SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 51
SERVIÇO DE ORTOPEDIA E
TRAUMATOLOGIA
HMA/IMIP
MAL DE POTT E ESPONDILODISCITE
(Infecções da coluna vertebral)
LEANDRO M. C. FREIRE – MR1
Recife, 02 de Fevereiro de 2016
Introdução
• Período Neolítico (7000 – 300 a.C.)
• Múmias egípcias (3000 a.C.)
– Evidências de deformidade  TB
• Descrito por Hipócrates
• 1779 – Percival Pott  1º relato de TB
Introdução
• Antes do uso de ATB
– 40-70% de mortalidade
• Atualmente
– Relativamente raras
– 2-4% das osteomielites
– 1-20% de mortalidade
– Até 50% evoluem com paralisia
Introdução
• Fatores adversos
– Demora no diganóstico
• 3 meses
– Longa recuperação
• 12 meses
– Alto custo do tratamento
Biologia da infecção vertebral
• Vertebras e placas terminais vascularizadas
– Disseminação hematogênica
• Disco avascular
– Disseminação por contiguidade
Biologia da infecção vertebral
• Discite  Inoculação direta
– Pós-procedimento
• Infecções bacterianas atacam disco
• Infecções Ñ-bacterianas poupam o disco
Biologia da infecção vertebral
• Agentes etiológicos
– Staphylococus aureus
• Agente mais comum 40-90% dos casos
– Mycobacterium tuberculosis
• Agente não piogênico mais comum
– Cirurgia de coluna
• causa mais comum de infecção iatrogênica
– ITU é o fator predisponente mais comum de
infecção hematogênica
História natural da doença
Epidemiologia
• Placa vertebral
– Principal foco de infecção
– Via hematogênica
• Espaço discal
– 2º maior foco de infecção
– Inoculação direta
• Junção toracolombar
– Mais acometida na TB
Quadro clínico
• Dor
– Sintoma mais comum – 85%
– Principalmente com a deambulação, esforço
físico e mudança de posição
• Outros:
– anorexia, febre, suores, mal-estar, perda de
peso podem estar presentes
Quadro clínico
• 4 síndromes clínicas
– Síndrome do quadril
• Dor quadril, contratura em flexão e ↓ ADM
– Síndrome adominal
• Quadro semelhante a apendicite aguda
– Síndrome meníngea
• Sugere meningite aguda
– Síndrome de lombalgia
• Dor lombar aguda ou insidiosa, moderada ou grave
Quadro clínico
• Apresentação final
– Dor nas costas, perda da lordose lombar, dor à
percussão coluna
– Deformidade espinhal
– Paralisia
• 2/3 sd central da medula
• 1/3 sd anterior da medula
– Espasmo paraespinhal, limitação de
movimentos, Kernig +
Quadro clínico
– Sintomas neurológicos são mais freqüentes
nas infecções nas regiões mais altas (cervical e
torácica)
• suspeitar de uma compressão por um abscesso,
colapso ósseo ou infecção neural direta
– Abscesso paravertebral
• comumente se apresenta na virilha abaixo do lig
ilioinguinal
• devido à disseminação pelo músculo psoas
Exames secundários
• Radiografia
– Alterações surgem entre 2 semanas e 3 meses
– Irregularidade da placa terminal
• erosões nas placas vertebrais são os primeiros achados
radiográficos
– Estreitamento do espaço discal
– Formação de osso hipertrófico (esclerótico)
– Achados tardios
• Colapso vertebral, cifose regional e anquilose óssea
– Tuberculose
• fina calcificação do tecido mole paravertebral
Exames secundários
• TC
– Semelhante ao RX
– Tamanho do canal vertebral
– Identifica edema e abscessos
– Hipodensidade do disco
Exames secundários
• RNM
– Determina extensão da infecção
– Identifica tecidos acometidos
– Não identifica etiologia
• Não exclui biópsia
Exames secundários
• Laboratoriais
– ↑ VHS
• Persiste elevado após cirurgias
• > 4 semanas
– ↑ PCR
• Normaliza com resolução da infecção
• 14 dias
– Biópsia + cultura
• Identifica agente etiológico
Tratamento
• Conservador
– Repouso e imobilização  Órteses
– Antibioticoterapia
• EV  6 semanas
• VO  ate a normalização do VHS
• Crianças: repouso no leito e ATB EV até andar e
mover-se confortavelmente + ATB VO 3 sem
Prognóstico
• Resolução
– 9-24 meses
• COMPLICAÇÕES
– Paralisia: complicação mais comum da infecção
por S. aureus
– Recidiva
– Cifose
– Mielopatia
– Sd medular (2/3 central, 1/3 anterior)
Caso clínico
Caso Clínico
Caso Clínico
Caso Clínico
TB Vertebral e Mal de Pott
