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Orientações Básicas
P A R A D R E N A G E M U R B A N A
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável
Fundação Estadual do Meio Ambiente
Diretoria de Licenciamento de Infra-Estrutura
Divisão de Saneamento
Orientações Básicas
P A R A D R E N A G E M U R B A N A
Belo Horizonte, 2006
Luiza Helena Pinto
Sérgio Avelino Pinheiro
feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
Publicação da Fundação Estadual do Meio Ambiente/Projeto
Estruturador Revitalização e Desenvolvimento Sustentável da Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco
Governador do Estado de Minas Gerais
Aécio Neves da Cunha
Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
José Carlos Carvalho
Presidente da FEAM
Ilmar Bastos Santos
Chefe de Gabinete
Vera Sant’Ana Schaper
Diretor de Licenciamento de Infra-Estrutura
José Flávio Mayrink Pereira
Gerente da Divisão de Saneamento
Denise Marília Bruschi
Equipe Técnica
Luiza Helena Pinto - Engª civil
Sérgio Avelino Pinheiro - Engº civil
Ilustração
Valf
Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM
Avenida Prudente de Morais, 1671 - Santa Lúcia - 30.380-000 - Belo Horizonte - MG
Tel.: (0xx31) 3298.6200 - feam@feam.br / www.feam.br
Ficha Catalográfica
1. Objetivo............................................................................................................... 07
2. Introdução........................................................................................................... 08
3. Histórico.............................................................................................................. 10
4. Ciclo hidrológico ................................................................................................. 11
5. Caracterização da bacia..................................................................................... 13
5.1 Sub-bacia não urbanizada........................................................................ 15
5.2 Sub-bacia parcialmente urbanizada......................................................... 17
5.3 Sub-bacia urbanizada............................................................................... 19
6. Aproveitamento de espaços para amortecimento de cheias............................. 21
7. Plano Diretor de Drenagem Urbana - PDDU...................................................... 25
8. Causas e efeitos da urbanização sobre as inundações urbanas....................... 26
9. Canalizações x Leitos naturais ........................................................................... 27
10. Legislação........................................................................................................... 28
11. Glossário ............................................................................................................. 29
12. Referências bibliográficas................................................................................... 30
SUMÁRIO
Fundação Estadual do Meio Ambiente .
F981o Orientações básicas para drenagem urbana / Fundação Estadual do Meio
Ambiente . —- Belo Horizonte: FEAM, 2006.
32p.; il.
1. Drenagem II. Título
CDU: 626.86
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA6
feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 7
Esta publicação tem por objetivo informar e conscientizar os executivos
municipais e a sociedade para o problema das enchentes, dirigindo-lhes o
olhar para uma nova visão do sistema de drenagem urbana sob a perspecti-
va de bacia hidrográfica.
As bacias hidrográficas são unidades ambientais nas quais se podem
observar as relações existentes entre os diversos recursos - principalmente os
hídricos - e os demais elementos que compõem uma determinada área da
superfície terrestre.
A bacia hidrográfica pode ser entendida como um conjunto de terras
drenadas por um curso d’água ou por um sistema interligado de cursos
d’água, descarregados através de uma única saída.
1 . O B J E T I V O
feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA8 ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 9
2 . I N T R O D U Ç Ã O
O sistema de drenagem deve ser entendido como o conjunto da infra-
estrutura existente em uma cidade para realizar a coleta, o transporte e o lan-
çamento final das águas superficiais. Inclui ainda a hidrografia e os talvegues.
É constituído por uma série de medidas que visam a minimizar os riscos a que
estão expostas as populações, diminuindo os prejuízos causados pelas inun-
dações e possibilitando o desenvolvimento urbano de forma harmônica, arti-
culada e ambientalmente sustentável. O sistema pode ser dividido em:
As inundações urbanas podem ser:
• em áreas ribeirinhas: os rios possuem dois leitos - o leito menor em
que a água escoa na maioria do tempo e o leito maior. Este último costuma
ser inundado pelo menos uma vez a cada dois anos;
• devido à urbanização: o aumento da densidade de ocupação por
edificações e obras de infra-estrutura viária resulta em maiores áreas imper-
meáveis e, como conseqüência, o incremento das velocidades de escoamen-
to superficial e a redução de recarga do lençol freático.
A recarga do aqüífero se processa através das águas de chuva ou pelas
águas de um rio, quando este percorre um leito poroso. O aqüífero subterrâ-
neo é o responsável pelo abastecimento de toda nascente d’água e a imper-
meabilização do solo poderá elimina-las e, conseqüentemente, os rios desa-
parecerão. Em áreas urbanas é comum a inundação localizada devido ao
estrangulamento do curso d’água por pilares de pontes, adutoras, aterros e
rodovias que reduzem a seção de escoamento do rio.
Um dos efeitos causados pela urbanização são as enchentes, - lentas
ou rápidas, que se avolumam no decorrer dos dias - podendo causar prejuí-
zos materiais e provocar mortes.
A principal causa das enchentes deve-se à ocupação desordenada do
solo, não só no território municipal como também a montante em toda a área
da bacia de contribuição, e ao sistema de drenagem urbana que transfere os
escoamentos para jusante, sem qualquer preocupação com a retenção de
volumes escoados. Um sistema de drenagem eficiente é o que drena os
escoamentos sem produzir impactos nem no local nem a jusante.
A estratégia utilizada para os problemas de drenagem urbana esteve,
durante anos, voltada para a retificação dos rios, córregos e o revestimento
de suas calhas, com graves conseqüências ambientais, destacando-se:
aumento das velocidades de escoamento e, conseqüentemente, a transferên-
cia de inundação para jusante; eliminação de ecossistemas aquáticos; pro-
cessos erosivos nas margens dos cursos d’água e elevados custos para o
município, sem, necessariamente, obter resultados efetivos.
