Os Estudos Culturais Britânicos abordaram as subculturas juvenis das classes populares como formas de expressar contradições sociais de maneira imaginária. A erosão dos espaços comunitários e as transformações no trabalho levaram ao crescimento do consumo, patologizado como comportamento desviante. As subculturas eram veículos de dissenso que recontextualizavam objetos para comunicar novos significados.
1. OS ESTUDOS CULTURAIS BRITÂNICOS
dec. 1970
Centre of Contemporary Cultural Studies (CCCS) -
Escola de Birmingham
Abordagens inovadoras acerca das práticas subculturais juvenis
das classes populares.
Distância dos "céticos materialistas" e "idealistas visionários"
2. Juventude como lócus privilegiado para conjecturas,
idealizações, teorizações e debates públicos.
Prosperidade material: aumento de rendimentos em 50% e
crescimento de gastos em 100% desde 1945 (fim da 2ª Guerra)
-> assediados pelo mercado
Padrões de consumo frequentemente desqualificados como
"hedonistas", "moralmente duvidosos" e "irracionais"
-> patologização do comportamento "desviante"
3. O CCCS procurava captar o significado social e político das
subculturas juvenis e compreendê-las como:
formações sociais coerentes
tentativa de reaver elementos socialmente coesivos,
com a função de expressar e solucionar contradições sociais,
ainda que de maneira "imaginária" (COHEN, 1972).
Consequencia de:
erosão de espaços comunitários
transformações na organização do trabalho
emergência de uma cultura do consumo
4. “Assim, a expropriação do 'Teddy Boy' de um estilo de vestir da
classe alta 'cobre' o hiato entre as chances reais de vida e carreira
em trabalhos predominantemente manuais, desqualificados,
quase lúmpenes e a experiência de estar 'todo-arrumado-sem-ter-
para-onde-ir' do fim da tarde de sábado. Assim, na expropriação e
fetichização do consumo e do próprio estilo, os 'Mods' cobrem o
hiato entre o fim-de-semana-que-nunca-termina e o recomeço do
trabalho tedioso e sem futuro na segunda-feira.”
(CLARKE et al, 1976)
5. Lazer e estilo de vida subculturais como:
veículos de dissenso
agentes de mudanças (ainda que limitadas)
mediados pela geração, etnia, classe, gênero, relações de
produção (ou seja, não homogêneo)
Estilização:
não apenas "inventários de consumo" mas "a articulação ativa dos
objetos com atividades e pontos de vista, que produz uma
identidade grupal, na forma de uma maneira distinta e coerente de
'estar-no-mundo'" (CLARKE et al, 1976)
6. Polissemia das mercadorias -> refletir valores do grupo em
questão -> reconhecer-se
ex. Rock, motocicletas, roupas...
7. BRICOLAGEM
"Reordenamento e recontextualização dos objetos com o intuito de
comunicar novos significados dentro de um sistema que já inclui
significados sedimentados atrelados àqueles artefatos" (FREIRE
FILHO, 2007)
Termo elaborado por Lévi-Strauss e utilizado por Dick Hebdige em
Subculture: The Meaning of Style (1979)
Para Hebdige, o trabalho subcultural é essencialmente
transgressivo -> Realocação dos signos para um contexto
semiótico diferente.
8.
9.
Recorte: juventude das camadas trabalhadoras ou médias
Boa parte da juventude jamais ingressara em uma subcultura
Relação marginal, central, fugaz ou permanente
Pode ser mais ou menos significativa do que outras atividades
como trabalho, escola...
Nem todas as estratégias de luta tem o mesmo peso ->
resistência ritualística, simbólica
Ressalvas:
10. Ressalvas:
Foco no consumo e no estilo em detrimento de outras áreas-
chave onde as contradições eram geradas (trabalho, família...)
Processos de reapropriação e redefinição segundo os interesses
da cultura dominante (mercado publicitário, fonográfico e de
moda).
Representação midiática das subculturas tende a torná-las, ao
mesmo tempo, “mais e menos exóticas do que realmente eram”
(HEBDIGE, 1979).