SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 51
Guerra de Canudos (1896-1897)
Entre 1896 e 1897, o Estado brasileiro
empreendeu uma guerra no sertão baiano,
cujo alvo era um pequeno povoado de
agricultores
Sua importância história é muito grande,
pois revela o descompasso existente entre
dois Brasis: o das elites que o governam e
impõem seus interesses políticos e
econômicos ao povo, e o deste último -
pobre, atrasado, ignorante, mas decidido,
aferrado ao trabalho e às suas crenças,
pronto para resistir quando julga necessário
Movimento Liderado por Antônio Conselheiro
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA
Convulsões Sociais
Canudos em 1897. Fotografia de Flávio de Barros,
fotógrafo do Exército.
A fundação da vila de Canudos
Sertanejos afluíam de vários estados nordestinos, em busca de melhores
condições de vida
Seduzidos pelas palavras de Conselheiro, dedicavam-se a uma nova
vida em comunidade
criação de gado e ao curtume,
desenvolveu-se à margem do poder
público, sem circulação de moedas e
sem autoridades legalmente
constituídas
Em 1896 o vilarejo já contava com mais de 15
mil habitantes
Em 1895, Canudos recebeu a visita de uma missão da Igreja, por ordem
do Arcebispo de Salvador, após o quê, difundiu-se a imagem de que se
tratava de um povoado monarquista, liderado por "perturbadores da
ordem" (republicana, recém instalada)
Caricatura na Revista Ilustrada, retratando Antônio Conselheiro, com
um séquito de bufões armados com antigos bacamartes, tentando
"barrar" a República.
Primeiro combate
A população de Canudos estava empenhada em construir uma nova
igreja para a cidade
As mercadorias não foram entregues, Conselheiro organizou uma ida a
Juazeiro, com alguns homens, na intenção de buscar o material que lhe
era devido
Boato de invasão à Igreja de Juazeiro
Sem dispor de muitos armamentos, mas valendo-se do conhecimento da
região, os "conselheristas" impuseram vergonhosa derrota às forças do
Estado, confiscando armas
Primeiro conflito entre povo de Canudos e Tropas do Estado
INÍCIO DA GUERRA DE CANUDOS
Uma nova expedição militar foi destacada para a região do rio Vaza-
Barris. Mobilizava 500 homens e tinha a sua disposição três modernas
metralhadoras e três canhões. No entanto, usando táticas de tocaia e as
armas obtidas no primeiro conflito, os homens de Canudos obtiveram
nova vitória
Nova força é enviada com 1.200 soldados e mais quatro modernos
canhões Krupp
A resistência sertaneja
Após resistir a um bombardeio de duas horas e diversos ataques
de infantaria, os homens de Canudos impuseram nova derrota às
tropas do exército, sobretudo após a morte do experiente Moreira
César
Soldados da 40ª Infantaria que combateram em Canudos
Em abril de 1897, organizou-se uma expedição grandiosa,
comandada pelo general Artur de Andrada Guimarães e composta por
mais de 6 mil soldados, recrutados em diversos estados do Brasil. Os
homens de Canudos resistiram até outubro de 1897, quando as tropas
federais obtiveram êxito em arrasar a cidade e praticamente dizimar
todos os seus homens
Euclides da Cunha, em sua obra “Os Sertões”,
registrou que "Canudos não se rendeu. Exemplo
único em toda a história, resistiu até ao esgotamento
completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão
integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer,
quando caíram os seus últimos defensores, que
todos morreram. Eram quatro apenas: um velho,
dois homens feitos e uma criança, na frente dos
quais rugiam raivosamente 5 mil soldados".
Triste fim de uma população cujo único pecado foi o anseio de viver à
margem, numa sociedade desigual e excludente.
Mulheres e crianças, seguidoras de Antônio Conselheiro, presas
durante os últimos dias da guerra.
Antônio Conselheiro morto, em sua única foto conhecida,
tirada por Flávio de Barros no dia 6 de outubro de 1897.
O início do período republicado da História do Brasil foi marcado por
vários conflitos e revoltas populares
Falta de um sistema eficiente de saneamento básico no RJ
epidemias, entre elas, febre amarela, peste bubônica e
varíola
A população de baixa renda, que morava em habitações
precárias, era a principal vítima deste contexto
O presidente Rodrigues Alves colocou em prática um projeto de
saneamento básico e reurbanização do centro da cidade
Oswaldo Cruz é escolhido como Chefe do Depto Nacional de
Saúde Pública
Revolta da Vacina - 1904
Oswaldo Cruz
Campanha de Vacinação Obrigatória
A campanha de vacinação obrigatória é colocada em prática em
novembro de 1904
Aplicada de forma autoritária e violenta
Os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força
Grande parte das pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham
medo de seus efeitos
Além da vacina, era
preciso evitar a
proliferação de ratos
O governo começou a
comprar ratos, a um
tostão cada um, para
evitar sua proliferação
Os funcionários
do governo
anunciavam pela
trombeta que
estavam prontos
para comprar
ratos. (Acervo
COC/Fiocruz)
Rato, rato, rato
Porque motivo tu roeste meu
baú?
Rato, rato, rato
Audacioso e malfazejo gabiru.
Rato, rato, rato
Eu hei de ver ainda o teu dia
final
A ratoeira te persiga e consiga,
Satisfazer meu ideal.
Quem te inventou?
Foi o diabo, não foi outro,
podes crer.
Quem te gerou?
Foi uma sogra pouco antes de
morrer!
Quem te criou?
Foi a vingança, penso eu
Rato, rato, rato, rato
Emissário do judeu
Quando a ratoeira te pegar,
Monstro covarde, não me
venhas
A gritar, por favor.
Rato velho, descarado, roedor
Rato velho, como tu faz horror!
Nada valerá o teu qüim-qüim,
Tu morrerás e não terá que
chore por ti,
Vou provar-te que sou mau
Meu tostão é garantido
Não te solto nem a pau.
Revolta popular
A revolta popular aumentava a cada dia
Crise econômica (desemprego, inflação e alto custo de vida) e a reforma
urbana que retirou a população pobre do centro da cidade
derrubando vários cortiços e
outros tipos de habitações
mais simples
População destrói bondes, apedrejam prédios públicos e espalham a
desordem pela cidade
Em 16 de novembro de 1904, o presidente Rodrigues Alves revoga a lei da
vacinação obrigatória, colocando nas ruas o exército, a marinha e a polícia
para acabar com os tumultos.
Em poucos dias a cidade voltava a calma e a ordem.
Guerra do Contestado (1912 -1916)
Conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil
O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças
militares dos poderes federal e estadual
Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa
área de disputa territorial entre os estados do Paraná e Santa Catarina
Causas da Guerra
A estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul estava sendo
construída por uma empresa norte-americana, com apoio dos coronéis da
região e do governo. Para a construção, milhares de família de camponeses
perderam suas terras. Este fato, gerou muito desemprego entre os
camponeses da região, que ficaram sem terras para trabalhar
Compra de uma grande área da região por de um grupo de pessoas ligadas
à empresa construtora da estrada de ferro desabrigou muitas famílias
Após a estrada ficar pronta, muitos trabalhadores que atuaram em sua
construção (que tinham sido trazidos de diversas partes do Brasil) ficaram
desempregados com o fim da obra. Eles permaneceram na região sem
qualquer apoio por parte da empresa norte-americana ou do governo.
Participação do monge José Maria
Diante da crise e insatisfação popular,
ganhou força a figura do beato José
Maria
Controvérsia sobre sua existência
Pregava a criação de um mundo novo,
regido pelas leis de Deus, onde todos
viveriam em paz, com prosperidade
justiça e terras para trabalhar
José Maria conseguiu reunir milhares
de seguidores, principalmente
camponeses sem terras
Os conflitos
O governo passou a acusar o beato de ser um inimigo da República
Policiais e soldados do exército foram enviados para o local, com o
objetivo de desarticular o movimento
Perseguição ao beato e
seus seguidores. Mal
armados, os camponeses
resistiram. Nestes
conflitos armados, entre 5
mil e 8 mil rebeldes
morreram. As baixas do
lado das tropas oficiais
foram bem menores.
Em 1916, as tropas oficiais
conseguiram prender
Adeodato, que era um dos
chefes do último reduto de
rebeldes da revolta. O conflito
acabou e ele foi condenado a
trinta anos de prisão
Revolta da Chibata (1910 – 1912)
Os marinheiros brasileiros eram punidos com castigos físicos. As faltas
graves eram punidas com 25 chibatadas. Esta situação gerou uma intensa
revolta entre os marinheiros
Estopim Marinheiro recebe 250 chibatadas na presença dos outros
Encouraçado Minas Gerais, local da revolta
Revoltosos mataram comandante e mais 3 oficiais
Marinheiros receberam apoio do encouraçado São Paulo
O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almirante Negro),
redigiu a carta reivindicando o fim dos castigos físicos, melhorias na
alimentação e anistia para todos que participaram da revolta. Caso não
fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos ameaçavam
bombardear a cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil).
Mediante a gravidade da situação e o alarde dos grupos políticos
oposicionistas, o governo decidiu atender aos pedidos. Em poucos
instantes, o Congresso votou uma lei em que o castigo físico era
abolido e todos os envolvidos na revolta não sofreriam qualquer tipo
de punição. Entretanto, revelando sua face autoritária, o governo
descumpriu suas próprias determinações ao realizar a prisão de
alguns dos participantes dessa primeira revolta.
Os jornais da época anunciam o término da Revolta: quase 3.000
pessoas. Os mais ricos - fugiram da cidade. A população subiu aos
morros para ver as manobras da Armada
A mudança aconteceu quando,
alguns dias antes, provavelmente
empolgados pela primeira revolta,
um grupo de fuzileiros navais
alocados na Ilha das Cobras
resolveu organizar uma nova
manifestação contra o governo.
Dessa vez o Exército foi enviado
para um violento ataque a fim de
aniquilar prontamente os rebeldes.
Aqueles que sobreviveram ao
episódio foram deportados para a
Amazônia e forçados a trabalhar
nos seringais da região.
João Cândido é conduzido para a prisão
Durante a realocação para o território
amazônico, alguns dos condenados
foram submetidos ao fuzilamento.
João Candido acabou sendo
inocentado pelo governo federal.
Entretanto, perdeu a sua colocação
na Marinha e foi internado como
louco no Hospital dos Alienados. Na
época, o tratamento no sanatório
poderia ser tão ou mais cruel que a
própria prisão. Em 1969, ele acabou
morrendo pobre, esquecido e
acometido por um câncer.
No auge da ditadura militar, João Bosco e Aldir Blanc fizeram
uma música em homenagem ao "Almirante Negro". Numa
entrevista, Aldir Blanc afirmou:
"Tivemos diversos problemas com a censura. Ouvimos ameaças
veladas de que a Marinha não toleraria loas e um marinheiro que
quebrou a hierarquia e matou oficiais, etc. Fomos várias vezes
censurados, apesar das mudanças que fazíamos, tentando não
mutilar o que considerávamos as idéias principais da letra.
- Vocês não então entendendo... Estão trocando as palavras
como revolta, sangue, etc. e não é aí que a coisa tá pegando...
- O problema é essa história de negro, negro, negro..."
Decidimos dar uma espécie de saculejo surrealista na letra para
confundir, metemos baleias, polacas, regatas e trocamos o título
para o poético e resplandecente "O Mestre-Sala dos Mares",
saindo da insistência dos títulos com Almirante Negro, Navegante
Negro, etc. O artifício funcionou bem e a música fez um grande
sucesso nas vozes de Elis Regina e João Bosco. Tem até hoje
dezenas de regravações e foi tema do enredo "Um herói, uma
canção, um enredo - Noite do Navegante Negro", da Escola de
Samba União da Ilha, em 1985.
A música, para ser aprovada pela censura, sofreu várias modificações, que podem ser
vistas na tabela ao lado, disponível originalmente
http://www.cefetsp.br/edu/eso/patricia/revoltachibata.html
Letra original: As palavras em vermelho foram censuradas, substituídas pelas que estão
em laranja
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro (feiticeiro)
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante (navegante) negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao navegar (acenar) pelo mar com seu bloco de fragatas (na alegria das regatas)
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos negros pelas pontas das chibatas (santos entre cantos e chibatas)
Inundando o coração de toda tripulação (do pessoal do porão)
Que a exemplo do marinheiro (feiticeiro) gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o almirante negro (navegante negro)
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
Movimento operário e a Greve de 1917
A Greve Geral de 1917 é o nome pela qual ficou conhecida a
paralisação geral da indústria e do comércio do Brasil, em Julho de
1917, como resultado da constituição de organizações operárias
de inspiração anarcosindicalista aliada à imprensa libertária. Esta
mobilização operária foi uma das mais abrangentes e longas da
história do Brasil. O movimento operário mostrou como suas
organizações (Sindicatos e Federações) podiam lutar e defender
seus direitos de forma descentralizada e livre, mas de forte
impacto na sociedade. Esta greve mostrou não só a capacidade de
organização dos trabalhadores, mas também que uma greve geral
era possível.
A industrialização fez surgir no Brasil um novo perfil social : O
operário fabril. O movimento operário começou a surgir ainda no
final do século XIX, mas foi com a industrialização provocada pela
Primeira Guerra em nosso país que ele rapidamente se
transformou em uma das principais forças políticas de sua época.
Ele já em 1917, pode ser visto como um dos maiores movimentos
operários do mundo.
Anarquismo:Sem Bandeiras. A "bandeira" preta simboliza o não
reconhecimento de países e nações. Mas também simboliza a ação direta
Nas primeiras décadas do século XX o Brasil aumentou suas
exportações. Em decorrência especialmente da Primeira Grande
Guerra Mundial, o país passou a exportar grande parte dos
alimentos produzidos para os países da Tríplice Entente. A partir
de 1915 a ocorrência dessas exportações afetou o abastecimento
interno de alimentos, causando elevação dos preços da pequena
quantidade de produtos disponíveis no mercado. Embora o salário
subisse, o custo de vida aumentava de forma desproporcional,
deixando os trabalhadores em más condições para sustentar suas
famílias e fazendo com que as crianças precisassem trabalhar
para complementar as rendas domésticas.
A questão é como este movimento cresceu tão rápido e se
fortaleceu tanto apesar de uma industrialização recente e
incipiente. A resposta pode ser encontrada no violento regime de
trabalho imposto aos operários na época, comparável somente ao
do início da industrialização inglesa cem anos antes. Além disso
temos que nos lembrar que a maioria dos operários eram
imigrantes italianos e espanhóis com um histórico de organização
política anterior. Eram estes, na sua maior parte, anarquistas.
Em 1917 houve uma onda de greves iniciada em São Paulo em duas
fábricas têxteis do Cotonifício Rodolfo Crespi e, obtendo a adesão dos
servidores públicos, rapidamente se espalhou por toda a cidade, e
depois por quase todo o país. Logo se estendeu ao Rio de Janeiro, e
outros estados, principalmente ao Rio Grande do Sul. Foi liderada por
trabalhadores e ativistas inspirados nos ideais anarquistas, dentre eles
vários imigrantes italianos e espanhóis. Os sindicatos por ramos e
ofícios, as ligas e uniões operárias, as federações estaduais, e a
Confederação Operária Brasileira (fundada em 1906) inspirada em ideais
anarquistas.
Em 9 de julho, uma carga de cavalaria foi
lançada contra os operários que
protestavam na porta da fábrica
Mariângela, no Brás resultou na morte do
jovem anarquista espanhol José Martinez.
Seu funeral atraiu uma multidão que
atravessou a cidade acompanhando o
corpo até o cemitério do Araçá onde foi
sepultado. Indignados e já preparados
para a greve os operários da indústria
têxtil Cotonifício Crespi, com sede na
Mooca entraram em greve, e logo foram
seguidos por outras fábricas e bairros
operários. Três dias depois mais de 70 mil
trabalhadores já aderiram a greve.
Armazéns foram saqueados, bondes e
outros veículos foram incendiados e
barricadas foram erguidas em meio às
ruas.
Funeral de José Martinez em direção cemitério do Araçá
no dia 11 de Julho de 1917.
A Greve Geral de 1917 marcou um dos momentos em que a força do
movimento operário anarquista se demonstrou. Nunca na história
deste país uma greve geral provocou um impacto tão grande. Apesar
de limitada às regiões industrializadas, nos locais em que se efetivou,
teve um impressionante grau de adesão por parte da sociedade. A
resposta do Estado, controlado pelas elites, também foi
impressionante. A legislação culpava de crime a ação anarquista.
Estrangeiros envolvidos com a ideologia eram extraditados.
Brasileiros eram presos e em ambos os casos eram comumente
humilhados em público.
Durante o governo de Artur Bernardes a repressão se tornou aberta.
Censura à imprensa, torturas, e assassinatos se tornaram condutas
frequentes do Estado aos anarquistas. Ao final de seu governo o
movimento estava todo desorganizado. As lideranças políticas
comunistas - o Partido Comunista Brasileiro (PCB) havia sido fundado
ilegalmente em 1922. Os comunistas, ao contrário dos anarquistas,
tinham uma organização centralizada e nacional, que defendia um
governo do proletariado e a coletivização das terras e fábricas.
Diferentemente dos anarquistas, os comunistas participavam do
processo eleitoral, pois julgavam que esse era um maio legítimo de
atuação para transformação social.
O Partido Comunista Brasileiro foi fundado na cidade de Niterói a 25 de
março de 1922 por nove delegados representando cerca de 73 militantes
de diferentes regiões do Brasil
Fundadores :de pé da esquerda: Manoel Cendon (alfaiate espanhol),
Joaquim Barbosa (alfaiate -RJ), Astrojildo Pereira (jornalista -RJ), João da
Costa Pimenta (gráfico SP), Luis Peres (vassoureiro -RJ)e José Elias da
Silva(sapateiro RJ); sentados, da esquerda para a direita: Hermogênio
Silva(eletricista da cidade de Cruzeiro), Abílio de Nequete (barbeiro de
origem libanesa)e Cristiano Cordeiro (contador do Recife).
Tenentismo
As primeiras manifestações militares que
ganharam corpo durante a República
Oligárquica aconteceram nas eleições de
1922. Aproveitando a dissidência de
algumas oligarquias estaduais, os tenentes
apoiaram a candidatura de Nilo Peçanha em
oposição ao mineiro Arthur Bernardes,
politicamente comprometido com as
demandas dos grandes cafeicultores. Nesse
momento, a falta de unidade política dos
militares acabou enfraquecendo essa
primeira manifestação conhecida como
“Reação Republicana”.
Durante essas eleições a tensão entre os militares e o governo aumentou
quando diversas críticas contras os militares, falsamente atribuídas a
Arthur Bernardes, foram veiculadas nos jornais da época. Com a vitória
eleitoral das oligarquias, a primeira manifestação tenentista veio à tona
com uma série de levantes militares que ficaram marcados pelo episódio
dos “18 do Forte de Copacabana”, saíram pela Praia de Copacabana
dispostos a enfrentar as tropas do governo. No confronto, dezesseis deles
foram mortos. Eduardo Gomes e Siqueira Campos acabaram
presos. ocorrido no Rio de Janeiro, em julho de 1922.
Monumento "Aos 18 do Forte", na avenida Atlântica, em Copacabana
Nos dois anos seguintes, duas novas revoltas militares, uma no
Rio Grande do Sul (1923) e outra em São Paulo (1924), mostrou
que a presença dos tenentistas no cenário político se reafirmava.
Após terem suas pretensões abafadas pelas forças fiéis ao
governo, esses dois grupos se juntaram para a formação de uma
guerrilha conhecida como Coluna Prestes. Entre 1925 e 1927,
esse grupo composto por civis e militares armados entrecortou
mais de 24 mil quilômetros sob a liderança de Luís Carlos
Prestes.
Munido de homens e armas inicia um
levantamento que é saudado nos
povoados por onde passa, lançando
uma onda de liberdade que faz tremer o
poder instituído. Na marcha que dirige
palmilha milhares de Kms em condições
muito difíceis, especialmente ao
atravessar as zonas pantanosas, no
entanto consegue manter uma enorme
disciplina e correção nos homens que
comanda. A marcha termina sem atingir
o objetivo principal, a tomada do poder
e a transformação da sociedade e todos
acabam por ter que ficar no exílio. No
entanto, a marcha que o tornou "O
Cavaleiro da Esperança" abalou o poder
e foi o despertar para a luta por um
Brasil diferente. Este é um pequeno
resumo pessoal da obra "O Cavaleiro da
Esperança" de Jorge Amado. O
Cavaleiro da Esperança
A falta de apelo entre os
setores mais populares, e as
intensas perseguições e cercos
promovidos pelo governo
acabaram dispersando esse
movimento. Luís Carlos
Prestes, notando a ausência
de um conteúdo ideológico
mais consistente à causa
militar, resolveu aproximar-se
das concepções políticas do
Partido Comunista Brasileiro.
Em 1931, o líder da Coluna
mudou-se para a União
Soviética, voltando para o país
somente quatro anos mais
tarde.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Revoltas sociais na República Velha
Revoltas sociais na República VelhaRevoltas sociais na República Velha
Revoltas sociais na República Velhamsmanaus
 
