1. Vivemos, assim, um governo de negação. Nega que os problemas de crescimento
sejam domésticos, nega que seja necessário um ajuste fiscal cavalar, nega que
haja uma inflação sistematicamente em 6% desde 2008, nega que o Mercosul não
seja mais viável, nega que haja um problema de energia, etc. A lista é infindável
e apenas sinaliza as dificuldades que teremos em 2014 e mais a frente.
Na suposição de que a presidente Dilma vença este ano, seria ilusório acreditar
que esse espírito de negação vá mudar em 2015. E mesmo que a oposição vença
ela sabe que terá de fazer um ajuste real, não de mentirinha. Por isso, o que temos
para este ano e o próximo sinaliza uma economia que ainda patinará. Os planos
de concessão podem tornar a economia um pouco mais eficiente em alguns
segmentos e lugares, mas isso basta? Será que a presidente tem consciência do
erro que foi baixar na força bruta o preço de energia? Será que os investidores
acreditam que ela não fará mais nada parecido? Essas incertezas continuarão
pairando nas decisões de investimento.
O que parece mais preocupante é que início de segundo mandato tende a ser
paralisante, especialmente em relação a votações no Congresso. Não é possível
esperar mais do que um ajuste fraco na política fiscal de novo, e assim vamos nos
arrastando até 2018. As empresas têm de pensar que não será apenas mais um
ano difícil, mas possíveis cinco anos muito complicados, de crescimento
medíocre e perda de oportunidades para países cada vez mais competitivos, como
México, Peru, Colômbia e Chile, apenas para ficar nos vizinhos latinos. Controle
de custos será algo cada vez mais necessário no lugar de planejamento de
investimento.
*Economista-chefe da MB Associados