O documento resume os principais pontos da obra "A Interpretação dos Sonhos" de Sigmund Freud, incluindo que Freud acreditava que os sonhos são a realização de desejos inconscientes, que seu conteúdo é formado a partir de experiências recentes e remotas, e que o trabalho do sono distorce esses desejos para escapar da censura.
3. Pressupostos Basilares da
Interpretação dos Sonhos
Sonhos – realização de desejos;
Os sonhos têm um componente
manifesto – passado recente, e
latente – passado remoto.
4. Visão Pré-científica
os povos na Antiguidade Clássica aceitavam como
axiomático que os sonhos estavam relacionados com o
mundo dos seres sobre-humanos, os sonhos tinham uma
finalidade importante, que era, via de regra, predizer o
futuro – p. 40;
a visão pré-científica adotada pelos povos da
Antiguidade estava em completa harmonia com a sua
visão do universo em geral, que os levou a projetar no
mundo exterior, como se fossem realidades, coisas que
de fato só gozava de realidade dentro de suas próprias
mentes – p. 42;
5. Material dos sonhos
o que quer que os sonhos ofereçam, seu
material é retirado da realidade e da vida
intelectual que gira em torno dessa realidade –
p. 48;
todo o material que compõe o conteúdo de
um sonho é derivado, de algum modo, da
experiência, ou seja, foi reproduzido ou
lembrado no sonho – p. 49;
6. Vigília e sonhos
os homens sonham com aquilo que fazem durante o
dia e com o que lhes interessa enquanto estão
acordados – p. 75;
nosso exame científico dos sonhos parte do pressuposto
de que eles são produtos de nossas próprias atividades
mentais – p. 84;
o que caracteriza o estado de vigília é o fato de que a
atividade do pensar ocorre em conceitos, e não em
imagens. Já os sonhos pensam essencialmente por meio
de imagens – p. 85;
7. Dois Métodos de Interpretar os Sonhos
dois métodos de interpretar os sonhos do mundo leigo: 1) considera
o conteúdo do sonho como um todo e procura substituí-lo por
outro conteúdo – interpretação simbólica – é impossível dar
instruções sobre o método de se chegar a uma interpretação
simbólica; 2) método da decifração trata os sonhos como uma
espécie de criptografia em que cada signo pode ser traduzido por
outro signo de significado conhecido – p. 131/132;
os dois métodos populares não são confiáveis, pois o primeiro é
restrito em sua aplicação e impossível de formular em linhas gerais
e o segundo depende da confiabilidade do código – p. 134;
8. Êxito da Interpretação dos Sonhos
o êxito da psicanálise depende de ele notar e relatar o que
quer que lhe venha à cabeça e não suprimir uma idéia por
parecer sem importância e irrelevante – p. 136;
na interpretação dos sonhos não se deve pegar o sonho
como um todo, mas partes separadas de seu conteúdo – p.
138;
considerava minha tarefa cumprida quando revelava para o
paciente o sentido oculto de seus sintomas, não me
considerava responsável por ele aceitar ou não a solução –
p. 143;
9. Sonho é realização de Desejos
os sonhos não são absurdos, não são destituídos de
sentido, são fenômenos psíquicos de inteira validade –
p. 157;
sonho de conveniência – sede e desejo de beber – p.
