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MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS
Guerra de Canudos ou Campanha de 
Canudos1 foi o confronto entre o Exército 
Brasileiro e os integrantes de um movimento 
popular de fundo sócio-religioso liderado 
por Antônio Conselheiro, que durou 
de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, 
no interior do estado da Bahia, 
no nordeste do Brasil. 
A região, historicamente caracterizada 
por latifúndios improdutivos,secas cíclicas e 
desemprego crônico, passava por uma grave crise 
econômica e social. Milhares de sertanejos e ex-escravos 
partiram para Canudos, cidadela liderada 
pelo peregrino Antônio Conselheiro, unidos na 
crença numa salvação milagrosa que pouparia os
Os grandes fazendeiros da região, unindo-se 
à Igreja, iniciaram um forte grupo de 
pressão junto à República recém-instaurada, 
pedindo que fossem tomadas providências 
contra Antônio Conselheiro e seus seguidores. 
Criaram-se rumores de que Canudos se armava 
para atacar cidades vizinhas e partir em direção à 
capital para depor o governo republicano e 
reinstalar a Monarquia. 
Apesar de não haver nenhuma prova para estes 
rumores, o Exército foi mandado para 
Canudos.2 Três expedições militares contra 
Canudos saíram derrotadas, o que apavorou 
a opinião pública, que acabou exigindo a 
destruição do arraial, dando legitimidade ao 
massacre de até vinte mil sertanejos.
Além disso, estima-se que cinco mil militares 
tenham morrido. A guerra terminou com a 
destruição total de Canudos, a degola de muitos 
prisioneiros de guerra, e o incêndio de todas as 
casas do arraial. 
Localização de Canudos
Antônio Vicente Mendes Maciel, apelidado de "Antônio 
Conselheiro", nascido em Quixeramobim (CE) em 13 de 
março de 1830, de tradicional família que vivia nos 
sertões entre Quixeramobim e Boa Viagem, fora 
comerciante, professor e advogado prático nos sertões 
de Ipu e Sobral. Após a sua esposa tê-lo abandonado em 
favor de um sargento da força pública, passou a vagar 
pelos sertões em uma andança de vinte e cinco anos. 
Chegou a Canudos em 1893, tornando-se líder do arraial e 
atraindo milhares de pessoas. Acreditava que 
a República, recém-implantada no país, era a 
materialização do reino do Anti-Cristo na Terra, uma vez 
que o governo eleito seria uma profanação da autoridade 
da Igreja Católica para legitimar os governantes. A 
cobrança de impostos efetuada de forma violenta, a 
celebração do casamento civil e a separação 
entre Igreja e Estado eram provas cabais da proximidade 
do "fim do mundo".
Canudos era uma pequena 
aldeia que surgiu durante 
o século XVIIInos 
arredores da Fazenda 
Canudos, às margens do 
rio Vaza-Barris. Com a 
chegada de Antônio 
Conselheiro 
em 1893 passou a crescer 
vertiginosamente, em 
poucos anos chegando a 
contar por volta de 25 000 
habitantes. 
Antônio Conselheiro 
rebatizou o local de Belo 
Monte, apesar de estar 
situado num vale, entre 
colinas 
Caricatura na Revista Ilustrada, retratando Antônio Conselheiro, com 
um séquito de bufões armados com antigos bacamartes, tentando 
"barrar" a República.
A imprensa, o clero e os latifundiários da região incomodaram-se 
com a nova cidade independente e com a constante migração de 
pessoas e valores para aquele novo local. Aos poucos, construiu-se 
uma imagem de Antônio Conselheiro como "perigoso 
monarquista" a serviço de potências estrangeiras, querendo 
restaurar no país a forma de governo monárquica. Difundida 
através da imprensa, esta imagem manipulada ganhou o apoio 
da opinião pública do país para justificar a guerra movida contra 
os habitantes do arraial de Canudos.2 
O governo da República recém-instaurada precisava de dinheiro 
para materializar seus planos, e só se fazia presente no Sertão 
pela cobrança de impostos. 
A escravidão havia acabado poucos anos antes no país, e pelas 
estradas e sertões, grupos de ex-escravos vagavam, excluídos do 
acesso à terra e com reduzidas oportunidades de trabalho. Assim 
como os caboclos sertanejos, essa gente paupérrima agrupou-se 
em torno do discurso do peregrino Antônio Conselheiro, 
acreditando que ele poderia libertá-los da situação de extrema 
pobreza ou garantir-lhes a salvação eterna na outra vida.
Outubro de 1896 – Ocorre o episódio que desencadeia a 
Guerra de Canudos. Antônio Conselheiro havia 
encomendado uma remessa de madeira, vinda de 
Juazeiro, para a construção da igreja nova, mas a madeira 
não foi entregue, apesar de ter sido paga. Surgem então 
rumores de que os conselheiristas viriam buscar a 
madeira à força, o que leva as autoridades de Juazeiro a 
enviar um pedido de assistência ao governo estadual 
baiano, que manda um destacamento policial de cem 
praças, sob comando do Tenente Manuel da Silva Pires 
Ferreira. Após vários dias de espera em Juazeiro, vendo 
que o rumor era falso, o destacamento policial decide 
partir em direção à Canudos, em 24 de novembro. Mas a 
tropa é surpreendida durante a madrugada em Uauá pelos 
seguidores de Antônio Conselheiro, que estavam sob o 
comando de Pajeú e João Abade. Vinham como quem 
vinha para reza, ou para a guerra.
Foram recebidos a bala pelos sentinelas semi-adormecidos 
e surpresos. Era a guerra. Manoel Neto 
assim descreve: "Estabelecia-se, sangrento, o 1º fogo 
previsto pelo Conselheiro, e a pacata Uauá transformava-se 
em violento território de combate. O próprio Tenente 
Pires Ferreira descreve o ataque destacando a "incrível 
ferocidade" dos assaltantes e a forma pouco 
convencional como organizavam suas manobras, isto é, 
usando apitos. A celeridade e a rapidez com que a luta se 
deu propiciou vantagem inicial aos conselheiristas. 
Adentraram ao arraial onde ocuparam algumas casas. A 
lógica, entretanto, prevaleceu. Armados e municiados 
com equipamentos mais modernos e letais, os soldados 
do 9º Batalhão de Infantaria impuseram pesadas baixas 
as forças belomontenses.
A crueza do combate foi inegável, sendo que o uso de 
armas como "facões de folha-larga, chuços de vaqueiro, 
ferrões ou guiadas de três metros de comprimentos, 
foices, varapaus e forquilhas, sob o comando de 
Quinquim Coiam" utilizados em lutas de corpo a corpo 
produziam cenas dantescas. Foram entre 4 e 5 horas de 
pânico, sangue, horror e gestos de bravura e pânico. 
Contabilizadas as baixas de ambas facções, os números 
determinava a vitória militar das tropas governamentais. 
No relatório oficial, Pires Ferreira informa que pereceram 
na batalha, dentre as hostes conselheiristas "cento e 
cinqüenta, fora os feridos".
Passadas várias horas de combate, os canudenses, 
comandados por João Abade, resolveram se retirar, 
deixando para trás um quadro desolador. 