Introdução
• Já foi a principal causa de espondilite
– Lesões identificadas nas múmias egípcias e fósseis neolíticos
• Tratamento cirúrgico era a única opção antes da melhora do
tratamento químico
• Pott (1779) gerou o primeiro trabalho relativo à tuberculose
vertebral
• Ossos e articulações são responsáveis por 2-3% de todas as
infecções por M. tuberculosis
– 1/3 ocorre na coluna
Epidemiologia
• Incidência parece aumentar com a idade
• Não há grande distinção entre homens e
mulheres
• Acomete principalmente a coluna
toracolombar
Epidemiologia
• Forma cervical:
– Rara
– Alta taxa de complicações
• 42,5% de compressão medular
– Crianças < 10 anos tendem a desenvolver abscessos
– > 10 anos tem maior risco para paraplegia
Patologia
• Se caracteriza por infecção com granulomas caseosos com ou
sem pus (ácido positivos)
• Reação óssea é muito variável (mínima ou muito intensa)
• Poupa os discos intervertebrais
• Se espalha através dos ligamentos anteriores e posteriores
• Se gerar infecção peridural, dano neurológico permanente é
provável
• Acredita-se que ocorre por disseminação venosa, no nível
renal
Quadro Clínico
• Sintomas constitucionais
– Fraqueza
– Sudorese noturna
– Febre
– Perda de peso
• Dor é um sintoma tardio associada a colapso ósseo
e paralisia
Quadro Clínico
• Acometimento cervical anterior pode resultar em:
– Rouquidão (paralisia do laríngeo recorrente)
– Disfagia
– Estridor respiratório (asma de Millar)
• Sintomas neurológicos costumam ser tardios e podem ser
intermitentes
– Função motora e tônus retal são bons indicadores prognósticos
Paraplegia de Pott
• Forte indicador para tratamento cirúrgico
• Seddon descreveu que 70-95% dos pacientes apresentam
recuperação
• Mal prognóstico se:
– Dano vascular
– Infecção penetrando na dura-máter
– Transecção da medula por fragmento ósseo
– Duração da paralisia > 6 meses
Quadro Laboratorial
• São sugestivos de doença crônica:
– Anemia
– Hipoproteinemia
– Elevação moderada de VHS e PCR
• Teste de Mantoux não é diagnóstico
Quadro Laboratorial
• Diagnóstico tardio ou falha diagnóstica são
comuns
• Diagnóstico definitivo é dado pela cultura
positiva para M. tuberculosis
– Obtida por meio de biópsia percutânea
guiada, ou a céu aberto
Exames de Imagem
• Radiografias primárias
– Diminuição do espaço intervertebral
– Osteopenia localizada
• Radiografias tardias
– Colapso em sanfona (Seddon)
– Calcificação de partes moles
Exames de Imagem
• Identificação de cifose
Exames de Imagem
• Tomografia com ou sem contraste permite
melhor avaliação da lesão óssea e
comprometimento neural
• RNM facilita a distinção entre tuberculose
e tumor
– Presença de abscesso e fragmentos ósseos
Diagnóstico Diferencial
• Infecção piogênica ou fúngica
• Metástases
• Tumores primários
• Sarcoidose
• Deformidades ósseas (doença de
Scheuermann)
Tratamento
• Diagnóstico definitivo é importante devido à
toxicidade da quimioterapia
• Tratamento conservador (quimioterapia) consiste
no esquema:
– Rifampicina + Isoniazida + Pirazinamida + Etambutol
por 6 meses
• Se biópsia aberta estiver indicada, debridamento e
enxerto estão indicados no mesmo tempo
Tratamento
• Indicações para tratamento cirúrgico (Yau &
Hodgson):
– Cifose severa ou progressiva com doença ativa
– Sintomas de compressão medular
– Disfunção pulmonar progressiva
– Falha da quimioterapia isolada
Tratamento
• Artrodese com instrumentação anterior após debridamento e
enxerto é opção, associada a quimioterapia
• Fusão posterior (com ou sem instrumentação) é indicada após
descompressão anterior para evitar colapso e fratura de stress do
enxerto se mais de duas vértebras estiverem envolvidas ou
instrumentação anterior não for usada
• Fusão posterior isolada não esta indicada
• Imobilização com Halo por 3 meses é mandatória após
procedimentos cervicais e cervicotoráicos
• Imobilização removível toracolombar é usada até completa
cicatrização (9-12 meses)
Bibliografia
• Campbell 11 (Capítulo 40)

