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ASPECTOS CONSTITUTIVOS DA
ENUNCIAÇÃO
Baseado na perspectiva de José Luiz
Fiorin, especialmente na sua análise da
Pragmática como constitutiva do
discurso.
Palavras iniciais
• É a enunciação, ou seja, o ato de produzir
enunciados que são as realizações linguísticas
concretas.
• Os dêiticos, que são os elementos linguísticos
que indicam o lugar ou o tempo em que o
enunciado é produzido ou então os
participantes de uma situação de
enunciado, ou seja, de uma enunciação
Para entender a ENUNCIAÇÃO
• A enunciação é a colocação em funcionamento
da língua por um ato individual de utilização, ou
seja, é a instância constitutiva do enunciado, a
“instância linguística pressuposta pela própria
existência do enunciado, o qual comporta seus
traços e suas marcas” (GREIMAS, 1979, p. 126).
• A enunciação enunciada é o conjunto de marcas
identificáveis no texto que remetem à instância
de enunciação, o enunciado que é a sequência
enunciada desprovida de marcas de enunciação.
Aspectos da enunciação enunciada e
do enunciado
• Por enunciação enunciada entendemos as marcas da enunciação
que estão presentes no enunciado e se remete à instância de
enunciação.
• Por exemplo, quando se diz “Eu pensava que tomate era
legume, mas a minha professora falou que ele é uma fruta.”, os
itens eu e a minha professora são elementos da enunciação
instados no enunciado, ao passo que ele, por exemplo, não o é, pois
tem referência no próprio enunciado e retoma tomate.
• O enunciado é a sequencia enunciada desprovida de marcas da
enunciação.
• Por exemplo, quando se diz “Tomate é uma fruta, não um legume.”
não temos qualquer marca de enunciação.
Hierarquia enunciativa
• 1 – enunciador x enunciatário (eu/tu): acontece na
constituição intelectual do discurso, pois o enunciador
imagina um enunciatário e realiza o enunciado a partir
desta premissa/concepção.
• 2 – narrador x narratário (eu/tu) o narrador é aquele se
se apresenta no texto como “falante”, o narratário, por
sua vez, não se confunde com o leitor, pois é um
simulacro com quem o narrador dialoga. É um tu
imaginário, sempre implícito no texto.
• 3 – interlocutor x interlocutário: se dá no momento em
que o narrador dá voz aos personagens de que trata.
Noção de pessoa em enunciação
• Para Benveniste, a categoria de pessoa em enunciação assume duas
correlações:
• A) de pessoalidade: opõe pessoa (eu/tu) de não-pessoa (ele) que
são participantes do enunciação e do enunciado.
• B) de subjetividade: opõe eu x tu, a primeira pessoa subjetiva, a
segundo, objetiva.
• A classe dos pronomes ditos pessoais não comporta a noção de
pessoa, pois a pessoalidade só é válida para eu e tu, os quais
pertencem à instância discursiva e validam a doutrina de
Benveniste, que é justamente o fato de a enunciação ser um ato
inédito. Cada situação, sempre, consiste em um enunciado
novo, pois, no momento em que o locutor (eu) implica um tu ele
está marcado na língua. Essa trajetória de locutor a sujeito – do
discurso – instiga-nos a refletir sobre a particularidade dos pronomes
pessoais (eu, tu) e como essa perspectiva constitui por excelência a
linguagem como condição para a comunicação humana.
Noção de pessoa em enunciação

• Pessoa enunciativa: trata-se do eu e do tu que participam
da enunciação e são auferíveis do/no enunciado. Como o
“mim”, o você e o eu, que se refere a Armandinho e o
“minha senhora”, que se refere à pessoa com quem ele fala.
• Pessoa enunciva: trata-se do ele, que participa
exclusivamente do enunciado. No caso, os termos sapo e
cachorro são enuncivos.
A noção de tempo em enunciação
• O enunciador, ao tomar a palavra, instaura
automaticamente um tempo, o agora, momento da
enunciação. Em contraposição a este agora, cria-se um
então. É esse agora que é o fundamento das relações
temporais da língua. Os momentos de referenciação
entre esse agora e o passado e o futuro precisam ser
marcados no enunciado, pois o tempo linguístico
comanda as marcações cronológicas referidas no texto.
• É o tempo que marca se um acontecimento é
concomitante, anterior ou posterior a cada um dos
momentos de referência (presente, passado, futuro)
estabelecidos em função do momento da enunciação.
As categorias de tempo
• Tempos enunciativos: tem como referência o
presente e se ordenam em concomitância
com esse presente ou em oposição a ele em
relação de anterioridade e de posterioridade.
• Observe:
• Agora, sim, estamos acabando. (concomitância)
• Ontem, pensei que acabaríamos. (anterioridade)
• Amanhã, com certeza, acabamos. (posterioridade)
Tipos de tempo enunciativos
concomitantes
• Presente pontual: quando existe coincidência
entre o Momento da enunciação e o Momento
de Referência:
• Um relâmpago fulgura no céu.

