SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 39
MallkuChanez
VIOLÊNCIAOBSTÉTRICANOBRASIL
Atorturaobstétricaemmulheresmãesbrasileiras
Mallku Chanez
Diagrama 47
As mulheres-mães revelam os pesadelos do seu passado, rememoram o
“médico-parteiro da má esperança”. O gesto bárbaro de se dilacerar o ventre materno.
Os delírios persecutórios as marcam até o presente. “Para saber da minha intimidade abusada
teria que me mirar cara a cara num espelho e isso seria muito difícil para mim e para as outras
mulheres e mães que passaram pelos mesmos traumas que eu vivi”.
Parte lV - B
6. A ruptura de um projeto de vida: repressão e dano psicossocial na mulher e na mãe
17. O renascimento da Mãe d’Água e o nascimento da Y’Agury em casa
24. A concepção das águas vivas e das águas mortas
30. O ‘favo de mel’ da Mãe d’Umbigo
Sentou-se violentamente em cima de mim, montou sobre meus peitos
como se eu fosse uma égua. Senti-me, de repente, sendo esmagada.
Toda situação repressiva e violenta, por seu carácter, contribui para a revisão do
projeto de vida. Quanto mais prolongar essa situação de violência, maior e
mais grave será o impacto dessa experiência para a família.
A RUPTURA DE UM PROJETO DE VIDA
Repressão e dano psicossocial na mulher e na mãe
Para as que se entregaram escancaradamente
a um médico-parteiro desconhecido;
para as que foram sufocadas e trituradas com
suas manobras sádicas e suas atitudes insanas;
5. para as que foram montadas, arriadas,
e imobilizadas na mesa ginecológica;
para as que foram domesticadas,
sendo tratadas piores que uma égua pelo
“médico-parteiro da má esperança”.
10. Para as que foram chamadas de
molengas, covardes, fracas e medrosas,
quando nem mesmo conseguiam gritar,
abrir a boca para pedir socorro, pedir ar,
pois estavam sendo sufocadas pelo
15. ‘“médico-parteiro da má esperança”.
Para as que pensaram que iriam
ser bem cuidadas e não imaginaram
que teriam que se doar para
a sua própria morte ou que
20. seriam envenenadas energeticamente.
Para o incerto futuro delas,
manter as lembranças escondidas
com a boca fechada e o
corpo doído, não é aconselhável...
Caso: Ris
“Sonho com minha mãe grávida e morta”
Muitas e muitas vezes sonhamos com nosso casamento. Eu venho de uma família em
que meu pai nunca me deixava sair sozinha, por isso sempre saía acompanhada para a rua. Para
passear um pouquinho, eu tinha que baixar a cabeça e esconder-me atrás da porta, de tanto medo
que eu sentia na hora de lhe pedir permissão. Meu pai seguia ao pé da letra a seguinte expressão:
“prendam suas cabritas que meu bode está solto”.
Casei com meu primeiro namorado. Quando meu pai soube que eu estava namorando,
ele disse para mim - namoro ou estudo? Deve fazer um ou outro, exclamou. Eu disse para ele que
queria os dois. Eu me graduei como professora do primário. No dia em que colei grau, eu casei.
Foi o dia mais feliz da minha vida.
Mas quem iria imaginar que a minha intimidade seria rasgada e maltratada? Meu
primeiro parto foi de meu filho, na Bahia. Hoje, ele sofre de ‘escoliose’, tem dores crônicas pelo
parto e pelo nascimento traumático que tivemos. O nascimento dele foi muito difícil.
Senti as primeiras dores do parto no dia 22 de outubro de 1995, às 23: 00 h. Meu filho
nasceu no dia 23 de outubro, às 15: 00h. Saí de carona ao Hospital Amália Coutinho, na Bahia.
Chegando ao ambulatório, me falaram para ficar deitada no corredor e esperar o médico. Fiquei
deitada no corredor, as dores não passavam e nada do médico vir. Queria levantar-me e caminhar
para aliviar as minhas dores, mas eles não deixavam. Queria sentar de cócoras. Também, eles
não permitiam; tinha que ficar deitada.
As dores estavam lá dentro, surrando-me. Depois de muito tempo, quando já estava
cansada de tanto esperar, me levaram para a sala de parto. Deitaram-me na mesa ginecológica e
me fizeram o exame de toque.
Depois, sem explicação alguma, o médico se sentou violentamente em cima de mim,
montou sobre meus peitos como se eu fosse uma égua. Senti-me, de repente, sendo esmagada.
Senti muita falta de ar, eu estava sendo sufocada. Senti que a criança estava subindo para minha
garganta. A sensação era de agonia. Ele não estava nem aí.
Não tinha ar para gritar, não podia fazer nada a não ser esperar a morte. Não conseguia
abrir a boca. Com dores no peito e na barriga, com peso sobre meus peitos e o peso da criança,
tinha a sensação de que a morte estava deitada comigo.
Sentia minha pele transformada em couro de cavalo. Era como se estivesse sendo
esfolada. Ele queria arrancar, queria tirar a criança a todo custo. Montado em mim, espremia a
minha barriga como se fosse uma sanfona e empurrava-a com suas mãos.
Sentia suas mãos rasgando minha pele. Quanto sofrimento para mim e para minha
criança. Foram momentos de terror. Suas mãos iam contra meu ventre. Queria sair vomitando a
criança, talvez, desse modo, me livrasse dele e da morte por asfixia.
Estava presa entre o médico e a mesa ginecológica como se estivesse sendo
domesticada e amassada. A enfermeira chefe dizia: "está com fraqueza, Ris? Está com moleza,
Ris? Não está doendo tanto não! Não está doendo não!" Ela repetia constantemente que eu era
muito mole e fraca.
Eu queria falar para ele que a criança estava sentada e que por isso não iria se
encaixar. Mas, depois de me estropear por um longo tempo, o médico percebeu de tanto arriar
meu ventre e a cabeça da criança que ele estava em pé. A criança não estava com a cabeça
para baixo para que ele pudesse encaixá-la.
Ele desceu do meu peito e virou a criança com suas mãos. Na hora em que ele
desceu, entrou ar no meu peito e falei que estava com falta de ar e que meu peito estava doendo
muito. Falei que minha pele estava bastante sensível e que doía a cada movimento que ele fazia.
A enfermeira chefe dizia: "está com fraqueza, Ris? Está com moleza, Ris?” Eu respondi: "claro!
Não é você que está deitada aqui!" Ainda tinha cinco estagiárias observando. Elas não falavam
nada, só observavam.
O médico falou comigo pela primeira vez. Disse que ele estava se sentando para tentar
o encaixe e o nascimento da criança. Quanto sofrimento para ela descer. De novo, ele se sentou
sobre o meu peito e amassou a criança e a mim até que a criança se encaixasse e descesse.
A minha criança finalmente desceu. Ela veio preta. O médico agarrou-a pelos pés e a
colocou de cabeça para baixo. Ela não chorava! Então, ele começou a bater na criança. Dava
palmadas fortes nela, a ponto de deixar uma mancha branca, a marca da mão do médico no
corpo do menino. Ele estava cor de vinho. Ele tinha passado do tempo para nascer.
Sequelas:
Depois de um tempo, a criança não conseguia se erguer e nem caminhar. Ele nasceu
com escoliose. Colocaram colete e um aparelho no menino, mas não deu certo. Ele sente dores
constantes. Tem problemas de coluna de nascença.
 Ao entrar na sala de parto, ninguém sabe o que vai acontecer lá dentro. Eles e elas são 
indiferentes para com a vida da criança e para com a mentalidade da mãe. Não existe diálogo,
não dedicam nem afeto e nem carinho às mães.
Eles não deixavam ninguém entrar na sala de parto. Meu marido teve que ficar fora. 
Você não pode chamar ninguém e não pode gritar. Você fica proibida de abrir a boca. Eles 
fazem o que quiserem. Se alguém morrer, eles contam sua história e pronto. Se você consegue 
sobreviver,  como  foi  o  meu  caso,  não  consegue  contar  o  que  aconteceu  porque  sai  tão 
traumatizada do  hospital  que  prefere  não  lembrar, mas as manobras ultrajantes do  médico,  as 
lembranças e os pesadelos não nos deixam esquecer. Se você contar todo o sucedido, ninguém 
vai acreditar em você. Então, acaba-se ocultando a dor e as lembranças lá, bem dentro de você.
  Ele vai contar o tipo dele. Muitas morrem e falam o que querem delas. Outras dirão: 
"eles são médicos, né? Eles sabem o que fazem". Então, você tem que ficar calada e quieta, pois 
ainda poderá sobrar para você! 
Com frequência, fico só com minhas lembranças. Tenho muita melancolia, ansiedade, 
medo e depressão. Sinto medo de ficar deitada em qualquer circunstância, principalmente para 
dormir. Tenho pânico como se eu estivesse morrendo. Não posso ficar em quarto fechado. Penso 
que vou morrer por  falta  de ar.  Tenho  dores  articulares,  dores  na cervical, dor diafragmática  e 
ventral.
Estive  completamente  traumatizada  até  hoje.  Não  me  lembrava  de  nada  até  agora. 
Ninguém me perguntava nada. Guardei todo esse pesadelo por medo de me faltar o ar. Muitas 
vezes, fui tentar dormir com medo de morrer. Eu pedia para não ficar sozinha. Quando deitada, 
tinha que sair correndo a qualquer hora. Não queria ficar deitada, me dava medo.
Eu não dava conta do medo. Medo de ficar sem ar. Na minha cabeça, ficava ressoando 
– molenga! molenga! Como eu poderia fugir para não ser molenga, se ele estava sentado sobre 
mim?
Tenho medo das noites, quando as luzes se acendem. Lembro que meu filho queria sair 
pela boca; e eu, com falta de ar pelo peso do médico. Ele estava me sufocando e suas mãos, 
triturando meu ventre. Queria vomitar, mas não podia. Por isso é que agora tenho ânsia de vômito. 
Ela sobe do centro do ventre, mas nunca consigo vomitar. Só tenho ânsia de vômito. Parece que 
vou morrer de horror. Tremo e tenho calafrios. 
 