Atualmente, o sistema de drenagem urbana aponta para a preservação
dos cursos d’água, sua despoluição e a manutenção das várzeas de inunda-
ção, de forma que não sejam necessárias obras estruturantes, reduzindo-se
custos de implantação e problemas provocados pelas mesmas, tirando pro-
veito de seu potencial urbanístico como áreas verdes e parques lineares.
MICRODRENAGEM
São estruturas que conduzem as
águas do escoamento superficial
para as galerias ou canais urbanos.
É constituída pelas redes coleto-
ras de águas pluviais, poços de
visita, sarjetas, bocas-de-lobo e
meios-fios.
MACRODRENAGEM
São dispositivos responsáveis pelo
escoamento final das águas pluviais
provenientes do sistema de microdre-
nagem urbana.
É constituída pelos principais talve-
gues, fundos de vales, cursos d’água,
independente da execução de obras
específicas e tampouco da localização
de extensas áreas urbanizadas, por
ser o escoadouro natural das águas
pluviais.
Os sistemas de drenagem urbana são sistemas preventivos de inunda-
ções, principalmente nas áreas mais baixas das comunidades sujeitas a ala-
gamentos ou marginais aos cursos d’água.
A enchente é um fenômeno natural do regime do rio, e todo rio tem sua
área de inundação. As inundações passam a ser um problema para o homem
quando ele deixa de respeitar os limites naturais dos rios, ocupando suas
áreas marginais.
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 11
feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA10
Historicamente, a hidrologia urbana pode ser dividida em três fases dis-
tintas: HIGIENISMO, PERÍODO DA RACIONALIZAÇÃO e PERÍODO
CIENTÍFICO.
Na fase do Higienismo, a grande preocupação era eliminar rapidamen-
te os focos de água parada ou empoçada que representavam grave ameaça
à saúde pública. A cidade de Belo Horizonte é um exemplo de drenagem con-
cebida sob inspiração higienista.
No período Racionalista, o avanço nos cálculos hidrológicos - especial-
mente com a criação do método Racional de 1889 para dimensionamento de
obras hidráulicas - levou os administradores a construírem canais urbanos
retificados e revestidos com seções gradativamente maiores a fim de promo-
verem a rápida evacuação das águas pluviais.
A partir do século 20, o conceito de canalizar foi melhorado com o
advento da utilização dos métodos computacionais e do avanço técnico e
científico, propiciando a separação das águas de chuva do esgoto sanitário.
Com uma nova visão ambiental, busca-se incorporar os cursos d’água
à paisagem urbana, despoluindo-os e preservando suas margens de forma
que a valorização dos corpos hídricos passa a ser o paradigma dessa nova
concepção. Somente medidas em harmonia com a natureza levarão ao
sucesso. No lugar de direcionar e acelerar as águas das enchentes rio abai-
xo, deve-se restabelecer o quanto possível a retenção natural, conservando
as áreas de inundação ainda existentes. É preciso quebrar preconceitos e
vencer as pressões de visões ultrapassadas e interesseiras.
As águas na natureza circulam e se transformam no interior das três
unidades componentes do nosso planeta: a atmosfera, o solo e a hidrosfera
- rios, lagos e mares.
Para estudarmos o ciclo hidrológico, podemos partir do momento em
que a água se evapora dos oceanos e da superfície da terra e passa a inte-
grar a atmosfera na forma de vapor d’água. Em determinadas condições sur-
gem gotículas que, pela ação da gravidade, formam a precipitação pluviomé-
trica, ou seja, a chuva.
3 . H I S T Ó R I C O 4 . C I C L O H I D R O L Ó G I C O
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 13
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA12
Desse ponto em diante, a água pode seguir basicamente por dois cami-
nhos: parte infiltra através dos vazios do solo, abastecendo os reservatórios
subterrâneos - lençol freático e aqüíferos - e outra parte forma o escoamento
superficial. Saliente-se que, quanto maior for a retenção e a infiltração das
águas de chuva, menor será o escoamento superficial e, conseqüentemente,
menor a chance de ocorrer inundações.
As águas armazenadas nos reservatórios subterrâneos fluem lentamen-
te na chamada descarga base para os corpos d’água e, por meio da evapo-
ração, fecha-se o ciclo hidrológico.
A bacia hidrográfica pode ser entendida como um conjunto de terras
drenadas por um rio principal e seus afluentes. A noção de bacia hidrográfica
inclui naturalmente a existência de cabeceiras ou nascentes, divisores d’água,
cursos d’água principais, afluentes, subafluentes, etc. Em todas as bacias
hidrográficas deve existir uma hierarquização na rede hídrica. O conceito de
bacia hidrográfica inclui, também, noção de dinamismo, devido às modifica-
ções que ocorrem nas linhas divisórias de água sob o efeito dos agentes ero-
sivos, alargando ou diminuindo a área da bacia.
O estudo da bacia contribuinte é realizado com a finalidade de se
conhecerem as características e diversas influências relativas a:
• forma geométrica, responsável pela individualização da bacia contri-
buinte;
• relevo, declividade do curso d’água, declividade da bacia;
• geomorfologia, fornecendo uma visão estrutural da região, a forma do
relevo existente;
• geologia, com o objetivo principal de se conhecer a maior ou menor
permeabilidade e outras características do terreno.
Essas características intervêm de modo fundamental nos volumes
das enchentes e nas vazões de estiagem alimentadas pelos próprios len-
çóis subterrâneos. As características geomorfológicas e geológicas forne-
cem importantes elementos para o estudo da bacia, possibilitando a
determinação da parcela de chuva que escoa sobre a superfície do solo,
a qual deve ser captada e conduzida ao seu destino final pelas canaliza-
ções pluviais. Outras variáveis que influenciam o comportamento das chu-
vas e da bacia são:
• cobertura vegetal - quando a cobertura é densa, como nas matas e
gramados, tende a favorecer a infiltração rápida, protegendo o solo
contra as erosões. O efeito da cobertura do solo pode ser até mais
importante que o tipo de solo;
• uso da terra - o solo revestido de quadras habitadas, ruas, estradas -
conseqüência da urbanização - acarreta a impermeabilização pro-
gressiva do terreno, reduzindo, sensivelmente, a capacidade de infil-
5 . C A R A C T E R I Z A Ç Ã O D A B A C I A
feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 15
feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA14
tração do solo. Desse modo, deve-se estudar o efeito produzido pela
impermeabilização no aumento da parcela de escoamento superficial.