Apesar da aparente vitória, a expedição estava derrotada, 
pois não tinha mais forças nem coragem para atacar 
Canudos. Naquela mesma tarde, saqueou e incendiou 
Uauá e retornou para Juazeiro, com o saldo de 10 mortos 
(um oficial, sete soldados e os dois guias) e 17 feridos. 
Estas perdas, embora consideradas "insignificantes 
quanto ao número" nas palavras do comandante, 
ocasionaram a retirada das tropas.
Janeiro de 1897 - Enquanto aguardavam uma nova 
investida do governo, os jagunços fortificavam os 
acessos ao arraial. Comandada pelo major Febrônio de 
Brito, depois de atravessar a serra do Cambaio, uma 
segunda expedição militar contra Canudos foi atacada no 
dia 18 e repelida com pesadas baixas pelos 
conselheiristas, que se abasteciam com 
as armas abandonadas ou tomadas à tropa. Os sertanejos 
mostravam grande coragem e habilidade militar, enquanto 
Antônio Conselheiro ocupava-se da esfera civil e religiosa
Março de 1897 - Na capital do país, diante das perdas e a 
pressão de políticos florianistas que viam em Canudos 
um perigoso foco monarquista, o governo federal 
assumiu a repressão, preparando a primeira expedição 
regular, cujo comando confiou ao coronel Antônio 
Moreira César, considerado pelos militares um herói 
do exército brasileiro, e popularmente conhecido como 
"corta-cabeças" por ter mandado executar mais de cem 
pessoas a sangue frio na repressão à Revolução 
Federalista em Santa Catarina. A notícia da chegada de 
tropas militares à região atraiu para lá grande número de 
pessoas, que partiam de várias áreas do Nordeste e iam 
em defesa do "homem Santo". Em 2 de março, depois de 
ter sofrido pesadas baixas, causadas pela guerra de 
guerrilhas na travessia das serras, a força, que 
inicialmente se compunha de 1.300 homens, assaltou o 
arraial.
Moreira César foi morto em combate, tendo o comando 
sido passado para o coronel Pedro Nunes Batista 
Ferreira Tamarindo, que também tombou no mesmo dia. 
Abalada, a expedição foi obrigada a retroceder. Entre os 
chefes militares sertanejos destacaram-se Pajeú, Pedrão, 
que depois comandou os conselheiristas na travessia de 
Cocorobó, Joaquim Macambira e João Abade, braço 
direito de Antônio Conselheiro, que comandou os 
jagunços em Uauá. 
Mulheres e crianças, 
seguidoras de Antônio 
Conselheiro, presas 
durante os últimos dias da 
guerra.
MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS
A Guerra do Contestado foi um conflito armado entre a 
população cabocla e os representantes do poder estadual e 
federal brasileirotravado entre outubro de 1912 a agosto 
de 1916, numa região rica emerva-mate e madeira, disputada 
pelos estados brasileiros do Paraná e de Santa Catarina.1 
Originada nos problemas sociais, decorrentes 
principalmente da falta de regularização da posse de terras e 
da insatisfação da população hipossuficiente, numa região 
em que a presença do poder público era pífia, o embate foi 
agravado ainda pelo fanatismo religioso, expresso pelo 
messianismo e pela crença, por parte dos caboclos 
revoltados, de que se tratava de uma guerra santa. 
A região fronteiriça entre os estados do Paraná e Santa 
Catarina recebeu o nome de Contestado devido ao fato de 
que os agricultores contestaram a doação que o 
governo brasileiro fez aos madeireiros e à Southern Brazil 
Lumber & Colonization Company. Como foi uma região de 
muitos conflitos, ficou conhecida como Contestado, por ser 
uma região de disputas de limites entre os dois estados
PODER DOS MONGES 
Para entender-se bem a guerra sertaneja , é preciso voltar 
um pouco no tempo e resgatar o valor da figura de 
três monges da região. O primeiro monge que galgou 
fama foi João Maria, um homem de origem italiana, que 
peregrinou pregando e atendendo doentes de 1844 a 
1870. Fazia questão de viver uma vida extremamente 
humilde, e sua ética e forma de viver arrebanhou milhares 
de crentes, reforçando o messianismo coletivo. Sublinhe-se, 
porém, que não exerceu influência direta nos 
acontecimentos da Guerra do Contestado que ocorreria 
posteriormente. João Maria morreu em 1870, 
em Sorocaba, estado de São Paulo.
O segundo monge adotou o codinome (alcunha) de João 
Maria,2 mas seu verdadeiro nome era Atanás Marcaf, 
provavelmente de origem síria. Aparece publicamente 
com a Revolução Federalista de 1893, mostrando uma 
postura firme e uma posição messiânica. Sobre sua 
situação política, dizia ele "estou do lado dos que 
sofrem"1 . Chegou, inclusive, a fazer previsões sobre os 
fatos políticos da sua época. Atuava na região entre os 
rios Iguaçu e Uruguai. É de destacar a sua influência 
inquestionável sobre os crentes, a ponto de estes 
esperarem a sua volta através da ressurreição, após seu 
desaparecimento em 1908.
companhia Brazil Railway Company, que recebeu do 
governo 15 km de cada lado da ferrovia, iniciou a 
desapropriação de 6.696 km² de terras (equivalentes a 
276.694 alqueires) ocupadas já há muito tempo por 
posseiros que viviam na região entre o Paraná e Santa 
Catarina. O governo brasileiro, ao firmar o contrato com 
a Brazil Railway Company, declarou a área como 
devoluta, ou seja, como se ninguém ocupasse aquelas 
terras. "A área total assim obtida deveria ser escolhida e 
demarcada, sem levar em conta sesmarias nem posses, 
dentro de uma zona de trinta quilômetros, ou seja, quinze 
para cada lado". Isso, e até mesmo a própria outorga da 
concessão feita à Brazil Railway Company, contrariava a 
chamada Lei de Terras de 1850.
Não obstante, o governo do Paraná reconheceu os 
direitos da ferrovia; atuou na questão, como advogado 
da Brazil Railway, Affonso Camargo, então vice-presidente 
do estado.7 
Esses camponeses que viram o direito às terras que 
ocupavam ser usurpado,7 e os trabalhadores que foram 
demitidos pela companhia (1910), decidiram então ouvir a 
voz do monge José Maria, sob o comando do qual 
organizaram uma comunidade. 
Resultando infrutíferas quaisquer tentativas de retomada 
das terras - que foram declaradas "terras devolutas"pelo 
governo brasileiro no contrato firmado com a ferrovia5 - 
cada vez mais passou-se a contestar a legalidade da 
desapropriação. Uniram-se ao grupo diversos 
fazendeiros que, por conta da concessão, estavam 
perdendo terras para o grupo de Farquhar, bem como 
para os coronéis manda-chuvas da região
Bandeira da "Monarquia Celestial". Branca com uma cruz 
verde, evoca os estandartes das antigas ordens 
monástico militares como as dos templários. 
A união destas pessoas em torno de um ideal, levou à 
organização do grupo armado, com funções distribuídas 
entre si. O messianismo adquiria corpo. A vida era 
comunitária, com locais de culto e procissões, 
denominados redutos. Tudo pertencia a todos. O 
comércio convencional foi abolido, sendo apenas 
permitidas trocas. Segundo as pregações do líder, o 
mundo não duraria mais 1000 anos e o paraíso estava 
próximo. Ninguém deveria ter medo de morrer porque 
ressuscitaria após o combate final. É de destacar a 
importância atribuída às mulheres nesta sociedade. A 
virgindade era particularmente valorizada.