Pesadelos que se perpetuaram em minha vida:
a) Tenho um pesadelo que se repete constantemente. Minha mãe está morta, mas ela está
grávida. Não dou conta de chorar, não dou conta de chorar... 
 
b) Tenho sensação da morte, tenho a sensação da gravidez. Sinto que a criança está subindo 
     para os meus peitos e que está querendo sair pela boca e a morte agoniando meus peitos.
Que aflição! Que horror...
c)  A morte agoniando meus peitos, me ameaçando. Por que demora tanto a minha gravidez? 
     Por que dura tanto a minha morte? Não consigo me mover; estou amarrada..
  
Comentário
  
A  violência obstétrica começa nas mulheres-mães  e nelas acaba. Todo terror é legítimo
para o médico-parteiro.  Na maternidade, tudo é improvisado  para a mulher-mãe  porque segundo 
a segundo a dor e a morte se manifestam pelo sufocamento, rondando sua garganta, suas 
mamas, seu peito e seu ventre. 
2. Este depoimento nos mostra como a mulher-mãe ativa e participativa no desenvolvimento da 
concepção, da gestação e pronta para dar à luz sofre ao ver a sua forma de viver sendo destruída
em consequência da repressão vivenciada no atendimento dado ao seu parto pelo médico obstetra
e  sua  auxiliar, a enfermeira chefe.  A  mulher-mãe  passa  a  ser  segregada  e  perseguida  pelas 
sequelas traumatizantes obstetricamente adquiridas.
3.  A  mulher-mãe  sofreu  despojos  afetivos  e  foi  vítima  de  um  acúmulo  de  agressões.  Para  se 
proteger,  foi  se  isolando,  mantendo-se em silêncio durante longos anos,  sem  conseguir  dar 
conta  da  brutalidade  das  más  lembranças  como  a  da  sensação  de  morte pela falta de ar. Ela
sobrevive isolada, denegrida e limitada.
4. Pode-se chamar de tortura obstétrica toda violência ou maus tratos obstétricos,  toda forma 
de agressão exercida direta ou indiretamente sobre as meninas-mulheres, as Mães d’Águas e as 
mulheres-mães com a intenção de lhes impedir que façam as suas próprias escolhas em relação 
ao  seu  renascimento  e  ao  nascimento  de  sua  criança,  discriminando-as  e  reprimindo  suas 
expressões.
5.  Podem  ser  interpretados  como  danos psicossociais obstétricos  as  alterações subjetivas, as
perturbações observadas na mulher-mãe diante de sua realidade maternal. Estes se expressam no 
seu esgotamento e  padecimento.
6. A jovem mulher esboça sua vida na sociedade, busca uma harmonia psicossocial nas relações 
interpessoais,  desejando  ser mulher-mãe. Tornar-se  mulher-mãe  é  uma  inspiração,  é  uma 
instância prazerosa, instintiva e sensitiva, não uma doença.
7. Depois de nove meses de gestação, vem a grande realização desse sonho para a qual é preciso
ter uma consciência amadurecida de sua realidade. Um desejo, uma gestação, seu renascimento e 
o nascimento de sua criança, eles se influenciam e se sincronizam.
8. Tornar-se  mulher-mãe é um projeto de  amor, de intimidade, de  concepção e de vida, é uma 
instância instintiva. A gestação  muda a perspectiva da mulher em todas as dimensões possíveis, 
incluindo a dimensão da ética médica. A expectativa da mulher- gestante é a de que o médico a 
assista  na sua transformação de  mulher-gestante  para mulher-mãe,  porém  para  sua  decepção, 
muitas vezes, isso não acontecesse nas escolas-hospitais. 
Para  a  compreensão  desse  fato,  consideramos  necessário  refletirmos  sobre  o   
significado  do  dano  tanto  em  sua  profundidade  como  em  sua  prolongação,  exemplificado  no 
seguinte testemunho: 
 
Saindo  de  uma  delicada  cirurgia  obstétrica,  escutou  o  médico  ordenar  aos  seus 
subordinados: “entuba ela de uma vez que ela irá morrer mesmo!” No desespero, ela começou a 
chorar. Uma das médicas repreendeu o tal médico por sua falta de sensibilidade: “ Você não está 
vendo  que  a  menina  está  toda  traumatizada  com  os  procedimentos  hospitalares  e  com  as 
complicações na saúde dela? E por que você está tratando-a desse jeito?”  A médica se voltou a 
ela
 e a tranquilizou, prometendo-lhe que permaneceria perto dela, acompanhando o seu caso  e que 
não permitiria que a entubassem. Como se não bastasse, o médico, mesmo tendo conhecimento 
de que ela estava consciente, escutando e entendendo tudo, disse na sua presença para o marido 
dela para que ele aguardasse preparado, pois mesmo de madrugada, se o telefone tocasse , seria 
o hospital avisando a morte dela.  Se tudo tivesse acontecido conforme as expectativas do médico, 
ela estaria morta há muito tempo!
9. No desenrolar da  transformação da mulher-gestante em mulher-mãe ocorre um envolvimento 
afetivo da mulher-gestante com a criança no seu ventre, criando-se um vínculo energético que a 
fará assumir a responsabilidade de ser mãe para com a criança que está para nascer, esperando-
se, contudo, que se mantenha também na sua função de mulher. 
10.  Ser  mulher-mãe  é  uma  concepção transformadora,  possibilita  matizes totalizantes e  não 
alienantes como  a  ruptura de um projeto de vida.  Nele  se  inclui  a  ampliação da consciência
médica,  a  harmonia  do  potencial  energético,  da  ética médica  correspondente  aos  ideais  de
respeito, de assistência, de igualdade, de solidariedade, de justiça e de bem servir. Deste modo, o 
projeto de vida de ser mulher-mãe se concretizaria totalmente. 
11. Isso é muito diferente dela ser submetida à condição de mulher arrebentada e de mãe ultrajada
por um frio e insano desconhecido, um covarde obstetra, sendo transformada em despojo humano 
alienada para o resto da vida.
Diagrama  48
A energia potencial e a energia funcional estão instintivamente e primordialmente
 ligadas entre si e se engendram  mutuamente para que a Mãe d’Água consiga 
transcender energeticamente em casa.
 
O RENASCIMENTO DA MÃE D’ÁGUA E O 
NASCIMENTO DA Y’AGURY EM CASA
Para transformar-se  em mama’e, a
Mãe d’Água faz encadear
seu renascimento e o
nascimento da Y’Agury, a
5. criança que está dentro das águas.
O renascimento e o nascimento
 harmonizam-se e fluem numa
 bipolaridade energética complementar 
perfeita,  fazendo com que o
10. nascimento da mitã e o
renascimento transcendental  da
 Mãe d'Água
 aconteça com grande deleite. 
A  transcendência  energética,  a  transformação,  o  renascimento  da  Mãe d'Água e  o 
nascimento  da  Y'Agury  resultam  da  movimentação  de  poderosos  instintos  sobrenaturais  na 
mulher-mãe que vão além de seus desejos conscientes. Desde o momento da concepção até a 
flexibilidade  pélvicailíaco  percebe-se  o  fluir  de  um  processo  totalmente  e  potencialmente 
energético na mulher-mãe. 
2. Repressão ou sublimação
Quanto mais a ciência mecânica for utilizada unilateralmente, mais a  mulher-mãe será 
maltratada.  Não  se  deveria  tentar  prestar  assistência  às  meninas-mulheres,  às  mulheres-mães 
com  o  uso  da  repressão,  de drogas paralizantes e de instrumentos cirúrgicos e  muito  menos 
manter ardilosamente a luta contra etnias diferenciadas. 
3. Todo fenômeno da matéria é de causa e efeito; e isso significa que tudo pode ser determinado 
psicologicamente.  A  psicologia obstétrica  procura  manter  as  mulheres-mães  sob  seu  controle, 
sugestionando-as a se comportarem de formas predeterminadas e a aceitarem atos intoxicantes, 
infecciosos e dolorosos. 
 
