido)...
  • 17. M. disse: ‘Não há dúvida que é uma infecção, mas não tem importância; sobreviverá à disenteria e a toxina será eliminada.’ ... Estávamos diretamente cônscios, também, da origem da infecção. Não muito antes, quando ela não estava se sentindo bem, meu amigo Otto aplicara-lhe uma injeção de um preparado de propil, propilos... ácido propiônico... Trimetilamina (e eu via diante de mim a fórmula desse preparado em grossos caracteres)... Injeções dessa natureza não devem ser feitas tão impensadamente... E provavelmente a seringa não devia estar limpa.
  • 18. A Interpretação do Sonho Modelo Separar o sonho em suas partes isoladas:  O salão  O aspecto do Dr. M.  A repreensão de Irma: a culpa  A presença dos amigos Otto e Leopold  As queixas de Irma  O reparo da pelo do ombro e o vestido  O aspecto de Irma de Irma  A ansiedade de Freud com sua  A fala diagnóstica do Dr. M. (é uma falha infecção) e seus elementos  O novo exame na janela  Otto dá uma injeção  O que foi encontrado: as placas  Os elementos químicos: propil, propilos, e os cornetos ácido propiônico, trimetilamina  A convocação do Dr. M. para  A reprensão pela injeção e pela seringa confirmação do exame estar suja
  • 19. A Interpretação do Sonho Modelo Conclusões Parciais:  Freud não era o responsável pela persistência das dores de Irma, mas sim Otto (vingança pelas críticas feitas em sua visita) e sua viuvez (insinuação erótica à injeção dada por Otto)  Realizou o desejo de ser inocentado pelo sentimento de fracasso em várias situações de sua vida (tratamentos, doença da mulher, morte da filha, morte de um amigo pela cocaína: elaboração de culpas  uma culpa puxa a outra)
  • 20. A Interpretação do Sonho Modelo Conclusões Finais:  Freud estava se achando mal preparado para desempenhar as funções que havia se proposto: ser marido, ser pai e ser psicanalista.  Seu desejo: ser libertado deste sentimento.  Objetivo terapêutico: desenvolvimento do ego
  • 21. Um Sonho é a Realização de um Desejo (3° capítulo) Tipos de desejos:  Biológicos: Fome, sede, sexo e sobrevivência (biológica e psicológica)  Sociais e Culturais: Realização pessoal e seus equivalentes compensatórios (fama, prestígio, poder,riqueza)
  • 22. Um Sonho é a Realização de um Desejo Tipos de sonhos:  Sonhos de Conveniência: os desejos são apresentados como realizados  Sonhos de Elaboração: os desejos não são, necessa- riamente, apresentados como realizados  Sonhos de Angústia: angústia como sinal
  • 23. A Deformação dos Sonhos (4° capítulo)  Todo sonho é a realização de um desejo, nos quais o desejo está, geralmente, disfarçado. Manifesto: designa o sonho tal como Conteúdo: aparece ao sonhador Latente: conjunto de significados a que chega a análise Censura Onírica: é o que transforma os pensamentos oníricos (conteúdo latente) no conteúdo manifesto, acessível à consciência
  • 24. A Deformação dos Sonhos Sonhos de contra-desejos:  Resistência ao processo terapêutico  Transformação (defensiva) da atividade em passividade  Realização de desejos masoquistas
  • 25. A Deformação dos Sonhos Conclusão: Todo sonho é a realização (disfarçada) de um desejo (suprimido ou reprimido)
  • 26. A Psicologia dos Processos Oníricos (7° capítulo)  Esquecimento dos Sonhos  Regressão  Realização de desejos  A Função dos Sonhos – Sonhos de Angústia  O Modelo da Mente  A Fisiologia mental: Os Processos Mentais, Repressão  As Estruturas mentais: ICs, PCs, Cs.
  • 27. A Psicologia dos Processos Oníricos Características dos Sonhos a serem demonstradas:  Os sonhos são atos psíquicos de tanta significação quanto qualquer outro.  A força motivadora dos sonhos é um desejo buscando sua realização (consciência).  A aparência incoerente e bizarra é devida à censura onírica, à condensação, ao deslocamento, às considerações de representabilidade (elaboração onírica) e à necessidade de que a estrutura externa (conteúdo manifesto) tenha uma aparência de racionalidade (elaboração secundária).  Todo sonho trata de um problema atual da pessoa, cuja solução só pode ser expressa (realizada) no tempo presente
  • 28. O Esquecimento dos Sonhos  Escolha do tema: fenômeno psicológico que carecia de explicação e era usado como um dos motivos para se pensar que os sonhos eram produtos residuais da mente.  Pontos importantes:  Há conexão entre a consciência e o inconsciente. O aspecto confuso, bizarro e o esquecimento dos sonhos deve-se à deformação imposta pela censura.  A elaboração onírica atende a dois senhores: ao ICS (Id) e à censura (ego -sono- e superego).  Não há nada de insignificante e de arbitrário num sonho.  Determinismo Psíquico: o sonho é sobredeterminado.  Intencionalidade do Inconsciente: nada é ao acaso, aleatório.