Movimentos sociais na Republica Oligárquica
Movimentos sociais na Republica Oligárquica Movimentos sociais na Republica Oligárquica
Movimentos sociais na Republica Oligárquica alinesantana1422
 
Os conflitos urbanos na rep. velha
Os conflitos urbanos na rep. velhaOs conflitos urbanos na rep. velha
Os conflitos urbanos na rep. velhahistoriando
 
Movimentos sociais na república velha (1889 1930)
Movimentos sociais na república velha (1889 1930)Movimentos sociais na república velha (1889 1930)
Movimentos sociais na república velha (1889 1930)Jorge Marcos Oliveira
 
Revoltas na república velha
Revoltas  na  república velhaRevoltas  na  república velha
Revoltas na república velhaFabiana Tonsis
 
Revoltas populares na primeira república
Revoltas populares na primeira repúblicaRevoltas populares na primeira república
Revoltas populares na primeira repúblicaaraujombarbara
 
MINIQUEST REPÚBLICA VELHA - REVOLTAS SOCIAIS
MINIQUEST REPÚBLICA VELHA - REVOLTAS SOCIAISMINIQUEST REPÚBLICA VELHA - REVOLTAS SOCIAIS
MINIQUEST REPÚBLICA VELHA - REVOLTAS SOCIAISMarden2013
 
Revoltas na República Velha
Revoltas na República VelhaRevoltas na República Velha
Revoltas na República VelhaEdenilson Morais
 
Revoltas sociais no brasil república
Revoltas sociais no brasil repúblicaRevoltas sociais no brasil república
Revoltas sociais no brasil repúblicaAdriana Gomes Messias
 
SLIDES – REVOLTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA.
SLIDES – REVOLTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA.SLIDES – REVOLTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA.
SLIDES – REVOLTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA.Tissiane Gomes
 
Avaliação 9º ano república velha, guerra de canudos, revolta da vacina
Avaliação 9º ano república velha, guerra de canudos, revolta da vacinaAvaliação 9º ano república velha, guerra de canudos, revolta da vacina
Avaliação 9º ano república velha, guerra de canudos, revolta da vacinaAcrópole - História & Educação
 
A república café com leite
A república café com leiteA república café com leite
A república café com leiteIsaquel Silva
 
Gabarito 3 ano - texto - as rebeliões na república velha
Gabarito   3 ano - texto - as rebeliões na república velhaGabarito   3 ano - texto - as rebeliões na república velha
Gabarito 3 ano - texto - as rebeliões na república velhaJorge Marcos Oliveira
 
Republica do-cafe-com-leite-aula-pronta
Republica do-cafe-com-leite-aula-prontaRepublica do-cafe-com-leite-aula-pronta
Republica do-cafe-com-leite-aula-prontaFabio Santos
 
Avaliação 3º ano Primeira República
Avaliação 3º ano Primeira RepúblicaAvaliação 3º ano Primeira República
Avaliação 3º ano Primeira RepúblicaMarcia Lopes
 
Capítulo 54 2º ano
Capítulo 54    2º anoCapítulo 54    2º ano
Capítulo 54 2º anoAuxiliadora
 
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplicaTopico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplicaAtividades Diversas Cláudia
 

Mais procurados (20)

Revoltas sociais na República Velha
Revoltas sociais na República VelhaRevoltas sociais na República Velha
Revoltas sociais na República Velha
 
Movimentos sociais na Republica Oligárquica
Movimentos sociais na Republica Oligárquica Movimentos sociais na Republica Oligárquica
Movimentos sociais na Republica Oligárquica
 
Os conflitos urbanos na rep. velha
Os conflitos urbanos na rep. velhaOs conflitos urbanos na rep. velha
Os conflitos urbanos na rep. velha
 
Movimentos sociais na república velha (1889 1930)
Movimentos sociais na república velha (1889 1930)Movimentos sociais na república velha (1889 1930)
Movimentos sociais na república velha (1889 1930)
 
Revoltas na república velha
Revoltas  na  república velhaRevoltas  na  república velha
Revoltas na república velha
 
Os movimentos urbanos e o movimento operário na república oligárquica
Os movimentos urbanos e o movimento operário na república oligárquicaOs movimentos urbanos e o movimento operário na república oligárquica
Os movimentos urbanos e o movimento operário na república oligárquica
 
Revoltas populares na primeira república
Revoltas populares na primeira repúblicaRevoltas populares na primeira república
Revoltas populares na primeira república
 
MINIQUEST REPÚBLICA VELHA - REVOLTAS SOCIAIS
MINIQUEST REPÚBLICA VELHA - REVOLTAS SOCIAISMINIQUEST REPÚBLICA VELHA - REVOLTAS SOCIAIS
MINIQUEST REPÚBLICA VELHA - REVOLTAS SOCIAIS
 
Revoltas na República Velha
Revoltas na República VelhaRevoltas na República Velha
Revoltas na República Velha
 
Revoltas sociais no brasil república
Revoltas sociais no brasil repúblicaRevoltas sociais no brasil república
Revoltas sociais no brasil república
 
SLIDES – REVOLTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA.
SLIDES – REVOLTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA.SLIDES – REVOLTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA.
SLIDES – REVOLTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA.
 
Avaliação 9º ano república velha, guerra de canudos, revolta da vacina
Avaliação 9º ano república velha, guerra de canudos, revolta da vacinaAvaliação 9º ano república velha, guerra de canudos, revolta da vacina
Avaliação 9º ano república velha, guerra de canudos, revolta da vacina
 
República Oligárquica
República OligárquicaRepública Oligárquica
República Oligárquica
 
A república café com leite
A república café com leiteA república café com leite
A república café com leite
 
Gabarito 3 ano - texto - as rebeliões na república velha
Gabarito   3 ano - texto - as rebeliões na república velhaGabarito   3 ano - texto - as rebeliões na república velha
Gabarito 3 ano - texto - as rebeliões na república velha
 
Republica do-cafe-com-leite-aula-pronta
Republica do-cafe-com-leite-aula-prontaRepublica do-cafe-com-leite-aula-pronta
Republica do-cafe-com-leite-aula-pronta
 
Avaliação 3º ano Primeira República
Avaliação 3º ano Primeira RepúblicaAvaliação 3º ano Primeira República
Avaliação 3º ano Primeira República
 
Capítulo 54 2º ano
Capítulo 54    2º anoCapítulo 54    2º ano
Capítulo 54 2º ano
 
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplicaTopico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplica
 
Atividade do 2º ano top 13 op 9 história em
Atividade do 2º ano top 13 op 9 história emAtividade do 2º ano top 13 op 9 história em
Atividade do 2º ano top 13 op 9 história em
 

Destaque

Economia na República Velha
Economia na República VelhaEconomia na República Velha
Economia na República VelhaMarco Santos
 
Paisagem lugar e localização
Paisagem lugar e localizaçãoPaisagem lugar e localização
Paisagem lugar e localizaçãoProf.Marcio LHP
 
Construccionismo social
Construccionismo socialConstruccionismo social
Construccionismo socialncjo
 
El final de la psicoterapia. Congreso ASEPCO de Psicoterapia cognitiva
El final de la psicoterapia. Congreso ASEPCO de Psicoterapia cognitivaEl final de la psicoterapia. Congreso ASEPCO de Psicoterapia cognitiva
El final de la psicoterapia. Congreso ASEPCO de Psicoterapia cognitivaJosep Segui Dolz
 
Paradigma Construccionismo Social
Paradigma Construccionismo Social   Paradigma Construccionismo Social
Paradigma Construccionismo Social Ana Niño
 
Diapositivas Construccionismo social Umans en red
Diapositivas Construccionismo social Umans en redDiapositivas Construccionismo social Umans en red
Diapositivas Construccionismo social Umans en redJosep Segui Dolz
 
Culturas e Histórias dos Povos Indígenas
Culturas e Histórias dos Povos IndígenasCulturas e Histórias dos Povos Indígenas
Culturas e Histórias dos Povos IndígenasMarinaMarcos
 
Construccionismo reflexión
Construccionismo reflexiónConstruccionismo reflexión
Construccionismo reflexiónDiana Jaramillo
 
Hacia el construccionismo social
Hacia el construccionismo socialHacia el construccionismo social
Hacia el construccionismo socialfilomenaseverino
 
El Constructivismo Social
El Constructivismo SocialEl Constructivismo Social
El Constructivismo Socialmiguel carrillo
 
O IMPÉRIO BIZANTINO
O IMPÉRIO BIZANTINOO IMPÉRIO BIZANTINO
O IMPÉRIO BIZANTINOandersonsenar
 
Constructivismo social de lev vigotsky
Constructivismo  social de lev vigotskyConstructivismo  social de lev vigotsky
Constructivismo social de lev vigotskyNIEVESLJ
 
Revoltas da República Velha
Revoltas da República VelhaRevoltas da República Velha
Revoltas da República VelhaReinaldo Rauch
 
Invasões Barbaras
Invasões BarbarasInvasões Barbaras
Invasões Barbarasluisaprof
 
Constructivismo social de lev vigotsky
Constructivismo  social de lev vigotskyConstructivismo  social de lev vigotsky
Constructivismo social de lev vigotskyNIEVESLJ
 
História do Brasil: A República Velha ou Primeira República (1889-1930) - Pro...
História do Brasil: A República Velha ou Primeira República (1889-1930) - Pro...História do Brasil: A República Velha ou Primeira República (1889-1930) - Pro...
História do Brasil: A República Velha ou Primeira República (1889-1930) - Pro...João Medeiros
 

Destaque (20)

Economia na República Velha
Economia na República VelhaEconomia na República Velha
Economia na República Velha
 
Televison 22
Televison 22Televison 22
Televison 22
 
Paisagem lugar e localização
Paisagem lugar e localizaçãoPaisagem lugar e localização
Paisagem lugar e localização
 
Construccionismo social
Construccionismo socialConstruccionismo social
Construccionismo social
 
El final de la psicoterapia. Congreso ASEPCO de Psicoterapia cognitiva
El final de la psicoterapia. Congreso ASEPCO de Psicoterapia cognitivaEl final de la psicoterapia. Congreso ASEPCO de Psicoterapia cognitiva
El final de la psicoterapia. Congreso ASEPCO de Psicoterapia cognitiva
 
Paradigma Construccionismo Social
Paradigma Construccionismo Social   Paradigma Construccionismo Social
Paradigma Construccionismo Social
 
Diapositivas Construccionismo social Umans en red
Diapositivas Construccionismo social Umans en redDiapositivas Construccionismo social Umans en red
Diapositivas Construccionismo social Umans en red
 
Culturas e Histórias dos Povos Indígenas
Culturas e Histórias dos Povos IndígenasCulturas e Histórias dos Povos Indígenas
Culturas e Histórias dos Povos Indígenas
 
Construccionismo reflexión
Construccionismo reflexiónConstruccionismo reflexión
Construccionismo reflexión
 
Construccionismo
ConstruccionismoConstruccionismo
Construccionismo
 
Hacia el construccionismo social
Hacia el construccionismo socialHacia el construccionismo social
Hacia el construccionismo social
 
El Constructivismo Social
El Constructivismo SocialEl Constructivismo Social
El Constructivismo Social
 
O IMPÉRIO BIZANTINO
O IMPÉRIO BIZANTINOO IMPÉRIO BIZANTINO
O IMPÉRIO BIZANTINO
 
Construccionismo social
Construccionismo socialConstruccionismo social
Construccionismo social
 
Constructivismo social de lev vigotsky
Constructivismo  social de lev vigotskyConstructivismo  social de lev vigotsky
Constructivismo social de lev vigotsky
 
Revoltas da República Velha
Revoltas da República VelhaRevoltas da República Velha
Revoltas da República Velha
 
Invasões
InvasõesInvasões
Invasões
 
Invasões Barbaras
Invasões BarbarasInvasões Barbaras
Invasões Barbaras
 
Constructivismo social de lev vigotsky
Constructivismo  social de lev vigotskyConstructivismo  social de lev vigotsky
Constructivismo social de lev vigotsky
 
História do Brasil: A República Velha ou Primeira República (1889-1930) - Pro...
História do Brasil: A República Velha ou Primeira República (1889-1930) - Pro...História do Brasil: A República Velha ou Primeira República (1889-1930) - Pro...
História do Brasil: A República Velha ou Primeira República (1889-1930) - Pro...
 

Semelhante a Guerra Canudos 1896-97

Trabalho de história 1896 - 1921
Trabalho de história 1896 - 1921Trabalho de história 1896 - 1921
Trabalho de história 1896 - 1921jaquelinivieira
 
Revoltas República Velha
Revoltas República VelhaRevoltas República Velha
Revoltas República VelhaRose Vital
 
Movimentos sociais na rep. velha
Movimentos sociais na rep. velhaMovimentos sociais na rep. velha
Movimentos sociais na rep. velhaDilermando12
 
Texto Introdutório - Revoltas na República Velha
Texto Introdutório -  Revoltas na República VelhaTexto Introdutório -  Revoltas na República Velha
Texto Introdutório - Revoltas na República VelhaLeonardo Lira
 
Movimentossociaisnarepblicavelha1889 1930-130326111526-phpapp01
Movimentossociaisnarepblicavelha1889 1930-130326111526-phpapp01Movimentossociaisnarepblicavelha1889 1930-130326111526-phpapp01
Movimentossociaisnarepblicavelha1889 1930-130326111526-phpapp01wladimir1aguiar
 
O legado da Guerra de Canudos
O legado da Guerra de CanudosO legado da Guerra de Canudos
O legado da Guerra de Canudosseixasmarianas
 
República velha ou
República velha ouRepública velha ou
República velha ouVictor Melo
 
Guerra De Canudos.
Guerra De Canudos.Guerra De Canudos.
Guerra De Canudos.guesteb159
 
Revoltas Rep Velha Anexo apostila 19.pdf
Revoltas Rep Velha Anexo apostila 19.pdfRevoltas Rep Velha Anexo apostila 19.pdf
Revoltas Rep Velha Anexo apostila 19.pdfricaSantos897477
 
3°-ANO-Pré-Modernismo-material-complementar.pptx
3°-ANO-Pré-Modernismo-material-complementar.pptx3°-ANO-Pré-Modernismo-material-complementar.pptx
3°-ANO-Pré-Modernismo-material-complementar.pptxJeissyCosta
 
Guerra De Canudos
Guerra De CanudosGuerra De Canudos
Guerra De Canudosecsette
 
Revoltas da primeira república.pptx
Revoltas da primeira república.pptxRevoltas da primeira república.pptx
Revoltas da primeira república.pptxRaquelSilvaBatista3
 
A República Oligárquica
A República OligárquicaA República Oligárquica
A República OligárquicaAnncr Nncr
 

Semelhante a Guerra Canudos 1896-97 (20)

guerra de canudos ensl
guerra de canudos enslguerra de canudos ensl
guerra de canudos ensl
 
Trabalho de história 1896 - 1921
Trabalho de história 1896 - 1921Trabalho de história 1896 - 1921
Trabalho de história 1896 - 1921
 
Revoltas República Velha
Revoltas República VelhaRevoltas República Velha
Revoltas República Velha
 
A república velha 2017
A república velha   2017A república velha   2017
A república velha 2017
 
GUERRA DE CANUDOS
GUERRA DE CANUDOSGUERRA DE CANUDOS
GUERRA DE CANUDOS
 
República velha 2
República velha 2República velha 2
República velha 2
 
Movimentos sociais na rep. velha
Movimentos sociais na rep. velhaMovimentos sociais na rep. velha
Movimentos sociais na rep. velha
 
Texto Introdutório - Revoltas na República Velha
Texto Introdutório -  Revoltas na República VelhaTexto Introdutório -  Revoltas na República Velha
Texto Introdutório - Revoltas na República Velha
 
Movimentossociaisnarepblicavelha1889 1930-130326111526-phpapp01
Movimentossociaisnarepblicavelha1889 1930-130326111526-phpapp01Movimentossociaisnarepblicavelha1889 1930-130326111526-phpapp01
Movimentossociaisnarepblicavelha1889 1930-130326111526-phpapp01
 
PRIMEIRA REPÚBLICA.pptx
PRIMEIRA REPÚBLICA.pptxPRIMEIRA REPÚBLICA.pptx
PRIMEIRA REPÚBLICA.pptx
 
O legado da Guerra de Canudos
O legado da Guerra de CanudosO legado da Guerra de Canudos
O legado da Guerra de Canudos
 
República velha ou
República velha ouRepública velha ou
República velha ou
 
Guerra De Canudos.
Guerra De Canudos.Guerra De Canudos.
Guerra De Canudos.
 