4. O binômio obstetra-Fórceps
Os atos dolorosos e  abomináveis  praticados pelo binômio  obstetra-Fórceps afetam as 
crianças  de  grupos  diferenciados  e  se  manterão  indefinidamente  enquanto  o estado  mental  do
obstetra-máquina for conservado repugnantemente petrificado.  Essa  cegueira  deveria  ser 
resgatada e transformada a favor de uma mente bipolarizada, transparentemente energética.
5. Abandono de crianças
A violência obstétrica vem acompanhada de tortura física ou psíquica, de dor corporal e 
de lembranças tormentosas. Toda vez que a mãe-vítima vê a sua criança, começa a relembrar os 
fatos traumáticos de seu parto institucional. As imagens da tortura acabam por ser realimentadas 
de  forma  contínua  nela.  Tal  situação  se  percebe,  por  exemplo,  na  instabilidade  emocional 
demonstrada pela mãe diante das crianças, o que a faz tomar uma decisão radical - abandoná-las 
ou surrá-las literalmente.
 
6. Horror escondido
As  mães  escondem  as  lembranças  do  terror  e  do  medo  que  vivenciaram  no  parto 
institucional  e  tentam  apagá-las  violentando  sua  memória.  Tudo  isso  se  torna  algo  bastante 
penoso para elas. É insuportável imaginar o(a) brotinho(a) novamente sofrendo. Isso não deixa de 
ser uma forma de tortura que provoca danos, comprometendo a sua Força d’Alento Universal. Se 
ela continua a sofrer em seu imaginário o impacto da situação repressiva, a criança é, também, 
profundamente afetada.
7. Estratégias caseiras  de proteção ou de abandono
As  estratégias  caseiras  de  proteção  ou  de  abandono  de  crianças  desenhadas  pelas 
mães  reprimidas,  com  frequência,  incluem  ocultar  às  crianças  a  verdadeira  conjuntura  do  seu 
renascimento e do nascimento da criança. Muitas vezes, as crianças são surradas, abandonadas 
ou adormecidas através de álcool na mamadeira para que as mães não ouçam o grito ou o pranto 
delas porque atrás dessas lágrimas escondem-se lembranças dolorosas nas quais o luto e a fuga
tornam-se  um  binômio  constante  de  desespero.  Não  conseguem  encontrar  sua  própria 
estabilidade  emocional  para  perceberem  algo  maior  para  o  futuro.  Até  aceitar  a  convivência 
consigo mesma se torna um grande dilema. 
8. O tabu da dor rasgada
A mama’e se faz forte, faz de tudo para não chorar diante de suas crianças, não permite 
a  si  mesma  expressar  suas  angústias,  suas  preocupações,  suas  dores.  Em  contrapartida,  as 
crianças  também  não  conseguem  expressar  suas  emoções  para  poderem  chorar  juntas,  não 
conseguem comunicar o sofrimento que intuitivamente e instintivamente lhes aflige. A ausência de 
diálogo se transforma numa experiência intolerável que enferma emocionalmente os membros da 
suposta família.
 
