Este documento discute como a globalização e as novas tecnologias impactaram a educação. Aborda como o conceito de educação mudou desde a Revolução Industrial e como as tecnologias permitem novas formas de aprendizagem. Também analisa como as novas tecnologias podem ser usadas de forma positiva na escola, desde que os métodos tradicionais não sejam descurados.
1. Instituto Politécnico de Setúbal
Escola Superior de Educação
Licenciatura em Educação Básica
Discentes: Ana Isabel Santos
Ana Sofia Ortet
3ºAno - Turma A
Língua Portuguesa e Tecnologias de Informação e Comunicação
Docente: Helena Camacho
Recensão Crítica
Setúbal
2009/2010
2. Referências Bibliográficas:
BOTELHO, Fernanda (2006). “Textos e Literacias” Disponível em
http://www.setubalnarede.pt.
BOTELHO, Fernanda (2005). “Globalização e Cidadania: reflexões soltas”. Disponível
em http://www.setubalnarede.pt.
DIAS DE FIGUEIREDO, António (2000). “Novos media e nova aprendizagem” in
Novo Conhecimento, nova aprendizagem. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. pp.
71-81.
PAZ, João (2008). “Educação e Novas Tecnologias”. Disponível em
http://www.setubalnarede.pt.
WONG, Bárbara (2006). “Será k a lguagem ds testes tá a mudar?” in Em dia com as
línguas. Setúbal: Escola Superior de Educação. pp. 15-16.
Recensão Critica:
Hoje em dia, devido ao fenómeno da globalização torna-se impossível viver à margem
das novas tecnologias, sendo que somos constantemente bombardeados com questões que se
prendem com as novas e velhas aprendizagens, a importância e contributo dos média e novos
conceitos de educação, cidadania e literacia.
Todas estas mudanças influenciaram a actual educação, tendo solucionado vários
problemas e feito surgir outros que precisam de ser resultados. Deste modo, os autores João Paz,
António Dias de Figueiredo, Fernanda Botelho e Barbara Wong, abordam inúmeros aspectos
relacionados com estes temas, permitindo reflectir sobre os mesmos.
Para compreender este novo paradigma da educação torna-se necessário entender como
o mesmo surgiu.
Actualmente, o conceito de educação é bastante diferente daquele que surgiu em
meados do século XIX com a Revolução Industrial, cujo sistema escolar era dirigido às massas
e surgiu como forma de controlo social, tal como nos diz António Figueiredo.
O sistema educativo para as massas tendia a formar crianças como futuros profissionais
fabris, que deveriam ser perfeitos e capazes de operacionalizar como um mecanismo de relógio,
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3. ou seja, pretendia-se transformar as empresas em máquinas e as pessoas em peças dessas
máquinas.
Este conceito foi adoptado por Frederick Taylor, segundo os princípios da gestão
científica, para as escolas, onde a disciplina e as regras eram fortemente vincadas, o que se
reflectia na rigidez dos horários, disposição da sala e o modo como as várias disciplinas eram
abordadas sem interligação.
Com o desencadear da Revolução Industrial deu-se uma maior mobilização das pessoas,
culturas e informação que se evidenciou ainda mais com o avanço das tecnologias.
Tudo isto contribuiu para o fenómeno da globalização que se vive actualmente e que
permite uma facilidade de troca de informação.
Fernanda Botelho num dos seus artigos debruça-se de forma pertinente sobre este tema,
reflectindo nas mudanças que a educação precisa de sofrer para acompanhar esta nova realidade,
focando-se no ensino e aprendizagem das línguas, cujo objectivo é conseguir comunicar com os
outros e não apenas o estudo da língua por si só.
Nesta perspectiva a autora ainda afirma que as línguas têm um papel preponderante no
esbatimento das desigualdades sociais, do país, da Europa e do Mundo.
Tendo em vista esta nova realidade, surge a necessidade de formar trabalhadores de
saberes que consigam transformar inumeras competências em actividades sociais integradas.
Assim sendo, com o objectivo de adquirirem competências necessárias para o futuro, os
jovens e adultos cada vez mais procuram diferentes meios de aprendizagem.
Seguindo esta mesma linha de raciocínio, pode-se concluir que a escola está mal
equipada perante este novos desafios, pois apesar de os média serem novos, as aprendizagens
continuam a ser antigas, pois todo este leque de tecnologias não está a ser bem rentabilizado.
Deste modo, e seguindo o pensamento de António Dias de Figueiredo, o grande desafio
dos media é construir comunidades ricas em contexto, onde a aprendizagem individual e
colectiva se constrói a partir de espaços onde se possa aprender colectivamente.
Como já foi referido anteriormente, a globalização surgiu com o avanço da tecnologia, e
estando esta presente em todos os aspectos da nossa vida, torna-se necessário reflectir acerca da
educação e novas tecnologias.
Sobre este assunto diz o professor João Paz que existem dois pareceres extremistas entre
os professores, por um lado a de que as tecnologias na escola vão solucionar todos os problemas
inerentes a ela e, por outro a de que as tecnologias serão o fim da escola. No entanto na nossa
opinião, o uso das novas tecnologias na escola, se bem aplicadas, serão uma mais-valia, não
solucionarão todos os problemas, mas poderão contribuir para um melhor trabalho do professor
e uma melhor aprendizagem dos alunos, que se identificam e se sentem à vontade com este tipo
de tecnologias. Porém, ressaltamos ainda que as tecnologias são apenas uma ferramenta de
trabalho, não sendo elas que fazem de um professor, bom ou mau profissional.
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4. No entanto, há que ter cuidado na inserção das novas tecnologias na escola, para não se
descurar as competências mais antigas e essenciais, como os métodos de pesquisa. Actualmente,
com o acesso à Internet a grande maioria dos jovens quando tem algum trabalho para
desenvolver fazem a sua busca de informações acerca dele na Internet e utilizam todas as
referências que encontrarem, não fazendo uma selecção cuidada das fontes, absorvendo assim
informação que frequentemente está errada. Também no momento de realizar o dito
trabalho não desmontam as informações que recolheram, nem reflectem sobre elas para depois
as escreverem com base no seu próprio julgamento, mas utilizam o “copy-paste”, que é mais
fácil e rápido.
Para tudo isto o professor tem de estar sensibilizado, de modo a alertar os seus alunos
para os malefícios desta prática e lhes indicar os métodos que realmente lhes permitirão realizar
um bom trabalho, desenvolvendo deste modo competências essenciais para a sua vida, como a
de atitude crítica, capacidade de reflexão e de pesquisa.
Por outro lado, o professor João Paz ainda afirma que as tecnologias também devem ser
vistas como meio de partilha de saberes, entre toda a comunidade escolar. Neste âmbito
surgiram as plataformas Moodle, o Facebook, o Hi5, a Wikipédia, e os blogs, que cada um com
as suas características permitem uma maior interacção social e partilha de saberes e
experiências.
Com o avanço das tecnologias e a globalização, surgiram novos tipos de escrita e até de
oralidade, como a linguagem “sms” utilizada cada vez mais pelos jovens e que vem a preocupar
os pais e professores.
Bárbara Wong, num dos seus artigos, aborda de forma bastante esclarecedora este tema,
evidenciando alguns exemplos desta escrita, que foi criada pelos jovens apenas para poupar
caracteres nas mensagens e economizar tempo e dinheiro.
Apesar de tudo isto, os alunos não caem na tentação de transpor para exames ou testes
esta linguagem, pois antes de entregarem o seu enunciado corrigem-no na integra, tendo
consciência que esta escrita “sms” não deve ser utilizada na escola e que apenas recorrem a ela
para ser mais rápido nas relações sociais entre si.
Como futuras profissionais da educação, a nossa opinião vai ao encontro da opinião de
Barbara Wong, no aspecto que refere que esta escrita é um acto espontâneo dos alunos, mas que
se tal ocorrer num teste ou exame deve ser sempre assinalado como um erro, pois a escrita é
bastante complexa e não deve ser menosprezada ao simples acto de envio de mensagens.
Todavia, existem governos que já apoiam esta nova linguagem escrita, como é o caso da
Nova Zelândia, que afirma que desde que os professores entendam o que foi escrito, não tem
qualquer relevância se o aluno recorreu ou não a abreviaturas, contudo, nós não concordamos
com este ponto de vista, altamente redutor da importância da escrita tradicional.
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5. Devido a tudo o que foi abordado anteriormente, torna-se necessário desenvolver outras
competências de interpretação para compreender as mensagens inerentes a este tipo de escrita, o
que segundo autores como Fernanda Botelho é tão evidente actualmente que se deveria alargar o
conceito de literacia.
O conceito tradicional de literacia provém do latim litteratio/litterationis, que
significava saber ler, escrever e contar, o que comummente se designou de alfabetização. Em
Portugal, o conceito de literacia diz respeito à capacidade de utilização da língua escrita, porém
paralelamente à tradicional língua escrita, com as suas características e normas, surgiram outros
tipos de linguagem, como os códigos binários da informática, a linguagem específica dos média
ou a linguagem das imagens que o termo costumado de literacia não abarca.
Assim, surge o termo multiliteracias, conceito mais alargado de literacia que abarca as
competências para conseguir interpretar e descodificar não só a língua tradicional mas também
todas estas novas vertentes que se vão implementando na nossa sociedade e cultura actuais.
Em suma, através da leitura, reflexão e interpretação destes textos depreendemos que
num mundo globalizado como o nosso, que está em constante transformação, e onde as
diferenças geográficas estão cada vez mais esbatidas devido ao aperfeiçoamento das
tecnologias, torna-se imperativo que a educação e os professores acompanhem estas mudanças e
desenvolvam os seus currículos e sistemas educacionais de modo a abrangêe-las.
Assim, interligando estes conhecimentos com a unidade curricular Língua Portuguesa e
Tecnologias de Informação e Comunicação e pensando no nosso futuro profissional
consideramos fundamental o estudo das novas tecnologias aliadas à Educação, que nos traz
outras luzes acerca da implementação e utilização das mesmas em sala de aula.
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