O "santo monge" José Maria rebelou-se, então, contra a 
recém formada república brasileira e decidiu dar status 
de governo independente à comunidade que comandava. 
Para ele, a república era a "lei do diabo". Nomeou 
"imperador do Brasil" um fazendeiro analfabeto, nomeou 
a comunidade de "Quadro Santo" e criou uma guarda de 
honra constituída por 24 cavaleiros que intitulou de "Doze 
Pares de França", numa alusão à cavalaria de Carlos 
Magno na Idade Média. 
Os camponeses uniram-se a este, fundando alguns 
povoados, cada qual com seu santo. Cada povoado seria 
como uma "monarquia celeste", com ordem própria, à 
semelhança do que Antônio Conselheiro fizera 
em Canudos.
Marechal Hermes da Fonseca
O governo brasileiro, então comandado pelo 
marechal Hermes da Fonseca, responsável pela Política 
das Salvações, caracterizada por intervenções político-militares 
que em diversos Estados do país pretendiam 
eliminar seus adversários políticos, sentiu indícios de 
insurreição neste movimento e decidiu reprimi-lo, 
enviando tropas para "acalmar" os ânimos. 
Antevendo o que estava por vir, José Maria parte 
imediatamente para a localidade de Irani com todo o seu 
carente séquito. A localidade nesta época pertencia 
a Palmas, cidade que estava na jurisdição do Paraná, e 
que tinha com Santa Catarina questões jurídicas não 
resolvidas por conta de divisas territoriais, e acabou 
vendo nessa grande movimentação uma estratégia de 
ocupação daquelas terras. 
A guerra do Contestado inicia-se neste ponto: em defesa 
de suas terras, várias tropas do Regimento de Segurança 
do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os
Placa no Museu do Contestado, em Caçador
Mas as coisas ocorrem bem diferente do planejado. Tem 
início um confronto sangrento entre tropas do governo e 
fiéis do Contestado no lugar chamado "Banhado 
Grande". Ao término da luta, estão sem vida dezenas de 
pessoas, de ambos os lados. Morreram no confronto o 
coronel João Gualberto, que comandava as tropas, e 
também o monge José Maria, mas os partidários do 
contestado tinham conseguido a sua primeira vitória. 
José Maria foi enterrado com tábuas pelos seus fiéis, a 
fim de facilitar a sua ressurreição, já que os caboclos 
acreditavam que este ressuscitaria acompanhado de um 
"exército encantado", vulgarmente chamado de "Exército 
de São Sebastião", que os ajudaria a fortalecer a 
"monarquia celeste" e a derrubar a república, que cada 
vez mais acreditava-se ser um instrumento do diabo, 
dominado pelas figuras dos coronéis.
MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS
Cícero Romão Batista (Crato, 24 de março de 1844 — 
Juazeiro do Norte, 20 de julho de 1934) foi 
um sacerdote católico brasileiro. Na devoção popular, é 
conhecido como Padre Cícero ou Padim 
Ciço.1 Carismático, obteve grande prestígio e influência 
sobre a vida social, política e religiosa do Ceará bem 
como do Nordeste. 
Em março de 2001, foi escolhido "O Cearense do Século" 
em votação promovida pela TV Verdes Mares em parceria 
com a Rede Globo de televisão2 . 
Em julho de 2012, foi eleito um dos "100 maiores 
brasileiros de todos os tempos" em concurso realizado 
pelo SBT com a BBC. 
Proprietário de terras, de gado e de diversos imóveis, 
Cícero fazia parte da sociedade e política conservadora 
do sertão do Cariri. Sempre teve o médico Floro 
Bartolomeu como o seu braço direito, e integrava o 
sistema político cearense que ficou sob o controle
Nascido no interior do Ceará, era filho de Joaquim Romão 
Batista e Joaquina Vicência Romana, conhecida como 
dona Quinô. Ainda aos 6 anos, começou a estudar com o 
professor Rufino de Alcântara Montezuma. 
Um fato importante marcou a sua infância: o voto de 
castidade feito aos 12 anos, influenciado pela leitura da 
vida de São Francisco de Sales4 . 
Em 1860, foi matriculado no colégio do renomado 
padre Inácio de Sousa Rolim, em Cajazeiras na Paraíba. Aí 
pouco demorou, pois a inesperada morte de seu pai, 
vítima de cólera em 1862, o obrigou a interromper os 
estudos e voltar para junto da mãe e das irmãs solteiras. 
A morte do pai, que era pequeno comerciante no Crato, 
trouxe sérias dificuldades financeiras à família de tal 
sorte que, mais tarde, em 1865, quando Cícero Romão 
Batista precisou ingressar no Seminário da Prainha, 
em Fortaleza, só o fez graças à ajuda de seu padrinho de 
crisma, o coronel Antônio Luís Alves Pequeno.
Durante o período em que 
esteve no seminário, Cícero 
era considerado um aluno 
mediano e, apesar de anos 
depois arrebatar multidões 
com seus sermões, 
apresentou notas baixas nas 
disciplinas relacionadas à 
oratória e eloquência5 . 
Cícero foi ordenado padre no 
dia 30 de novembro de 1870. 
Após sua ordenação retornou 
ao Crato e, enquanto o bispo 
não lhe dava paróquia para 
administrar, ficou a 
ensinar latim no Colégio 
Padre Ibiapina, fundado e 
dirigido pelo professor José 
Joaquim Teles Marrocos, seu 
primo e grande amigo. 
Estátua do Padre Cícero na colina 
do Horto, em Juazeiro do Norte
No Natal de 1871, convidado pelo professor Simeão Correia de 
Macedo, o padre Cícero visitou pela primeira vez o povoado de 
Juazeiro (numa fazenda localizada na povoação de Juazeiro, 
então pertencente à cidade do Crato), e ali celebrou a 
tradicional missa do galo. 
O padre visitante, então aos 28 anos, estatura baixa, pele 
branca, cabelos louros, penetrantes olhos azuis e voz 
modulada, impressionou os habitantes do lugar. E a recíproca 
foi verdadeira. Por isso, decorridos alguns meses, exatamente 
no dia 11 de abril de 1872, lá estava de volta, com bagagem e 
família, para fixar residência definitiva no Juazeiro. 
Muitos livros afirmam que Padre Cícero resolveu fixar morada 
em Juazeiro devido a um sonho (ou visão) que teve, segundo o 
qual, certa vez, ao anoitecer de um dia exaustivo, após ter 
passado horas a fio a confessar as pessoas do arraial, ele 
procurou descansar no quarto contíguo à sala de aulas da 
escolinha, onde improvisaram seu alojamento, quando caiu no 
sono e a visão que mudaria seu destino se revelou. Ele viu, 
conforme relatou aos amigos íntimos, Jesus Cristo e os doze 
apóstolos sentados à mesa, numa disposição que lembra
De repente, adentra ao local uma multidão de pessoas 
carregando seus parcos pertences em pequenas trouxas, 
a exemplo dos retirantes nordestinos. Cristo, virando-se 
para os famintos, falou da sua decepção com a 
humanidade, mas disse estar disposto ainda a fazer um 
último sacrifício para salvar o mundo. Porém, se os 
homens não se arrependessem depressa, Ele acabaria 
com tudo de uma vez. Naquele momento, Ele apontou 
para os pobres e, voltando-se inesperadamente ordenou: 
- E você, Padre Cícero, tome conta deles!