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICOLÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
pauloalambert
 
Semiologia 07 reumatologia - semiologia reumatológica pdf
Semiologia 07   reumatologia - semiologia reumatológica pdfSemiologia 07   reumatologia - semiologia reumatológica pdf
Semiologia 07 reumatologia - semiologia reumatológica pdf
Jucie Vasconcelos
 
Febre reumática
Febre reumáticaFebre reumática
Febre reumática
dapab
 
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periférica
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periféricaPé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periférica
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periférica
adrianomedico
 
Cirrose Hepática - Compreendendo e Prevenindo
Cirrose Hepática - Compreendendo e PrevenindoCirrose Hepática - Compreendendo e Prevenindo
Cirrose Hepática - Compreendendo e Prevenindo
Eugênia
 
Guia pratico de urologia
Guia pratico de urologiaGuia pratico de urologia
Guia pratico de urologia
Samuel Abner
 

Mais procurados (20)

Síndromes medulares
Síndromes medularesSíndromes medulares
Síndromes medulares
 
ARTRITE REUMATÓIDE
ARTRITE REUMATÓIDEARTRITE REUMATÓIDE
ARTRITE REUMATÓIDE
 
Enxaqueca
Enxaqueca Enxaqueca
Enxaqueca
 
LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICOLÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
 
Ferimentos.ppt
Ferimentos.pptFerimentos.ppt
Ferimentos.ppt
 
Sinais meningorradiculares
Sinais meningorradiculares Sinais meningorradiculares
Sinais meningorradiculares
 
Gastroenterologia completa
Gastroenterologia   completaGastroenterologia   completa
Gastroenterologia completa
 
Semiologia 07 reumatologia - semiologia reumatológica pdf
Semiologia 07   reumatologia - semiologia reumatológica pdfSemiologia 07   reumatologia - semiologia reumatológica pdf
Semiologia 07 reumatologia - semiologia reumatológica pdf
 
Gota Prof.Renan
Gota Prof.RenanGota Prof.Renan
Gota Prof.Renan
 
Febre reumática
Febre reumáticaFebre reumática
Febre reumática
 
Insuficiência renal crônica
Insuficiência renal crônicaInsuficiência renal crônica
Insuficiência renal crônica
 
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periférica
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periféricaPé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periférica
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periférica
 
Mal de Pott ou Metástase Óssea? Diagnóstico diferencial e relato de caso
Mal de Pott ou Metástase Óssea? Diagnóstico diferencial e relato de casoMal de Pott ou Metástase Óssea? Diagnóstico diferencial e relato de caso
Mal de Pott ou Metástase Óssea? Diagnóstico diferencial e relato de caso
 
