Assim como em seu comunicado, a ata do COPOM trouxe poucas alterações frente ao documento anterior: (i) os riscos para a trajetória inflacionária permanecem contidos e (ii) o ambiente externo permanece desinflacionário. O fato, sem grandes novidades vindas do front externo, sinaliza nova queda de 50 pontos-base (pb) em julho. Da mesma forma, até o fim do ano, projetamos a manutenção da Selic em 8,00%.
Sobre o primeiro ponto, destacamos que tanto no cenário de referência quanto no de mercado a projeção para a inflação de 2012 se reduziu em relação ao valor considerado em abril, encontrando-se portanto em torno de 4,5%. Para 2013, a projeção de inflação se manteve estável no cenário de referência e recuou no de mercado, posicionando-se acima do centro da meta.
Sobre a fragilidade da economia global, o COPOM manteve a consideração de que os riscos para a sua estabilidade financeira se mantiveram elevados, voltando a incluir como canal de transmissão para a atividade doméstica sua repercussão sobre a confiança de empresários. Este, aliás, é um dos pilares da redução na nossa projeção de crescimento real do PIB brasileiro de 2,3% para 1,9%, bem abaixo da mediana das estimativas de mercado (hoje, segundo o último Boletim Focus, em 2,72%).
Ao compararmos nossos números com as projeções de mercado, percebemos que a principal discrepância se dá nas estimativas de crescimento no 2T12. Aparentemente, ao afirmar “que a recuperação tem se materializado de forma bastante gradual” entendemos que a expectativa do BC para este trimestre está mais alinhada com nossa visão. Se estivermos corretos, novas rodadas de reavaliações negativas da atividade estão por vir.
De qualquer forma, apesar dos pontos acima, a ata voltou a dar destaque à “parcimônia”, já recomendada no documento anterior. Vale lembrar que naquela ocasião, segundo o COPOM, a moderação era necessária (i) “mesmo considerando que a recuperação da atividade vem ocorrendo mais lentamente do que se antecipava” e dado (ii) “os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento”. Ou seja, ainda que o cenário externo permaneça incerto e desinflacionário e que a recuperação seja branda, não podemos necessariamente contar com um ciclo muito maior sem pioras agudas. Portanto, ainda que o viés seja de baixa (pró-ciclo mais dilatado de queda de juros), esperamos que a Selic feche o ano em 8,0%, como nova queda de 50pb.
Research: Economia - PINE
Marco Maciel
Marco Antonio Caruso
A micro e pequena empresa exportadora no Brasil – desafios e oportunidades - ...
Calendário Econômico PINE: Parcimônia em ambiente incerto
1. Calendário Econômico Pine: Parcimônia em ambiente incerto
04 de junho de 2012
BRASIL
IGP – DI - maio
O IGP-DI de maio deverá vir de 1,02% em abril para 1,00%, com pequena queda frente ao IGP-
10 (1,01%) e o IGP-M (1,02%) para o mês em questão. Como temos argumentado, mais
importante é perceber a tendência de desaceleração dos IGPs futuros, ainda que este
comportamento projetado por nós tenha sido postergado no último mês. Nossas estimativas
apontam para variações mais comedidas dos índices mensais ao longo do trimestre iniciado
em junho, na esteira de inflações mais comedidas no atacado (enfraquecimento das altas
entre soja e derivados e, em menor grau, do minério de ferro) e ao consumidor, com
desvalorização mais comedida do real - controlada pelo BC - e a despeito da força no INCC
com os reajustes salariais.