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, era devoto de 
padre Cícero e respeitava as suas crenças e conselhos. 
Os dois se encontraram uma única vez, em Juazeiro do 
Norte, em 1926. Naquele ano, a Coluna Prestes, liderada 
por Luís Carlos Prestes, percorria o interior do Brasil 
desafiando o Governo Federal. Para combatê-la foram 
criados os chamadosBatalhões Patrióticos, comandados 
por líderes regionais que muitas vezes 
arregimentavam cangaceiros. 
Existem duas versões para o encontro. Na primeira, 
difundida por Billy Jaynes Chandler, o sacerdote teria 
convocado Lampião para se juntar ao Batalhão Patriótico 
de Juazeiro, recebendo em troca, anistia de seus crimes e 
a patente de Capitão8 . Na outra versão, defendida 
por Lira Neto e Anildomá Willians, o convite teria sido 
feito por Floro Bartolomeu sem que padre Cícero 
soubesse.
O certo é que ao chegarem em Juazeiro, Lampião e os 49 
cangaceiros que o acompanhavam, ouviram padre Cícero 
aconselhá-los a abandonar o cangaço. Como Lampião 
exigia receber a patente que lhe fora prometida, Pedro de 
Albuquerque Uchoa, único funcionário público federal no 
município, escreveu em uma folha de papel que Lampião 
seria, a partir daquele momento, Capitão e receberia 
anistia por seus crimes. O bando deixou Juazeiro sem 
enfrentar a Coluna Prestes. 
O padre Cícero faleceu em Juazeiro do Norte em 20 de 
julho de 1934, aos 90 anos. Encontra-se sepultado 
na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na 
mesma cidade do Ceará
Virgulino Ferreira da 
Silva
MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS
O Cangaço foi uma luta revolucionária, em que os homens do 
grupo vagavam pelas cidades em busca de justiça e vingança 
pela falta de emprego, alimento e cidadania causando o 
desordenamento da rotina dos camponeses. O cangaço se 
caracterizou por ter como principal líder Lampião ( Virgulino 
Ferreira da Silva ), ex coronel da guarda nacional. O termo 
cangaço vem da palavra canga ( peça de madeira usada para 
prender junta de bois a carro ou arado; jugo). 
DIVISÃO 
O Cangaço pode ser dividido em três subgrupos: os que 
prestavam serviços caracterizados para os latifundiários; os 
"satisfatórios", expressão de poder dos grandes fazendeiros; e 
os cangaceiros dependentes, com características de 
banditismo. 
Os cangaceiros conheciam bem a Caatinga, e por isso, era tão 
fácil fugir das autoridades. Estavam sempre preparados para 
enfrentar todo o tipo de situação. Conheciam as plantas 
medicinais, as fontes de água, locais com alimento, rotas de 
fuga e lugares de difícil acesso.
O primeiro bando de cangaceiros que se tem 
conhecimento foi o de Jesuíno Alves de Melo Calado, 
"Jesuíno Brilhante", que agiu por volta de 1870, embora 
alguns historiadores atribuam a Lucas Evangelista o feito 
de ser o primeiro a agregar um grupo característico de 
cangaço,1 nos arredores de Feira de Santana (em 1828), 
sendo ele preso junto com a sua quadrilha em 28 de 
Janeiro de 1848 por provocar durante vinte 
anos assaltos contra a população de Feira.2 O último 
grupo cangaceiro famoso porém foi o de "Corisco" 
(Cristino Gomes da Silva Cleto), que foi assassinado 
em 25 de maio de 1940. 
O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, 
o Lampião, que também denominado o "Senhor do 
Sertão" e "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas 
de 20 e 30 em praticamente todos os estados do 
nordeste.
Por parte das autoridades, Lampião simbolizava a brutalidade, o mal, 
uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população 
do sertão, ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o 
senso da honra (semelhante ao que acontecia com o 
mexicano Pancho Villa).3 
O cangaço teve o seu fim a partir da decisão do então Presidente da 
República, Getúlio Vargas, de eliminar todo e qualquer foco de 
desordem sobre o território nacional. O regime denominado Estado 
Novo incluiu Lampião e seus cangaceiros na categoria de 
extremistas. A sentença passou a ser matar todos os cangaceiros 
que não se rendessem. 
No dia 28 de julho de 1938, na localidade de Angicos, no estado 
de Sergipe, Lampião finalmente foi apanhado em uma emboscada 
das autoridades, onde foi morto junto com sua mulher, Maria Bonita, 
e mais nove cangaceiros. 
Os cangaceiros foram degolados e suas cabeças colocadas 
em aguardente e cal, para conservá-las. Foram expostas por todo o 
Nordeste e por onde eram levadas atraiam multidões.4 
Este acontecimento veio a marcar o final do cangaço, pois, a partir da 
repercussão da morte de Virgulino, os chefes dos outros bandos 
existentes na Nordeste vieram a se entregar às autoridades policiais 
para não serem mortos.
Consta que o primeiro homem a agir 
como cangaceiro teria sido o 
Cabeleira, como era chamado José 
Gomes. Nascido em 1751, em Glória 
do Goitá, cidade da zona da mata 
pernambucana, ele aterrorizou sua 
região. Mas foi somente no final do 
século XIX que o cangaço ganhou 
força e prestígio, principalmente 
com Antonio 
Silvino, Lampião e Corisco. 
Entre meados do século XIX e início 
do século XX, o Nordeste do Brasil 
viveu momentos difíceis, 
aterrorizado por grupos de homens 
que espalhavam o terror por onde 
andavam. Eles eram os 
cangaceiros, bandidos que 
abraçaram a vida nômade e 
irregular de malfeitores por motivos 
diversos. Alguns deles foram 
impelidos pelo despotismo das
Lucas da Feira, ou Lucas Evangelista, agiu na região da cidade 
baiana de Feira de Santana entre 1828 e 1848. Ele e seu bando de 
mais de 30 homens roubavam viajantes e estupravam mulheres. Foi 
enforcado em 1849.4 
Os cangaceiros conseguiram dominar o sertão durante muito tempo, 
pois eram protegidos de coronéis, que se utilizavam dos cangaceiros 
para cobrança de dívidas, entre outros serviços "sujos". 
Um caso particular foi o de Januário Garcia Leal, o Sete Orelhas, que 
agiu no sudeste do Brasil, no início do século XIX, tendo sido 
considerado justiceiro e honrado por uns e cangaceiro por outros. 
No sertão, consolidou-se uma forma de relação entre os grandes 
proprietários e seus vaqueiros. 
A base desta relação era a fidelidade dos vaqueiros aos fazendeiros. 
O vaqueiro se disponibilizava a defender (de armas na mão) os 
interesses do patrão. 
Como as rivalidades políticas eram grandes, havia muitos conflitos 
entre as poderosas famílias. E estas famílias se cercavam de 
jagunços com o intuito de se defender, formando assim verdadeiros 
exércitos. Porém, chegou o momento em que começaram a surgir os 
primeiros bandos armados, livres do controle dos fazendeiros.
