O documento descreve casos de violência obstétrica contra mulheres no Brasil, incluindo tortura física e psicológica durante o parto. Relata incidentes de profissionais de saúde que romperam a bolsa d'água sem consentimento, aplicaram ocitocina sem permissão e fizeram ameaças verbais às mulheres em trabalho de parto. Critica a prática obrigatória de partos na sala de cirurgia em vez de locais mais naturais e o tratamento desumano das mulheres.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL A tortura obstétrica em mulheres mães brasileiras
1. VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL
A tortura obstétrica em mulheres mães brasileiras
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“A obstetra aqui sou eu!”
‘Ah, você está fazendo é
fiasco’.
E rompeu a bolsa d’água 4.
2.
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4. Os trabalhos de parto nas mesas ginecológicas o transformaram
numa força de embate, contra as mulheres-mães brasileiras.
Por que o parto deve ser feito obrigatoriamente sobre a mesa ginecológica, na
sala de parto? Por um lado, é válido lembrar que essa conduta está sancionada por
uma série de valores de intervenção cultural que contribuem e regulamentam o que é
proibido ou permitido para a autoafirmação do poder obstétrico.
O ESTADO de São Paulo, 26022016
5. Segunda interferência
10. “A obstetra aqui sou eu!” ‘Ah, você está fazendo é fiasco’. E rompeu a bolsa d’água
“Sabe com quem está lidando?” é a frase que traduz a carteirada obstétrica, o famoso
jargão da impunidade e do autoritarismo. Os maus tratos e as sessões físicas de tortura estavam a
eclodir junto às ironias autoritárias da delinquente acadêmica.
11. “A paciente começou a sentir contrações dolorosas, ficando impossibilitada de caminhar. A
obstetra mandou-a deitar na cama, para novo exame de toque, dizendo. ‘Ah, você está fazendo
é fiasco’. E rompeu a bolsa d’água da parturiente, escorrendo líquido claro”.
12. O rompimento da bolsa d’água fez com que a menina-mulher ficasse possuída pelo pânico,
desgarrada, totalmente indefesa e cheia de confusões, sem poder reagir. Deve ter se sentido
infinitamente só. Ela só tinha ido à maternidade para parir, no entanto logo lhe infundiram o terror
esmagador e demolidor. Na dimensão psicossocial autoritária, o mais significativo deste
processo se observa na estigmatização de uma identidade maligna da menina-mulher, prejudicial
para a sociedade, transgressora, hostil, precocemente grávida. Essa identidade maligna permitiu a
conduta de dano por parte da ‘testa de ferro’, a delinquente acadêmica que vestiu a carapuça
institucional autoritária.
13. A agressão a menor, a menina-mulher, continuou a ser praticada com obscenidades. Ela foi
ameaçada, violentada. Podia lhe suceder qualquer coisa mais e ela se encontrava completamente
indefesa, começava a perder seu tempo e seu espaço, sentindo-se sem chão, sem explicação
alguma. O medo massivo inundava o corpo tomado pela droga indigesta e pelas agressões
covardes da delinquente acadêmica.
6. 14. “Os batimentos cardíacos do bebê estavam ótimos, eu captava com o sonar a cada dez
minutos, preocupada com tanta citocina...”.
Para a menor, o mundo de sonhos e de convicções, antes reluzente, primaveril, colorido
e vigoroso, se transformava numa silhueta flácida, vaga, quase inexistente.
15. Vamos acabar com isso já!
Eu tentava argumentar com a obstetra: “Dra, ela estava com contrações efetivas,
ritmadas”. Mas ouvi: “Agora são meia-noite e meia. Vamos acabar com isso já! E repetiu a pérola”.
16. Aqui se mantém com a parturiente uma atitude contraditória subjetiva que geralmente
implica numa dupla mensagem. Observa-se uma comunicação distorcida entre a equipe, pois por
uma parte a residente buscava tranquilizar a “doutora” e por outra, queria tranquilizar a menina-
mulher, dizendo-lhe que tudo já havia se passado, que ela e a criança ficariam bem, que tudo
estava tranquilo. No entanto, para a mulher-mãe que na realidade seguia vigiada, acuada,
ameaçada, com seu futuro incerto, o perigo ainda estava presente. As atitudes da obstetra
carrasca e as intervenções intermitentes da residente deixavam a jovem mãe confusa e em
constante tensão. Meias palavras não bastavam para tranquilizá-la.
17. “Quem é a obstetra aqui? É tu?
“... lá pelas duas da manhã, a paciente já estava com dilatação total, mas o bebê ainda estava
alto. E a “doutora” tascou outro soro com ocitocina na moça, sobre protestos da paciente, da
mãe, que era sua acompanhante, e meus”.
7. 18. A presença da situação traumática, as ameaças concretizadas e repetidas à mulher-mãe
certamente a sobressaltava, porém a sua pulsação em nenhum momento foi medida ou
acompanhada.
A garantia de direitos individuais de escolha continuava a ser restringida e ameaçada
com arbitrariedades e imposições. A concepção do mundo da mulher-mãe começou a se
desarticular no momento em que lhe gritaram através dessas atitudes sua condição de
delinquente juvenil, de ser desprezível. Não importavam as suas “súplicas e nem as de sua
mãe”, elas tinham o poder de lhe dar a morte em vida e de lhe tirar a dor por suas ‘transgressões
juvenis precoces’. Mais valia evitar novas e dolorosas torturas, evitando reclamar.
19. Interrupção do parto com gestos rudes
“Na sequência, levei super bronca porque deixei a paciente beber água. Bom, quando o
bebê desceu e estava quase nascendo, a doutora, com gestos rudes, fez a paciente levantar-se do
leito e me pediu para levá-la para a sala de parto a cerca de dez metros dali”.
20. Na cultura latino-americana, é possível observar valores relevantes e recorrentes em
torno do machismo como sobrevalorização do masculino. Por outro lado, se todo mundo fica
morrendo de medo que o neném nasça na cama (mas quando a criança nasce num corredor ou na
calçada do hospital, ninguém diz nada) por que, então, acham que o parto deve ser feito
obrigatoriamente sobre a mesa ginecológica, na sala de parto ou na sala de inibição do parto,
quando o nenê está para nascer? Como afirmam as parteiras-obstetras, “a equipe geralmente se
apavora e deixam a mulher que vai ser mãe mais assustada”.
Jaxy Ovoguaçu, Lua Cheia, Julho 2019