• Presente durativo: quando o momento de
referência é mais longo do que o momento da
enunciação:
• Nesta semana, a gente aprende enunciado e enunciação.

• Presente omnitemporal ou gnômico: quando o
momento de referência é ilimitado.
• Alunos sentem certa rejeição a Teoria da Enunciação.
Tipos de tempo enunciativos
• De anterioridade:
• Pretérito perfeito: marca relação de
anterioridade à enunciação

• De posterioridade:
• O futuro do presente: marca a relação de
posterioridade à enunciação.
Tempos enuncivos
• Os tempos enuncivos são aqueles cuja relação de
concomitância, anterioridade e posterioridade se dá com base no
enunciado. É, portanto, ordenado em relação ao passado e futuro
instalado no próprio enunciado.
• O momento de referência do enunciado é marcado e, em relação à
este momento, os elementos do texto se situam.
• Na véspera da quinta-feira, dia 23, Antonio disse que iria ao cinema na
sexta, mas no sábado, disse que não pode ir porque no dia de
ir, perdeu a carteira.
– Véspera= dia 22, quarta feira. (anterioridade)
– Na sexta = amanhã do dia 23, dia 24. (posteroridade)
– No sábado = dia depois de amanhã o dia 23, amanhã da sexta, 3 dias
após ter dito que iria ao cinema. (posteroridade)

• Contribuem para a relação temporal tanto os advérbios do sistema
enunciativo (ontem, hoje, amanhã) quanto os do sistema enuncivo (na
véspera, no dia x, no dia seguinte)
Espaço em Teoria da Enunciação
• O espaço linguístico se ordena a partir do
lugar do ego, do eu, pois todos os elementos
são localizados em relação a “impressão” que
o falante tem de sua posição no mundo. Sua
real posição na realidade é circunstancial para
a relação de compreensão espacial do falante.
• São utilizados para estabelecer essas relações
especialmente os pronomes demonstrativos e
os advérbios de lugar.
Função espacial em enunciação
• dos pronomes demonstrativos
• Função dêitica (de designar ou mostrar)
• Esta casa é muito cara.
• Aquele menino é muito bagunceiro.

• Função de lembrar (anafórica/catafórica)
• Quebrou copos e pratos ao lavar. Todos estes itens eram novinhos.
(anafórico)
• Isto que estou bebendo é vinho mesmo. (catafórico)

• Função coesiva
• Eu lhe dei essa informação, que sua casa iria a leilão.

• Dos advérbios de lugar (de designar o espaço da
enunciação propriamente dito)
• Venha cá.
• É bem ali que Maria mora.
Instauração de pessoas, espaços e
tempos no enunciado
• Segundo Fiorin (1995b, 1996), a debreagem e a embreagem.
• A debreagem é a operação em que a instância de enunciação se desprende
de si e projeta para fora
• de si, no momento da discursivização, determinados termos ligados a sua
estrutura de base, buscando a constituição dos elementos fundadores do
enunciado, quais sejam: pessoa, tempo e espaço. Há a debreagem
actancial, espacial e temporal.
• A debreagem tira da instância de enunciação a pessoa, o espaço e o tempo
e projeta no enunciado um não-eu, um não-aqui e um não-agora.
• Existem dois tipos de debreagem.
• A primeira é a enunciativa, em que se instalam no enunciado os actantes
da enunciação (eu/tu), o espaço da enunciação (aqui) e o tempo da
enunciação (agora), isto é, em que o não-eu, o não-aqui e o não-agora são
enunciados
• como eu, aqui, agora.
• A segunda é a enunciva, em que se instauram no enunciado os actantes do
enunciado (ele), o espaço do enunciado (em algum lugar) e o tempo do
enunciado (então).
Instauração de pessoas, espaços e
tempos no enunciado
• A debreagem enunciativa e a enunciva produzem
dois efeitos de sentido:
• a) o de subjetividade: instalação dos simulacros
do eu/aqui/agora enunciativos, com suas
apreciações dos fatos;
• b) o de objetividade: eliminação das marcas de
enunciação do texto, ou seja, da enunciação
enunciada, fazendo com o discurso se construa
somente com enunciado enunciado.