Para maio, as principais contribuições negativas (ou inflacionários) permanecem: (i) a
desvalorização do real, (ii) os preços do minério de ferro, (iii) a alta de outras matérias-
primas brutas, como a soja e derivados além de certos produtos perecíveis. A variação do IPA
permanece alta mas perde força (de 1,25% para 1,00%). O IPC-M segue o comportamento dos
IPCs semanais calculados pela FGV-RJ, com variação permanecendo acima de 0,5%. Conforme
observamos nas últimas semanas, ainda que algumas contribuições negativas (em termos de
maior inflação) dos índices ao consumidor, como ‘Despesas diversas’ e ‘Saúde’, começam a
ceder, ‘Alimentos’ e ‘Habitação’ (que juntos perfazem quase 50% do IPC) voltaram a
acelerar. Por fim, o INCC-M, continuará refletindo os ajustes salariais típicos da época, vindo
de 0,75% para mais de 2,00%.
IPCA - maio
O índice de maio deverá avançar 0,46%, abaixo do número de abril (0,64%) e do IPCA-15 de
maio (0,65%). Se confirmada a nossa estimativa, o IPCA acumulado em 12 meses ficará em
5,09%, em linha com os 5,10% fechados no mês anterior. De fato, seria o menor patamar
desde setembro/10.
• ‘Bens Industriais’ desaceleram com elevações mais comedidas de itens como
‘Vestuários’ e no reajuste nos preços de cigarros. O principal risco para a nossa
projeção (para baixo) reside neste ponto: frente às coletas, nossa estimativa está
mais “salgada”.
• ‘Alimentos em Domicílio’ deverão ficar acima dos números de abril (0,75% contra
0,62%), confirmando nossa expectativa de reversão da tendência de desaceleração. O
fim/redução da deflação de ‘carnes’ e alguns alimentos perecíveis explicam boa parte
da elevação.
• ‘Serviços’ deverão trazer a principal desaceleração por conta de itens como
‘Passagem aérea’ e aumentos salariais mais comedidos de empregados domésticos.
• ‘Administrados’ apresentarão alguma melhora, na esteira de reajustes moderados do
item ‘Saúde’.
Em resumo, a abertura do IPCA deverá ser positiva e com risco da nossa estimativa ser
surpreendida positivamente (em termos de menor inflação). Da mesma forma, para o
trimestre iniciado em junho esperamos desaceleração nas medidas mensais (entre 0,15% e
0,30%). Além disso, as novas quedas na inflação acumulada em 12 meses deverão ser mais
contidas, segundo nossas estimativas, até atingir o nível final de 4,90%. Reforçamos nossa
visão de que o cenário inflacionário não preocupa enquanto os preços das commodities
negociadas internacionalmente permanecerem deprimidos, refletindo a fraca perspectiva de
crescimento mundial.
1
2. Ata do COPOM – Maio
Em seu último comunicado, o COPOM repetiu o conteúdo da decisão de abril e voltaram a
ressaltar as variáveis que justificam a continuidade do ciclo de queda da Selic, quais sejam,
os riscos limitados para a trajetória inflacionária em um contexto de fragilidade da economia
global. O fato dar maior conforto para a nossa expectativa de nova queda de 50 pontos-base
(pb) em julho, quando estas condições permanecerão válidas. Para o fim do ano, projetamos
a manutenção da Selic em 8,00%.
Neste ponto, é importante perceber que o viés permanece pró-ciclo mais extenso que nossa
estimativa: (i) conforme argumentamos acima, o IPCA caminhará para o intervalo 0,15%-
0,30%, em linha com as projeções traçadas pelo Relatório de Inflação do 1T12, (ii) a atividade
mundial continuará desapontando, com a dinâmica mundial ainda sugerindo falta de upsides
para o resto do ano e (iii) a “disputa” entre incerteza e possíveis medidas anticíclicas nos
países desenvolvidos continuará pendendo para o primeiro considerando a clara lentidão nas
decisões políticas.
Nesta ata é importante comparar os pesos dados aos pontos acima vis-à-vis a “parcimônia”
recomendada na ata anterior. Naquela ocasião, segundo o COPOM, a moderação era
necessária (i) “mesmo considerando que a recuperação da atividade vem ocorrendo mais
lentamente do que se antecipava” e dado (ii) “os efeitos cumulativos e defasados das ações
de política implementadas até o momento”. Ou seja, ainda que o cenário externo permaneça
incerto e desinflacionário, não podemos necessariamente contar com um ciclo muito maior
sem pioras agudas.