158;
os sonhos de crianças pequenas são frequentemente
pura realização de desejo – p. 161;
com que sonham os gansos? Com milho – p. 166;
10. Material e as Fontes dos Sonhos
três características da memória nos sonhos: 1) clara preferência
pelas impressões dos dias imediatamente anteriores; 2) fazem sua
escolha com base em diferentes princípios de nossa memória de
vigília; 3) tem a sua disposição as impressões mais primitivas da
nossa infância – p. 194;
em todo sonho é possível encontrar um ponto de contato com as
experiências do dia anterior – p. 196;
os sonhos podem selecionar seu material de qualquer parte da
vida do sonhador, contanto que haja uma linha de pensamento
ligando a experiência do dia do sonho (as impressões recentes)
com as mais antigas – p. 200;
11. Pulsão Sexual
nenhuma outra pulsão é submetida, desde a infância, a tanta supressão
quanto à pulsão sexual, com seus numerosos componentes. (...) Ao
interpretar os sonhos, nunca nos devemos esquecer da importância dos
complexos sexuais, embora também devamos, é claro, evitar o exagero
de lhes atribuir importância exclusiva. – p. 429;
não posso descartar o fato óbvio de que existem numerosos sonhos que
satisfazem outras necessidades que não as que são eróticas, no sentido
mais amplo do termo: os sonhos com a fome e a sede, os sonhos de
conveniência, etc. – p. 429;
a asserção de que todos os sonhos exigem uma interpretação sexual,
contra a qual os críticos se enfurecem de modo tão incessante, não
ocorre em parte alguma de minha “A Interpretação dos Sonhos” – p. 429;
12. Afetos nos Sonhos
a expressão do afeto nos sonhos não pode ser tratada da mesma forma
depreciativa com que, depois de acordar, estamos acostumados a descartar
seu conteúdo – p. 490;
um afeto experimentado num sonho não é de modo algum inferior a outro de
igual intensidade sentido na vida de vigília – p. 490;
a análise nos mostra que o material de representações passou por
deslocamentos e substituições, ao passo que os afetos permanecem
inalterados – p. 490;
os afetos são o componente menos influenciado e o único que nos pode dar
um indício de como preencher os pensamentos que faltam – p. 491;
a descarga do afeto e o conteúdo de representações não constituem uma
unidade orgânica indissolúvel – p. 491;
os ditos nos sonhos decorrem de ditos na vida real – p. 495;
13. Trabalho no Sonho
o trabalho do sono não é apenas mais descuidado, mais irracional, mais
esquecido e mais incompleto do que o pensamento de vigília; é inteiramente
diferente deste em termos qualitativos e, por essa razão, não é, em princípio,
comparável a ele. Não pensa, não calcula, nem julga de modo nenhum;
restringe-se a dar às coisas uma nova forma. Esse produto, o sonho, tem, acima
de tudo, de escapar à censura, e com este propósito em vista, o trabalho do
sonho se serve do deslocamento das intensidades psíquicas a ponto de chegar
a uma transmutação das intensidades psíquicas. Qualquer afeto ligado aos
pensamentos oníricos sofre menos modificação do que seu conteúdo de
representações – p. 534/535;
no fundo, os sonhos nada mais são do que uma forma particular de
pensamento, possibilitada pelas condições do estado do sono. É o trabalho do
sonho que cria essa forma, e só ele é a essência do sonho – a explicação de
sua natureza peculiar – p. 534;
14. Resumo Parcial
resumamos os principais resultados da nossa investigação: os sonhos são
atos psíquicos tão importantes quanto qualquer outros; sua força
propulsora é, na totalidade dos casos, um desejo que busca realizar-se; o
fato de não serem reconhecíveis como desejos devem-se à influência da
censura psíquica a que foram submetidos durante o processo de sua
formação; à parte a necessidade de fugir a essa censura, outros fatores
que contribuíram para a sua formação foram a exigência de
condensação de seu material psíquico, a consideração a sua
representabilidade em imagens sensoriais e – embora não invariavelmente
– a demanda de que a estrutura do sonho possua uma fachada racional
e inteligível – p. 560;
a característica psicológica mais geral e mais notável do processo de
sonhar: um pensamento, geralmente um pensamento sobre algo
desejado, objetiva-se no sonho – p. 561;
15. Sonhos Desprazerosos
os sonhos desprazerosos e os sonhos de angústia são tão
realização de desejos quanto o são os sonhos puros de
satisfação – p. 583;
os sonhos desprazerosos podem ser também sonhos de