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Aspectos constitutivos da enunciação

  • 1. ASPECTOS CONSTITUTIVOS DA ENUNCIAÇÃO Baseado na perspectiva de José Luiz Fiorin, especialmente na sua análise da Pragmática como constitutiva do discurso.
  • 2. Palavras iniciais • É a enunciação, ou seja, o ato de produzir enunciados que são as realizações linguísticas concretas. • Os dêiticos, que são os elementos linguísticos que indicam o lugar ou o tempo em que o enunciado é produzido ou então os participantes de uma situação de enunciado, ou seja, de uma enunciação
  • 3. Para entender a ENUNCIAÇÃO • A enunciação é a colocação em funcionamento da língua por um ato individual de utilização, ou seja, é a instância constitutiva do enunciado, a “instância linguística pressuposta pela própria existência do enunciado, o qual comporta seus traços e suas marcas” (GREIMAS, 1979, p. 126). • A enunciação enunciada é o conjunto de marcas identificáveis no texto que remetem à instância de enunciação, o enunciado que é a sequência enunciada desprovida de marcas de enunciação.
  • 4. Aspectos da enunciação enunciada e do enunciado • Por enunciação enunciada entendemos as marcas da enunciação que estão presentes no enunciado e se remete à instância de enunciação. • Por exemplo, quando se diz “Eu pensava que tomate era legume, mas a minha professora falou que ele é uma fruta.”, os itens eu e a minha professora são elementos da enunciação instados no enunciado, ao passo que ele, por exemplo, não o é, pois tem referência no próprio enunciado e retoma tomate. • O enunciado é a sequencia enunciada desprovida de marcas da enunciação. • Por exemplo, quando se diz “Tomate é uma fruta, não um legume.” não temos qualquer marca de enunciação.
  • 5. Hierarquia enunciativa • 1 – enunciador x enunciatário (eu/tu): acontece na constituição intelectual do discurso, pois o enunciador imagina um enunciatário e realiza o enunciado a partir desta premissa/concepção. • 2 – narrador x narratário (eu/tu) o narrador é aquele se se apresenta no texto como “falante”, o narratário, por sua vez, não se confunde com o leitor, pois é um simulacro com quem o narrador dialoga. É um tu imaginário, sempre implícito no texto. • 3 – interlocutor x interlocutário: se dá no momento em que o narrador dá voz aos personagens de que trata.
  • 6. Noção de pessoa em enunciação • Para Benveniste, a categoria de pessoa em enunciação assume duas correlações: • A) de pessoalidade: opõe pessoa (eu/tu) de não-pessoa (ele) que são participantes do enunciação e do enunciado. • B) de subjetividade: opõe eu x tu, a primeira pessoa subjetiva, a segundo, objetiva. • A classe dos pronomes ditos pessoais não comporta a noção de pessoa, pois a pessoalidade só é válida para eu e tu, os quais pertencem à instância discursiva e validam a doutrina de Benveniste, que é justamente o fato de a enunciação ser um ato inédito. Cada situação, sempre, consiste em um enunciado novo, pois, no momento em que o locutor (eu) implica um tu ele está marcado na língua. Essa trajetória de locutor a sujeito – do discurso – instiga-nos a refletir sobre a particularidade dos pronomes pessoais (eu, tu) e como essa perspectiva constitui por excelência a linguagem como condição para a comunicação humana.
  • 7. Noção de pessoa em enunciação • Pessoa enunciativa: trata-se do eu e do tu que participam da enunciação e são auferíveis do/no enunciado. Como o “mim”, o você e o eu, que se refere a Armandinho e o “minha senhora”, que se refere à pessoa com quem ele fala. • Pessoa enunciva: trata-se do ele, que participa exclusivamente do enunciado. No caso, os termos sapo e cachorro são enuncivos.
  • 8. A noção de tempo em enunciação • O enunciador, ao tomar a palavra, instaura automaticamente um tempo, o agora, momento da enunciação. Em contraposição a este agora, cria-se um então. É esse agora que é o fundamento das relações temporais da língua. Os momentos de referenciação entre esse agora e o passado e o futuro precisam ser marcados no enunciado, pois o tempo linguístico comanda as marcações cronológicas referidas no texto. • É o tempo que marca se um acontecimento é concomitante, anterior ou posterior a cada um dos momentos de referência (presente, passado, futuro) estabelecidos em função do momento da enunciação.