Nesse caso, o controle institucional da drenagem pode ser realizado
por meio de legislação municipal adequada para cada município; legislação
estadual que estabeleça os padrões a serem mantidos nos municípios de tal
forma a não serem transferidos os impactos ou os dois procedimentos. Deve-
se buscar ações conjuntas com os municípios envolvidos para se obter o pla-
nejamento de toda a bacia.
Para implantar medidas de controle de inundações devem ser conside-
radas três situações de ocupação: sub-bacia não urbanizada, sub-bacia par-
cialmente urbanizada e sub-bacia urbanizada.
5.1. SUB-BACIA NÃO-URBANIZADA
Essas características são completamente individualizadas para cada
bacia contribuinte, sendo necessário, portanto, o estudo de cada situação
específica, de forma a se conhecerem as diversas influências e, conseqüen-
temente, a se determinarem as vazões geradas.
BACIAS URBANAS COMPARTILHADAS
Muitas cidades possuem, entretanto, bacias hidrográficas em comum
com outros municípios, apresentando o seguinte cenário: um município a
montante de outro e o curso d’água dividindo-os.
Nesta situação em que não houve a ocupação na planície de inunda-
ção do curso d’água, ao administrador cabe adotar as seguintes medidas:
• priorizar um plano diretor com o zoneamento da área de inundação
visando a estabelecer regras de ocupação de áreas de risco;
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 17ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA16
• revitalizar o curso d’água com recuperação dos taludes e recompo-
sição da vegetação ciliar;
• manter o leito em suas condições naturais;
• implantar interceptores de esgotos viabilizando futuro tratamento;
• promover o reflorestamento de áreas degradadas para prevenir a
erosão e o assoreamento do curso d’água.
5.2. SUB-BACIA PARCIALMENTE URBANIZADA
feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
Na situação de bacias parcialmente urbanizadas, haverá necessidade
da adoção de medidas de caráter preventivo e emergencial, uma vez que a
ocupação começa a se consolidar ao longo do curso d’água. Cabe ao admi-
nistrador tais medidas:
• estabelecer o zoneamento das áreas não ocupadas e adoção de
medidas para que não ocorram ocupações nas áreas de risco;
• preservar a faixa non aedificandi ao longo dos cursos d’água;
• dotar a legislação municipal com instrumento eficaz que promova
retenção e a percolação no solo das águas pluviais no perímetro
urbano; tais como valos de infiltração - sistemas de drenos implan-
tados paralelos às ruas, estradas, conjuntos habitacionais;
• implantar bacias de percolação;
• implementar o reflorestamento para prevenir a erosão e o assorea-
mento do curso d’água;
• implantar programas de educação ambiental;
• implantar interceptores de esgotos viabilizando futuro tratamento.
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 19
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA18
VALA DE INFILTRAÇÃO COM GRAMA
POR ONDE ESCOA A ÁGUA DA RUA.
Observar a depressão, à direita da foto, que favorece a infiltração da
água de chuva.
5.3. SUB-BACIA URBANIZADA
Na situação de bacias urbanizadas, a ocupação das margens - e mesmo
da calha do rio - encontra-se consolidada e, nestes casos, a renaturalização e
mesmo uma revalorização ecológica são limitadas, restando ao administrador
intervir a montante do trecho, buscando reduzir os picos de vazão.
As soluções para minimizar as enchentes devem ser voltadas à infiltra-
ção da águas superficiais para o solo. Abaixo, algumas opções:
• pequenos reservatórios em condomínios, parques, escolas;
• bacia para amortecimento de cheias;
• não-pavimentação das ruas;
• parques e áreas gramados;
• medidas de apoio à população, sistema de alerta, de evacuação e de
atendimento à comunidade atingida;
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 21
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA20
• programa de educação ambiental;
• implantação de interceptores de esgotos, viabilizando futuro trata-
mento.
Aproveitamento dos espaços ocupados pelas estruturas utilizadas para
amortecimento das cheias:
• praça de esportes utilizada durante o período seco, sendo o espaço
ocupado no período de chuva como reservatório para amortecimen-
to de cheias.
6. APROVEITAMENTO DOS ESPAÇOS
PARA AMORTECIMENTO DE CHEIAS
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 23
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA22
• pavimentos permeáveis.
• campo de futebol utilizado no período de chuva para amortecimento
da cheia.
Áreas urbanas utilizadas como reservatórios para amortecimento de
cheias:
• reservatório em parque municipal.
• reservatório em área densamente ocupada.
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 25
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA24
O Plano Diretor de Drenagem Urbana - PDDU é o conjunto de diretri-
zes que determinam a gestão do sistema de drenagem cujo objetivo é mini-
mizar o impacto ambiental devido ao escoamento das águas pluviais.
O PDDU deve priorizar as medidas não-estruturantes, incluir a parti-
cipação pública, ser definido por sub-bacias urbanas e ser integrado ao
plano diretor de desenvolvimento urbano. Objetiva ser o instrumento orien-
tador do poder executivo não só nas questões pontuais como inundações
mas também nas medidas de macrodrenagem como contenções de encos-
tas e cabeceiras.