100% Medicina Questões de Cardiologia
100% Medicina Questões de Cardiologia100% Medicina Questões de Cardiologia
100% Medicina Questões de Cardiologia
 
Síndrome do compartimento3
Síndrome  do compartimento3Síndrome  do compartimento3
Síndrome do compartimento3
 
Hérnias abdominais
Hérnias abdominaisHérnias abdominais
Hérnias abdominais
 
Cirrose Hepática - Compreendendo e Prevenindo
Cirrose Hepática - Compreendendo e PrevenindoCirrose Hepática - Compreendendo e Prevenindo
Cirrose Hepática - Compreendendo e Prevenindo
 
Guia pratico de urologia
Guia pratico de urologiaGuia pratico de urologia
Guia pratico de urologia
 
Sindromes nefrotico nefritica
Sindromes nefrotico nefritica Sindromes nefrotico nefritica
Sindromes nefrotico nefritica
 
Osteoporose
OsteoporoseOsteoporose
Osteoporose
 

Destaque (8)

Tuberculosis vertebral (Mal de Pott)
Tuberculosis vertebral (Mal de Pott)Tuberculosis vertebral (Mal de Pott)
Tuberculosis vertebral (Mal de Pott)
 
Circulação da coluna espinhal e coluna vertebral
Circulação da coluna espinhal e coluna vertebralCirculação da coluna espinhal e coluna vertebral
Circulação da coluna espinhal e coluna vertebral
 
Gabarito Taro 2015
Gabarito Taro 2015Gabarito Taro 2015
Gabarito Taro 2015
 
Mal de pott
Mal de pottMal de pott
Mal de pott
 
PresentacióN Mal De Pott
PresentacióN   Mal De PottPresentacióN   Mal De Pott
PresentacióN Mal De Pott
 
Mal de pott
Mal de pottMal de pott
Mal de pott
 
Taro 2016 gabarito
Taro 2016   gabaritoTaro 2016   gabarito
Taro 2016 gabarito
 
Atlas básico de anatomia
Atlas básico de anatomiaAtlas básico de anatomia
Atlas básico de anatomia
 

Semelhante a Discite e mal de pott

Doença reumatóide
Doença reumatóide Doença reumatóide
Doença reumatóide
pauloalambert
 
Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica 16.10.14
Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica 16.10.14Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica 16.10.14
Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica 16.10.14
salgadokk
 

Semelhante a Discite e mal de pott (20)

Infecções Osteoarticulares
Infecções OsteoarticularesInfecções Osteoarticulares
Infecções Osteoarticulares
 
Infecções da coluna vertebral
Infecções da coluna vertebralInfecções da coluna vertebral
Infecções da coluna vertebral
 
Doença de Paget
Doença de PagetDoença de Paget
Doença de Paget
 
10. Aula Tuberculose PDF.pdf
10. Aula Tuberculose PDF.pdf10. Aula Tuberculose PDF.pdf
10. Aula Tuberculose PDF.pdf
 
ESPONDILOARTRITES
ESPONDILOARTRITESESPONDILOARTRITES
ESPONDILOARTRITES
 
Apresentacao junho
Apresentacao junhoApresentacao junho
Apresentacao junho
 
Osteocondroma cervical
Osteocondroma cervicalOsteocondroma cervical
Osteocondroma cervical
 
ARTRITE REATIVA E ARTRITE ENTEROPÁTICA
ARTRITE REATIVA E ARTRITE ENTEROPÁTICAARTRITE REATIVA E ARTRITE ENTEROPÁTICA
ARTRITE REATIVA E ARTRITE ENTEROPÁTICA
 
Diagnósticos diferenciais das monoartrites
Diagnósticos diferenciais das monoartritesDiagnósticos diferenciais das monoartrites
Diagnósticos diferenciais das monoartrites
 
Doenas granulomatosas -_pdf
Doenas granulomatosas -_pdfDoenas granulomatosas -_pdf
Doenas granulomatosas -_pdf
 