  • 29. O Esquecimentos dos Sonhos Dicas Técnicas:  Sonhos difíceis: pedir para repetir. Aquilo que for modificado é importante.  Dúvida no relato: como o esquecimento, serve aos propósitos da censura onírica.  Sonhos tidos numa mesma noite: no geral devem ser tratados como um todo único.  Associações superficiais: são substitutos de associações mais profundas suprimidas(censura)
  • 30. Regressão  Definição: É um efeito da resistência que se opõe ao avanço de um pensamento em direção à consciência e da atração simultânea que sobre ele é exercida pelos pensamentos reprimidos.  Fatores que induzem à regressão  Tipos de regressão
  • 31. Regressão Fatores que induzem à Regressão:  Repressão: impossibilidade de acesso à consciência para efetuar a ação específica (sono, fadiga, doença e trauma têm o mesmo efeito)  Atração que as primeiras experiências exercem sobre os pensamentos reprimidos e do pré- consciente  Afastamento da realidade (sono, fadiga, doença e trauma)
  • 32. Regressão Tipos de Regressão:  Tópica ou Topográfica: do polo motor para o perceptivo  Temporal: quanto à fase libidinal e quanto ao objeto  Formal: desestruturação do ego (formas e comportamentos menos complexos)  Filogenética: desenvolvida em “Totem e Tabu”
  • 33. Regressão  Como e por que os pensamentos oníricos se expressam preferentemente por imagens? Teoria da Regressão ao polo perceptivo  Por que os pensamentos que geram os sonhos não buscam a consciência durante o dia? Neurociência  espaço Psicanálise  repressão  Por que a regressão não ocorre na vida de vigília? Fala das alucinações, mas não consegue responder. Mais tarde, ao estudar as psicoses, vai falar na invasão do Processo Primário na fadiga, nas doenças e nas situações traumáticas.
  • 34. Avanços na Teoria sobre a Mente  Concepções sobre a mente:  Antropologia: estrutura adaptativa O ser humano é o único que habita todas as regiões do planeta  Neurociência: processador de informações O ser humano é o que tem o comportamento mais complexo  Psicanálise: estrutura de representações A representação tem a função de registrar a experiência sensorial, assegurando a manutenção da experiência (memória) e produzindo o sentimento de continuidade do eu (identidade). Memória e identidade se estruturam para assegurar sobre a permanência do eu e do mundo.
  • 35. Avanços na Teoria sobre a Mente Primeira Teoria sobre a Mente:  Modelo: arco reflexo  Características: Não é uma estrutura anatômica (virtual) Formada por sistemas com organização hierarquizada: sistema consciente sistema pré-consciente sistema inconsciente sistema crítico
  • 36. Avanços na Teoria sobre a Mente  Sistema Consciente: não retém nenhuma modificação (memória), é fugaz (“bloco mágico”) e é o melhor para a ação específica e a adaptação.  Sistema Pré-consciente: também não retém modificações e é quem supre o sistema consciente com todas as qualidades sensórias.  Sistema Insconsciente: engloba os sistemas mnêmicos, o reprimido e o que não tem acesso ao consciente, mas não é reprimido.  Sistema Crítico: Sem localização precisa: às vezes entre os sistemas ICs e PCs, outras vezes entre o PCs e o Cs.
  • 37. “1ª Tópica” Pcpt Mnem Mnem Ics Pcs • • • • • M
  • 38. Consciência Processos pré-conscientes Atenção Processos inconscientes de elaboração de elaboração Estímulos somáticos
  • 39. “2ª Tópica” Processo Secundário: iv o - Regido pelo “Princípio de Realidade” Pcpt-Cs d it - Coerência, não contradição, T/E au - Impele à reflexão PCs Ego o id de Processo Primário: im a pr ualid ) - Regido pelo “Princípio do Prazer” Re ex ntil - Condensação, deslocamento e represent. ( s fa Id In - É o mais antigo - Linguagem imagética das emoções - Impele à ação - Só é completamente dominado pelo Processo Secundário no final da adolescência
  • 40. Estruturação do Mundo Mental biofisiologia sistema do eu consciência sistema sociocultural
  • 41. Realização de Desejos 1ª parte: Psicologia da Formação dos Sonhos 2ª parte: Psicologia do Inconsciente 3ª parte: Psicologia da Formação dos Sintomas
  • 42. Psicologia da Formação dos Sonhos Restos Diurnos:  É tudo aquilo que não foi concluído durante o dia por algum obstáculo;  O que não foi resolvido por insuficiência pessoal;  O que foi rejeitado ou reprimido;  O que foi estimulado em nosso inconsciente pelos estímulos recebidos durante o dia (é o mais poderoso);  O que foi indiferente durante o dia.