9. Marido frouxo
Não  se  faz  alusão  ao  fato  institucional  repressor  entre  os  adultos  e  muito  menos  se 
conversa  sobre  esse  drama.  Sempre  é  comentado  que  o  marido  é  um  “frouxo”  porque  foge  a 
qualquer menção sobre o binômio hospital-maternidade e desmaia quando vê sangue. “Eles tem 
medo”  e  carregam  o estigma  de  frouxos.  Mas  as  sequelas  psicossociais  são  trágicas  e 
desconcertantes.  O  marido  é  visto  na  fantasia  criada  pela mãe  como  o  torturador  e,  assim,  ela 
passa a evitar relações maritais, muitas vezes, acontecendo até a separação.
10. “Miseráveis e indigentes nordestinas” 
Através  dos  relatos  obtidos,  conclui-se  o  seguinte:  todas  as  grávidas,  gestantes,  que 
chegavam à maternidade ou ao hospital eram consideradas perigosas, aterradoras pelo que eram
e pelo que valiam. Eram “miseráveis e indigentes nordestinas”, portanto era necessário eliminá-las.
 Havia, então, uma vitimização friamente estudada, analisada e executada para extinguir a suposta 
“inimiga”,  cujas  práticas,  pensamentos,  atitudes  e  comportamentos  faziam-nas  perigosas.  Junto 
com isto,  tratou-se de produzir na população das meninas-mulheres e das Mães d’Água um clima 
de terror, de intimidação e de insegurança. As manobras distorcidas e as curetagens a sangue frio 
sem anestesia serviriam para este fim.
11. Como e quando prestar contas
Nenhum delinquente acadêmico ou técnico medíocre se dignifica a dar explicações.
Ninguém de esta ‘casta’ presta contas de seus atos. Existia um propósito consciente nisso, a
busca da “irradiação do terror coletivo”, porque cada ‘crime’ se caracteriza como uma dolorosa
experiência para a Mãe d’Água, servindo, também, como uma advertência aterrorizante às demais
mães
12. Fecham-se e se escondem como tatu-bola
As mulheres-mães inviabilizadas do universo aterrorizante institucional fazem adormecer
suas dores e seus sentimentos de injustiça através do silêncio. Muitas delas experimentaram a
impotência e a culpa por não terem conseguido denunciar a violência obstétrica como um crime e,
então, se fecharam como o tatu-bola e se esconderam atrás do horror experimentado e do
sentimento ferido.
13. Os danos provocados pela violência obstétrica são idênticos àqueles experimentados pelos
presos políticos torturados?
O dano, a perda, a dor e o sofrimento sentidos pelos presos políticos torturados são sentidos da
mesma forma ou até mesmo de uma maneira mais intensa pelas Mães d’Água e pelas
mulheres-mães já que elas não seguem uma ideologia partidária qualquer. Aliás, por que as
mulheres–mães não possuem o direito às indenizações pelas torturas sofridas?
14. Os instrumentos brutais do poder estatal e particular
Pessoas eticamente não recomendáveis, sádicas, travestidas de obstetras, simplesmente
fazem o “trabalho de parto”. Esses acadêmicos transformam-se em instrumentos brutais do
poder estatal e particular. Recursos ilegais de manutenção do poder são usados para macabros
procedimentos, produtos de uma Universidade esfarrapada que se encontra em crise.
15. Onde estão as normas éticas civilizadas?
Isso implica na quebra de todos os princípios, produzindo-se um ambiente geral de
anomalias em que estariam aparentemente suspensas as normas éticas civilizadas e
psicossocialmente válidas. Como um ser humano que estuda durante anos para cuidar de um
outro para supostamente minimizar a sua dor, pode feri-lo e reprimi-lo de forma deliberada e
consciente?
16. As Mães d’Umbigo e as Mães d’Água com seus renascimentos e nascimentos, as parteiras-
curiosas e as benzedeiras-curiosas praticando o sincretismo religioso, as parteiras diplomadas nas
universidades com suas filosofias práticas e os doutores obstetras com seu universo racional-
irracional inviabilizado sempre estiveram separados por suas convicções e superstições, seus
valores e costumes, existindo um enorme abismo entre as práticas da ciência empírica da Mãe
d’Umbigo e da Mãe d’Água com os nascimentos em casa e a ciência médica ocidental da mesa
fria ginecológica.
17. Não aos procedimentos sádicos obstétricos
Nós devemos fazer com que cada pessoa conheça este grave problema ou pelo menos
entre em contato com esse universo inviabilizado aterrador dos obstetras delinquentes e diga não
a seus procedimentos sádicos, ainda que não consiga dimensionar a enorme e profunda dor das
meninas-mulheres, das Mães d’Água e das mulheres-mães.
Diagrama 49
A Olho d’Água é potencialmente livre e imprevisível.
A Olho d’Água, Mãe do Rio, é um fluxo; ela não é estática.
A Olho d’Água e a vitória-régia são contínuas como os fluidos do rio.
5. A transcendência energética, das águas vivas, princípios e os fundamentos do ventre
energético, nunca chegaram a concordar com as novas experiências artificiais, científicas do
“trabalho de parto sistemático das águas mortas”: ventre materno rasgado, anestesias,
raspagem e curetagens a sangue frio, cesáreas, fórceps, episiotomias, etc, aplicadas
impetuosamente e indiscriminadamente com a intenção de mostrar superioridade e poder de
intervenção institucional, a pretexto de substituir ou anular a dor do parto.
6. Os ‘nascimentos humanizados’ são apreciados e são sempre valorizados pelos novos
reordenamentos mecânicos do custo-benefício e pelas mulheres-mães, objetos, que passaram por
experiências traumatizantes dos anestésicos e da mesa ginecológica dos obstetras.
7. Em São Paulo, por exemplo, há obstetras de maternidades e hospitais particulares que marcam
cesáreas desnecessárias desde o alvorecer. Os trabalhos de partos sistemáticos são feitos a partir
das quatro da manhã, de trinta em trinta minutos, em cinco salas separadas, cada recinto ocupado
por uma cliente diferente. O obstetra termina de realizar cesárea numa gestante, se dirige à sala
vizinha para realizar a próxima cesárea até terminar de realizá-la sequencialmente nas cinco
gestantes de cinco salas diferentes. Uma verdadeira sistematização dos partos abomináveis.
8. Não existe nesse processo das águas mortas um mínimo de confiança, de sensibilidade e de
solidariedade para que se possa dar continuidade a transcendência energética, sensitiva e intuitiva
maternal. A hegemonia obstétrica usufrui ao máximo do jargão custo-benefício através da
acomodação e da paralisia do trabalho do parto-ginecológico, recorrente da enchente fluvial das
águas mortas putrefatas racionais.
.
9. As mulheres-mães são submetidas às alavancas físicas, mecânicas e químicas do obstetra,
ignorando-se os fluxos de força dos seus ventres latejantes e vibrantes, os quais são
potencialmente imprevisíveis para seu renascimento. É impossível transcenderem
consequentemente estando sob efeito de intoxicantes químicos e permanecerem lúcidas diante
das feridas e dos traumas resultantes do deslocamento de órgãos provocados pelas alavancas
obstétricas.
10. Os casos mais complexos e abstratos das novas verdades mecânicas e químicas são a NÃO
adição das implicações singulares dos caóticos sistemas obstétricos, pediátricos e ginecológicos
em suas estatísticas, ou seja, os erros médicos e as complicações decorrentes do uso de
anestésicos, da realização de cesáreas desnecessárias, da prática de alavancas obstétricas, dos
fórceps, das episiotomias e das curetagens ao frio e suas sequelas complexas tanto na criança
como na mulher-mãe não são contabilizados.
11. O acúmulo de ‘colagens’ nos rasgos cirúrgicos abomináveis em sua grande maioria
desnecessárias supõe alterações radicais nas velhas práticas transcendentais dos fluidos
mornos e nas concepções das águas vivas das mulheres-mães contemporâneas.
12. Uma cesárea abominável segue a outra, como um ponto de costura segue o outro, como uma
cicatriz segue a um rasgo, assim como o medo segue à tormenta. As incisões, os fórceps e as
episiotomias seguem a ordem do dia e da noite, e assim, sucessivamente, seus conteúdos
financeiros vão simplesmente multiplicando e agregando mulheres mutiladas.
13. Essas novas experiências e seus conteúdos não são explicados nem questionados.
Simplesmente, as mulheres-mães entram na sala de inibição e pronto. Com dia, tempo e espaço
marcado, as águas vivas e mornas deixam de existir pelo rasgo rude e mecânico da bolsa
d’água.
14. Hoje em dia, os sistemas fechados incitam medos, remorsos, frustrações, lamentações,
sofrimentos, depressões pós-partos, pela ignorância completa, pelo desprezo em relação às outras
germinações femininas e pelo desejo de eliminá-las. Assim, apareceram as contradições entre a
sobrenatureza incerta e fluente das mama’es e a ideia retrógrada paralisante dos civilizados.
15. Os movimentos energético na Terra sem Males haviam se identificado há milênios com a
transcendência energética. Essas radiações de energia fluem e refluem potencialmente no ventre
aberto feminino e nos fluidos dos rios, dia após dia até hoje.
16. Elas se distanciam das manifestações, das análises e das abstrações culturais masculinas
paralisantes, das insuficiências artificiais, dos olhares dominantes, das soluções verbais impostas
democraticamente de cima para abaixo, dos princípios imutáveis das máquinas, dos sistemas
fechados absolutos.
17. As Mães d’Umbigo e as Mães d’Água se voltam para a prática, para o concreto, para o
adequado, para a emergência energética do momento, para os fatos, para as suas realidades,
para a ação e para o poder do toque sensitivo e instintivo. Isto significa que os fluidos
transcendentais energéticos, o ar-livre, a escolha, e as possibilidades do Universo energético
aberto se posicionam contra os dogmas, a artificialidade e a pretensão de uma finalidade na
verdade absoluta.
18. Os mestres do tipo ultrarracionalistas, os rabinos, os papas, os padres, os pastores, os
obstetras religiosos, os psicólogos(as) se estremecem perante as Mães d’Umbigo Raizeiras e as
Mães d’Água. Elas não precisam de sua esmola e nem de seu doutrinamento cultural e nem de
seus fermentos racionais e irracionais. Elas praticam a germinação da ancestralidade energética
de dos povos originários amazônicos
.
19. Não bastam os 2018 anos de servidão, de escravidão e de discriminação das germinações
dos povos originários amazônicos e andinos. Não é possível permanecer mais 2018 anos na
escuridão do machismo doentio, do “Óvulo-Pater-Fetal- Fálico Religioso”.
20. A Omopuã Pachalea e a Aliptaña Pachakutij, a transcendência energética, se apresentam
como um enigma à mente racional que chegou ao pico de sua irracionalidade com seu método
caótico cerebral do “sangue frio”. Deveriam procurar uma referência sensitiva-instintiva que
estivesse mais próxima da fonte de sua cosmovisão. Precisariam buscar em alguma práxis ou em
alguma germinação energética fluente e inspiradora, a sua reciclagem, como no ‘Favo de Mel’ da
Olho d’Água, a Mãe d’Umbigo e a Mãe d’Água amazônica.
Diagrama 50
Muitas Mães d’Água não terminam seu renascimento e o
nascimento da criança porque deixam-se levar pelo desalento.
Poderão surgir problemas, obstáculos e imprevistos, porém os fluxos energéticos e suas
relações magnéticas que geram cadência e fogo no ventre materno são vitais para que a
recém-nascida seja aparada em casa, através do ‘Favo de Mel’ da Mãe d’Umbigo.
O ‘FAVO DE MEL’ DA MÃE D’UMBIGO
Aparar a recém-nascida, o oposto do
“parto de ferro”, realizado pelo “sangue frio”
A Mãe d’Água, a prenha vestida
que tem renascido da
energia da Olho d’Água, a prenha nua
amazônica, pode dizer que
5. a existência do corpo em si não basta.
A prenha vestida necessita do
fluir numa cadência energética da
Força d’Alento Energética, a qual
constitui-se de fluxos energéticos
10. contínuos, dinâmicos e expansivos
como as águas das Olhos d’Água ...
A existência da Mãe d’Água é
semelhante à das ‘parentes’ dela,
as águas do rio são seus
15. fluxos energéticos.
Ir contra esse fluxo energético a levaria à
