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análise Pois nossas madres van a SanSimón Cantiga de romaria  Subgénero das cantigas de amigo que se distingue pela referência a romarias ou santuários. Não se trata, contudo, de composições de temática religiosa, já que, frequentemente, a peregrinação ou a capela são pretexto ou cenário do desenvolvimento da temática amorosa e profana como ocorre na conhecida cantiga Pois nossas madres van a SanSimon:
Esquema Rimático: [3 x (4+2)] Rima Interpolada Rima Emparelhada REFRÃO Rima Emparelhada Forma: cantiga de refrão, em três coplas singulares de decassílabos agudos, de rima consoante. Esquema rimático: abbaCC; a rima é interpolada e emparelhada nas quadras e emparelhada no refrão.
Género: cantiga de amigo Subgénero: cantiga de romaria. Tema: amor e religiosidade do ser medieval. Assunto: a cantiga expressa a grande alegria e entusiasmo das meninas por irem à romaria: é que vão encontrar-se com os seus amigos e bailar enquanto que as mães vão rezar por si e por elas, já que lá vão. Destaca-se o refrão, muito expressivo e cheio de ritmo, que destaca a garridice das meninas, o seu atrevimento brincalhão e o desinteresse pelo aspecto religioso;
Devoção alegre e um pouco fingida, que encomendava às mães a parte séria da romaria e deixa às raparigas o vagar da dança em cós, perante os namorados. mães que vão ao santuário fazer promessas  (fanatismo religioso) Se as donzelas vão à romaria é para que o amigo admire a sua elegância e com elas dance; a devoção das velas, isso fica à conta das mães (tom humorístico) Convite ao amor numa situação de romaria A caracterização psicológica da rapariga traduz uma realidade intemporal Diante das igrejas costumavam as moças em coro, dançar à vista dos namorados e galãs. Esta referência permite classificar a cantiga como BAILIA.
Belo retrato de costumes por ocasião das peregrinações – a carolice das mães que vão ao santuário fazer promessas em contraste com a devoção superficial e indiferente (mas assumida) das donzelas que buscam o santuário como ponto de referência para encontros amorosos. Diante das igrejas costumavam as moças em coro, dançar à vista dos namorados e galãs.
Carácter narrativo da composição: • acção —* ida de um grupo de donzelas, acompanhadas pelas suas mães,; uma romaria, que funciona como pretexto para dançarem e se "mostrarem”aos seus amigos;  • personagens e sua caracterização:  Donzelas —temperamento juvenil presente através • da forma como se encaram: "fremosas, en cós" "moças de muibon parecer" . • da referência ao seu poder de sedução: "Nossos amigos iram pôr cousir/como bailamos..." • da irreverência em relação a atitude das mães e à religião, presente no refrão • Espaço —* local da romaria "SanSimon de Vai de Prados".
O poeta apresenta todo um quadro de grande beleza:  meninhas que conversam, sonham e combinam entre si coisas de namoradas; irão com as mães ao templo, não porém, para orar e sim para dançar, para se exibirem aos olhos dos namorados, dos “amigos” que lá estarão para admirá-las, “cousir”. E as mães? Elas que rezem, que acendam velas ao santo, não só para si mesmas, mas também para as filhas que estarão dançando no adro. Esta é ainda hoje a psicologia das moças que vão às igrejas com as mães: para orar?  Não: para namorar, para ver o namorado.  O ritmo das cobras é fortemente acentuado, mas o do refrão o é ainda mais, momento em que o entusiasmo do baile deveria ser também maior. Note-se como já aparece o provençalismo cousir, observar, admirar.  Tudo isto revela, nesta cantiga d’amigo, grandes recursos literários, conhecimentos que o povo simples, que o vulgo não poderia ter.

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  • 1. análise Pois nossas madres van a SanSimón Cantiga de romaria Subgénero das cantigas de amigo que se distingue pela referência a romarias ou santuários. Não se trata, contudo, de composições de temática religiosa, já que, frequentemente, a peregrinação ou a capela são pretexto ou cenário do desenvolvimento da temática amorosa e profana como ocorre na conhecida cantiga Pois nossas madres van a SanSimon:
  • 2. Esquema Rimático: [3 x (4+2)] Rima Interpolada Rima Emparelhada REFRÃO Rima Emparelhada Forma: cantiga de refrão, em três coplas singulares de decassílabos agudos, de rima consoante. Esquema rimático: abbaCC; a rima é interpolada e emparelhada nas quadras e emparelhada no refrão.
  • 3. Género: cantiga de amigo Subgénero: cantiga de romaria. Tema: amor e religiosidade do ser medieval. Assunto: a cantiga expressa a grande alegria e entusiasmo das meninas por irem à romaria: é que vão encontrar-se com os seus amigos e bailar enquanto que as mães vão rezar por si e por elas, já que lá vão. Destaca-se o refrão, muito expressivo e cheio de ritmo, que destaca a garridice das meninas, o seu atrevimento brincalhão e o desinteresse pelo aspecto religioso;
  • 4. Devoção alegre e um pouco fingida, que encomendava às mães a parte séria da romaria e deixa às raparigas o vagar da dança em cós, perante os namorados. mães que vão ao santuário fazer promessas (fanatismo religioso) Se as donzelas vão à romaria é para que o amigo admire a sua elegância e com elas dance; a devoção das velas, isso fica à conta das mães (tom humorístico) Convite ao amor numa situação de romaria A caracterização psicológica da rapariga traduz uma realidade intemporal Diante das igrejas costumavam as moças em coro, dançar à vista dos namorados e galãs. Esta referência permite classificar a cantiga como BAILIA.
  • 5. Belo retrato de costumes por ocasião das peregrinações – a carolice das mães que vão ao santuário fazer promessas em contraste com a devoção superficial e indiferente (mas assumida) das donzelas que buscam o santuário como ponto de referência para encontros amorosos. Diante das igrejas costumavam as moças em coro, dançar à vista dos namorados e galãs.
  • 6. Carácter narrativo da composição: • acção —* ida de um grupo de donzelas, acompanhadas pelas suas mães,; uma romaria, que funciona como pretexto para dançarem e se "mostrarem”aos seus amigos; • personagens e sua caracterização: Donzelas —temperamento juvenil presente através • da forma como se encaram: "fremosas, en cós" "moças de muibon parecer" . • da referência ao seu poder de sedução: "Nossos amigos iram pôr cousir/como bailamos..." • da irreverência em relação a atitude das mães e à religião, presente no refrão • Espaço —* local da romaria "SanSimon de Vai de Prados".
  • 7. O poeta apresenta todo um quadro de grande beleza: meninhas que conversam, sonham e combinam entre si coisas de namoradas; irão com as mães ao templo, não porém, para orar e sim para dançar, para se exibirem aos olhos dos namorados, dos “amigos” que lá estarão para admirá-las, “cousir”. E as mães? Elas que rezem, que acendam velas ao santo, não só para si mesmas, mas também para as filhas que estarão dançando no adro. Esta é ainda hoje a psicologia das moças que vão às igrejas com as mães: para orar?  Não: para namorar, para ver o namorado. O ritmo das cobras é fortemente acentuado, mas o do refrão o é ainda mais, momento em que o entusiasmo do baile deveria ser também maior. Note-se como já aparece o provençalismo cousir, observar, admirar. Tudo isto revela, nesta cantiga d’amigo, grandes recursos literários, conhecimentos que o povo simples, que o vulgo não poderia ter.