Tumores da Coluna Vertebral
Tumores da Coluna VertebralTumores da Coluna Vertebral
Tumores da Coluna Vertebral
 
Osteonecrose do joelho
Osteonecrose do joelhoOsteonecrose do joelho
Osteonecrose do joelho
 
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
 
Diagnósticos Diferenciais das monoartrites
Diagnósticos Diferenciais das monoartritesDiagnósticos Diferenciais das monoartrites
Diagnósticos Diferenciais das monoartrites
 
Aula pé cavo
Aula pé cavoAula pé cavo
Aula pé cavo
 
Doença reumatóide
Doença reumatóide Doença reumatóide
Doença reumatóide
 
Meningiomas Fossa Posterior - Clivus / Petroclival / APC / Forame Magno / For...
Meningiomas Fossa Posterior - Clivus / Petroclival / APC / Forame Magno / For...Meningiomas Fossa Posterior - Clivus / Petroclival / APC / Forame Magno / For...
Meningiomas Fossa Posterior - Clivus / Petroclival / APC / Forame Magno / For...
 
Espondilite anquilosante da coluna vertebral
Espondilite anquilosante da coluna vertebralEspondilite anquilosante da coluna vertebral
Espondilite anquilosante da coluna vertebral
 
Espondilodiscite e SDs
Espondilodiscite e SDsEspondilodiscite e SDs
Espondilodiscite e SDs
 
Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica 16.10.14
Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica 16.10.14Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica 16.10.14
Diagnósticos frequentes reumatologia pediátrica 16.10.14
 

Último

praticas de Biologia microscopia e analise
praticas de Biologia microscopia e analisepraticas de Biologia microscopia e analise
praticas de Biologia microscopia e analise
julimarapires
 
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl RogersAbordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
wolfninja1
 
trabalho de MARIA ALICE PRONTO.pdf saude
trabalho de MARIA ALICE PRONTO.pdf saudetrabalho de MARIA ALICE PRONTO.pdf saude
trabalho de MARIA ALICE PRONTO.pdf saude
Jarley Oliveira
 
INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIAINTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
CarlosLinsJr
 

Último (18)

praticas de Biologia microscopia e analise
praticas de Biologia microscopia e analisepraticas de Biologia microscopia e analise
praticas de Biologia microscopia e analise
 
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl RogersAbordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
 
Aula - Renimação Cardiopulmonar, RCP, PCR.pdf
Aula - Renimação Cardiopulmonar, RCP, PCR.pdfAula - Renimação Cardiopulmonar, RCP, PCR.pdf
Aula - Renimação Cardiopulmonar, RCP, PCR.pdf
 
TAT - Teste de Apercepção Temática - Murray
TAT - Teste de Apercepção Temática - MurrayTAT - Teste de Apercepção Temática - Murray
TAT - Teste de Apercepção Temática - Murray
 
Urgência e emergência para tec de enfermagem.pptx
Urgência e emergência para tec de enfermagem.pptxUrgência e emergência para tec de enfermagem.pptx
Urgência e emergência para tec de enfermagem.pptx
 
Aula 1 Anatomia INTRODUÇÃO SISTEMA ESQUELETICO
Aula 1 Anatomia  INTRODUÇÃO SISTEMA ESQUELETICOAula 1 Anatomia  INTRODUÇÃO SISTEMA ESQUELETICO
Aula 1 Anatomia INTRODUÇÃO SISTEMA ESQUELETICO
 
Aula 3. Introdução às ligações quimicas.pptx
Aula 3. Introdução às ligações quimicas.pptxAula 3. Introdução às ligações quimicas.pptx
Aula 3. Introdução às ligações quimicas.pptx
 
trabalho de MARIA ALICE PRONTO.pdf saude
trabalho de MARIA ALICE PRONTO.pdf saudetrabalho de MARIA ALICE PRONTO.pdf saude
trabalho de MARIA ALICE PRONTO.pdf saude
 
Segurança Viária e Transporte de Passageiros em Motocicleta em Quatro Capit...
Segurança Viária e Transporte de Passageiros em Motocicleta em Quatro Capit...Segurança Viária e Transporte de Passageiros em Motocicleta em Quatro Capit...
Segurança Viária e Transporte de Passageiros em Motocicleta em Quatro Capit...
 
Aula 1 - farmacocinética e farmacodinâmica-2.pdf
Aula 1 - farmacocinética e farmacodinâmica-2.pdfAula 1 - farmacocinética e farmacodinâmica-2.pdf
Aula 1 - farmacocinética e farmacodinâmica-2.pdf
 
Enfermagem em Centro Cirúrgico na prática
Enfermagem em Centro Cirúrgico na práticaEnfermagem em Centro Cirúrgico na prática
Enfermagem em Centro Cirúrgico na prática
 
APLICAÇÃO DO MASCARAMENTO POR VIA ÓSSEA-1.pdf
APLICAÇÃO DO MASCARAMENTO POR VIA ÓSSEA-1.pdfAPLICAÇÃO DO MASCARAMENTO POR VIA ÓSSEA-1.pdf
APLICAÇÃO DO MASCARAMENTO POR VIA ÓSSEA-1.pdf
 
INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIAINTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
 
AULA 11 FECUNDAÇÃO, NIDAÇÃO...........pptx
AULA 11 FECUNDAÇÃO, NIDAÇÃO...........pptxAULA 11 FECUNDAÇÃO, NIDAÇÃO...........pptx
AULA 11 FECUNDAÇÃO, NIDAÇÃO...........pptx
 
PSICOLOGIA E SAÚDE COLETIVA ( Necessidade do Psicólogo na Atenção Básica).pptx
PSICOLOGIA E SAÚDE COLETIVA ( Necessidade do Psicólogo na Atenção Básica).pptxPSICOLOGIA E SAÚDE COLETIVA ( Necessidade do Psicólogo na Atenção Básica).pptx
PSICOLOGIA E SAÚDE COLETIVA ( Necessidade do Psicólogo na Atenção Básica).pptx
 
Ebook_aula_Preparacao fisica Jogos Reduzidos Cristiano Diniz.pdf
Ebook_aula_Preparacao fisica Jogos Reduzidos Cristiano Diniz.pdfEbook_aula_Preparacao fisica Jogos Reduzidos Cristiano Diniz.pdf
Ebook_aula_Preparacao fisica Jogos Reduzidos Cristiano Diniz.pdf
 
Caderno de Exercícios Autoestima e Emoções.pdf
Caderno de Exercícios Autoestima e Emoções.pdfCaderno de Exercícios Autoestima e Emoções.pdf
Caderno de Exercícios Autoestima e Emoções.pdf
 
Apresentação sobre doenças transmissíveis
Apresentação sobre doenças transmissíveisApresentação sobre doenças transmissíveis
Apresentação sobre doenças transmissíveis
 