desarmonia, às doenças e às frustrações.
O energético da Olho d’Água, a Mãe do Rio,
é soltar-se no devir da correnteza,
20. da via-fluvial baixa, do canal de nascimento,
pois as fluentes águas
saberiam complementá-la.
O futuro das Mães d’Água e das
gestantes dependerá do fluxo de
25. energia, de suas memórias e da
continuidade da práxis da Olho d’Água.
As Mães d’Água e as mulheres-mães são
imprevisíveis como os fluxos energéticos e
suas relações magnéticas que geram
30. cadência e calor no ventre materno.
Há mais de 518 anos, na Terra sem Males, muitas mulheres vem sendo enlaçadas,
torturadas e vitimadas pela política psicossocial religiosa, a qual segue atropelando os povos
originários e intervindo na opção de escolha das suas germinações , no seu direito de ir e de vir,
de pensar, de realizar seus rituais, de manter seus valores, suas atitudes, seus costumes e de
resolver seus problemas de acordo com sua realidade e suas necessidades.
2. A força energética do renascimento da Mãe d’Água e do nascimento da brotinha é bem nossa, é
um ritual sobrenatural nosso, é da geração da Olho d’Água, da Mãe do Rio e da Mãe d’Umbigo.
Ninguém pode arrancar; ninguém pode nos roubar. A germinação de nossas sementes se
encontram na quentura da Mãe do Fogo, a jaguaratê, que traz instinto, concepção, sagacidade,
coragem, ferocidade, agressividade, independência, autonomia, união complementar e que faz
desabrochar os fluidos maternos.
3. A Mãe d’Água não pode ser usada e jogada pelos mecânicos do sangue frio como um objeto
descartável. Como lhes revelar o nosso estilo? Será que ainda devemos suportar o ferro cortante,
a sangueira derramada, o tormento e a agonia das máquinas? Todo fluxo energético e as relações
magnéticas brotam para enflorar e potencializar a Mãe d’Água.
4. Na nossa terra, ninguém ousava dar à luz deitada na cama. Dar à luz, para nós, era estar
tranquila, quente, molhada, flexível, dilatada e sentada. Era festa, riso, alegria, solidariedade e
generosidade. Era estar sentada na calma no Anel de Madeira (cepinho) junto com a Mãe do
Fogo e a Mãe do Corpo, assistida pela Mãe d’Umbigo Raizeira, de toque incandescente que
‘modela’ o ‘Favo de Mel’, apara, segura a criança recém-nascida. Esse é o nosso estilo. Como
lhes revelar a dor do “parto de ferro”, realizado pelo “sangue frio”?
5. A transcendência energética nos renascimentos e nos nascimentos, a Força d’Alento Universal,
faz parte da vida, da sobrenatureza, mas acha-se severamente ameaçada pela repressão e pela
discriminação exercida sobre as meninas-mulheres, as Mães d’Água e as mulheres-mães em
razão de suas etnias, de seus valores, de suas crenças.
6. Muitas mães envoltas em dolorosas experiências laboratoriais sob a crença de que todas são
objetos-mecânicos estão percebendo, somente agora, o dano e o medo produzidos pelos partos
institucionais e suas profundas implicações para o futuro da transcendência energética feminina.
Ninguém sabe dizer quantas são as crianças que ficaram com sequelas ou que foram
abandonadas pelas mães por representarem lembranças traumatizantes do parto institucional.
7. O tratamento dado às Mães d’Água e às mulheres-mães nas instituições hospitalares inclui
ameaças, opressões psicossociais e físicas, as quais exercem antecipadamente um efeito
desmoralizador e mortífero, pois para a Mãe d’Água e para a menina-mulher, o deitar-se na cama
de ferro para o parto ginecológico é algo associado à doença e à morte porque elas só se deitam
em situações graves e de falecimento.
8. A causa da estagnação dos povos amazônicos está na poluição dos rios e na seca dos
mesmos, no desmatamento, no abandono dos nascimentos sobrenaturais, na ascensão dos
sofrimentos, a aculturação filosófica e religiosa, grega-judaica-cristã-católica. O aumento da
agonia, o acréscimo da miséria nas reservas e nas aldeias se deve a falta de uma política
educacional e do resgate de um compromisso psicossocial transparente perante as nações
originárias.
9. Inúmeras concepções tenebrosas, profundamente sugestivas, desorientadoras, indigestas e
humilhantes são apresentadas às prenhas, às gestantes, vindas de mentes extremamente
embaçadas e poluidoras. Os obstetras medíocres argumentam às futuras mães que lhes seria
melhor a revolta e a não aceitação da dor dos nascimentos naturais.
10. Como extinguir esta ignorância funcional (a causa), o egocentrismo e a supervalorização do
mais forte (o acadêmico delinquente)? Como extinguir a tensão, a angústia e o sofrimento dos
trabalhos de parto e os partos abomináveis (os efeitos)?
11. Para o obstetra e o anestesista é mais confortável e cômoda a eliminação do espontâneo,
do natural, e sintetizar o parto para compensar o custo-benefício, seus bens materiais e não
perder tempo com os alvoroços agressivos e as queixas espontâneas das mulheres-mães
durante a evolução dos nascimentos por via-fluvial baixa.
12. O obstetra, o cabeça, que não consegue conter seus sentimentos de raiva é moralmente
repugnante, falta-lhe controle de seus impulsos orais violentos, respeito e solidariedade perante
as mulheres-mães e as crianças que estão para nascer.
13. As práxis –barbárie e predação, intervenção e proteção humana nos partos humanizados
na mesa ginecológica- primeiramente, modificam o processo de respiração natural da mulher-
mãe e retardam o nascimento da criança, resultando em falta de oxigenação no cérebro da
criança. Num segundo momento, estrangula-se, corta-se violentamente a conexão energética
entre a mãe e a criança, alterando-se toda a estrutura da energia potencial e da energia funcional
do ventre materno que possibilitaria o desencadeamento face a face do nascimento sobrenatural
da criança pelo canal de nascimento.
14. As vibrações da energia funcional da flexibilidade da pélvisilíaco e do canal de nascimento
se mostram exauridas, a energia potencial reduzida às minguas, a níveis muito baixos até a
mulher-mãe sentir-se aprisionada, sufocada, atordoada, esgotada, chegando até o pico da
exaustão grosseira, é quando seus movimentos sensoriais, suas extremidades inferiores e seu
ventre vão se paralisando, ficando difícil respirar e dar à luz ao mesmo tempo. A intervenção e a
proteção humana salvadora a destrói, a fragmenta, a reprime, a faz sofrer e morrer em vida.
15. As relações complementares entre as primeiras Dores de Puxo e a Grande Dor da Força
d’Alento da Expulsão são sinais do término da gestação, do início de um grande renascimento da
mulher-mãe e de um fugaz nascimento da criança; elas não se constituem nem se resumem a um
universo de trevas como os benfeitores obstetras querem que acreditem.
16. As dores dos renascimentos e dos nascimentos são um fenômeno sobrenatural poderoso da
Mãe d’Água; não é algo recente e limitado a determinados grupos étnicos, pois a passagem pela
via-fluvial baixa sempre foi algo desafiador, uma grande iniciação ritualística para se tornar
mulher-mãe. Só às Mães d’Umbigo foram legadas, por sua ancestralidade energeticamente
complexa ao longo dos formosos e belos tempos, o ato de aparar e pegar a recém-nascida.
17. As Mães d’Água acreditam que as dores de puxo e sua flexibilidade pélvicailíaca nada mais
são que a recopilação da concepção do Universo rítmico, alterável, mutável, variável e incerto. O
movimento pélvicoilíaco seria uma réplica da criação do Universo Cósmico.
18. Portanto, todo povo elabora suas próprias práticas e define o modo particular de ter seus
descendentes. Nesta germinação, particularmente, decidiu-se reconhecer a supremacia da Força
d’Alento Energético irradiada a partir do organismo sensorial feminino nos rios ou em casa.
19. Ao contrário dessas realizações energéticas, a medicina cosmopolita, ao invés de deixar
evoluir sobrenaturalmente o processo do nascimento sem drogas e sem intervenções, age com
nefasta displicência, consagrando seu poder institucional covarde sobre a gestante. Ela fica
dominada, acuada, ferida, impedida de se sentar, aterrorizada, embaraçada, sem poder se
movimentar pela ingerência obstétrica e seus narcóticos paralisantes que lhe trazem frustrações e
doença.
20. É exatamente esse hábito bárbaro e humano (a causa) que o novo técnico aprendiz, hoje, não
precisa adotar para o sofrimento (o efeito) da gestante e da recém-nascida. O mais importante
seria estimular a mulher-mãe sensitivamente, afetivamente, sentimentalmente, deixá-la relaxada
para bem aceitar a plenitude de sua transcendência energética e dar à luz pela via-fluvial baixa.
21. Impor o modo de conceber os nascimentos no mundo mecanizado civilizado não é do direito
de ninguém.
A frustração do obstetra frio decorre do apego a sua máquina, do anseio de fugir, de se
esquivar do devir, de querer fazer adormecer, reter os fluxos gestacionais sobrenaturais, evitar o
fluxo da plenitude energética da criança por via-fluvial baixa e a finitude prática do canal de
nascimento da mulher-mãe.
22. O bem-estar para o bem-viver, a salvação, a saúde são ilusões cosmopolitas. O obstetra frio
que corta e faz estagnar o fluir energético é um instrumento, um objeto estático, inerte, é uma
epidemia cancerígena já que não aceita e não respeita o esforço e os movimentos cinéticos da
Mãe d’Água.
23. Por causa de suas atitudes extravagantes que consagram o poder econômico, a instituição
obstétrica levanta muros sugestivos de agonia e de sofrimento. Mostra suas atitudes frias ao
especificar que as gestantes modernas devem tomar atitudes frígidas, permanecerem inertes,
proibindo-as até de expressarem sentimentos de dor e de ódio diante da intervenção do
obstetra.
25 Se as mulheres-mães se submeterem a essas posturas, estarão mostrando suas fraquezas,
mostrando ser coitadinhas, fraquinhas, pobrezinhas, domáveis e submissas; se ao contrário
expuserem seus gritos, sua raiva, sua indignação, serão tratadas como nordestinas, baianas,
impetuosas, extravagantes, loucas e marginais. Não serão consideradas “brasileiras civilizadas”,
que aceitam tudo e deixam tudo nas mãos do divino machista ou dos que levam vantagens em
tudo por levar um avental branco contaminado e manchado de sangue inocente.
26. Como se percebe, a ideia do bem-estar e do bem-viver exige a eliminação dos sentimentos
e do direito de escolha. As mulheres-mães devem reprimir seus instintos, devem esquecer a sua
dor. Todas as “débeis anomalias”, a agressividade, a ferocidade, a coragem, a sagacidade,
fonte da Força d’ Alento Energético, devem ser eliminadas, ficando a capacidade maternal
destruída. A mama’e será transformada em um espectro fantasiosamente manipulável através
das drogas alucinógenas (sedativos).
27. Dor e prazer, amor e ódio, medo e vida, vida e morte. Dar à luz sobrenaturalmente envolve
sentimentos instintivos de uma mesma seiva, a transcendência energética. Sim, eliminá-las
abriria um perigoso precedente. Lutar contra a dor, lutar contra a doença é lutar contra a morte.
Adotar sedativos é trilhar pelo caminho de uma lenta agonia, é lutar contra si mesmo - deste modo
se tornará um zumbi nas mãos frias do alienador .
28. A mulher-mãe deve acreditar e aceitar que tem uma identidade e um poder de degeneração
natural, mas, também, que tem um poder de transformação energética sobrenatural. Não siga
as penosas encruzilhadas da ignorância obstétrica, do delinquente acadêmico, do sofrimento, da
culpa, do pecado, até chegar à sala de inibição do trabalho de parto. Vivencie todos os momentos
da ALSUÑA. Transcenda, transforme-se energeticamente em um bálsamo deslizante, num
deleite interminável das águas mornas vivas.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
NO BRASIL
“Minhas mamas e meu peito oprimidos e
o meu ventre
comprimido e dilacerado”
Mallku Chanez
www.mallkuchanez.com
e-mail: mallkuchanez.site@gmail.com
Facebook: Mallku Chanez
IKA: Instituto Kallawaya de Pesquisa Andino
WhatsApp: 55 11 9 6329 3080