  • 43. Psicologia da Formação dos Sonhos Origem dos Desejos:  Desejos despertados durante o dia e repudiados, jogados no Ics. são os capazes de  Desejos despertados durante o sono, produzir sonhos provenientes do Ics (reprimidos), nada tendo a ver com a vida diurna.  Desejos despertados durante o dia por motivos externos e não satisfeitos, precisam encontrar permanecendo no Pcs. desejos inconscientes do mesmo teor para  Desejos provenientes de necessidades produzirem sonhos orgânicas e corporais.
  • 44. Realização de Desejos (Sistema Pcpt-Cs) devaneios, lapsos, atos falhos, sintomas dia (Sistema Pcpt-Cs) - Resíduos diurnos (ICs) que não puderam (Sistema PCs) ser afastados Desejo reprimido Desejo recente (adiado (sexualidade ou reprimido) - Atividades do dia que excitaram Infantil) um desejo ics (Sistema Pcpt-Cs) noite sonhos
  • 45. Realização de Desejos 1- Sonhos Expressão de um desejo 2- Lapsos deformado pela censura 3- Devaneios 4- Alucinações Expressão de um desejo deformado pela 5- Delírios desorganização do ego Expressão de dois desejos 6- Sintomas opostos (Id e superego)
  • 46. Psicologia dos Sonhos Desagradáveis Quando os restos diurnos são constituídos por por material desprazeroso:  As idéias desagradáveis são substi- Sonhos de realização de tuídas por idéias opostas e os afetos desejo comum desagradáveis são suprimidos:  Idéias desagradáveis, modificadas, penetram no sonho: os afetos desagradáveis são suprimidos  Sonhos vividos com indiferença os afetos desagradáveis permanecem  Sonhos de angústia  Sonhos que realizam o desejo de A força motivadora não vem punir o sonhante devido a um do inconsciente, mas sim do desejo reprimido e proibido superego
  • 47. Principio do Prazer/Desprazer Satisfação biológica Frustração Repressão (considerações sobre as representações de si mesmo) Realização pessoal Fracasso
  • 48. Psicologia dos Processos Inconscientes Recapitulando:  O modelo para se pensar a mente era o do arco reflexo.  A mente visa a descarga das tensões. Nesse sentido, o desejo é a melhor maneira do sistema alcançar a descarga.  É o desejo que movimenta a mente.
  • 49. Psicologia dos Processos Inconscientes Formação dos Desejos: Necessidades básicas + Objeto da satisfação ⇓ Vivências de satisfação, cuja recordação é o desejo Impulsos inconscientes, carências infantis e traumas buscam a consciência para realização, superação e elaboração
  • 50. Psicologia da Formação dos Sintomas  O modelo é o sintoma histérico.  O sintoma histérico se desenvolve a partir da realização de dois desejos opostos: o inconsciente, ligado à sexualidade infantil, e o desejo de punição (ou interdição do desejo).
  • 51. Psicologia dos Processos Inconscientes Psicose:  Domínio do PCs pelo ICs  Domínio do Ego pelo Id  Invasão de Processo Primário na Consciência
  • 52. Conclusões:  Mente e cérebro não funcionam menos efetivamente durante a noite do que durante o dia.  O funcionamento mental nos sonhos não é um funcionamento psicótico, embora a psicose seja uma das formas de expressão do Processo Primário de Pensar.  Função dos sonhos: - guardião do sono; - a fase Rem do sono permite que a mente reprocesse informações recebidas durante o dia (integração de novas informações) usando um “espaço” menor. É um funcionamento “off line” que, se não existisse, nosso lobo pré-frontal teria que ser tão grande que seria necessário um carrinho de mão para carregá-lo. Dormimos para sonhar.
  • 53. Conclusões:  Significado dos sonhos: a concepção “realização alucinatória de um desejo reprimido” se baseia na Teoria dos Instintos e procura dar um caráter fisiológico aos sonhos. Afinal, estava apresentando suas idéias ao meio médico de Viena.  Conseqüências da revelação sobre o papel dos sonhos: a mente se tornou objeto de interesse científico, saindo do misticismo, da mitologia e da metafísica. Até então, os sonhos eram considerados restos sem importância, resíduos, das experiências diurnas.  Acréscimos: - os sonhos precisam de tradução, não de interpretação; - os sonhos lidam com o que é atual na vida do sonhador; - os sonhos podem dar retratos claros e buscar soluções.