A elaboração de plano diretor de drenagem urbana consiste em:
• estudar a bacia hidrográfica como um todo, com o cadastro da
macrodrenagem e inventário das ocorrências de inundações, contro-
le de erosão, controle de vetores causadores de doenças;
• estabelecer normas e critérios de projeto uniformes para toda a bacia
hidrográfica;
• identificar áreas que possam ser preservadas ou adquiridas pelo
Poder Público;
• elaborar o zoneamento dos fundos de vale e das várzeas de inunda-
ção;
• valorizar o curso d’água com sua integração na paisagem urbana e
fonte de lazer;
• estabelecer critérios para implantação de medidas necessárias de
acordo com os recursos disponíveis;
• articular o plano diretor com os serviços de abastecimento de água,
esgotamento sanitário, sistema viário;
• envolver a comunidade na discussão dos problemas e soluções pro-
postas;
• adotar medidas preventivas em vez de corretivas.
7 . P L A N O D I R E T O R D E
D R E N A G E M U R B A N A - P D D U
• reservatório em área densamente ocupada com aproveitamento
como área de lazer.
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 27
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ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA26
9. CANALIZAÇÕES X LEITOS NATURAIS
LEITOS NATURAIS
Ocupam as várzeas de inundação,
regularizando naturalmente a vazão
Preservam a integridade das margens
pela presença da mata ciliar
Incorporam ao cenário urbano
o elemento natural
Funcionam com eficácia drenando
naturalmente a vazão pluvial
Preservam a biota na sua integridade
São de baixo custo de manutenção
São amparados pela legislação
Reduzem a velocidade do curso
d’água pela manutenção dos
meandros
Favorecem a conservação da mata
ciliar
Inibem a ocupação regular pela
ausência de equipamentos urbanos
CANALIZAÇÕES
Transferem os impactos para
jusante
Promovem erosão
Descaracterizam o ambiente
fluvial
São de eficiência
questionável
Eliminam a biota
Custam caro
Contrariam a Lei Florestal
(Lei 14.309, de 19-6-2002)
Aumentam a velocidade
dos cursos d’água
Eliminam a mata ciliar
Favorecem a ocupação de
áreas que são de
preservação permanente
Objetivos a serem alcançados:
• reduzir o risco de danos à comunidade quanto aos aspectos de
doenças de veiculação hídrica e de acidentes devido a inundações e
deslizamentos de encostas;
• reduzir o risco ao patrimônio e aos negócios públicos e privados com
a interrupção de transportes, fechamento do comércio e suas conse-
qüências, danos a veículos e bens público.
8. CAUSAS E EFEITOS DA URBANIZAÇÃO
SOBRE AS INUNDAÇÕES URBANAS
CAUSAS EFEITOS
Impermeabilização Maiores picos de vazões
Redes de drenagem Maiores picos a jusante
Resíduos sólidos urbanos Entupimento de galerias e
degradação da qualidade das águas
Redes de esgotos Degradação da qualidade
sanitários deficientes das águas e doenças de
veiculação hídrica
Desmatamento e desenvolvimento Maiores picos e volumes,
indisciplinado maior erosão e assoreamento
Ocupação das várzeas Maiores picos de vazão,
e fundos de vale maiores prejuízos e doenças
de veiculação hídrica
feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 29
feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA28
1 0 . L E G I S L A Ç Ã O
As legislações que envolvem a drenagem urbana estão relacionadas
com recursos hídricos, uso do solo e licenciamento ambiental.
RECURSOS HÍDRICOS - A Constituição Federal estabelece os princí-
pios básicos da gestão por meio de bacias hidrográficas, que podem ter o
domínio estadual ou federal.
USO DO SOLO - Visa ao disciplinamento do solo para a proteção
ambiental, controle de poluição, saúde pública e da segurança. O macrozo-
neamento urbano nos planos diretores deverá contemplar os aspectos rela-
tivos à drenagem.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL - Estabelece critérios e diretrizes para
as obras hidráulicas de drenagem.
1 1 . G L O S S Á R I O
Assoreamento - elevação de uma superfície por deposição de sedimento.
Bacias de amortecimento de cheias - pequenas barragens que são construí-
das para armazenar temporariamente as águas das chuvas.
Desenvolvimento sustentável - é aquele que atende às necessidades das
presentes gerações sem comprometer a capacidade de as futuras gerações
atenderem às suas próprias necessidades.
Ecossistema - conjunto dos relacionamentos entre determinado ambiente e a
flora, a fauna e os microorganismos.
Erosão - desgaste do solo por água corrente, ventos.
Interceptor de esgotos - tubulação destinada ao recolhimento das contribui-
ções de esgotos que chegam a um curso d’água.
Jusante - sentido em que correm as águas de um rio.
Lençol freático - superfície da água subterrânea.
Mata ciliar - mata que cresce nas margens de rios, córregos e lagoas.
Montante - sentido contrário ao escoamento, rio acima.
Non aedificandi - áreas com proibição de construção.
Obras estruturantes - obras que modificam as condições naturais.
Percolação - o mesmo que infiltração.
Renaturalização - recuperação da morfologia natural dos rios.
Retificação de rios - processo pelo qual os rios são conduzidos para canais arti-
ficiais, podendo ser revestidos ou não, de forma predominantemente retilínea.
Sistema de drenagem - totalidade das estruturas projetadas para promover o
esgotamento das águas pluviais.
Taludes - superfície inclinada do terreno, de uma margem de rio ou do parâ-
metro de uma barragem.
Talvegue - linha que segue a parte mais baixa do leito de um rio, de um canal
ou de um vale.
Várzeas de inundação - regiões de baixio onde ocorrem os fenômenos natu-
rais de transbordamento dos cursos d’água.
feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA30
CHAMPS, JOSÉ ROBERTO (2004). Introdução à Drenagem Urbana.
WORKSHOP/GOIÂNIA (2003). Drenagem Urbana Sustentável no Brasil.
SEMADS/GTZ (2001). Rios e córregos projeto Planágua.