Discite e mal de pott

  • 1. SERVIÇO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA HMA/IMIP MAL DE POTT E ESPONDILODISCITE (Infecções da coluna vertebral) LEANDRO M. C. FREIRE – MR1 Recife, 02 de Fevereiro de 2016
  • 2. Introdução • Período Neolítico (7000 – 300 a.C.) • Múmias egípcias (3000 a.C.) – Evidências de deformidade  TB • Descrito por Hipócrates • 1779 – Percival Pott  1º relato de TB
  • 3. Introdução • Antes do uso de ATB – 40-70% de mortalidade • Atualmente – Relativamente raras – 2-4% das osteomielites – 1-20% de mortalidade – Até 50% evoluem com paralisia
  • 4. Introdução • Fatores adversos – Demora no diganóstico • 3 meses – Longa recuperação • 12 meses – Alto custo do tratamento
  • 5. Biologia da infecção vertebral • Vertebras e placas terminais vascularizadas – Disseminação hematogênica • Disco avascular – Disseminação por contiguidade
  • 6. Biologia da infecção vertebral • Discite  Inoculação direta – Pós-procedimento • Infecções bacterianas atacam disco • Infecções Ñ-bacterianas poupam o disco
  • 7. Biologia da infecção vertebral • Agentes etiológicos – Staphylococus aureus • Agente mais comum 40-90% dos casos – Mycobacterium tuberculosis • Agente não piogênico mais comum – Cirurgia de coluna • causa mais comum de infecção iatrogênica – ITU é o fator predisponente mais comum de infecção hematogênica
  • 9. Epidemiologia • Placa vertebral – Principal foco de infecção – Via hematogênica • Espaço discal – 2º maior foco de infecção – Inoculação direta • Junção toracolombar – Mais acometida na TB
  • 10. Quadro clínico • Dor – Sintoma mais comum – 85% – Principalmente com a deambulação, esforço físico e mudança de posição • Outros: – anorexia, febre, suores, mal-estar, perda de peso podem estar presentes
  • 11. Quadro clínico • 4 síndromes clínicas – Síndrome do quadril • Dor quadril, contratura em flexão e ↓ ADM – Síndrome adominal • Quadro semelhante a apendicite aguda – Síndrome meníngea • Sugere meningite aguda – Síndrome de lombalgia • Dor lombar aguda ou insidiosa, moderada ou grave
  • 12. Quadro clínico • Apresentação final – Dor nas costas, perda da lordose lombar, dor à percussão coluna – Deformidade espinhal – Paralisia • 2/3 sd central da medula • 1/3 sd anterior da medula – Espasmo paraespinhal, limitação de movimentos, Kernig +
  • 13. Quadro clínico – Sintomas neurológicos são mais freqüentes nas infecções nas regiões mais altas (cervical e torácica) • suspeitar de uma compressão por um abscesso, colapso ósseo ou infecção neural direta – Abscesso paravertebral • comumente se apresenta na virilha abaixo do lig ilioinguinal • devido à disseminação pelo músculo psoas
  • 14. Exames secundários • Radiografia – Alterações surgem entre 2 semanas e 3 meses – Irregularidade da placa terminal • erosões nas placas vertebrais são os primeiros achados radiográficos – Estreitamento do espaço discal – Formação de osso hipertrófico (esclerótico) – Achados tardios • Colapso vertebral, cifose regional e anquilose óssea – Tuberculose • fina calcificação do tecido mole paravertebral
  • 15. Exames secundários • TC – Semelhante ao RX – Tamanho do canal vertebral – Identifica edema e abscessos – Hipodensidade do disco
  • 16. Exames secundários • RNM – Determina extensão da infecção – Identifica tecidos acometidos – Não identifica etiologia • Não exclui biópsia
  • 17. Exames secundários • Laboratoriais – ↑ VHS • Persiste elevado após cirurgias • > 4 semanas – ↑ PCR • Normaliza com resolução da infecção • 14 dias – Biópsia + cultura • Identifica agente etiológico
  • 18. Tratamento • Conservador – Repouso e imobilização  Órteses – Antibioticoterapia • EV  6 semanas • VO  ate a normalização do VHS • Crianças: repouso no leito e ATB EV até andar e mover-se confortavelmente + ATB VO 3 sem
  • 19. Prognóstico • Resolução – 9-24 meses • COMPLICAÇÕES – Paralisia: complicação mais comum da infecção por S. aureus – Recidiva – Cifose – Mielopatia – Sd medular (2/3 central, 1/3 anterior)
  • 24. TB Vertebral e Mal de Pott