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Violência obstétrica no Brasil: o pesadelo sem fim das mulheres-mães

Testemunho De Um Medico
Testemunho De Um MedicoTestemunho De Um Medico
Testemunho De Um MedicoTop Cat
 
Testemunho De Um Medico
Testemunho De Um MedicoTestemunho De Um Medico
Testemunho De Um MedicoRita Steter
 
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL A tortura obstétrica em mulheres mães brasile...
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL A tortura obstétrica  em mulheres mães brasile...VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL A tortura obstétrica  em mulheres mães brasile...
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL A tortura obstétrica em mulheres mães brasile...mallkuchanez
 
Um Anjo Que Por Mim Passou Juliana Ramires...
Um Anjo Que Por Mim Passou   Juliana Ramires...Um Anjo Que Por Mim Passou   Juliana Ramires...
Um Anjo Que Por Mim Passou Juliana Ramires...Juliana Ramires
 
Apresentação Parto Místico. Um percurso feminino de empoderamento
Apresentação Parto Místico. Um percurso feminino de empoderamentoApresentação Parto Místico. Um percurso feminino de empoderamento
Apresentação Parto Místico. Um percurso feminino de empoderamentoAdriana Tanese Nogueira
 
Apresentação Mulheres (e Homens) Contam o Parto
Apresentação Mulheres (e Homens) Contam o PartoApresentação Mulheres (e Homens) Contam o Parto
Apresentação Mulheres (e Homens) Contam o PartoAdriana Tanese Nogueira
 
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL - A tortura obstétrica em mulheres mães brasi...
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL - A tortura obstétrica  em mulheres mães brasi...VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL - A tortura obstétrica  em mulheres mães brasi...
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL - A tortura obstétrica em mulheres mães brasi...mallkuchanez
 
A Morte É Um Dia que Vale a Pena Viver - Ana Claudia.pdf
A Morte É Um Dia que Vale a Pena Viver - Ana Claudia.pdfA Morte É Um Dia que Vale a Pena Viver - Ana Claudia.pdf
A Morte É Um Dia que Vale a Pena Viver - Ana Claudia.pdfPauloCesarSilva45
 
A maternidade em minhavida
A maternidade em minhavidaA maternidade em minhavida
A maternidade em minhavidaAlekrom
 
Amo pessoas
Amo pessoasAmo pessoas
Amo pessoaswagner
 

Semelhante a Violência obstétrica no Brasil: o pesadelo sem fim das mulheres-mães (20)

Revista azt 2 jovens
Revista azt 2   jovensRevista azt 2   jovens
Revista azt 2 jovens
 
Testemunho De Um Medico
Testemunho De Um MedicoTestemunho De Um Medico
Testemunho De Um Medico
 
Testemunho De Um Medico
Testemunho De Um MedicoTestemunho De Um Medico
Testemunho De Um Medico
 
Testemunho de um Médico (Aborto)
Testemunho de um Médico (Aborto)Testemunho de um Médico (Aborto)
Testemunho de um Médico (Aborto)
 
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL A tortura obstétrica em mulheres mães brasile...
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL A tortura obstétrica  em mulheres mães brasile...VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL A tortura obstétrica  em mulheres mães brasile...
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL A tortura obstétrica em mulheres mães brasile...
 
Um Anjo Que Por Mim Passou Juliana Ramires...
Um Anjo Que Por Mim Passou   Juliana Ramires...Um Anjo Que Por Mim Passou   Juliana Ramires...
Um Anjo Que Por Mim Passou Juliana Ramires...
 
Apresentação Parto Místico. Um percurso feminino de empoderamento
Apresentação Parto Místico. Um percurso feminino de empoderamentoApresentação Parto Místico. Um percurso feminino de empoderamento
Apresentação Parto Místico. Um percurso feminino de empoderamento
 
Apresentação Mulheres (e Homens) Contam o Parto
Apresentação Mulheres (e Homens) Contam o PartoApresentação Mulheres (e Homens) Contam o Parto
Apresentação Mulheres (e Homens) Contam o Parto
 
O triunfo
O triunfoO triunfo
O triunfo
 
O que é saudades
 O que é saudades O que é saudades
O que é saudades
 
O Que é Saudades
O Que é SaudadesO Que é Saudades
O Que é Saudades
 
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL - A tortura obstétrica em mulheres mães brasi...
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL - A tortura obstétrica  em mulheres mães brasi...VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL - A tortura obstétrica  em mulheres mães brasi...
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL - A tortura obstétrica em mulheres mães brasi...
 
O que são saudades
O que são saudadesO que são saudades
O que são saudades
 
A Morte É Um Dia que Vale a Pena Viver - Ana Claudia.pdf
A Morte É Um Dia que Vale a Pena Viver - Ana Claudia.pdfA Morte É Um Dia que Vale a Pena Viver - Ana Claudia.pdf
A Morte É Um Dia que Vale a Pena Viver - Ana Claudia.pdf
 
Oqueesaudades
OqueesaudadesOqueesaudades
Oqueesaudades
 
A maternidade em minhavida
A maternidade em minhavidaA maternidade em minhavida
A maternidade em minhavida
 
Saudade
Saudade  Saudade
Saudade
 
Amo pessoas
Amo pessoasAmo pessoas
Amo pessoas
 
Amo Pessoas
Amo PessoasAmo Pessoas
Amo Pessoas
 
Amo pessoas11111
Amo pessoas11111Amo pessoas11111
Amo pessoas11111
 

Mais de mallkuchanez

ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIAESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIAmallkuchanez
 
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO mallkuchanez
 
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO mallkuchanez
 
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SYMÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SYmallkuchanez
 
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA mallkuchanez
 
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYMADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYmallkuchanez
 
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO - BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO - BOLIVIAESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO - BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO - BOLIVIAmallkuchanez
 
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SYMÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SYmallkuchanez
 
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYMADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYmallkuchanez
 
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYMADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYmallkuchanez
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYOmallkuchanez
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYOmallkuchanez
 
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SYMÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SYmallkuchanez
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOmallkuchanez
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
  ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO  ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOmallkuchanez
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOmallkuchanez
 
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYMADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYmallkuchanez
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOmallkuchanez
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOmallkuchanez
 

Mais de mallkuchanez (20)

ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIAESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA
 
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO
 
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO
 
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SYMÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
 
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO -BOLIVIA
 
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYMADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
 
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO - BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO - BOLIVIAESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO - BOLIVIA
ESTADO PLURINACIONAL DEL KOLLASUYO - BOLIVIA
 
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SYMÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
 
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYMADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
 
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYMADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYO
 
Fotos 1
Fotos 1Fotos 1
Fotos 1
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA – KOLLASUYO
 
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SYMÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
  ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO  ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
 
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SYMADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
MADRE D’ OMBLIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MADRE D’AGUA Y’SY
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
 
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYOESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
ESTADO PLURINACIONAL DE BOLIVIA –KOLLASUYO
 