SEMADS/GTZ (2001). Enchentes no Estado do Rio de Janeiro projeto
Planágua.
SEMADS/GTZ(2001). Ambiente das águas no Estado do Rio de Janeiro -
2001.
FILHO, A. G. A, SZÉLIGA, M.R e ENOMOTO, C.F.(2000). Estudo de medidas
não-estruturais para controle de inundações urbanas.
TUCCI, C.E.M (2001). Gerenciamento da Drenagem Urbana.
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Cartilha drenagem

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  • 1. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE Orientações Básicas P A R A D R E N A G E M U R B A N A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Fundação Estadual do Meio Ambiente Diretoria de Licenciamento de Infra-Estrutura Divisão de Saneamento
  • 2. Orientações Básicas P A R A D R E N A G E M U R B A N A Belo Horizonte, 2006 Luiza Helena Pinto Sérgio Avelino Pinheiro
  • 3. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE Publicação da Fundação Estadual do Meio Ambiente/Projeto Estruturador Revitalização e Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco Governador do Estado de Minas Gerais Aécio Neves da Cunha Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável José Carlos Carvalho Presidente da FEAM Ilmar Bastos Santos Chefe de Gabinete Vera Sant’Ana Schaper Diretor de Licenciamento de Infra-Estrutura José Flávio Mayrink Pereira Gerente da Divisão de Saneamento Denise Marília Bruschi Equipe Técnica Luiza Helena Pinto - Engª civil Sérgio Avelino Pinheiro - Engº civil Ilustração Valf Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM Avenida Prudente de Morais, 1671 - Santa Lúcia - 30.380-000 - Belo Horizonte - MG Tel.: (0xx31) 3298.6200 - feam@feam.br / www.feam.br Ficha Catalográfica 1. Objetivo............................................................................................................... 07 2. Introdução........................................................................................................... 08 3. Histórico.............................................................................................................. 10 4. Ciclo hidrológico ................................................................................................. 11 5. Caracterização da bacia..................................................................................... 13 5.1 Sub-bacia não urbanizada........................................................................ 15 5.2 Sub-bacia parcialmente urbanizada......................................................... 17 5.3 Sub-bacia urbanizada............................................................................... 19 6. Aproveitamento de espaços para amortecimento de cheias............................. 21 7. Plano Diretor de Drenagem Urbana - PDDU...................................................... 25 8. Causas e efeitos da urbanização sobre as inundações urbanas....................... 26 9. Canalizações x Leitos naturais ........................................................................... 27 10. Legislação........................................................................................................... 28 11. Glossário ............................................................................................................. 29 12. Referências bibliográficas................................................................................... 30 SUMÁRIO Fundação Estadual do Meio Ambiente . F981o Orientações básicas para drenagem urbana / Fundação Estadual do Meio Ambiente . —- Belo Horizonte: FEAM, 2006. 32p.; il. 1. Drenagem II. Título CDU: 626.86
  • 4. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA6 feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 7 Esta publicação tem por objetivo informar e conscientizar os executivos municipais e a sociedade para o problema das enchentes, dirigindo-lhes o olhar para uma nova visão do sistema de drenagem urbana sob a perspecti- va de bacia hidrográfica. As bacias hidrográficas são unidades ambientais nas quais se podem observar as relações existentes entre os diversos recursos - principalmente os hídricos - e os demais elementos que compõem uma determinada área da superfície terrestre. A bacia hidrográfica pode ser entendida como um conjunto de terras drenadas por um curso d’água ou por um sistema interligado de cursos d’água, descarregados através de uma única saída. 1 . O B J E T I V O
  • 5. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA8 ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 9 2 . I N T R O D U Ç Ã O O sistema de drenagem deve ser entendido como o conjunto da infra- estrutura existente em uma cidade para realizar a coleta, o transporte e o lan- çamento final das águas superficiais. Inclui ainda a hidrografia e os talvegues. É constituído por uma série de medidas que visam a minimizar os riscos a que estão expostas as populações, diminuindo os prejuízos causados pelas inun- dações e possibilitando o desenvolvimento urbano de forma harmônica, arti- culada e ambientalmente sustentável. O sistema pode ser dividido em: As inundações urbanas podem ser: • em áreas ribeirinhas: os rios possuem dois leitos - o leito menor em que a água escoa na maioria do tempo e o leito maior. Este último costuma ser inundado pelo menos uma vez a cada dois anos; • devido à urbanização: o aumento da densidade de ocupação por edificações e obras de infra-estrutura viária resulta em maiores áreas imper- meáveis e, como conseqüência, o incremento das velocidades de escoamen- to superficial e a redução de recarga do lençol freático. A recarga do aqüífero se processa através das águas de chuva ou pelas águas de um rio, quando este percorre um leito poroso. O aqüífero subterrâ- neo é o responsável pelo abastecimento de toda nascente d’água e a imper- meabilização do solo poderá elimina-las e, conseqüentemente, os rios desa- parecerão. Em áreas urbanas é comum a inundação localizada devido ao estrangulamento do curso d’água por pilares de pontes, adutoras, aterros e rodovias que reduzem a seção de escoamento do rio. Um dos efeitos causados pela urbanização são as enchentes, - lentas ou rápidas, que se avolumam no decorrer dos dias - podendo causar prejuí- zos materiais e provocar mortes. A principal causa das enchentes deve-se à ocupação desordenada do solo, não só no território municipal como também a montante em toda a área da bacia de contribuição, e ao sistema de drenagem urbana que transfere os escoamentos para jusante, sem qualquer preocupação com a retenção de volumes escoados. Um sistema de drenagem eficiente é o que drena os escoamentos sem produzir impactos nem no local nem a jusante. A estratégia utilizada para os problemas de drenagem urbana esteve, durante anos, voltada para a retificação dos rios, córregos e o revestimento de suas calhas, com graves conseqüências ambientais, destacando-se: aumento das velocidades de escoamento e, conseqüentemente, a transferên- cia de inundação para jusante; eliminação de ecossistemas aquáticos; pro- cessos erosivos nas margens dos cursos d’água e elevados custos para o município, sem, necessariamente, obter resultados efetivos. Atualmente, o sistema de drenagem urbana aponta para a preservação dos cursos d’água, sua despoluição e a manutenção das várzeas de inunda- ção, de forma que não sejam necessárias obras estruturantes, reduzindo-se custos de implantação e problemas provocados pelas mesmas, tirando pro- veito de seu potencial urbanístico como áreas verdes e parques lineares. MICRODRENAGEM São estruturas que conduzem as águas do escoamento superficial para as galerias ou canais urbanos. É constituída pelas redes coleto- ras de águas pluviais, poços de visita, sarjetas, bocas-de-lobo e meios-fios. MACRODRENAGEM São dispositivos responsáveis pelo escoamento final das águas pluviais provenientes do sistema de microdre- nagem urbana. É constituída pelos principais talve- gues, fundos de vales, cursos d’água, independente da execução de obras específicas e tampouco da localização de extensas áreas urbanizadas, por ser o escoadouro natural das águas pluviais. Os sistemas de drenagem urbana são sistemas preventivos de inunda- ções, principalmente nas áreas mais baixas das comunidades sujeitas a ala- gamentos ou marginais aos cursos d’água. A enchente é um fenômeno natural do regime do rio, e todo rio tem sua área de inundação. As inundações passam a ser um problema para o homem quando ele deixa de respeitar os limites naturais dos rios, ocupando suas áreas marginais.