Os coronéis gosta tinham poder suficiente para impedir a ação dos 
cangaceiros. 
O cangaceiro - um deles, em especial, Lampião - tornou-se 
personagem do imaginário nacional, ora caracterizado como uma 
espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres, 
ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que 
questionava e subvertia a ordem social de sua época e região. 
A história do cangaço vem desde 
meados do século XVIII, quando 
José Gomes, o Cabeleira, 
imortalizado pelo livro de Franklin 
Távora, aterrorizava as populações 
rurais de Pernambuco. Entretanto, 
ao falar sobre o cangaço, o 
pensamento remonta quase 
instantaneamente à figura de 
Virgulino Ferreira da Silva, o 
famoso Lampião, morto em 1938: o 
grande chapéu de aba quebrada 
enfeitado com medalhas de ouro e 
prata, os cintos cruzados no peito 
à mexicana e bolsas de couro.
REFERÊNCIAS 
http://www.crato.org/chapadadoararipe/2012/06/21/banditismo-pop/ 
https://www.google.com.br/search?hl=pt- 
BR&q=JOSE+GOMES+O+CABELEIRA&tbm=isch&ei=rVPKU-nEIejgsASil4Fw 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Padre_C%C3%ADcero 
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  • 2. Guerra de Canudos ou Campanha de Canudos1 foi o confronto entre o Exército Brasileiro e os integrantes de um movimento popular de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro, que durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, no nordeste do Brasil. A região, historicamente caracterizada por latifúndios improdutivos,secas cíclicas e desemprego crônico, passava por uma grave crise econômica e social. Milhares de sertanejos e ex-escravos partiram para Canudos, cidadela liderada pelo peregrino Antônio Conselheiro, unidos na crença numa salvação milagrosa que pouparia os
  • 3. Os grandes fazendeiros da região, unindo-se à Igreja, iniciaram um forte grupo de pressão junto à República recém-instaurada, pedindo que fossem tomadas providências contra Antônio Conselheiro e seus seguidores. Criaram-se rumores de que Canudos se armava para atacar cidades vizinhas e partir em direção à capital para depor o governo republicano e reinstalar a Monarquia. Apesar de não haver nenhuma prova para estes rumores, o Exército foi mandado para Canudos.2 Três expedições militares contra Canudos saíram derrotadas, o que apavorou a opinião pública, que acabou exigindo a destruição do arraial, dando legitimidade ao massacre de até vinte mil sertanejos.
  • 4. Além disso, estima-se que cinco mil militares tenham morrido. A guerra terminou com a destruição total de Canudos, a degola de muitos prisioneiros de guerra, e o incêndio de todas as casas do arraial. Localização de Canudos
  • 5. Antônio Vicente Mendes Maciel, apelidado de "Antônio Conselheiro", nascido em Quixeramobim (CE) em 13 de março de 1830, de tradicional família que vivia nos sertões entre Quixeramobim e Boa Viagem, fora comerciante, professor e advogado prático nos sertões de Ipu e Sobral. Após a sua esposa tê-lo abandonado em favor de um sargento da força pública, passou a vagar pelos sertões em uma andança de vinte e cinco anos. Chegou a Canudos em 1893, tornando-se líder do arraial e atraindo milhares de pessoas. Acreditava que a República, recém-implantada no país, era a materialização do reino do Anti-Cristo na Terra, uma vez que o governo eleito seria uma profanação da autoridade da Igreja Católica para legitimar os governantes. A cobrança de impostos efetuada de forma violenta, a celebração do casamento civil e a separação entre Igreja e Estado eram provas cabais da proximidade do "fim do mundo".
  • 6. Canudos era uma pequena aldeia que surgiu durante o século XVIIInos arredores da Fazenda Canudos, às margens do rio Vaza-Barris. Com a chegada de Antônio Conselheiro em 1893 passou a crescer vertiginosamente, em poucos anos chegando a contar por volta de 25 000 habitantes. Antônio Conselheiro rebatizou o local de Belo Monte, apesar de estar situado num vale, entre colinas Caricatura na Revista Ilustrada, retratando Antônio Conselheiro, com um séquito de bufões armados com antigos bacamartes, tentando "barrar" a República.
  • 7. A imprensa, o clero e os latifundiários da região incomodaram-se com a nova cidade independente e com a constante migração de pessoas e valores para aquele novo local. Aos poucos, construiu-se uma imagem de Antônio Conselheiro como "perigoso monarquista" a serviço de potências estrangeiras, querendo restaurar no país a forma de governo monárquica. Difundida através da imprensa, esta imagem manipulada ganhou o apoio da opinião pública do país para justificar a guerra movida contra os habitantes do arraial de Canudos.2 O governo da República recém-instaurada precisava de dinheiro para materializar seus planos, e só se fazia presente no Sertão pela cobrança de impostos. A escravidão havia acabado poucos anos antes no país, e pelas estradas e sertões, grupos de ex-escravos vagavam, excluídos do acesso à terra e com reduzidas oportunidades de trabalho. Assim como os caboclos sertanejos, essa gente paupérrima agrupou-se em torno do discurso do peregrino Antônio Conselheiro, acreditando que ele poderia libertá-los da situação de extrema pobreza ou garantir-lhes a salvação eterna na outra vida.
  • 8. Outubro de 1896 – Ocorre o episódio que desencadeia a Guerra de Canudos. Antônio Conselheiro havia encomendado uma remessa de madeira, vinda de Juazeiro, para a construção da igreja nova, mas a madeira não foi entregue, apesar de ter sido paga. Surgem então rumores de que os conselheiristas viriam buscar a madeira à força, o que leva as autoridades de Juazeiro a enviar um pedido de assistência ao governo estadual baiano, que manda um destacamento policial de cem praças, sob comando do Tenente Manuel da Silva Pires Ferreira. Após vários dias de espera em Juazeiro, vendo que o rumor era falso, o destacamento policial decide partir em direção à Canudos, em 24 de novembro. Mas a tropa é surpreendida durante a madrugada em Uauá pelos seguidores de Antônio Conselheiro, que estavam sob o comando de Pajeú e João Abade. Vinham como quem vinha para reza, ou para a guerra.
  • 9. Foram recebidos a bala pelos sentinelas semi-adormecidos e surpresos. Era a guerra. Manoel Neto assim descreve: "Estabelecia-se, sangrento, o 1º fogo previsto pelo Conselheiro, e a pacata Uauá transformava-se em violento território de combate. O próprio Tenente Pires Ferreira descreve o ataque destacando a "incrível ferocidade" dos assaltantes e a forma pouco convencional como organizavam suas manobras, isto é, usando apitos. A celeridade e a rapidez com que a luta se deu propiciou vantagem inicial aos conselheiristas. Adentraram ao arraial onde ocuparam algumas casas. A lógica, entretanto, prevaleceu. Armados e municiados com equipamentos mais modernos e letais, os soldados do 9º Batalhão de Infantaria impuseram pesadas baixas as forças belomontenses.