Último

planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 

Último (20)

planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 

Violência obstétrica no Brasil: o pesadelo sem fim das mulheres-mães

  • 3. Diagrama 47 As mulheres-mães revelam os pesadelos do seu passado, rememoram o “médico-parteiro da má esperança”. O gesto bárbaro de se dilacerar o ventre materno. Os delírios persecutórios as marcam até o presente. “Para saber da minha intimidade abusada teria que me mirar cara a cara num espelho e isso seria muito difícil para mim e para as outras mulheres e mães que passaram pelos mesmos traumas que eu vivi”.
  • 4. Parte lV - B 6. A ruptura de um projeto de vida: repressão e dano psicossocial na mulher e na mãe 17. O renascimento da Mãe d’Água e o nascimento da Y’Agury em casa 24. A concepção das águas vivas e das águas mortas 30. O ‘favo de mel’ da Mãe d’Umbigo
  • 5. Sentou-se violentamente em cima de mim, montou sobre meus peitos como se eu fosse uma égua. Senti-me, de repente, sendo esmagada. Toda situação repressiva e violenta, por seu carácter, contribui para a revisão do projeto de vida. Quanto mais prolongar essa situação de violência, maior e mais grave será o impacto dessa experiência para a família.
  • 6. A RUPTURA DE UM PROJETO DE VIDA Repressão e dano psicossocial na mulher e na mãe Para as que se entregaram escancaradamente a um médico-parteiro desconhecido; para as que foram sufocadas e trituradas com suas manobras sádicas e suas atitudes insanas; 5. para as que foram montadas, arriadas, e imobilizadas na mesa ginecológica; para as que foram domesticadas, sendo tratadas piores que uma égua pelo “médico-parteiro da má esperança”. 10. Para as que foram chamadas de
  • 7. molengas, covardes, fracas e medrosas, quando nem mesmo conseguiam gritar, abrir a boca para pedir socorro, pedir ar, pois estavam sendo sufocadas pelo 15. ‘“médico-parteiro da má esperança”. Para as que pensaram que iriam ser bem cuidadas e não imaginaram que teriam que se doar para a sua própria morte ou que 20. seriam envenenadas energeticamente. Para o incerto futuro delas, manter as lembranças escondidas com a boca fechada e o corpo doído, não é aconselhável...
  • 8. Caso: Ris “Sonho com minha mãe grávida e morta” Muitas e muitas vezes sonhamos com nosso casamento. Eu venho de uma família em que meu pai nunca me deixava sair sozinha, por isso sempre saía acompanhada para a rua. Para passear um pouquinho, eu tinha que baixar a cabeça e esconder-me atrás da porta, de tanto medo que eu sentia na hora de lhe pedir permissão. Meu pai seguia ao pé da letra a seguinte expressão: “prendam suas cabritas que meu bode está solto”. Casei com meu primeiro namorado. Quando meu pai soube que eu estava namorando, ele disse para mim - namoro ou estudo? Deve fazer um ou outro, exclamou. Eu disse para ele que queria os dois. Eu me graduei como professora do primário. No dia em que colei grau, eu casei. Foi o dia mais feliz da minha vida. Mas quem iria imaginar que a minha intimidade seria rasgada e maltratada? Meu primeiro parto foi de meu filho, na Bahia. Hoje, ele sofre de ‘escoliose’, tem dores crônicas pelo parto e pelo nascimento traumático que tivemos. O nascimento dele foi muito difícil. Senti as primeiras dores do parto no dia 22 de outubro de 1995, às 23: 00 h. Meu filho nasceu no dia 23 de outubro, às 15: 00h. Saí de carona ao Hospital Amália Coutinho, na Bahia. Chegando ao ambulatório, me falaram para ficar deitada no corredor e esperar o médico. Fiquei deitada no corredor, as dores não passavam e nada do médico vir. Queria levantar-me e caminhar para aliviar as minhas dores, mas eles não deixavam. Queria sentar de cócoras. Também, eles não permitiam; tinha que ficar deitada.
  • 9. As dores estavam lá dentro, surrando-me. Depois de muito tempo, quando já estava cansada de tanto esperar, me levaram para a sala de parto. Deitaram-me na mesa ginecológica e me fizeram o exame de toque. Depois, sem explicação alguma, o médico se sentou violentamente em cima de mim, montou sobre meus peitos como se eu fosse uma égua. Senti-me, de repente, sendo esmagada. Senti muita falta de ar, eu estava sendo sufocada. Senti que a criança estava subindo para minha garganta. A sensação era de agonia. Ele não estava nem aí. Não tinha ar para gritar, não podia fazer nada a não ser esperar a morte. Não conseguia abrir a boca. Com dores no peito e na barriga, com peso sobre meus peitos e o peso da criança, tinha a sensação de que a morte estava deitada comigo. Sentia minha pele transformada em couro de cavalo. Era como se estivesse sendo esfolada. Ele queria arrancar, queria tirar a criança a todo custo. Montado em mim, espremia a minha barriga como se fosse uma sanfona e empurrava-a com suas mãos. Sentia suas mãos rasgando minha pele. Quanto sofrimento para mim e para minha criança. Foram momentos de terror. Suas mãos iam contra meu ventre. Queria sair vomitando a criança, talvez, desse modo, me livrasse dele e da morte por asfixia. Estava presa entre o médico e a mesa ginecológica como se estivesse sendo domesticada e amassada. A enfermeira chefe dizia: "está com fraqueza, Ris? Está com moleza, Ris? Não está doendo tanto não! Não está doendo não!" Ela repetia constantemente que eu era muito mole e fraca.
  • 10. Eu queria falar para ele que a criança estava sentada e que por isso não iria se encaixar. Mas, depois de me estropear por um longo tempo, o médico percebeu de tanto arriar meu ventre e a cabeça da criança que ele estava em pé. A criança não estava com a cabeça para baixo para que ele pudesse encaixá-la. Ele desceu do meu peito e virou a criança com suas mãos. Na hora em que ele desceu, entrou ar no meu peito e falei que estava com falta de ar e que meu peito estava doendo muito. Falei que minha pele estava bastante sensível e que doía a cada movimento que ele fazia. A enfermeira chefe dizia: "está com fraqueza, Ris? Está com moleza, Ris?” Eu respondi: "claro! Não é você que está deitada aqui!" Ainda tinha cinco estagiárias observando. Elas não falavam nada, só observavam. O médico falou comigo pela primeira vez. Disse que ele estava se sentando para tentar o encaixe e o nascimento da criança. Quanto sofrimento para ela descer. De novo, ele se sentou sobre o meu peito e amassou a criança e a mim até que a criança se encaixasse e descesse. A minha criança finalmente desceu. Ela veio preta. O médico agarrou-a pelos pés e a colocou de cabeça para baixo. Ela não chorava! Então, ele começou a bater na criança. Dava palmadas fortes nela, a ponto de deixar uma mancha branca, a marca da mão do médico no corpo do menino. Ele estava cor de vinho. Ele tinha passado do tempo para nascer. Sequelas: Depois de um tempo, a criança não conseguia se erguer e nem caminhar. Ele nasceu com escoliose. Colocaram colete e um aparelho no menino, mas não deu certo. Ele sente dores constantes. Tem problemas de coluna de nascença.
  • 11.  Ao entrar na sala de parto, ninguém sabe o que vai acontecer lá dentro. Eles e elas são  indiferentes para com a vida da criança e para com a mentalidade da mãe. Não existe diálogo, não dedicam nem afeto e nem carinho às mães. Eles não deixavam ninguém entrar na sala de parto. Meu marido teve que ficar fora.  Você não pode chamar ninguém e não pode gritar. Você fica proibida de abrir a boca. Eles  fazem o que quiserem. Se alguém morrer, eles contam sua história e pronto. Se você consegue  sobreviver,  como  foi  o  meu  caso,  não  consegue  contar  o  que  aconteceu  porque  sai  tão  traumatizada do  hospital  que  prefere  não  lembrar, mas as manobras ultrajantes do  médico,  as  lembranças e os pesadelos não nos deixam esquecer. Se você contar todo o sucedido, ninguém  vai acreditar em você. Então, acaba-se ocultando a dor e as lembranças lá, bem dentro de você.   Ele vai contar o tipo dele. Muitas morrem e falam o que querem delas. Outras dirão:  "eles são médicos, né? Eles sabem o que fazem". Então, você tem que ficar calada e quieta, pois  ainda poderá sobrar para você!  Com frequência, fico só com minhas lembranças. Tenho muita melancolia, ansiedade,  medo e depressão. Sinto medo de ficar deitada em qualquer circunstância, principalmente para  dormir. Tenho pânico como se eu estivesse morrendo. Não posso ficar em quarto fechado. Penso  que vou morrer por  falta  de ar.  Tenho  dores  articulares,  dores  na cervical, dor diafragmática  e  ventral. Estive  completamente  traumatizada  até  hoje.  Não  me  lembrava  de  nada  até  agora.  Ninguém me perguntava nada. Guardei todo esse pesadelo por medo de me faltar o ar. Muitas  vezes, fui tentar dormir com medo de morrer. Eu pedia para não ficar sozinha. Quando deitada,  tinha que sair correndo a qualquer hora. Não queria ficar deitada, me dava medo.