  • 6. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 11 feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA10 Historicamente, a hidrologia urbana pode ser dividida em três fases dis- tintas: HIGIENISMO, PERÍODO DA RACIONALIZAÇÃO e PERÍODO CIENTÍFICO. Na fase do Higienismo, a grande preocupação era eliminar rapidamen- te os focos de água parada ou empoçada que representavam grave ameaça à saúde pública. A cidade de Belo Horizonte é um exemplo de drenagem con- cebida sob inspiração higienista. No período Racionalista, o avanço nos cálculos hidrológicos - especial- mente com a criação do método Racional de 1889 para dimensionamento de obras hidráulicas - levou os administradores a construírem canais urbanos retificados e revestidos com seções gradativamente maiores a fim de promo- verem a rápida evacuação das águas pluviais. A partir do século 20, o conceito de canalizar foi melhorado com o advento da utilização dos métodos computacionais e do avanço técnico e científico, propiciando a separação das águas de chuva do esgoto sanitário. Com uma nova visão ambiental, busca-se incorporar os cursos d’água à paisagem urbana, despoluindo-os e preservando suas margens de forma que a valorização dos corpos hídricos passa a ser o paradigma dessa nova concepção. Somente medidas em harmonia com a natureza levarão ao sucesso. No lugar de direcionar e acelerar as águas das enchentes rio abai- xo, deve-se restabelecer o quanto possível a retenção natural, conservando as áreas de inundação ainda existentes. É preciso quebrar preconceitos e vencer as pressões de visões ultrapassadas e interesseiras. As águas na natureza circulam e se transformam no interior das três unidades componentes do nosso planeta: a atmosfera, o solo e a hidrosfera - rios, lagos e mares. Para estudarmos o ciclo hidrológico, podemos partir do momento em que a água se evapora dos oceanos e da superfície da terra e passa a inte- grar a atmosfera na forma de vapor d’água. Em determinadas condições sur- gem gotículas que, pela ação da gravidade, formam a precipitação pluviomé- trica, ou seja, a chuva. 3 . H I S T Ó R I C O 4 . C I C L O H I D R O L Ó G I C O
  • 7. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 13 feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA12 Desse ponto em diante, a água pode seguir basicamente por dois cami- nhos: parte infiltra através dos vazios do solo, abastecendo os reservatórios subterrâneos - lençol freático e aqüíferos - e outra parte forma o escoamento superficial. Saliente-se que, quanto maior for a retenção e a infiltração das águas de chuva, menor será o escoamento superficial e, conseqüentemente, menor a chance de ocorrer inundações. As águas armazenadas nos reservatórios subterrâneos fluem lentamen- te na chamada descarga base para os corpos d’água e, por meio da evapo- ração, fecha-se o ciclo hidrológico. A bacia hidrográfica pode ser entendida como um conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes. A noção de bacia hidrográfica inclui naturalmente a existência de cabeceiras ou nascentes, divisores d’água, cursos d’água principais, afluentes, subafluentes, etc. Em todas as bacias hidrográficas deve existir uma hierarquização na rede hídrica. O conceito de bacia hidrográfica inclui, também, noção de dinamismo, devido às modifica- ções que ocorrem nas linhas divisórias de água sob o efeito dos agentes ero- sivos, alargando ou diminuindo a área da bacia. O estudo da bacia contribuinte é realizado com a finalidade de se conhecerem as características e diversas influências relativas a: • forma geométrica, responsável pela individualização da bacia contri- buinte; • relevo, declividade do curso d’água, declividade da bacia; • geomorfologia, fornecendo uma visão estrutural da região, a forma do relevo existente; • geologia, com o objetivo principal de se conhecer a maior ou menor permeabilidade e outras características do terreno. Essas características intervêm de modo fundamental nos volumes das enchentes e nas vazões de estiagem alimentadas pelos próprios len- çóis subterrâneos. As características geomorfológicas e geológicas forne- cem importantes elementos para o estudo da bacia, possibilitando a determinação da parcela de chuva que escoa sobre a superfície do solo, a qual deve ser captada e conduzida ao seu destino final pelas canaliza- ções pluviais. Outras variáveis que influenciam o comportamento das chu- vas e da bacia são: • cobertura vegetal - quando a cobertura é densa, como nas matas e gramados, tende a favorecer a infiltração rápida, protegendo o solo contra as erosões. O efeito da cobertura do solo pode ser até mais importante que o tipo de solo; • uso da terra - o solo revestido de quadras habitadas, ruas, estradas - conseqüência da urbanização - acarreta a impermeabilização pro- gressiva do terreno, reduzindo, sensivelmente, a capacidade de infil- 5 . C A R A C T E R I Z A Ç Ã O D A B A C I A
  • 8. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 15 feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA14 tração do solo. Desse modo, deve-se estudar o efeito produzido pela impermeabilização no aumento da parcela de escoamento superficial. Nesse caso, o controle institucional da drenagem pode ser realizado por meio de legislação municipal adequada para cada município; legislação estadual que estabeleça os padrões a serem mantidos nos municípios de tal forma a não serem transferidos os impactos ou os dois procedimentos. Deve- se buscar ações conjuntas com os municípios envolvidos para se obter o pla- nejamento de toda a bacia. Para implantar medidas de controle de inundações devem ser conside- radas três situações de ocupação: sub-bacia não urbanizada, sub-bacia par- cialmente urbanizada e sub-bacia urbanizada. 5.1. SUB-BACIA NÃO-URBANIZADA Essas características são completamente individualizadas para cada bacia contribuinte, sendo necessário, portanto, o estudo de cada situação específica, de forma a se conhecerem as diversas influências e, conseqüen- temente, a se determinarem as vazões geradas. BACIAS URBANAS COMPARTILHADAS Muitas cidades possuem, entretanto, bacias hidrográficas em comum com outros municípios, apresentando o seguinte cenário: um município a montante de outro e o curso d’água dividindo-os. Nesta situação em que não houve a ocupação na planície de inunda- ção do curso d’água, ao administrador cabe adotar as seguintes medidas: • priorizar um plano diretor com o zoneamento da área de inundação visando a estabelecer regras de ocupação de áreas de risco;