  • 10. A crueza do combate foi inegável, sendo que o uso de armas como "facões de folha-larga, chuços de vaqueiro, ferrões ou guiadas de três metros de comprimentos, foices, varapaus e forquilhas, sob o comando de Quinquim Coiam" utilizados em lutas de corpo a corpo produziam cenas dantescas. Foram entre 4 e 5 horas de pânico, sangue, horror e gestos de bravura e pânico. Contabilizadas as baixas de ambas facções, os números determinava a vitória militar das tropas governamentais. No relatório oficial, Pires Ferreira informa que pereceram na batalha, dentre as hostes conselheiristas "cento e cinqüenta, fora os feridos".
  • 11. Passadas várias horas de combate, os canudenses, comandados por João Abade, resolveram se retirar, deixando para trás um quadro desolador. Apesar da aparente vitória, a expedição estava derrotada, pois não tinha mais forças nem coragem para atacar Canudos. Naquela mesma tarde, saqueou e incendiou Uauá e retornou para Juazeiro, com o saldo de 10 mortos (um oficial, sete soldados e os dois guias) e 17 feridos. Estas perdas, embora consideradas "insignificantes quanto ao número" nas palavras do comandante, ocasionaram a retirada das tropas.
  • 12. Janeiro de 1897 - Enquanto aguardavam uma nova investida do governo, os jagunços fortificavam os acessos ao arraial. Comandada pelo major Febrônio de Brito, depois de atravessar a serra do Cambaio, uma segunda expedição militar contra Canudos foi atacada no dia 18 e repelida com pesadas baixas pelos conselheiristas, que se abasteciam com as armas abandonadas ou tomadas à tropa. Os sertanejos mostravam grande coragem e habilidade militar, enquanto Antônio Conselheiro ocupava-se da esfera civil e religiosa
  • 13. Março de 1897 - Na capital do país, diante das perdas e a pressão de políticos florianistas que viam em Canudos um perigoso foco monarquista, o governo federal assumiu a repressão, preparando a primeira expedição regular, cujo comando confiou ao coronel Antônio Moreira César, considerado pelos militares um herói do exército brasileiro, e popularmente conhecido como "corta-cabeças" por ter mandado executar mais de cem pessoas a sangue frio na repressão à Revolução Federalista em Santa Catarina. A notícia da chegada de tropas militares à região atraiu para lá grande número de pessoas, que partiam de várias áreas do Nordeste e iam em defesa do "homem Santo". Em 2 de março, depois de ter sofrido pesadas baixas, causadas pela guerra de guerrilhas na travessia das serras, a força, que inicialmente se compunha de 1.300 homens, assaltou o arraial.
  • 14. Moreira César foi morto em combate, tendo o comando sido passado para o coronel Pedro Nunes Batista Ferreira Tamarindo, que também tombou no mesmo dia. Abalada, a expedição foi obrigada a retroceder. Entre os chefes militares sertanejos destacaram-se Pajeú, Pedrão, que depois comandou os conselheiristas na travessia de Cocorobó, Joaquim Macambira e João Abade, braço direito de Antônio Conselheiro, que comandou os jagunços em Uauá. Mulheres e crianças, seguidoras de Antônio Conselheiro, presas durante os últimos dias da guerra.
  • 16. A Guerra do Contestado foi um conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder estadual e federal brasileirotravado entre outubro de 1912 a agosto de 1916, numa região rica emerva-mate e madeira, disputada pelos estados brasileiros do Paraná e de Santa Catarina.1 Originada nos problemas sociais, decorrentes principalmente da falta de regularização da posse de terras e da insatisfação da população hipossuficiente, numa região em que a presença do poder público era pífia, o embate foi agravado ainda pelo fanatismo religioso, expresso pelo messianismo e pela crença, por parte dos caboclos revoltados, de que se tratava de uma guerra santa. A região fronteiriça entre os estados do Paraná e Santa Catarina recebeu o nome de Contestado devido ao fato de que os agricultores contestaram a doação que o governo brasileiro fez aos madeireiros e à Southern Brazil Lumber & Colonization Company. Como foi uma região de muitos conflitos, ficou conhecida como Contestado, por ser uma região de disputas de limites entre os dois estados
  • 17. PODER DOS MONGES Para entender-se bem a guerra sertaneja , é preciso voltar um pouco no tempo e resgatar o valor da figura de três monges da região. O primeiro monge que galgou fama foi João Maria, um homem de origem italiana, que peregrinou pregando e atendendo doentes de 1844 a 1870. Fazia questão de viver uma vida extremamente humilde, e sua ética e forma de viver arrebanhou milhares de crentes, reforçando o messianismo coletivo. Sublinhe-se, porém, que não exerceu influência direta nos acontecimentos da Guerra do Contestado que ocorreria posteriormente. João Maria morreu em 1870, em Sorocaba, estado de São Paulo.
  • 18. O segundo monge adotou o codinome (alcunha) de João Maria,2 mas seu verdadeiro nome era Atanás Marcaf, provavelmente de origem síria. Aparece publicamente com a Revolução Federalista de 1893, mostrando uma postura firme e uma posição messiânica. Sobre sua situação política, dizia ele "estou do lado dos que sofrem"1 . Chegou, inclusive, a fazer previsões sobre os fatos políticos da sua época. Atuava na região entre os rios Iguaçu e Uruguai. É de destacar a sua influência inquestionável sobre os crentes, a ponto de estes esperarem a sua volta através da ressurreição, após seu desaparecimento em 1908.
  • 19. companhia Brazil Railway Company, que recebeu do governo 15 km de cada lado da ferrovia, iniciou a desapropriação de 6.696 km² de terras (equivalentes a 276.694 alqueires) ocupadas já há muito tempo por posseiros que viviam na região entre o Paraná e Santa Catarina. O governo brasileiro, ao firmar o contrato com a Brazil Railway Company, declarou a área como devoluta, ou seja, como se ninguém ocupasse aquelas terras. "A área total assim obtida deveria ser escolhida e demarcada, sem levar em conta sesmarias nem posses, dentro de uma zona de trinta quilômetros, ou seja, quinze para cada lado". Isso, e até mesmo a própria outorga da concessão feita à Brazil Railway Company, contrariava a chamada Lei de Terras de 1850.
  • 20. Não obstante, o governo do Paraná reconheceu os direitos da ferrovia; atuou na questão, como advogado da Brazil Railway, Affonso Camargo, então vice-presidente do estado.7 Esses camponeses que viram o direito às terras que ocupavam ser usurpado,7 e os trabalhadores que foram demitidos pela companhia (1910), decidiram então ouvir a voz do monge José Maria, sob o comando do qual organizaram uma comunidade. Resultando infrutíferas quaisquer tentativas de retomada das terras - que foram declaradas "terras devolutas"pelo governo brasileiro no contrato firmado com a ferrovia5 - cada vez mais passou-se a contestar a legalidade da desapropriação. Uniram-se ao grupo diversos fazendeiros que, por conta da concessão, estavam perdendo terras para o grupo de Farquhar, bem como para os coronéis manda-chuvas da região
  • 21. Bandeira da "Monarquia Celestial". Branca com uma cruz verde, evoca os estandartes das antigas ordens monástico militares como as dos templários. A união destas pessoas em torno de um ideal, levou à organização do grupo armado, com funções distribuídas entre si. O messianismo adquiria corpo. A vida era comunitária, com locais de culto e procissões, denominados redutos. Tudo pertencia a todos. O comércio convencional foi abolido, sendo apenas permitidas trocas. Segundo as pregações do líder, o mundo não duraria mais 1000 anos e o paraíso estava próximo. Ninguém deveria ter medo de morrer porque ressuscitaria após o combate final. É de destacar a importância atribuída às mulheres nesta sociedade. A virgindade era particularmente valorizada.
