1. Ricardo Reis foi um heterônimo criado por Fernando Pessoa, um poeta português nascido no Porto no final do século XIX que se exilou no Brasil após se tornar monarquista.
2. Como poeta, Ricardo Reis seguia a filosofia estoica e epicurista, pregando a moderação das emoções e o desprendimento dos prazeres mundanos para se alcançar a serenidade e equilíbrio interior.
3. Seus poemas usam linguagem culta e alusões mit
2. Ricardo Reis
Ricardo Reis (1887 - 1935) é um dos três
heterônimos mais conhecidos de Fernando Pessoa.
Nascido na cidade do Porto. Estudou em colégio de
jesuítas, formou-se em medicina e, por ser
monárquico, expatriou-se espontaneamente desde
1919, indo viver no Brasil. Era latinista e semi-
helenista
3. Ricardo Reis, heterónimo de Fernando
Pessoa, é o poeta clássico, da serenidade, que
aceita, com calma lucidez, a relatividade e a
fugacidade de todas as coisas. “Vem sentar-te
comigo Lídia, à beira do rio”, “Prefiro rosas, meu
amor, à pátria” ou “Segue o teu destino” são
poemas que nos mostram que este discípulo de
Caeiro aceita a antiga crença nos
deuses, enquanto disciplinadora das nossas
emoções e sentimentos, mas
defende, sobretudo, a busca de uma felicidade
relativa alcançada pela indiferença à perturbação.
4. Estilo
Poesia com muitas alusões mitológicas, com uma
linguagem culta e precisa, sem qualquer
espontaneidade.
5. Temas
Reis, também discípulo de Caeiro, admira a
serenidade e a calma com que este encara a vida,
por isso, inspirado pela clareza, pelo equilíbrio e
ordem do seu espírito clássico greco-latino, procura
atingir a paz e o equilíbrio sem sofrer, através da
autodisciplina e das seguintes doutrinas gregas:
6. Doutrinas
Epicurismo:
Doutrina baseada num ideal de sabedoria que
busca a tranquilidade da alma
Estoicismo:
Doutrina que tem como ideal ético a apatia - ausência
de envolvimento emocional excessivo que permite a
liberdade
7.
8. Um dos seus poemas
A CADA QUAL
A cada qual, como a 'statura, é
dada
A justiça: uns faz altos
O fado, outros felizes.
Nada é prêmio: sucede o que
acontece.
Nada, Lídia, devemos
Ao fado, senão tê-lo.
9. RICARDO REIS - NÃO TENHAS NADA NAS MÃOS
Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.[…]
10. 1. a memória na alma…» remetem para a filosofia
epicurista defendida por Ricardo Reis, que apela à
moderação das emoções, Os versos «Não tenhas
nada nas mãos / Nem unùnciando ao
prazer, abstendo-se de qualquer desejo ou
vontade, numa atitude contemplativa perante a
vida. Defendendo a necessidade de viver num
estado de profunda serenidade e desprendimento, o
sujeito procura assim iludir o sofrimento que a ideia
de morte lhe inspira.
11. 2. O conselho do sujeito poético nada mais é do que uma
tentativa ilusória para combater a dor e a perturbação
causadas pela passagem do tempo e a proximidade da
morte. A recusa de qualquer compromisso que
comprometa a sua liberdade interior é a única forma de
superar a angústia face a uma fatalidade inevitável («Ao
abrirem-te as mãos / Nada te cairá.»)
3. As interrogativas retóricas apontam para a filosofia
estóica, pois o sujeito poético está consciente de que o
Fado é inalterável e cabe a cada um, de forma altiva e
resignada, aceitar o fim e a morte. O poder, o mérito e a
grandeza humana nada valem perante essa cruel
certeza: tudo é efémero e está condenado à fatalidade
(«Que trono te querem dar / Que Átropos to não tire?»).
12. Conclusão
Os heterônimos de Fernando Pessoa são mais do que
meros pseudônimos, eles são personagens completos
criados pelo autor majestoso que por ser tão grande
não coube em si só... Não se contentou em ser um
único poeta. Muitos estudiosos questionam o por quê
de Fernando Pessoa ter criado seus heterônimos.