  • 9. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 17ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA16 • revitalizar o curso d’água com recuperação dos taludes e recompo- sição da vegetação ciliar; • manter o leito em suas condições naturais; • implantar interceptores de esgotos viabilizando futuro tratamento; • promover o reflorestamento de áreas degradadas para prevenir a erosão e o assoreamento do curso d’água. 5.2. SUB-BACIA PARCIALMENTE URBANIZADA feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE Na situação de bacias parcialmente urbanizadas, haverá necessidade da adoção de medidas de caráter preventivo e emergencial, uma vez que a ocupação começa a se consolidar ao longo do curso d’água. Cabe ao admi- nistrador tais medidas: • estabelecer o zoneamento das áreas não ocupadas e adoção de medidas para que não ocorram ocupações nas áreas de risco; • preservar a faixa non aedificandi ao longo dos cursos d’água; • dotar a legislação municipal com instrumento eficaz que promova retenção e a percolação no solo das águas pluviais no perímetro urbano; tais como valos de infiltração - sistemas de drenos implan- tados paralelos às ruas, estradas, conjuntos habitacionais; • implantar bacias de percolação; • implementar o reflorestamento para prevenir a erosão e o assorea- mento do curso d’água; • implantar programas de educação ambiental; • implantar interceptores de esgotos viabilizando futuro tratamento.
  • 10. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 19 feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA18 VALA DE INFILTRAÇÃO COM GRAMA POR ONDE ESCOA A ÁGUA DA RUA. Observar a depressão, à direita da foto, que favorece a infiltração da água de chuva. 5.3. SUB-BACIA URBANIZADA Na situação de bacias urbanizadas, a ocupação das margens - e mesmo da calha do rio - encontra-se consolidada e, nestes casos, a renaturalização e mesmo uma revalorização ecológica são limitadas, restando ao administrador intervir a montante do trecho, buscando reduzir os picos de vazão. As soluções para minimizar as enchentes devem ser voltadas à infiltra- ção da águas superficiais para o solo. Abaixo, algumas opções: • pequenos reservatórios em condomínios, parques, escolas; • bacia para amortecimento de cheias; • não-pavimentação das ruas; • parques e áreas gramados; • medidas de apoio à população, sistema de alerta, de evacuação e de atendimento à comunidade atingida;
  • 11. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 21 feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA20 • programa de educação ambiental; • implantação de interceptores de esgotos, viabilizando futuro trata- mento. Aproveitamento dos espaços ocupados pelas estruturas utilizadas para amortecimento das cheias: • praça de esportes utilizada durante o período seco, sendo o espaço ocupado no período de chuva como reservatório para amortecimen- to de cheias. 6. APROVEITAMENTO DOS ESPAÇOS PARA AMORTECIMENTO DE CHEIAS
  • 12. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 23 feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA22 • pavimentos permeáveis. • campo de futebol utilizado no período de chuva para amortecimento da cheia. Áreas urbanas utilizadas como reservatórios para amortecimento de cheias: • reservatório em parque municipal. • reservatório em área densamente ocupada.
  • 13. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 25 feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA24 O Plano Diretor de Drenagem Urbana - PDDU é o conjunto de diretri- zes que determinam a gestão do sistema de drenagem cujo objetivo é mini- mizar o impacto ambiental devido ao escoamento das águas pluviais. O PDDU deve priorizar as medidas não-estruturantes, incluir a parti- cipação pública, ser definido por sub-bacias urbanas e ser integrado ao plano diretor de desenvolvimento urbano. Objetiva ser o instrumento orien- tador do poder executivo não só nas questões pontuais como inundações mas também nas medidas de macrodrenagem como contenções de encos- tas e cabeceiras. A elaboração de plano diretor de drenagem urbana consiste em: • estudar a bacia hidrográfica como um todo, com o cadastro da macrodrenagem e inventário das ocorrências de inundações, contro- le de erosão, controle de vetores causadores de doenças; • estabelecer normas e critérios de projeto uniformes para toda a bacia hidrográfica; • identificar áreas que possam ser preservadas ou adquiridas pelo Poder Público; • elaborar o zoneamento dos fundos de vale e das várzeas de inunda- ção; • valorizar o curso d’água com sua integração na paisagem urbana e fonte de lazer; • estabelecer critérios para implantação de medidas necessárias de acordo com os recursos disponíveis; • articular o plano diretor com os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, sistema viário; • envolver a comunidade na discussão dos problemas e soluções pro- postas; • adotar medidas preventivas em vez de corretivas. 7 . P L A N O D I R E T O R D E D R E N A G E M U R B A N A - P D D U • reservatório em área densamente ocupada com aproveitamento como área de lazer.