Revoltas Rep Velha Anexo apostila 19.pdf
Revoltas Rep Velha Anexo apostila 19.pdfRevoltas Rep Velha Anexo apostila 19.pdf
Revoltas Rep Velha Anexo apostila 19.pdf
 
3°-ANO-Pré-Modernismo-material-complementar.pptx
3°-ANO-Pré-Modernismo-material-complementar.pptx3°-ANO-Pré-Modernismo-material-complementar.pptx
3°-ANO-Pré-Modernismo-material-complementar.pptx
 
Guerra De Canudos
Guerra De CanudosGuerra De Canudos
Guerra De Canudos
 
Crtl V Crtl C
Crtl V Crtl CCrtl V Crtl C
Crtl V Crtl C
 
Revoltas da primeira república.pptx
Revoltas da primeira república.pptxRevoltas da primeira república.pptx
Revoltas da primeira república.pptx
 
A República Oligárquica
A República OligárquicaA República Oligárquica
A República Oligárquica
 
República velha 3
República velha 3República velha 3
República velha 3
 

Mais de Prof.Marcio LHP (20)

População da Europa
População da EuropaPopulação da Europa
População da Europa
 
Álbum de fotos
Álbum de fotosÁlbum de fotos
Álbum de fotos
 
Cartografia
CartografiaCartografia
Cartografia
 
Cartografia
CartografiaCartografia
Cartografia
 
Passeio a cet
Passeio a cetPasseio a cet
Passeio a cet
 
Cet 8as
Cet 8asCet 8as
Cet 8as
 
Cet 7as
Cet 7asCet 7as
Cet 7as
 
Cet 5as.
Cet 5as.Cet 5as.
Cet 5as.
 
Formatura 2011
Formatura 2011Formatura 2011
Formatura 2011
 
Final 6ª masc
Final 6ª mascFinal 6ª masc
Final 6ª masc
 
Final 6ªfem
Final 6ªfemFinal 6ªfem
Final 6ªfem
 
Campeonato futsal 8ªs 2011
Campeonato futsal 8ªs 2011Campeonato futsal 8ªs 2011
Campeonato futsal 8ªs 2011
 