  • 9. As categorias de tempo • Tempos enunciativos: tem como referência o presente e se ordenam em concomitância com esse presente ou em oposição a ele em relação de anterioridade e de posterioridade. • Observe: • Agora, sim, estamos acabando. (concomitância) • Ontem, pensei que acabaríamos. (anterioridade) • Amanhã, com certeza, acabamos. (posterioridade)
  • 10. Tipos de tempo enunciativos concomitantes • Presente pontual: quando existe coincidência entre o Momento da enunciação e o Momento de Referência: • Um relâmpago fulgura no céu. • Presente durativo: quando o momento de referência é mais longo do que o momento da enunciação: • Nesta semana, a gente aprende enunciado e enunciação. • Presente omnitemporal ou gnômico: quando o momento de referência é ilimitado. • Alunos sentem certa rejeição a Teoria da Enunciação.
  • 11. Tipos de tempo enunciativos • De anterioridade: • Pretérito perfeito: marca relação de anterioridade à enunciação • De posterioridade: • O futuro do presente: marca a relação de posterioridade à enunciação.
  • 12. Tempos enuncivos • Os tempos enuncivos são aqueles cuja relação de concomitância, anterioridade e posterioridade se dá com base no enunciado. É, portanto, ordenado em relação ao passado e futuro instalado no próprio enunciado. • O momento de referência do enunciado é marcado e, em relação à este momento, os elementos do texto se situam. • Na véspera da quinta-feira, dia 23, Antonio disse que iria ao cinema na sexta, mas no sábado, disse que não pode ir porque no dia de ir, perdeu a carteira. – Véspera= dia 22, quarta feira. (anterioridade) – Na sexta = amanhã do dia 23, dia 24. (posteroridade) – No sábado = dia depois de amanhã o dia 23, amanhã da sexta, 3 dias após ter dito que iria ao cinema. (posteroridade) • Contribuem para a relação temporal tanto os advérbios do sistema enunciativo (ontem, hoje, amanhã) quanto os do sistema enuncivo (na véspera, no dia x, no dia seguinte)
  • 13. Espaço em Teoria da Enunciação • O espaço linguístico se ordena a partir do lugar do ego, do eu, pois todos os elementos são localizados em relação a “impressão” que o falante tem de sua posição no mundo. Sua real posição na realidade é circunstancial para a relação de compreensão espacial do falante. • São utilizados para estabelecer essas relações especialmente os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar.
  • 14. Função espacial em enunciação • dos pronomes demonstrativos • Função dêitica (de designar ou mostrar) • Esta casa é muito cara. • Aquele menino é muito bagunceiro. • Função de lembrar (anafórica/catafórica) • Quebrou copos e pratos ao lavar. Todos estes itens eram novinhos. (anafórico) • Isto que estou bebendo é vinho mesmo. (catafórico) • Função coesiva • Eu lhe dei essa informação, que sua casa iria a leilão. • Dos advérbios de lugar (de designar o espaço da enunciação propriamente dito) • Venha cá. • É bem ali que Maria mora.
  • 15. Instauração de pessoas, espaços e tempos no enunciado • Segundo Fiorin (1995b, 1996), a debreagem e a embreagem. • A debreagem é a operação em que a instância de enunciação se desprende de si e projeta para fora • de si, no momento da discursivização, determinados termos ligados a sua estrutura de base, buscando a constituição dos elementos fundadores do enunciado, quais sejam: pessoa, tempo e espaço. Há a debreagem actancial, espacial e temporal. • A debreagem tira da instância de enunciação a pessoa, o espaço e o tempo e projeta no enunciado um não-eu, um não-aqui e um não-agora. • Existem dois tipos de debreagem. • A primeira é a enunciativa, em que se instalam no enunciado os actantes da enunciação (eu/tu), o espaço da enunciação (aqui) e o tempo da enunciação (agora), isto é, em que o não-eu, o não-aqui e o não-agora são enunciados • como eu, aqui, agora. • A segunda é a enunciva, em que se instauram no enunciado os actantes do enunciado (ele), o espaço do enunciado (em algum lugar) e o tempo do enunciado (então).
  • 16. Instauração de pessoas, espaços e tempos no enunciado • A debreagem enunciativa e a enunciva produzem dois efeitos de sentido: • a) o de subjetividade: instalação dos simulacros do eu/aqui/agora enunciativos, com suas apreciações dos fatos; • b) o de objetividade: eliminação das marcas de enunciação do texto, ou seja, da enunciação enunciada, fazendo com o discurso se construa somente com enunciado enunciado.