2. LIBERDADE E DETERMINISMO
O QUE É O DETERMINISMO?
É A TEORIA SEGUNDO A QUAL TODOS OS ACONTECIMENTOS
DO MUNDO SÃO O RESULTADO OU CONSEQUÊNCIA
NECESSÁRIA DE ACONTECIMENTOS ANTERIORES.
A B C D E F G H…..
O ACONTECIMENTO H É O EFEITO INEVITÁVEL DE CAUSAS
ANTERIORES.
O que agora acontece resulta necessariamente do que antes
aconteceu.
3. LIBERDADE E DETERMINISMO
O QUE É UMA ACÇÃO DETERMINADA?
1 – É UMA ACÇÃO QUE NÃO PUDEMOS EVITAR (NÃO FOI
POSSSÍVEL NÃO A REALIZAR).
2 – É UMA ACÇÃO QUE NÃO DEPENDE DA OPÇÃO DO AGENTE
(NÃO HAVIA ALTERNATIVA DISPONÍVEL).
3 – É UMA ACÇÃO EM QUE A DECISÃO SOBRE O QUE FAZER
NÃO ESTÁ SOB O CONTROLO DO AGENTE (É UMA ACÇÃO QUE
DEPENDE DE FACTORES QUE O AGENTE NÃO CONTROLA).
4 – É UMA ACÇÃO QUE NÃO PODIA TER SIDO DIFERENTE (NÃO
PUDEMOS ESCOLHER OUTRO RUMO PARA A ACÇÃO)
4. LIBERDADE E DETERMINISMO
O QUE É UMA ACÇÃO LIVRE ?
1 – É UMA ACÇÃO QUE O AGENTE PODERIA TER EVITADO
(DECIDIU AGIR DE UMA MANEIRA MAS PODERIA TER AGIDO DE OUTRA)
2 – É UMA ACÇÃO QUE DEPENDE DA OPÇÃO DO AGENTE (HAVIA
ALTERNATIVA DISPONÍVEL).
3 – É UMA ACÇÃO EM QUE A DECISÃO SOBRE O QUE FAZER
ESTÁ SOB O CONTROLO DO AGENTE.
4 – É UMA ACÇÃO QUE PODIA TER SIDO DIFERENTE (PODÍAMOS
TER ESCOLHIDO OUTRO RUMO PARA A ACÇÃO)
5. LIBERDADE E DETERMINISMO
EXEMPLO
Bernardo entra numa ourivesaria e após algum tempo sai com um
objecto que aí roubou.
A acção é livre se:
1 – Foi possível a Bernardo não ter feito o que fez.
2- Dependia de si não ter feito o que fez.
3 - Agiu daquela maneira - roubou – mas poderia ter agido de outra –
não roubar, eventualmente comprar o objecto se tivesse dinheiro
ou informar – se somente do preço e das condições de aquisição.
4 - O que fez não foi inevitável. Tinha ao seu dispor mais do que um
curso alternativo de acção, estava disponível a opção «não
roubar» ou a opção «esperar por melhor ocasião financeira para
adquirir o objecto que roubou».
6. LIBERDADE E DETERMINISMO
EXEMPLO
Bernardo entra numa ourivesaria e após algum tempo sai
com um objecto que aí roubou.
A acção é determinada se:
1 – Não foi possível a Bernardo não ter feito o que fez.
2- Não dependia de si não ter feito o que fez.
3 - Agiu daquela maneira - roubou – e, por causas que
escaparam ao seu controlo, não poderia ter agido de
outra .
4 - O que fez foi inevitável. Não tinha ao seu dispor mais do
que um curso alternativo de acção, não estava disponível
a opção «não roubar» ou a opção «esperar por melhor
ocasião financeira para adquirir o objecto que roubou».
7. LIBERDADE E DETERMINISMO
A GRANDE QUESTÃO
HÁ ACÇÕES LIVRES OU NÃO?
TRÊS TEORIAS OU TRÊS RESPOSTAS À QUESTÃO:
1- DETERMINISMO RADICAL
NENHUMA DAS NOSSAS ACÇÕES É LIVRE
2- DETERMINISMO MODERADO
AS NOSSAS ACÇÕES SÃO AO MESMO TEMPO LIVRES E DETERMINADAS
3 – LIBERTISMO
ALGUMAS DAS NOSSAS ACÇÕES SÃO LIVRES
8. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DETERMINISMO RADICAL
TODAS AS ACÇÕES SÃO O RESULTADO NECESSÁRIO DE
ACONTECIMENTOS ANTERIORES. SÃO POR ISSO MESMO
CAUSAS DE EFEITOS INEVITÁVEIS.