  • 25. Introdução • Já foi a principal causa de espondilite – Lesões identificadas nas múmias egípcias e fósseis neolíticos • Tratamento cirúrgico era a única opção antes da melhora do tratamento químico • Pott (1779) gerou o primeiro trabalho relativo à tuberculose vertebral • Ossos e articulações são responsáveis por 2-3% de todas as infecções por M. tuberculosis – 1/3 ocorre na coluna
  • 26. Epidemiologia • Incidência parece aumentar com a idade • Não há grande distinção entre homens e mulheres • Acomete principalmente a coluna toracolombar
  • 27.
  • 28.
  • 29. Epidemiologia • Forma cervical: – Rara – Alta taxa de complicações • 42,5% de compressão medular – Crianças < 10 anos tendem a desenvolver abscessos – > 10 anos tem maior risco para paraplegia
  • 30. Patologia • Se caracteriza por infecção com granulomas caseosos com ou sem pus (ácido positivos) • Reação óssea é muito variável (mínima ou muito intensa) • Poupa os discos intervertebrais • Se espalha através dos ligamentos anteriores e posteriores • Se gerar infecção peridural, dano neurológico permanente é provável • Acredita-se que ocorre por disseminação venosa, no nível renal
  • 31.
  • 32. Quadro Clínico • Sintomas constitucionais – Fraqueza – Sudorese noturna – Febre – Perda de peso • Dor é um sintoma tardio associada a colapso ósseo e paralisia
  • 33. Quadro Clínico • Acometimento cervical anterior pode resultar em: – Rouquidão (paralisia do laríngeo recorrente) – Disfagia – Estridor respiratório (asma de Millar) • Sintomas neurológicos costumam ser tardios e podem ser intermitentes – Função motora e tônus retal são bons indicadores prognósticos
  • 34. Paraplegia de Pott • Forte indicador para tratamento cirúrgico • Seddon descreveu que 70-95% dos pacientes apresentam recuperação • Mal prognóstico se: – Dano vascular – Infecção penetrando na dura-máter – Transecção da medula por fragmento ósseo – Duração da paralisia > 6 meses
  • 35.
  • 36.
  • 37. Quadro Laboratorial • São sugestivos de doença crônica: – Anemia – Hipoproteinemia – Elevação moderada de VHS e PCR • Teste de Mantoux não é diagnóstico
  • 38. Quadro Laboratorial • Diagnóstico tardio ou falha diagnóstica são comuns • Diagnóstico definitivo é dado pela cultura positiva para M. tuberculosis – Obtida por meio de biópsia percutânea guiada, ou a céu aberto
  • 39. Exames de Imagem • Radiografias primárias – Diminuição do espaço intervertebral – Osteopenia localizada • Radiografias tardias – Colapso em sanfona (Seddon) – Calcificação de partes moles
  • 40. Exames de Imagem • Identificação de cifose
  • 41. Exames de Imagem • Tomografia com ou sem contraste permite melhor avaliação da lesão óssea e comprometimento neural • RNM facilita a distinção entre tuberculose e tumor – Presença de abscesso e fragmentos ósseos
  • 42.
  • 43.
  • 44. Diagnóstico Diferencial • Infecção piogênica ou fúngica • Metástases • Tumores primários • Sarcoidose • Deformidades ósseas (doença de Scheuermann)
  • 45. Tratamento • Diagnóstico definitivo é importante devido à toxicidade da quimioterapia • Tratamento conservador (quimioterapia) consiste no esquema: – Rifampicina + Isoniazida + Pirazinamida + Etambutol por 6 meses • Se biópsia aberta estiver indicada, debridamento e enxerto estão indicados no mesmo tempo
  • 46. Tratamento • Indicações para tratamento cirúrgico (Yau & Hodgson): – Cifose severa ou progressiva com doença ativa – Sintomas de compressão medular – Disfunção pulmonar progressiva – Falha da quimioterapia isolada
  • 47. Tratamento • Artrodese com instrumentação anterior após debridamento e enxerto é opção, associada a quimioterapia • Fusão posterior (com ou sem instrumentação) é indicada após descompressão anterior para evitar colapso e fratura de stress do enxerto se mais de duas vértebras estiverem envolvidas ou instrumentação anterior não for usada • Fusão posterior isolada não esta indicada • Imobilização com Halo por 3 meses é mandatória após procedimentos cervicais e cervicotoráicos • Imobilização removível toracolombar é usada até completa cicatrização (9-12 meses)
  • 48.
  • 49.
  • 50.