  • 22. O "santo monge" José Maria rebelou-se, então, contra a recém formada república brasileira e decidiu dar status de governo independente à comunidade que comandava. Para ele, a república era a "lei do diabo". Nomeou "imperador do Brasil" um fazendeiro analfabeto, nomeou a comunidade de "Quadro Santo" e criou uma guarda de honra constituída por 24 cavaleiros que intitulou de "Doze Pares de França", numa alusão à cavalaria de Carlos Magno na Idade Média. Os camponeses uniram-se a este, fundando alguns povoados, cada qual com seu santo. Cada povoado seria como uma "monarquia celeste", com ordem própria, à semelhança do que Antônio Conselheiro fizera em Canudos.
  • 24. O governo brasileiro, então comandado pelo marechal Hermes da Fonseca, responsável pela Política das Salvações, caracterizada por intervenções político-militares que em diversos Estados do país pretendiam eliminar seus adversários políticos, sentiu indícios de insurreição neste movimento e decidiu reprimi-lo, enviando tropas para "acalmar" os ânimos. Antevendo o que estava por vir, José Maria parte imediatamente para a localidade de Irani com todo o seu carente séquito. A localidade nesta época pertencia a Palmas, cidade que estava na jurisdição do Paraná, e que tinha com Santa Catarina questões jurídicas não resolvidas por conta de divisas territoriais, e acabou vendo nessa grande movimentação uma estratégia de ocupação daquelas terras. A guerra do Contestado inicia-se neste ponto: em defesa de suas terras, várias tropas do Regimento de Segurança do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os
  • 25. Placa no Museu do Contestado, em Caçador
  • 26. Mas as coisas ocorrem bem diferente do planejado. Tem início um confronto sangrento entre tropas do governo e fiéis do Contestado no lugar chamado "Banhado Grande". Ao término da luta, estão sem vida dezenas de pessoas, de ambos os lados. Morreram no confronto o coronel João Gualberto, que comandava as tropas, e também o monge José Maria, mas os partidários do contestado tinham conseguido a sua primeira vitória. José Maria foi enterrado com tábuas pelos seus fiéis, a fim de facilitar a sua ressurreição, já que os caboclos acreditavam que este ressuscitaria acompanhado de um "exército encantado", vulgarmente chamado de "Exército de São Sebastião", que os ajudaria a fortalecer a "monarquia celeste" e a derrubar a república, que cada vez mais acreditava-se ser um instrumento do diabo, dominado pelas figuras dos coronéis.
  • 28. Cícero Romão Batista (Crato, 24 de março de 1844 — Juazeiro do Norte, 20 de julho de 1934) foi um sacerdote católico brasileiro. Na devoção popular, é conhecido como Padre Cícero ou Padim Ciço.1 Carismático, obteve grande prestígio e influência sobre a vida social, política e religiosa do Ceará bem como do Nordeste. Em março de 2001, foi escolhido "O Cearense do Século" em votação promovida pela TV Verdes Mares em parceria com a Rede Globo de televisão2 . Em julho de 2012, foi eleito um dos "100 maiores brasileiros de todos os tempos" em concurso realizado pelo SBT com a BBC. Proprietário de terras, de gado e de diversos imóveis, Cícero fazia parte da sociedade e política conservadora do sertão do Cariri. Sempre teve o médico Floro Bartolomeu como o seu braço direito, e integrava o sistema político cearense que ficou sob o controle
  • 29. Nascido no interior do Ceará, era filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana, conhecida como dona Quinô. Ainda aos 6 anos, começou a estudar com o professor Rufino de Alcântara Montezuma. Um fato importante marcou a sua infância: o voto de castidade feito aos 12 anos, influenciado pela leitura da vida de São Francisco de Sales4 . Em 1860, foi matriculado no colégio do renomado padre Inácio de Sousa Rolim, em Cajazeiras na Paraíba. Aí pouco demorou, pois a inesperada morte de seu pai, vítima de cólera em 1862, o obrigou a interromper os estudos e voltar para junto da mãe e das irmãs solteiras. A morte do pai, que era pequeno comerciante no Crato, trouxe sérias dificuldades financeiras à família de tal sorte que, mais tarde, em 1865, quando Cícero Romão Batista precisou ingressar no Seminário da Prainha, em Fortaleza, só o fez graças à ajuda de seu padrinho de crisma, o coronel Antônio Luís Alves Pequeno.
  • 30. Durante o período em que esteve no seminário, Cícero era considerado um aluno mediano e, apesar de anos depois arrebatar multidões com seus sermões, apresentou notas baixas nas disciplinas relacionadas à oratória e eloquência5 . Cícero foi ordenado padre no dia 30 de novembro de 1870. Após sua ordenação retornou ao Crato e, enquanto o bispo não lhe dava paróquia para administrar, ficou a ensinar latim no Colégio Padre Ibiapina, fundado e dirigido pelo professor José Joaquim Teles Marrocos, seu primo e grande amigo. Estátua do Padre Cícero na colina do Horto, em Juazeiro do Norte
  • 31. No Natal de 1871, convidado pelo professor Simeão Correia de Macedo, o padre Cícero visitou pela primeira vez o povoado de Juazeiro (numa fazenda localizada na povoação de Juazeiro, então pertencente à cidade do Crato), e ali celebrou a tradicional missa do galo. O padre visitante, então aos 28 anos, estatura baixa, pele branca, cabelos louros, penetrantes olhos azuis e voz modulada, impressionou os habitantes do lugar. E a recíproca foi verdadeira. Por isso, decorridos alguns meses, exatamente no dia 11 de abril de 1872, lá estava de volta, com bagagem e família, para fixar residência definitiva no Juazeiro. Muitos livros afirmam que Padre Cícero resolveu fixar morada em Juazeiro devido a um sonho (ou visão) que teve, segundo o qual, certa vez, ao anoitecer de um dia exaustivo, após ter passado horas a fio a confessar as pessoas do arraial, ele procurou descansar no quarto contíguo à sala de aulas da escolinha, onde improvisaram seu alojamento, quando caiu no sono e a visão que mudaria seu destino se revelou. Ele viu, conforme relatou aos amigos íntimos, Jesus Cristo e os doze apóstolos sentados à mesa, numa disposição que lembra
  • 32. De repente, adentra ao local uma multidão de pessoas carregando seus parcos pertences em pequenas trouxas, a exemplo dos retirantes nordestinos. Cristo, virando-se para os famintos, falou da sua decepção com a humanidade, mas disse estar disposto ainda a fazer um último sacrifício para salvar o mundo. Porém, se os homens não se arrependessem depressa, Ele acabaria com tudo de uma vez. Naquele momento, Ele apontou para os pobres e, voltando-se inesperadamente ordenou: - E você, Padre Cícero, tome conta deles!