FAZEMOS O QUE O NOSSO PASSADO DETERMINA QUE
FAÇAMOS E NÃO AQUILO QUE QUEREMOS.
ASSIM, COMO AS NOSSAS ACÇÕES NÃO DEPENDEM DE NÓS
MAS DE FACTORES QUE NÃO PODEMOS CONTROLAR, NÃO
SOMOS LIVRES.
9. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DETERMINISMO RADICAL
CARACTERÍSTICA ESSENCIAL DO DETERMINISMO RADICAL
A CRENÇA NO DETERMINISMO UNIVERSAL
TODAS AS ACÇÕES
SÃO O EFEITO NECESSÁRIO DE CAUSAS OU
ACONTECIMENTOS ANTERIORES.
ASSIM SENDO, NÃO HÁ QUALQUER ESPAÇO PARA A LIBERDADE. ESTA
SERIA SINÓNIMO DE ACONTECIMENTO SEM CAUSA, O QUE É ABSURDO.
10. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DETERMINISMO RADICAL
EXEMPLO DE UMA SEQUÊNCIA CAUSAL NECESSÁRIA NO MUNDO NATURAL.
Poluição -> aquecimento global -> derretimento das calotes
polares e glaciares do Árctico -> grandes quantidades de
água doce no Atlântico Norte -> interrupção da Corrente do
Golfo -> Menos água quente a circular para o norte ->
Invernos extremamente rigorosos na Europa.
EXEMPLO DE UMA SEQUÊNCIA CAUSAL NECESSÁRIA – NA PERSPECTIVA
DETERMINISTA RADICAL - NO MUNDO HUMANO.
Concluo o 9º ano -> Frequento Humanidades -> Concluo o 12º
ano -> Frequento o curso de História -> Concluo o curso de
História -> Concorro a um lugar no ensino -> Estou a dar
aulas num liceu do Porto.
11. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DETERMINISMO RADICAL E A RESPONSABILIDADE
IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DO DETERMINISMO RADICAL.
NEGAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE SERMOS RESPONSABILIZADOS PELO QUE
FAZEMOS.
A atribuição da responsabilidade de um acto a um
agente supõe que este aja livremente, ou seja, que
tendo agido de certa maneira pudesse ter agido de
outro modo. Como a crença no livre arbítrio é falsa,
então não somos responsáveis pelas nossas acções.
Antes dos nossos actos há uma longa cadeia de
acontecimentos que escapam ao nosso controlo.
12. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DETERMINISMO RADICAL E A RESPONSABILIDADE
AS CRÍTICAS MAIS FREQUENTES AO D. R.
Se não somos responsabilizáveis pelo que fazemos –
porque não podemos agir de modo diferente –
então:
1.Como condenar e ilibar alguém?
2.Como elogiar e censurar?
3.Como dizer a alguém que não devia ter feito o que
fez?
4. Como explicar sentimentos de remorso, de
arrependimento e de culpa?
13. LIBERDADE E DETERMINISMO
DETERMINISMO RADICAL VERSUS INDETERMINISMO
DETERMINISMO
Todos os acontecimentos são a consequência inevitável – e não apenas
provável – de acontecimentos anteriores que são as suas causas.
Não há lugar nem para a liberdade nem para o acaso.
INDETERMINISMO
Um acontecimento é uma consequência provável – mas não inevitável – de
causas anteriores.
A que se deve então? À intervenção do acaso.
14. LIBERDADE E DETERMINISMO
DETERMINISMO RADICAL VERSUS INDETERMINISMO
O determinismo radical nega a liberdade. Será que o
indeterminismo a afirma? Não. Porquê? Porque:
1 – Acções imprevisíveis são acções que escapam ao nosso controlo, o que
não parece conciliável com a ideia de livre-arbítrio, isto é, de que há
acções que dependem da nossa vontade.
2 – Se uma acção deve a sua ocorrência à intervenção do acaso e não à
minha intervenção, então, propriamente falando, não é da minha
autoria, não é controlada por mim e por ela não posso ser
responsabilizado. Só somos responsáveis pelas acções que resultam da
nossa vontade e não do acaso. Uma acção inevitável não é livre. Uma
acção resultante da intervenção do acaso também não porque
propriamente falando é algo que me acontece e não algo que eu faço.
15. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DILEMA DO DETERMINISMO
a) A crença no determinismo ou é verdadeira ou falsa.
b) Se a crença no determinismo é falsa (se o indeterminismo for verdadeiro),
então há acções que acontecem de forma aleatória e sem controlo da
nossa parte.
c) Se há acções que não dependem da nossa vontade, essas acções não são
livres.
d) Se a crença no determinismo é verdadeira (se o indeterminismo for falso),
então todas as nossas acções são causadas por acontecimentos
anteriores independentes da nossa vontade.
e) Se as acções não dependem da nossa vontade, então não são livres.
f) Logo, quer o determinismo seja verdadeiro ou falso, não há acções livres.
