As cantigas de amigo, amor e escárnio/maldizer caracterizam os principais gêneros da poesia trovadoresca galego-portuguesa. Nas cantigas de amigo, uma donzela revela seus sentimentos amorosos por um amigo à Natureza ou confidentes. Nas cantigas de amor, um trovador expressa de forma cortês sua paixão por uma dama inacessível, levando-o à coita. Já as cantigas de escárnio/maldizer criticam costumes de forma satírica e humorí
2. Cancioneiros da poesia galego-portuguesa
Cancioneiro
da Ajuda
Cancioneiro
da Vaticana
Cancioneiro
da Biblioteca
Nacional
Cantigas de
Santa Maria
Arte de
Trovar
4. Cantigas de amigo
Caracterização temática
● Objeto masculino (o amigo)
● Variedade do sentimento amoroso:
diversidade de sentimentos (tristeza,
saudade, dúvida, ansiedade,...)
● Emissor feminino (a donzela)
● Espaço rural e ambiente doméstico e
familiar
● Drama sentimental da donzela
5. Cantigas de amigo
Caracterização temática
● Presença de confidentes (humanos,
como a mãe ou as amigas, ou
inanimados, como elementos da
Natureza)
● Relação com a Natureza: cenário,
confidente e valor simbólico
6. Cantigas de amigo
Nas cantigas de amigo, o sujeito poético é uma donzela
enamorada que, num ambiente rural e familiar e em
íntima relação com a Natureza, revela à mãe, às amigas,
ou a elementos da natureza personificados os seus
sentimentos relativamente ao namorado – o amigo. O
tom é, por isso, de confidência amorosa, que contribui
para a expressão da variedade do sentimento amoroso,
ligada a sentimentos como a tristeza, a saudade, a alegria,
a mágoa ou mesmo a irritação.
8. Cantigas de amigo
Em termos de linguagem, as cantigas de amigo
caracterizam-se pela musicalidade e pelo cariz oralizante
próprios de textos que se destinavam a ser cantados e
que, por essa razão, deviam facilitar a memorização. A
própria estrutura tinha em vista esse fim, já que assentava
muito em mecanismos de repetição, como o paralelismo
com leixa-prem (retoma de versos) e o refrão.
9. Cantigas de amor
Caracterização temática
● Objeto feminino (a «senhor» ou «dona»)
● Elogio cortês: idealização e enaltecimento da
mulher, de acordo com o código do amor cortês
(vassalagem e cortesia)
● Emissor masculino (o trovador)
● Espaço aristocrático e ambiente
palaciano
● Coita de amor e sofrimento amoroso
(a «morte por amor»)
10. Cantigas de amor
Nas cantigas de amor, o sujeito poético é masculino e
exprime os seus sentimentos para com uma dama. A sua
atitude é de vassalagem e reproduz metaforicamente as
relações feudais. O trovador coloca-se ao serviço da sua
dona ou «senhor», guardando distância e respeito
(mesura) face a ela, que, por sua vez, se mostra,
habitualmente, distante, fria, indiferente ou até cruel.
11. Cantigas de amor
O carácter inacessível da amada e a ausência de
retribuição amorosa conduzem o «eu» enunciador à coita
de amor – o intenso sofrimento amoroso, a paixão infeliz
que pode mesmo levar à loucura ou à morte por amor.
Neste género da poesia trovadoresca, é recorrente o
elogio cortês à mulher amada, cujo retrato se assemelha a
uma idealização, com recurso frequente à hipérbole para
intensificar a beleza (física e moral) e a perfeição da dona.
12. Cantigas de escárnio e maldizer
Caracterização temática
● Objetos diversos (figuras ou situações)
● Emissor masculino (o trovador)
● Dimensão satírica:
- paródia do amor cortês
- crítica de costumes (sátira indireta, nas
cantigas de escárnio, ou direta, nas
cantigas de maldizer)
13. Cantigas de escárnio e maldizer
As cantigas de escárnio e maldizer, de dimensão
satírica, visam a crítica de costumes, associada à
representação humorística ou caricatural do quotidiano,
apontando a certos comportamentos e ações. Revestem-
se, por isso, de grande valor documental.
Se a crítica é direta e o seu objeto nomeado, as cantigas
são consideradas de maldizer. Se a crítica se
desenvolve por alusões, de modo indireto, não sendo
possível identificar o visado, as cantigas são de escárnio.
14. Cantigas de escárnio e maldizer
O alvo de muitos destes textos, cuja intenção comunicativa
passa por divertir e moralizar, frequentemente através da
ironia, é, muitas vezes, o próprio grupo profissional dos
trovadores, ridicularizando-se temas e processos típicos
das cantigas de amor, como o elogio superlativado da
«senhor» ou a «morte de amor», em clara paródia do
amor cortês.