Chácara encantada 1
Chácara encantada 1Chácara encantada 1
Chácara encantada 1
 
Chácara encantada
Chácara encantada Chácara encantada
Chácara encantada
 
Chácara encantada 2
Chácara encantada 2Chácara encantada 2
Chácara encantada 2
 
Chácara encantada
Chácara encantada Chácara encantada
Chácara encantada
 
Danças fj2011
Danças fj2011Danças fj2011
Danças fj2011
 
Danças 2 fj2011
Danças 2 fj2011Danças 2 fj2011
Danças 2 fj2011
 
Festa junina geral
Festa junina geralFesta junina geral
Festa junina geral
 
Jornal 01
Jornal 01Jornal 01
Jornal 01
 

Guerra Canudos 1896-97

  • 1. Guerra de Canudos (1896-1897) Entre 1896 e 1897, o Estado brasileiro empreendeu uma guerra no sertão baiano, cujo alvo era um pequeno povoado de agricultores Sua importância história é muito grande, pois revela o descompasso existente entre dois Brasis: o das elites que o governam e impõem seus interesses políticos e econômicos ao povo, e o deste último - pobre, atrasado, ignorante, mas decidido, aferrado ao trabalho e às suas crenças, pronto para resistir quando julga necessário Movimento Liderado por Antônio Conselheiro REPÚBLICA OLIGÁRQUICA Convulsões Sociais
  • 2. Canudos em 1897. Fotografia de Flávio de Barros, fotógrafo do Exército.
  • 3. A fundação da vila de Canudos Sertanejos afluíam de vários estados nordestinos, em busca de melhores condições de vida Seduzidos pelas palavras de Conselheiro, dedicavam-se a uma nova vida em comunidade criação de gado e ao curtume, desenvolveu-se à margem do poder público, sem circulação de moedas e sem autoridades legalmente constituídas Em 1896 o vilarejo já contava com mais de 15 mil habitantes Em 1895, Canudos recebeu a visita de uma missão da Igreja, por ordem do Arcebispo de Salvador, após o quê, difundiu-se a imagem de que se tratava de um povoado monarquista, liderado por "perturbadores da ordem" (republicana, recém instalada)
  • 4. Caricatura na Revista Ilustrada, retratando Antônio Conselheiro, com um séquito de bufões armados com antigos bacamartes, tentando "barrar" a República.
  • 5. Primeiro combate A população de Canudos estava empenhada em construir uma nova igreja para a cidade As mercadorias não foram entregues, Conselheiro organizou uma ida a Juazeiro, com alguns homens, na intenção de buscar o material que lhe era devido Boato de invasão à Igreja de Juazeiro Sem dispor de muitos armamentos, mas valendo-se do conhecimento da região, os "conselheristas" impuseram vergonhosa derrota às forças do Estado, confiscando armas Primeiro conflito entre povo de Canudos e Tropas do Estado INÍCIO DA GUERRA DE CANUDOS Uma nova expedição militar foi destacada para a região do rio Vaza- Barris. Mobilizava 500 homens e tinha a sua disposição três modernas metralhadoras e três canhões. No entanto, usando táticas de tocaia e as armas obtidas no primeiro conflito, os homens de Canudos obtiveram nova vitória
  • 6. Nova força é enviada com 1.200 soldados e mais quatro modernos canhões Krupp A resistência sertaneja Após resistir a um bombardeio de duas horas e diversos ataques de infantaria, os homens de Canudos impuseram nova derrota às tropas do exército, sobretudo após a morte do experiente Moreira César
  • 7. Soldados da 40ª Infantaria que combateram em Canudos
  • 8. Em abril de 1897, organizou-se uma expedição grandiosa, comandada pelo general Artur de Andrada Guimarães e composta por mais de 6 mil soldados, recrutados em diversos estados do Brasil. Os homens de Canudos resistiram até outubro de 1897, quando as tropas federais obtiveram êxito em arrasar a cidade e praticamente dizimar todos os seus homens
  • 9. Euclides da Cunha, em sua obra “Os Sertões”, registrou que "Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados". Triste fim de uma população cujo único pecado foi o anseio de viver à margem, numa sociedade desigual e excludente.
  • 10. Mulheres e crianças, seguidoras de Antônio Conselheiro, presas durante os últimos dias da guerra.
  • 11. Antônio Conselheiro morto, em sua única foto conhecida, tirada por Flávio de Barros no dia 6 de outubro de 1897.
  • 12. O início do período republicado da História do Brasil foi marcado por vários conflitos e revoltas populares Falta de um sistema eficiente de saneamento básico no RJ epidemias, entre elas, febre amarela, peste bubônica e varíola A população de baixa renda, que morava em habitações precárias, era a principal vítima deste contexto O presidente Rodrigues Alves colocou em prática um projeto de saneamento básico e reurbanização do centro da cidade Oswaldo Cruz é escolhido como Chefe do Depto Nacional de Saúde Pública Revolta da Vacina - 1904
  • 14. Campanha de Vacinação Obrigatória A campanha de vacinação obrigatória é colocada em prática em novembro de 1904 Aplicada de forma autoritária e violenta Os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força Grande parte das pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos
  • 15.
  • 16.
  • 17. Além da vacina, era preciso evitar a proliferação de ratos O governo começou a comprar ratos, a um tostão cada um, para evitar sua proliferação Os funcionários do governo anunciavam pela trombeta que estavam prontos para comprar ratos. (Acervo COC/Fiocruz)
  • 18. Rato, rato, rato Porque motivo tu roeste meu baú? Rato, rato, rato Audacioso e malfazejo gabiru. Rato, rato, rato Eu hei de ver ainda o teu dia final A ratoeira te persiga e consiga, Satisfazer meu ideal. Quem te inventou? Foi o diabo, não foi outro, podes crer. Quem te gerou? Foi uma sogra pouco antes de morrer! Quem te criou? Foi a vingança, penso eu Rato, rato, rato, rato Emissário do judeu Quando a ratoeira te pegar, Monstro covarde, não me venhas A gritar, por favor. Rato velho, descarado, roedor Rato velho, como tu faz horror! Nada valerá o teu qüim-qüim, Tu morrerás e não terá que chore por ti, Vou provar-te que sou mau Meu tostão é garantido Não te solto nem a pau.
  • 19. Revolta popular A revolta popular aumentava a cada dia Crise econômica (desemprego, inflação e alto custo de vida) e a reforma urbana que retirou a população pobre do centro da cidade derrubando vários cortiços e outros tipos de habitações mais simples População destrói bondes, apedrejam prédios públicos e espalham a desordem pela cidade Em 16 de novembro de 1904, o presidente Rodrigues Alves revoga a lei da vacinação obrigatória, colocando nas ruas o exército, a marinha e a polícia para acabar com os tumultos. Em poucos dias a cidade voltava a calma e a ordem.
  • 20.
  • 21. Guerra do Contestado (1912 -1916) Conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares dos poderes federal e estadual Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Paraná e Santa Catarina
  • 22.
  • 23. Causas da Guerra A estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul estava sendo construída por uma empresa norte-americana, com apoio dos coronéis da região e do governo. Para a construção, milhares de família de camponeses perderam suas terras. Este fato, gerou muito desemprego entre os camponeses da região, que ficaram sem terras para trabalhar Compra de uma grande área da região por de um grupo de pessoas ligadas à empresa construtora da estrada de ferro desabrigou muitas famílias Após a estrada ficar pronta, muitos trabalhadores que atuaram em sua construção (que tinham sido trazidos de diversas partes do Brasil) ficaram desempregados com o fim da obra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por parte da empresa norte-americana ou do governo.
  • 24.
  • 25. Participação do monge José Maria Diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria Controvérsia sobre sua existência Pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar José Maria conseguiu reunir milhares de seguidores, principalmente camponeses sem terras
  • 26.
  • 27. Os conflitos O governo passou a acusar o beato de ser um inimigo da República Policiais e soldados do exército foram enviados para o local, com o objetivo de desarticular o movimento
  • 28.
  • 29. Perseguição ao beato e seus seguidores. Mal armados, os camponeses resistiram. Nestes conflitos armados, entre 5 mil e 8 mil rebeldes morreram. As baixas do lado das tropas oficiais foram bem menores. Em 1916, as tropas oficiais conseguiram prender Adeodato, que era um dos chefes do último reduto de rebeldes da revolta. O conflito acabou e ele foi condenado a trinta anos de prisão
  • 30. Revolta da Chibata (1910 – 1912) Os marinheiros brasileiros eram punidos com castigos físicos. As faltas graves eram punidas com 25 chibatadas. Esta situação gerou uma intensa revolta entre os marinheiros Estopim Marinheiro recebe 250 chibatadas na presença dos outros Encouraçado Minas Gerais, local da revolta Revoltosos mataram comandante e mais 3 oficiais Marinheiros receberam apoio do encouraçado São Paulo
  • 31. O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almirante Negro), redigiu a carta reivindicando o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos que participaram da revolta. Caso não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil).
  • 32. Mediante a gravidade da situação e o alarde dos grupos políticos oposicionistas, o governo decidiu atender aos pedidos. Em poucos instantes, o Congresso votou uma lei em que o castigo físico era abolido e todos os envolvidos na revolta não sofreriam qualquer tipo de punição. Entretanto, revelando sua face autoritária, o governo descumpriu suas próprias determinações ao realizar a prisão de alguns dos participantes dessa primeira revolta. Os jornais da época anunciam o término da Revolta: quase 3.000 pessoas. Os mais ricos - fugiram da cidade. A população subiu aos morros para ver as manobras da Armada
  • 33. A mudança aconteceu quando, alguns dias antes, provavelmente empolgados pela primeira revolta, um grupo de fuzileiros navais alocados na Ilha das Cobras resolveu organizar uma nova manifestação contra o governo. Dessa vez o Exército foi enviado para um violento ataque a fim de aniquilar prontamente os rebeldes. Aqueles que sobreviveram ao episódio foram deportados para a Amazônia e forçados a trabalhar nos seringais da região. João Cândido é conduzido para a prisão
  • 34. Durante a realocação para o território amazônico, alguns dos condenados foram submetidos ao fuzilamento. João Candido acabou sendo inocentado pelo governo federal. Entretanto, perdeu a sua colocação na Marinha e foi internado como louco no Hospital dos Alienados. Na época, o tratamento no sanatório poderia ser tão ou mais cruel que a própria prisão. Em 1969, ele acabou morrendo pobre, esquecido e acometido por um câncer.
  • 35. No auge da ditadura militar, João Bosco e Aldir Blanc fizeram uma música em homenagem ao "Almirante Negro". Numa entrevista, Aldir Blanc afirmou: "Tivemos diversos problemas com a censura. Ouvimos ameaças veladas de que a Marinha não toleraria loas e um marinheiro que quebrou a hierarquia e matou oficiais, etc. Fomos várias vezes censurados, apesar das mudanças que fazíamos, tentando não mutilar o que considerávamos as idéias principais da letra. - Vocês não então entendendo... Estão trocando as palavras como revolta, sangue, etc. e não é aí que a coisa tá pegando... - O problema é essa história de negro, negro, negro..." Decidimos dar uma espécie de saculejo surrealista na letra para confundir, metemos baleias, polacas, regatas e trocamos o título para o poético e resplandecente "O Mestre-Sala dos Mares", saindo da insistência dos títulos com Almirante Negro, Navegante Negro, etc. O artifício funcionou bem e a música fez um grande sucesso nas vozes de Elis Regina e João Bosco. Tem até hoje dezenas de regravações e foi tema do enredo "Um herói, uma canção, um enredo - Noite do Navegante Negro", da Escola de Samba União da Ilha, em 1985.
  • 36. A música, para ser aprovada pela censura, sofreu várias modificações, que podem ser vistas na tabela ao lado, disponível originalmente http://www.cefetsp.br/edu/eso/patricia/revoltachibata.html Letra original: As palavras em vermelho foram censuradas, substituídas pelas que estão em laranja Há muito tempo nas águas da Guanabara O dragão do mar reapareceu Na figura de um bravo marinheiro (feiticeiro) A quem a história não esqueceu Conhecido como o almirante (navegante) negro Tinha a dignidade de um mestre sala E ao navegar (acenar) pelo mar com seu bloco de fragatas (na alegria das regatas) Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas Jovens polacas e por batalhões de mulatas Rubras cascatas jorravam das costas dos negros pelas pontas das chibatas (santos entre cantos e chibatas) Inundando o coração de toda tripulação (do pessoal do porão) Que a exemplo do marinheiro (feiticeiro) gritava então Glória aos piratas, às mulatas, às sereias Glória à farofa, à cachaça, às baleias Glória a todas as lutas inglórias Que através da nossa história Não esquecemos jamais Salve o almirante negro (navegante negro) Que tem por monumento As pedras pisadas do cais Mas faz muito tempo
  • 37. Movimento operário e a Greve de 1917 A Greve Geral de 1917 é o nome pela qual ficou conhecida a paralisação geral da indústria e do comércio do Brasil, em Julho de 1917, como resultado da constituição de organizações operárias de inspiração anarcosindicalista aliada à imprensa libertária. Esta mobilização operária foi uma das mais abrangentes e longas da história do Brasil. O movimento operário mostrou como suas organizações (Sindicatos e Federações) podiam lutar e defender seus direitos de forma descentralizada e livre, mas de forte impacto na sociedade. Esta greve mostrou não só a capacidade de organização dos trabalhadores, mas também que uma greve geral era possível. A industrialização fez surgir no Brasil um novo perfil social : O operário fabril. O movimento operário começou a surgir ainda no final do século XIX, mas foi com a industrialização provocada pela Primeira Guerra em nosso país que ele rapidamente se transformou em uma das principais forças políticas de sua época. Ele já em 1917, pode ser visto como um dos maiores movimentos operários do mundo.
  • 38. Anarquismo:Sem Bandeiras. A "bandeira" preta simboliza o não reconhecimento de países e nações. Mas também simboliza a ação direta
  • 39. Nas primeiras décadas do século XX o Brasil aumentou suas exportações. Em decorrência especialmente da Primeira Grande Guerra Mundial, o país passou a exportar grande parte dos alimentos produzidos para os países da Tríplice Entente. A partir de 1915 a ocorrência dessas exportações afetou o abastecimento interno de alimentos, causando elevação dos preços da pequena quantidade de produtos disponíveis no mercado. Embora o salário subisse, o custo de vida aumentava de forma desproporcional, deixando os trabalhadores em más condições para sustentar suas famílias e fazendo com que as crianças precisassem trabalhar para complementar as rendas domésticas. A questão é como este movimento cresceu tão rápido e se fortaleceu tanto apesar de uma industrialização recente e incipiente. A resposta pode ser encontrada no violento regime de trabalho imposto aos operários na época, comparável somente ao do início da industrialização inglesa cem anos antes. Além disso temos que nos lembrar que a maioria dos operários eram imigrantes italianos e espanhóis com um histórico de organização política anterior. Eram estes, na sua maior parte, anarquistas.
  • 40. Em 1917 houve uma onda de greves iniciada em São Paulo em duas fábricas têxteis do Cotonifício Rodolfo Crespi e, obtendo a adesão dos servidores públicos, rapidamente se espalhou por toda a cidade, e depois por quase todo o país. Logo se estendeu ao Rio de Janeiro, e outros estados, principalmente ao Rio Grande do Sul. Foi liderada por trabalhadores e ativistas inspirados nos ideais anarquistas, dentre eles vários imigrantes italianos e espanhóis. Os sindicatos por ramos e ofícios, as ligas e uniões operárias, as federações estaduais, e a Confederação Operária Brasileira (fundada em 1906) inspirada em ideais anarquistas.
  • 41. Em 9 de julho, uma carga de cavalaria foi lançada contra os operários que protestavam na porta da fábrica Mariângela, no Brás resultou na morte do jovem anarquista espanhol José Martinez. Seu funeral atraiu uma multidão que atravessou a cidade acompanhando o corpo até o cemitério do Araçá onde foi sepultado. Indignados e já preparados para a greve os operários da indústria têxtil Cotonifício Crespi, com sede na Mooca entraram em greve, e logo foram seguidos por outras fábricas e bairros operários. Três dias depois mais de 70 mil trabalhadores já aderiram a greve. Armazéns foram saqueados, bondes e outros veículos foram incendiados e barricadas foram erguidas em meio às ruas.
  • 42. Funeral de José Martinez em direção cemitério do Araçá no dia 11 de Julho de 1917.
  • 43. A Greve Geral de 1917 marcou um dos momentos em que a força do movimento operário anarquista se demonstrou. Nunca na história deste país uma greve geral provocou um impacto tão grande. Apesar de limitada às regiões industrializadas, nos locais em que se efetivou, teve um impressionante grau de adesão por parte da sociedade. A resposta do Estado, controlado pelas elites, também foi impressionante. A legislação culpava de crime a ação anarquista. Estrangeiros envolvidos com a ideologia eram extraditados. Brasileiros eram presos e em ambos os casos eram comumente humilhados em público. Durante o governo de Artur Bernardes a repressão se tornou aberta. Censura à imprensa, torturas, e assassinatos se tornaram condutas frequentes do Estado aos anarquistas. Ao final de seu governo o movimento estava todo desorganizado. As lideranças políticas comunistas - o Partido Comunista Brasileiro (PCB) havia sido fundado ilegalmente em 1922. Os comunistas, ao contrário dos anarquistas, tinham uma organização centralizada e nacional, que defendia um governo do proletariado e a coletivização das terras e fábricas. Diferentemente dos anarquistas, os comunistas participavam do processo eleitoral, pois julgavam que esse era um maio legítimo de atuação para transformação social.
  • 44. O Partido Comunista Brasileiro foi fundado na cidade de Niterói a 25 de março de 1922 por nove delegados representando cerca de 73 militantes de diferentes regiões do Brasil Fundadores :de pé da esquerda: Manoel Cendon (alfaiate espanhol), Joaquim Barbosa (alfaiate -RJ), Astrojildo Pereira (jornalista -RJ), João da Costa Pimenta (gráfico SP), Luis Peres (vassoureiro -RJ)e José Elias da Silva(sapateiro RJ); sentados, da esquerda para a direita: Hermogênio Silva(eletricista da cidade de Cruzeiro), Abílio de Nequete (barbeiro de origem libanesa)e Cristiano Cordeiro (contador do Recife).
  • 45. Tenentismo As primeiras manifestações militares que ganharam corpo durante a República Oligárquica aconteceram nas eleições de 1922. Aproveitando a dissidência de algumas oligarquias estaduais, os tenentes apoiaram a candidatura de Nilo Peçanha em oposição ao mineiro Arthur Bernardes, politicamente comprometido com as demandas dos grandes cafeicultores. Nesse momento, a falta de unidade política dos militares acabou enfraquecendo essa primeira manifestação conhecida como “Reação Republicana”.
  • 46. Durante essas eleições a tensão entre os militares e o governo aumentou quando diversas críticas contras os militares, falsamente atribuídas a Arthur Bernardes, foram veiculadas nos jornais da época. Com a vitória eleitoral das oligarquias, a primeira manifestação tenentista veio à tona com uma série de levantes militares que ficaram marcados pelo episódio dos “18 do Forte de Copacabana”, saíram pela Praia de Copacabana dispostos a enfrentar as tropas do governo. No confronto, dezesseis deles foram mortos. Eduardo Gomes e Siqueira Campos acabaram presos. ocorrido no Rio de Janeiro, em julho de 1922.
  • 47. Monumento "Aos 18 do Forte", na avenida Atlântica, em Copacabana
  • 48. Nos dois anos seguintes, duas novas revoltas militares, uma no Rio Grande do Sul (1923) e outra em São Paulo (1924), mostrou que a presença dos tenentistas no cenário político se reafirmava. Após terem suas pretensões abafadas pelas forças fiéis ao governo, esses dois grupos se juntaram para a formação de uma guerrilha conhecida como Coluna Prestes. Entre 1925 e 1927, esse grupo composto por civis e militares armados entrecortou mais de 24 mil quilômetros sob a liderança de Luís Carlos Prestes.
  • 49.
  • 50. Munido de homens e armas inicia um levantamento que é saudado nos povoados por onde passa, lançando uma onda de liberdade que faz tremer o poder instituído. Na marcha que dirige palmilha milhares de Kms em condições muito difíceis, especialmente ao atravessar as zonas pantanosas, no entanto consegue manter uma enorme disciplina e correção nos homens que comanda. A marcha termina sem atingir o objetivo principal, a tomada do poder e a transformação da sociedade e todos acabam por ter que ficar no exílio. No entanto, a marcha que o tornou "O Cavaleiro da Esperança" abalou o poder e foi o despertar para a luta por um Brasil diferente. Este é um pequeno resumo pessoal da obra "O Cavaleiro da Esperança" de Jorge Amado. O Cavaleiro da Esperança
  • 51. A falta de apelo entre os setores mais populares, e as intensas perseguições e cercos promovidos pelo governo acabaram dispersando esse movimento. Luís Carlos Prestes, notando a ausência de um conteúdo ideológico mais consistente à causa militar, resolveu aproximar-se das concepções políticas do Partido Comunista Brasileiro. Em 1931, o líder da Coluna mudou-se para a União Soviética, voltando para o país somente quatro anos mais tarde.