NÃO HAVERÁ FORMA DE SAIR DESTE IMPASSE?
16. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DETERMINISMO MODERADO
O determinismo moderado defende que são compatíveis as
proposições «Um agente praticou livremente a acção A» e
«A acção praticada por esse agente tem uma causa e deriva
necessariamente dessa causa».
Liberdade e determinismo são compatíveis, para esta teoria.
Daí receber também o nome de compatibilismo.
17. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DETERMINISMO MODERADO
O que é uma acção livre para o determinismo moderado?
É uma acção cujas causas imediatas são estados internos do
sujeito como as suas crenças e desejos.
Constituem a personalidade do
agente.
EX: Inscrevo o meu filho no Instituto Britânico porque acredito que posso
pagar, que é o melhor instituto para aprender a língua inglesa, que esta
é importante para qualquer profissão (crenças) e porque quero que ele
esteja bem preparado para concorrer no mercado de trabalho e ter uma
boa profissão (desejos). Alguém me forçou? Não. Se então são as
minhas crenças e desejos que determinam a acção, esta é livre.
18. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DETERMINISMO MODERADO
O que é uma acção não - livre para o determinismo moderado?
É uma acção cujas causas imediatas são factores externos ao
agente e que este não pode controlar.
EX: Se alguém, apontando-me uma pistola à cabeça, me força a
assaltar a casa do meu vizinho, a causa imediata da acção é
externa. A acção é realizada por mim, mas a sua origem não
está em mim. Trata - se de uma acção compelida, contrária
aos meus desejos (não quero assaltar a casa do vizinho) e às
minhas crenças (considero errado ou perigoso roubar). A
causa da acção são as crenças do agressor (acredita que
prezo muito a vida) e os seus desejos (tomar posse do que
lhe interessa e está na casa para conseguir algum objectivo).
19. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DETERMINISMO MODERADO
AS CRÍTICAS MAIS FREQUENTES AO D. M.
Tese do Determinismo moderado
Se as causas de uma acção estão em mim (nas minhas crenças
e desejos) então são livres. Se estão fora de mim então não
são livres.
Crítica 1
Um cleptómano – pessoa com a compulsão para roubar – é uma pessoa
cuja acção tem uma causa interna. Não consegue resistir a um desejo
mais forte do que ela. Como a causa da acção está em si teremos de
dizer que é livre mas como é forçado por um impulso irresistível
teremos de dizer que é interiormente forçado a agir daquela maneira. A
sua acção é livre
( causa interna) e não é livre ( é forçada). O determinismo moderado
contradiz – se.
20. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DETERMINISMO MODERADO
AS CRÍTICAS MAIS FREQUENTES AO D. M
CRÍTICA 2
O grande problema do determinismo moderado é este: em
qualquer acção a causa imediata é sempre um estado
interno – um desejo, seja o de viver ou de confessar, de
almoçar ou de jejuar e assim por diante. O que implica isto?
Que o determinista moderado não pode traçar a distinção
entre acções livres e não – livres com base na diferença
entre causalidade interna e causalidade externa. Usando
esta distinção teria de admitir que todas as acções são livres.
Ver exemplo no slide seguinte.
21. LIBERDADE E DETERMINISMO
O DETERMINISMO MODERADO
AS CRÍTICAS MAIS FREQUENTES AO D. M
EX: Aponto uma arma à cabeça da pessoa e pronuncio o
famoso «A bolsa ou a vida!». A pessoa dá – me a carteira. À
primeira vista esta acção é forçada porque a sua causa não é
interna. A causa da acção está no exterior do agente. Mas
será assim mesmo? A pessoa deu – me a carteira porque
acreditou que eu estava a falar a sério e a mataria se não me
obedecesse (crenças que são causas internas) e porque
queria conservar a sua vida( desejo que é também uma
causa interna). Assim, a causa imediata da acção são estados
internos do sujeito. Ora, seguindo à letra a tese do
determinismo moderado isso faz desta acção forçada uma
acção livre. Contradição evidente.
22. LIBERDADE E DETERMINISMO
O LIBERTISMO
Segundo o libertismo, as acções do ser humano decorrem das
suas deliberações e não de acontecimentos anteriores.