Marco Antonio Maciel Marco Antonio Caruso
Economista-chefe Economista
Banco Pine Banco Pine
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3. Horário Projeções
Data País Período Evento Consenso Anterior
local Pine
- Brasil maio Índice preços commodities (% m/m dessaz.) -- -- 0.58%
- Brasil maio Índice preços commodities (% a/a) -- -- -5.21%
- China maio Balança comercial -- $16.40B $18.43B
- China maio Exportações (% a/a) -- 7.2% 4.9%
- China maio Importações (% a/a) -- 5.0% 0.3%
4-jun 06:00 Zona do Euro abril Preços ao produtor (% a/a) -- 0.2% 0.5%
Segunda 06:00 Zona do Euro abril Preços ao produtor (% m/m) -- 2.7% 3.3%
11:00 EUA abril Pedidos da indústria -- 0.2% -1.5%
23:30 China maio PMI serviços (HSBC) -- -- 54.1
5-jun - Brasil abril Utilização da capacidade (CNI) -- 81.1% 81.5%
Terça 05:00 Zona do Euro maio PMI composto -- 45.9 45.9
05:00 Zona do Euro maio PMI serviços -- 46.5 46.5
06:00 Zona do Euro abril Vendas no varejo (% m/m) -- -0.1% 0.3%
06:00 Zona do Euro abril Vendas no varejo (% a/a) -- -1.1% -0.2%
10:00 Brasil maio PMI serviços -- -- 54.4
11:00 EUA maio ISM serviços -- 53.5 53.5
6-jun 06:00 Zona do Euro 1T prévia PIB (% t/t) -- 0.0% 0.0%
Quarta 06:00 Zona do Euro 1T prévia PIB (% a/a) -- 0.0% 0.0%
06:00 Zona do Euro 1T prévia Consumo das famílias (% t/t) -- 0.1% -0.4%
06:00 Zona do Euro 1T prévia Investimentos (% t/t) -- -1.2% -0.7%
06:00 Zona do Euro 1T prévia Consumo do governo (% t/t) -- 0.1% -0.2%
08:00 EUA semanal Aplicações de hipotécas -- -- -1.3%
08:00 Brasil maio IGP-DI (% m/m) 1.00% 0.96% 1.02%
08:45 Zona do Euro - Taxa de juros 1.00% 1.00% 1.00%
09:00 Brasil maio IPCA (% m/m) 0.46% 0.43% 0.64%
09:00 Brasil maio IPCA (% a/a) 5.09% 5.07% 5.10%
09:30 EUA 1T Produtividade -- -0.7% -0.5%
09:30 EUA 1T Custo unitário do trabalho -- 2.1% 2.0%
12:30 Brasil semanal Fluxo de divisas -- -- --
15:00 EUA - Livro Bege -- 0 0
7-jun 09:30 EUA semanal Novos pedidos de auxílio desemprego -- 378K 383K
Quinta 09:30 EUA semanal Trabalhadores sob auxílio-desemprego -- 3245K 3242K
16:00 EUA abril Crédito ao consumidor -- $11.000B $21.355B
8-jun 08:30 Brasil - Ata do Copom -- -- --
Sexta 09:30 EUA abril Balança comercial -- -$49.5B -$51.8B
11:00 EUA abril Estoques no atacado -- 0.4% 0.3%
22:30 China maio Preços ao consumidor (% a/a) -- 3.2% 3.4%
22:30 China maio Preços ao produtor (% a/a) -- -1.2% -0.7%
9-jun 02:30 China maio Produção industrial (% a/a) 9,1% 9.8% 9.3%
Sábado 02:30 China maio Vendas no varejo (% a/a) 14,0% 14.2% 14.1%
Disclaimer: Esta matéria é de caráter estritamente informativo. O Pine não se responsabiliza por quaisquer decisões
tomadas tendo como base os dados e comentários contidos neste material.
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