punição. O que neles se realiza é também um desejo
inconsciente, a saber, o desejo do sonhador de ser punido
por uma moção de desejo recalcada e proibida – p. 583;
o mecanismo de formação dos sonhos seria muito
esclarecido, em geral, se, em vez da oposição entre
consciente e inconsciente, falássemos na oposição entre o
ego e o recalcado – p. 583;
16. O Inconsciente
quando adormecidos, retornamos às antigas maneiras
de ver e sentir as coisas, aos impulsos e atividades que
nos dominaram num passado distante – p. 615;
as mais complexas realizações do pensamento são
possíveis sem a assistência da consciência – p. 616;
o tornar-se consciente está ligado á aplicação de uma
certa função psíquica – a da atenção – p. 617;
17. O Inconsciente e a Consciência
o inconsciente é a base geral da vida psíquica. O inconsciente é a esfera
mais ampla, que inclui em si a esfera menor do consciente. O inconsciente
é a verdadeira realidade psíquica; em sua natureza mais íntima, ele nos é
tão desconhecido quanto a realidade do mundo externo, e é tão
incompletamente apresentado pelos dados da consciência quanto o é o
mundo externo pelas comunicações de nossos órgãos sensoriais – p. 634;
o problema da natureza da alma – p. 634;
o sonho é reconhecido como uma forma de expressão de moções que se
encontram sob a pressão da resistência durante o dia, mas que puderam,
durante a noite, achar reforço em fontes de excitação situadas nas
camadas profundas – p. 635;
18. Premonição
quanto o valor dos sonhos para nos dar conhecimento
do futuro, isto está fora de cogitação. Não obstante, a
antiga crença de que os sonhos prevêem o futuro não
é inteiramente desprovida de verdade – p. 642;
a criação do sonho a posteriori, única coisa que torna
possíveis os sonhos proféticos, nada mais é do que uma
forma de censura, graças a qual o sonho pode irromper
na consciência;
19. Sobre os Sonhos
todo sonho remonta a uma impressão dos últimos dias,
ou como provavelmente seria mais correto dizer, do dia
imediatamente anterior ao sonho, do “dia do sonho” –
p. 673;
os sonhos nunca se ocupam de coisas que não
julgaríamos merecedoras de nosso interesse durante o
dia, e as trivialidades que não nos afetam durante o dia
são incapazes de acompanhar-nos no nosso sono – p.
673;
20. Sobre os Sonhos
é o processo de deslocamento o principal responsável por sermos
incapazes de descobrir ou reconhecer os pensamentos oníricos no
conteúdo do sonho, a menos que compreendamos a razão de sua
distorção – p. 675;
as representações opostas são preferencialmente expressas nos
sonhos por um único elemento. O “não” parece inexistir no que
concerne aos sonhos – p. 677;
sensação de inibição do movimento, tão comum nos sonhos, serve
também para expressar uma contradição entre dois impulsos, um
conflito da vontade – p. 678;
nenhum sonho é instigado por moções que não sejam egoístas – p.
680;
21. Sobre os Sonhos
toda uma série de fenômenos da vida cotidiana das pessoas
sadias – como o esquecimento, os lapsos de linguagem, os
atos falhos e uma certa classe de erros – deve sua origem a
um mecanismo psíquico análogo aos dos sonhos e ao dos
outros membros da série – p. 686;
o futuro que os sonhos nos mostra não é o futuro que
ocorrerá, mas o que gostaríamos que ocorresse – p. 688;
o conteúdo de representações que nos gera angústia nos
sonhos foi outrora um desejo, mas passou desde então pelo
recalcamento – p. 689;
22. Sobre os Sonhos
quando termina o estado do sono, a censura recupera prontamente sua
plena força e pode então eliminar tudo o que dela foi conquistado
durante seu estado de fraqueza – p. 691;
o conteúdo do sonho é a representação de um desejo realizado e sua
obscuridade se deve a alterações feitas pela censura no material
recalcado – p. 691;
o sonho é o guardião do sono – p. 691;
a censura é a principal razão da distorção onírica – p. 695;
quase todo homem civilizado preserva as formas infantis de vida sexual
num ou noutro aspecto. Podemos assim compreender como é que os
desejos sexuais infantis recalcados passam a fornecer as forças propulsoras
mais freqüentes e poderosas para a formação dos sonhos – p. 695;
24. Carl Gustav Jung
"A função geral dos sonhos é tentar
reestabelecer a nossa balança psicológica,
produzindo um material onírico que reconstitui,
de maneira sutil, o equilíbrio psíquico total. É ao
que chamo função complementar (ou
compensatória) dos sonhos na nossa
constituição psíquica."