O libertismo é uma teoria que defende essencialmente o
seguinte: as nossas escolhas e acções são livres se não forem
mais um elo numa longa cadeia de causas e efeitos, ou seja,
defende que as nossas acções só são livres se
desencadearem uma nova cadeia causal de acontecimentos.
Somos nós que controlamos essa cadeia de causas e efeitos.
Não somos controlados por ela. O passado não pesa de
modo esmagador sobre as nossas acções. Podemos, em
certa medida, pô – lo entre parênteses.
23. LIBERDADE E DETERMINISMO
O LIBERTISMO
EXEMPLO DE UMA SEQUÊNCIA CAUSAL NA PERSPECTIVA DO
LIBERTISMO.
Concluo o 9º ano -> Frequento Humanidades -> Concluo o 12º ano ->
Frequento o curso de História -> Concluo o curso de História -> Concorro
a um lugar no ensino -> Estou a dar aulas num liceu do Porto.
As deliberações do sujeito produzem efeitos: frequentar Humanidades é o
efeito de uma decisão que ocorreu no finnal fo 9º ano depois de
ponderados os prós e o contras de ir para Ciências – mais saídas
profissionais mas a Matemárica ... mata – me - ou para Humanidades –
gosto de História e quero fazer o que me agrada mesmo que o mercado
de trabalho seja mais complicado. Segundo o libertista, esta decisão não
é o efeito necessário de uma causa anterior - concluir o 9º ano não
conduz necessariamente à frequência de um curso de Humanidades no
10º ano.Depende de mim.
24. LIBERDADE E DETERMINISMO
O LIBERTISMO
Que eu esteja agora a dar aulas num liceu do Porto não é, para
o libertista, o resultado necessário de ter optado por
Humanidades no final do 9º ano. Em cada momento do
percurso há deliberações e decisões que interrompem uma
sequência causal e iniciam outra. Assim, no final do 12º ano,
eu como que ponho o passado entre parentesis e decido o
curso superior a seguir e sobre essa decisão não pesa de
forma esmagadora o que antes aconteceu.
25. LIBERDADE E DETERMINISMO
O LIBERTISMO
Concluo o 9º ano -> Frequento Humanidades
Concluo o 12º ano -> Frequento o curso de História
Concluo o curso de História -> Concorro a um lugar no
ensino .
Estou a dar aulas num liceu do Porto.
Há várias sequências causais e nenhuma é um elo necessário de uma cadeia causal
que faria com que o momento posterior dependesse inevitavelmente do anterior.
26. LIBERDADE E DETERMINISMO
LIBERTISMO versus DETERMINISMO MODERADO
• Segundo o D.M., a minha acção é livre se for causada por desejos ou
crenças – estado internos - que são meus. Segundo o libertismo, a
minha acção é livre se for causada por mim e não por um dos meus
estados internos.
CRÍTICA
O que é este eu que através das suas deliberações é, segundo os libertistas,
a causa de certas acções? Uma entidade física? Então não escapa ao
determinismo universal, ao encadeamento causal necessário que rege
todas as coisas físicas. Uma entidade não – física?Mas as acções são
actos físicos, acontecem num dado momento e lugar. Como é que uma
causa puramente mental pode produzir efeitos físicos? Se a mente é
que causa as nossas acções será que é possível que ela exista
independentemente do cérebro que é obviamente uma realidade
física?
27. LIBERDADE E DETERMINISMO
LIBERTISMO versus DETERMINISMO MODERADO
Este contra – argumento parece condenar os
libertistas a terem de reconhecer o seguinte:
que as acções de uma pessoa só são livres se
não tiverem nenhuma causa, nem mesmo as
suas próprias crenças e desejos. Ora, deste
modo o libertismo transforma – se numa
espécie de indeterminismo,algo que os
libertistas sempre rejeitaram.
28. COMPARAÇÃO ENTRE AS TRÊS TEORIAS
DETERMINISMO RADICAL LIBERTISMO DETERMINISMO
MODERADO
1.Defende o determinismo 1.Nega o determinismo 1.Aceita o determinismo
universal e nega a universal porque defende universal mas defende que
liberdade. que algumas das nossas que algumas das nossas
2. Teoria incompatibilista. acções são livres. acções são livres.
Nega que liberdade e 2.Teoria incompatibilista. 2.Teoria compatibilista.As
determinismo universal As acções livres acções livres são acções
sejam compatíveis. Uma interrompem o determinadas por causas
acção livre seria uma acção encadeamento causal mas internas – crenças e
sem causa uma vez que não são acções sem causa desejos – e só as acções
todas as acções são o porque derivam das nossas que têm causas externas
efeito necessário ou deliberações e decisões. são consideradas não –
inevitável de causas livres.
anteriores.