  • 14. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 27 feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA26 9. CANALIZAÇÕES X LEITOS NATURAIS LEITOS NATURAIS Ocupam as várzeas de inundação, regularizando naturalmente a vazão Preservam a integridade das margens pela presença da mata ciliar Incorporam ao cenário urbano o elemento natural Funcionam com eficácia drenando naturalmente a vazão pluvial Preservam a biota na sua integridade São de baixo custo de manutenção São amparados pela legislação Reduzem a velocidade do curso d’água pela manutenção dos meandros Favorecem a conservação da mata ciliar Inibem a ocupação regular pela ausência de equipamentos urbanos CANALIZAÇÕES Transferem os impactos para jusante Promovem erosão Descaracterizam o ambiente fluvial São de eficiência questionável Eliminam a biota Custam caro Contrariam a Lei Florestal (Lei 14.309, de 19-6-2002) Aumentam a velocidade dos cursos d’água Eliminam a mata ciliar Favorecem a ocupação de áreas que são de preservação permanente Objetivos a serem alcançados: • reduzir o risco de danos à comunidade quanto aos aspectos de doenças de veiculação hídrica e de acidentes devido a inundações e deslizamentos de encostas; • reduzir o risco ao patrimônio e aos negócios públicos e privados com a interrupção de transportes, fechamento do comércio e suas conse- qüências, danos a veículos e bens público. 8. CAUSAS E EFEITOS DA URBANIZAÇÃO SOBRE AS INUNDAÇÕES URBANAS CAUSAS EFEITOS Impermeabilização Maiores picos de vazões Redes de drenagem Maiores picos a jusante Resíduos sólidos urbanos Entupimento de galerias e degradação da qualidade das águas Redes de esgotos Degradação da qualidade sanitários deficientes das águas e doenças de veiculação hídrica Desmatamento e desenvolvimento Maiores picos e volumes, indisciplinado maior erosão e assoreamento Ocupação das várzeas Maiores picos de vazão, e fundos de vale maiores prejuízos e doenças de veiculação hídrica
  • 15. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA 29 feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA28 1 0 . L E G I S L A Ç Ã O As legislações que envolvem a drenagem urbana estão relacionadas com recursos hídricos, uso do solo e licenciamento ambiental. RECURSOS HÍDRICOS - A Constituição Federal estabelece os princí- pios básicos da gestão por meio de bacias hidrográficas, que podem ter o domínio estadual ou federal. USO DO SOLO - Visa ao disciplinamento do solo para a proteção ambiental, controle de poluição, saúde pública e da segurança. O macrozo- neamento urbano nos planos diretores deverá contemplar os aspectos rela- tivos à drenagem. LICENCIAMENTO AMBIENTAL - Estabelece critérios e diretrizes para as obras hidráulicas de drenagem. 1 1 . G L O S S Á R I O Assoreamento - elevação de uma superfície por deposição de sedimento. Bacias de amortecimento de cheias - pequenas barragens que são construí- das para armazenar temporariamente as águas das chuvas. Desenvolvimento sustentável - é aquele que atende às necessidades das presentes gerações sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades. Ecossistema - conjunto dos relacionamentos entre determinado ambiente e a flora, a fauna e os microorganismos. Erosão - desgaste do solo por água corrente, ventos. Interceptor de esgotos - tubulação destinada ao recolhimento das contribui- ções de esgotos que chegam a um curso d’água. Jusante - sentido em que correm as águas de um rio. Lençol freático - superfície da água subterrânea. Mata ciliar - mata que cresce nas margens de rios, córregos e lagoas. Montante - sentido contrário ao escoamento, rio acima. Non aedificandi - áreas com proibição de construção. Obras estruturantes - obras que modificam as condições naturais. Percolação - o mesmo que infiltração. Renaturalização - recuperação da morfologia natural dos rios. Retificação de rios - processo pelo qual os rios são conduzidos para canais arti- ficiais, podendo ser revestidos ou não, de forma predominantemente retilínea. Sistema de drenagem - totalidade das estruturas projetadas para promover o esgotamento das águas pluviais. Taludes - superfície inclinada do terreno, de uma margem de rio ou do parâ- metro de uma barragem. Talvegue - linha que segue a parte mais baixa do leito de um rio, de um canal ou de um vale. Várzeas de inundação - regiões de baixio onde ocorrem os fenômenos natu- rais de transbordamento dos cursos d’água.
  • 16. feam - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA DRENAGEM URBANA30 CHAMPS, JOSÉ ROBERTO (2004). Introdução à Drenagem Urbana. WORKSHOP/GOIÂNIA (2003). Drenagem Urbana Sustentável no Brasil. SEMADS/GTZ (2001). Rios e córregos projeto Planágua. SEMADS/GTZ (2001). Enchentes no Estado do Rio de Janeiro projeto Planágua. SEMADS/GTZ(2001). Ambiente das águas no Estado do Rio de Janeiro - 2001. FILHO, A. G. A, SZÉLIGA, M.R e ENOMOTO, C.F.(2000). Estudo de medidas não-estruturais para controle de inundações urbanas. TUCCI, C.E.M (2001). Gerenciamento da Drenagem Urbana. 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS