Doença celíaca, é mais comum do que se pensava, e pode causar danos sérios a saúde, e o tratamento é a dieta isenta do glutén, presente na farinha de trigo e outros. Você pode ter e não saber!
2. Definição
A Doença Celíaca (DC) é autoimune, causada
pela intolerância permanente ao glúten -
principal fração protéica presente no trigo,
centeio, cevada e aveia - e que se expressa por
enteropatia mediada por linfócitos T, em
indivíduos geneticamente predispostos.
2
4. Definição
Estudos de prevalência da DC têm demonstrado
que esta doença é mais frequente do que se
acreditava, e que continua sendo subestimada.
A falta de informação sobre a DC e a
dificuldade para o diagnóstico prejudicam a
adesão ao tratamento e a melhora do quadro
clínico.
4
6. Epidemiologia
A DC é comum ao redor do mundo e afeta cerca de
uma para cada 100 a 300 pessoas.
A taxa de mulheres para homens com DC é de 2:1.
A epidemiologia da DC tem características de
iceberg - há muitos mais casos não diagnosticados
(abaixo da linha d'água) que diagnosticados (acima
da linha d'água).
6
7. História
A doença celíaca é conhecida desde o Século XI, mas
foi só em 1888 que Samuel Gee, um pesquisador
inglês, a descreveu em detalhes e achou que as
farinhas poderiam ser as causadoras da moléstia. Em
1950, Dicke, um pediatra holandês, observou que
durante a guerra, quando o pão esteve escasso na
Europa, diminuíram os casos de doença celíaca. Três
anos depois ele conseguiu comprovar sua teoria,
deixando claro o papel do glúten (contido no trigo,
cevada, aveia e centeio) na provocação da doença.
7
8. Classificação
Três formas de apresentação clínica da DC são
reconhecidas, quais sejam: clássica ou típica,
não clássica ou atípica, e assintomática ou
silenciosa:
8
9. Classificação
I Forma Clássica: caracterizada por diarréia crônica, em geral
com distensão abdominal e perda de peso. O paciente
pode apresentar diminuição do tecido celular subcutâneo,
falta de apetite, alteração de humor (irritabilidade ou apatia),
vômitos e anemia. A crise celíaca ocorre quando há retardo
no diagnóstico e tratamento, particularmente entre o primeiro
e o segundo anos de vida, e em geral, desencadeada por
infecção. .
9
10. Classificação
A crise celíaca, potencialmente fatal, caracteriza-se
pela diarréia com desidratação hipotônica grave,
distensão abdominal por hipotassemia e desnutrição
grave, além de outras manifestações como
hemorragia e tetania.
10
11. Classificação
II Forma Atípica: caracteriza-se por quadro mono ou oligos-
sintomático, em que as manifestações digestivas estão
ausentes ou, quando presentes, ocupam um segundo plano. Os
pacientes deste grupo podem apresentar manifestações
isoladas, como, por exemplo, baixa estatura, anemia por
deficiência de ferro refratária à reposição de ferro por via oral,
anemia por deficiência de folato e vitamina B12, osteoporose,
hipoplasia do esmalte dentário, artralgias ou artrites,
constipação intestinal refratária ao tratamento.
11
12. Classificação
E outros sintomas são: atraso puberal, irregularidade do ciclo
menstrual, esterilidade, abortos de repetição, ataxia, epilepsia
(isolada ou associada à calcificação cerebral), neuropatia
periférica, miopatia, manifestações psiquiátricas - depressão,
autismo, esquizofrenia -, úlcera aftosa recorrente, elevação das
enzimas hepáticas sem causa aparente, fraqueza, perda de
peso, edema de aparição abrupta após infecção ou cirurgia e
dispepsia não ulcerosa.
12
13. Classificação
III Forma Silenciosa: caracterizada por alterações sorológicas e
histológicas da mucosa do intestino delgado compatíveis com
DC, na ausência de manifestações clínicas. Esta situação pode
ser comprovada especialmente entre grupos de risco para a DC
como, por exemplo, parentes de primeiro grau de pacientes
com DC, e vem sendo reconhecida com maior frequência nas
últimas duas décadas, após o desenvolvimento dos marcadores
sorológicos para esta doença.
Deve-se mencionar a dermatite herpetiforme, considerada DC
da pele, que se apresenta com lesões cutâneas do tipo bolhoso
e intensamente pruriginoso e que se relaciona também com a
intolerância permanente ao glúten.
13
14. Diagnóstico
Os marcadores sorológicos são úteis para identificar
os indivíduos que deverão submeter-se à biópsia de
intestino delgado.
Os 3 principais testes sorológicos para detecção da
intolerância ao glúten incluem as dosagens de
anticorpos antigliadina, antiendomísio e
antitransglutaminase.
14
15. Diagnóstico
Considerando a maior facilidade de dosagem do
anticorpo antitransglutaminase, aliada a elevadas
sensibilidade e especificidade na população
pediátrica e adulta, este é o teste sorológico de
escolha para avaliação inicial dos indivíduos com
suspeita de intolerância ao glúten.
15
16. Diagnóstico
Para o diagnóstico definitivo da DC é necessária a
realização de endoscopia digestiva alta com biópsia
de intestino delgado.
16
17. Diagnóstico
A lesão clássica da DC consiste em mucosa plana ou
quase plana, com criptas alongadas e aumento de
mitoses, epitélio superficial cuboide, com
vacuolizações, borda estriada borrada, aumento do
número de linfócitos intraepiteliais e lâmina própria
com denso infiltrado de linfócitos e plasmócitos.
Marsh, em 1992, demonstrou haver uma sequência
da progressão da lesão da mucosa do intestino
delgado na DC:
17
18. Fisiopatologia
As mudanças patológicas clássicas do intestino delgado são
categorizadas através da "classificação Marsh":
Estágio Marsh 0: mucosa normal
Estágio Marsh 1: número aumentado de linfócitos intra-epiteliais,
geralmente mais de 20 a cada 100 enterócitos
Estágio Marsh 2: proliferação das criptas de Lieberkuhn
Estágio Marsh 3: atrofia completa ou parcial das vilosidades
Estágio Marsh 4: hipoplasia da arquitetura do intestino delgado
As mudanças geralmente melhoram ou são revertidas após o glúten ser
removido da dieta, devendo ser realizada diversas biópsias meses (4 a
6) após o início da exclusão do glúten.
18
21. Tratamento
O tratamento da DC consiste em dieta sem glúten,
devendo-se, portanto, excluir da alimentação tudo o
que contenha trigo, centeio, cevada e aveia, por
toda a vida.
Com a instituição de dieta totalmente sem glúten,
há normalização da mucosa intestinal e das
manifestações clínicas.
21
22. Dicas
LEIA ATENTAMENTE OS RÓTULOS DOS
PRODUTOS! O uso generalizado de
emulsificantes, espessantes e outros aditivos
derivados de grãos que contêm glúten nos
alimentos e medicamentos processados
industrialmente, pode complicar o cumprimento
estrito à dieta isenta de glúten.
22
23. Dicas
* Realizar uma dieta variada e equilibrada para
evitar carências nutricionais.
Deve-se substituir os ingredientes que
contenham glúten ( como a farinha de trigo ),
por outras opções como o uso de farinha de
arroz, amido de milho, farinha de milho, fubá,
farinha de mandioca, polvilho e fécula de
batata
.
23
24. Dicas
A doença celíaca está associada a uma incidência
maior de adenocarcinoma de intestino delgado e
outras complicações!
É preciso observar rigorosamente a dieta! Comer só
um “pouquinho” de alimentos com glúten, dificulta
a recuperação do intestino e pode agravar muito o
problema.
O acompanhamento multiprofissional do paciente
pode ser necessário e é recomendado (médicos,
psicologos, nutricionistas, farmacêuticos, dentistas).
24
25. Dicas
É obrigatório por lei federal (Lei nº 10.674,
de 16/05/2003) que todos os alimentos
industrializados informem em seus rótulos
a presença ou não de glúten para
resguardar o direito à saúde dos
portadores de doença celíaca.
25
26. Dicas
Há risco elevado de DC em:
Parentes de primeiro e segundo graus de celíacos (é
recomendado rastrear DC nos parentes próximos) (18%)
Síndrome de Down (12%)
Tireoidopatia auto-imune (5%)
Hepatite ativa crônica
Diabetes mellitus tipo 1 (5 a 6%)
Colite linfocítica (15 a 27%)
Síndrome da fadiga crônica (2%)
Síndrome do intestino irritável
26
27. Fontes
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
Doença Celíaca
Portaria SAS/MS no 307, de 17 de setembro
de 2009. (Republicada em 26.05.10)
Wikipédia
World Gastroenterology Organisation
Practice Guidelines: Doença Celíaca
27
28. Compilado por:
Aline Maria Sá Nascimento
Farmacêutica bioquímica
Pós-graduada em Farmácia
Junho/2012
28