  • 33. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, era devoto de padre Cícero e respeitava as suas crenças e conselhos. Os dois se encontraram uma única vez, em Juazeiro do Norte, em 1926. Naquele ano, a Coluna Prestes, liderada por Luís Carlos Prestes, percorria o interior do Brasil desafiando o Governo Federal. Para combatê-la foram criados os chamadosBatalhões Patrióticos, comandados por líderes regionais que muitas vezes arregimentavam cangaceiros. Existem duas versões para o encontro. Na primeira, difundida por Billy Jaynes Chandler, o sacerdote teria convocado Lampião para se juntar ao Batalhão Patriótico de Juazeiro, recebendo em troca, anistia de seus crimes e a patente de Capitão8 . Na outra versão, defendida por Lira Neto e Anildomá Willians, o convite teria sido feito por Floro Bartolomeu sem que padre Cícero soubesse.
  • 34. O certo é que ao chegarem em Juazeiro, Lampião e os 49 cangaceiros que o acompanhavam, ouviram padre Cícero aconselhá-los a abandonar o cangaço. Como Lampião exigia receber a patente que lhe fora prometida, Pedro de Albuquerque Uchoa, único funcionário público federal no município, escreveu em uma folha de papel que Lampião seria, a partir daquele momento, Capitão e receberia anistia por seus crimes. O bando deixou Juazeiro sem enfrentar a Coluna Prestes. O padre Cícero faleceu em Juazeiro do Norte em 20 de julho de 1934, aos 90 anos. Encontra-se sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na mesma cidade do Ceará
  • 37. O Cangaço foi uma luta revolucionária, em que os homens do grupo vagavam pelas cidades em busca de justiça e vingança pela falta de emprego, alimento e cidadania causando o desordenamento da rotina dos camponeses. O cangaço se caracterizou por ter como principal líder Lampião ( Virgulino Ferreira da Silva ), ex coronel da guarda nacional. O termo cangaço vem da palavra canga ( peça de madeira usada para prender junta de bois a carro ou arado; jugo). DIVISÃO O Cangaço pode ser dividido em três subgrupos: os que prestavam serviços caracterizados para os latifundiários; os "satisfatórios", expressão de poder dos grandes fazendeiros; e os cangaceiros dependentes, com características de banditismo. Os cangaceiros conheciam bem a Caatinga, e por isso, era tão fácil fugir das autoridades. Estavam sempre preparados para enfrentar todo o tipo de situação. Conheciam as plantas medicinais, as fontes de água, locais com alimento, rotas de fuga e lugares de difícil acesso.
  • 38. O primeiro bando de cangaceiros que se tem conhecimento foi o de Jesuíno Alves de Melo Calado, "Jesuíno Brilhante", que agiu por volta de 1870, embora alguns historiadores atribuam a Lucas Evangelista o feito de ser o primeiro a agregar um grupo característico de cangaço,1 nos arredores de Feira de Santana (em 1828), sendo ele preso junto com a sua quadrilha em 28 de Janeiro de 1848 por provocar durante vinte anos assaltos contra a população de Feira.2 O último grupo cangaceiro famoso porém foi o de "Corisco" (Cristino Gomes da Silva Cleto), que foi assassinado em 25 de maio de 1940. O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, que também denominado o "Senhor do Sertão" e "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas de 20 e 30 em praticamente todos os estados do nordeste.
  • 39. Por parte das autoridades, Lampião simbolizava a brutalidade, o mal, uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população do sertão, ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da honra (semelhante ao que acontecia com o mexicano Pancho Villa).3 O cangaço teve o seu fim a partir da decisão do então Presidente da República, Getúlio Vargas, de eliminar todo e qualquer foco de desordem sobre o território nacional. O regime denominado Estado Novo incluiu Lampião e seus cangaceiros na categoria de extremistas. A sentença passou a ser matar todos os cangaceiros que não se rendessem. No dia 28 de julho de 1938, na localidade de Angicos, no estado de Sergipe, Lampião finalmente foi apanhado em uma emboscada das autoridades, onde foi morto junto com sua mulher, Maria Bonita, e mais nove cangaceiros. Os cangaceiros foram degolados e suas cabeças colocadas em aguardente e cal, para conservá-las. Foram expostas por todo o Nordeste e por onde eram levadas atraiam multidões.4 Este acontecimento veio a marcar o final do cangaço, pois, a partir da repercussão da morte de Virgulino, os chefes dos outros bandos existentes na Nordeste vieram a se entregar às autoridades policiais para não serem mortos.
  • 40. Consta que o primeiro homem a agir como cangaceiro teria sido o Cabeleira, como era chamado José Gomes. Nascido em 1751, em Glória do Goitá, cidade da zona da mata pernambucana, ele aterrorizou sua região. Mas foi somente no final do século XIX que o cangaço ganhou força e prestígio, principalmente com Antonio Silvino, Lampião e Corisco. Entre meados do século XIX e início do século XX, o Nordeste do Brasil viveu momentos difíceis, aterrorizado por grupos de homens que espalhavam o terror por onde andavam. Eles eram os cangaceiros, bandidos que abraçaram a vida nômade e irregular de malfeitores por motivos diversos. Alguns deles foram impelidos pelo despotismo das
  • 41. Lucas da Feira, ou Lucas Evangelista, agiu na região da cidade baiana de Feira de Santana entre 1828 e 1848. Ele e seu bando de mais de 30 homens roubavam viajantes e estupravam mulheres. Foi enforcado em 1849.4 Os cangaceiros conseguiram dominar o sertão durante muito tempo, pois eram protegidos de coronéis, que se utilizavam dos cangaceiros para cobrança de dívidas, entre outros serviços "sujos". Um caso particular foi o de Januário Garcia Leal, o Sete Orelhas, que agiu no sudeste do Brasil, no início do século XIX, tendo sido considerado justiceiro e honrado por uns e cangaceiro por outros. No sertão, consolidou-se uma forma de relação entre os grandes proprietários e seus vaqueiros. A base desta relação era a fidelidade dos vaqueiros aos fazendeiros. O vaqueiro se disponibilizava a defender (de armas na mão) os interesses do patrão. Como as rivalidades políticas eram grandes, havia muitos conflitos entre as poderosas famílias. E estas famílias se cercavam de jagunços com o intuito de se defender, formando assim verdadeiros exércitos. Porém, chegou o momento em que começaram a surgir os primeiros bandos armados, livres do controle dos fazendeiros.
  • 42. Os coronéis gosta tinham poder suficiente para impedir a ação dos cangaceiros. O cangaceiro - um deles, em especial, Lampião - tornou-se personagem do imaginário nacional, ora caracterizado como uma espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época e região. A história do cangaço vem desde meados do século XVIII, quando José Gomes, o Cabeleira, imortalizado pelo livro de Franklin Távora, aterrorizava as populações rurais de Pernambuco. Entretanto, ao falar sobre o cangaço, o pensamento remonta quase instantaneamente à figura de Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião, morto em 1938: o grande chapéu de aba quebrada enfeitado com medalhas de ouro e prata, os cintos cruzados no peito à mexicana e bolsas de couro.
  • 43. REFERÊNCIAS http://www.crato.org/chapadadoararipe/2012/06/21/banditismo-pop/ https://www.google.com.br/search?hl=pt- BR&q=JOSE+GOMES+O+CABELEIRA&tbm=isch&ei=rVPKU-nEIejgsASil4Fw http://pt.wikipedia.org/wiki/Padre_C%C3%ADcero http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Contestado http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Canudos