  • 12. Eu não dava conta do medo. Medo de ficar sem ar. Na minha cabeça, ficava ressoando  – molenga! molenga! Como eu poderia fugir para não ser molenga, se ele estava sentado sobre  mim? Tenho medo das noites, quando as luzes se acendem. Lembro que meu filho queria sair  pela boca; e eu, com falta de ar pelo peso do médico. Ele estava me sufocando e suas mãos,  triturando meu ventre. Queria vomitar, mas não podia. Por isso é que agora tenho ânsia de vômito.  Ela sobe do centro do ventre, mas nunca consigo vomitar. Só tenho ânsia de vômito. Parece que  vou morrer de horror. Tremo e tenho calafrios.    Pesadelos que se perpetuaram em minha vida: a) Tenho um pesadelo que se repete constantemente. Minha mãe está morta, mas ela está grávida. Não dou conta de chorar, não dou conta de chorar...    b) Tenho sensação da morte, tenho a sensação da gravidez. Sinto que a criança está subindo       para os meus peitos e que está querendo sair pela boca e a morte agoniando meus peitos. Que aflição! Que horror... c)  A morte agoniando meus peitos, me ameaçando. Por que demora tanto a minha gravidez?       Por que dura tanto a minha morte? Não consigo me mover; estou amarrada..   
  • 13. Comentário    A  violência obstétrica começa nas mulheres-mães  e nelas acaba. Todo terror é legítimo para o médico-parteiro.  Na maternidade, tudo é improvisado  para a mulher-mãe  porque segundo  a segundo a dor e a morte se manifestam pelo sufocamento, rondando sua garganta, suas  mamas, seu peito e seu ventre.  2. Este depoimento nos mostra como a mulher-mãe ativa e participativa no desenvolvimento da  concepção, da gestação e pronta para dar à luz sofre ao ver a sua forma de viver sendo destruída em consequência da repressão vivenciada no atendimento dado ao seu parto pelo médico obstetra e  sua  auxiliar, a enfermeira chefe.  A  mulher-mãe  passa  a  ser  segregada  e  perseguida  pelas  sequelas traumatizantes obstetricamente adquiridas. 3.  A  mulher-mãe  sofreu  despojos  afetivos  e  foi  vítima  de  um  acúmulo  de  agressões.  Para  se  proteger,  foi  se  isolando,  mantendo-se em silêncio durante longos anos,  sem  conseguir  dar  conta  da  brutalidade  das  más  lembranças  como  a  da  sensação  de  morte pela falta de ar. Ela sobrevive isolada, denegrida e limitada. 4. Pode-se chamar de tortura obstétrica toda violência ou maus tratos obstétricos,  toda forma  de agressão exercida direta ou indiretamente sobre as meninas-mulheres, as Mães d’Águas e as  mulheres-mães com a intenção de lhes impedir que façam as suas próprias escolhas em relação  ao  seu  renascimento  e  ao  nascimento  de  sua  criança,  discriminando-as  e  reprimindo  suas  expressões. 5.  Podem  ser  interpretados  como  danos psicossociais obstétricos  as  alterações subjetivas, as perturbações observadas na mulher-mãe diante de sua realidade maternal. Estes se expressam no  seu esgotamento e  padecimento.
  • 14. 6. A jovem mulher esboça sua vida na sociedade, busca uma harmonia psicossocial nas relações  interpessoais,  desejando  ser mulher-mãe. Tornar-se  mulher-mãe  é  uma  inspiração,  é  uma  instância prazerosa, instintiva e sensitiva, não uma doença. 7. Depois de nove meses de gestação, vem a grande realização desse sonho para a qual é preciso ter uma consciência amadurecida de sua realidade. Um desejo, uma gestação, seu renascimento e  o nascimento de sua criança, eles se influenciam e se sincronizam. 8. Tornar-se  mulher-mãe é um projeto de  amor, de intimidade, de  concepção e de vida, é uma  instância instintiva. A gestação  muda a perspectiva da mulher em todas as dimensões possíveis,  incluindo a dimensão da ética médica. A expectativa da mulher- gestante é a de que o médico a  assista  na sua transformação de  mulher-gestante  para mulher-mãe,  porém  para  sua  decepção,  muitas vezes, isso não acontecesse nas escolas-hospitais.  Para  a  compreensão  desse  fato,  consideramos  necessário  refletirmos  sobre  o    significado  do  dano  tanto  em  sua  profundidade  como  em  sua  prolongação,  exemplificado  no  seguinte testemunho:    Saindo  de  uma  delicada  cirurgia  obstétrica,  escutou  o  médico  ordenar  aos  seus  subordinados: “entuba ela de uma vez que ela irá morrer mesmo!” No desespero, ela começou a  chorar. Uma das médicas repreendeu o tal médico por sua falta de sensibilidade: “ Você não está  vendo  que  a  menina  está  toda  traumatizada  com  os  procedimentos  hospitalares  e  com  as  complicações na saúde dela? E por que você está tratando-a desse jeito?”  A médica se voltou a  ela
  • 15.  e a tranquilizou, prometendo-lhe que permaneceria perto dela, acompanhando o seu caso  e que  não permitiria que a entubassem. Como se não bastasse, o médico, mesmo tendo conhecimento  de que ela estava consciente, escutando e entendendo tudo, disse na sua presença para o marido  dela para que ele aguardasse preparado, pois mesmo de madrugada, se o telefone tocasse , seria  o hospital avisando a morte dela.  Se tudo tivesse acontecido conforme as expectativas do médico,  ela estaria morta há muito tempo! 9. No desenrolar da  transformação da mulher-gestante em mulher-mãe ocorre um envolvimento  afetivo da mulher-gestante com a criança no seu ventre, criando-se um vínculo energético que a  fará assumir a responsabilidade de ser mãe para com a criança que está para nascer, esperando- se, contudo, que se mantenha também na sua função de mulher.  10.  Ser  mulher-mãe  é  uma  concepção transformadora,  possibilita  matizes totalizantes e  não  alienantes como  a  ruptura de um projeto de vida.  Nele  se  inclui  a  ampliação da consciência médica,  a  harmonia  do  potencial  energético,  da  ética médica  correspondente  aos  ideais  de respeito, de assistência, de igualdade, de solidariedade, de justiça e de bem servir. Deste modo, o  projeto de vida de ser mulher-mãe se concretizaria totalmente.  11. Isso é muito diferente dela ser submetida à condição de mulher arrebentada e de mãe ultrajada por um frio e insano desconhecido, um covarde obstetra, sendo transformada em despojo humano  alienada para o resto da vida.
  • 18. A  transcendência  energética,  a  transformação,  o  renascimento  da  Mãe d'Água e  o  nascimento  da  Y'Agury  resultam  da  movimentação  de  poderosos  instintos  sobrenaturais  na  mulher-mãe que vão além de seus desejos conscientes. Desde o momento da concepção até a  flexibilidade  pélvicailíaco  percebe-se  o  fluir  de  um  processo  totalmente  e  potencialmente  energético na mulher-mãe.  2. Repressão ou sublimação Quanto mais a ciência mecânica for utilizada unilateralmente, mais a  mulher-mãe será  maltratada.  Não  se  deveria  tentar  prestar  assistência  às  meninas-mulheres,  às  mulheres-mães  com  o  uso  da  repressão,  de drogas paralizantes e de instrumentos cirúrgicos e  muito  menos  manter ardilosamente a luta contra etnias diferenciadas.  3. Todo fenômeno da matéria é de causa e efeito; e isso significa que tudo pode ser determinado  psicologicamente.  A  psicologia obstétrica  procura  manter  as  mulheres-mães  sob  seu  controle,  sugestionando-as a se comportarem de formas predeterminadas e a aceitarem atos intoxicantes,  infecciosos e dolorosos.    4. O binômio obstetra-Fórceps Os atos dolorosos e  abomináveis  praticados pelo binômio  obstetra-Fórceps afetam as  crianças  de  grupos  diferenciados  e  se  manterão  indefinidamente  enquanto  o estado  mental  do obstetra-máquina for conservado repugnantemente petrificado.  Essa  cegueira  deveria  ser  resgatada e transformada a favor de uma mente bipolarizada, transparentemente energética.
  • 19. 5. Abandono de crianças A violência obstétrica vem acompanhada de tortura física ou psíquica, de dor corporal e  de lembranças tormentosas. Toda vez que a mãe-vítima vê a sua criança, começa a relembrar os  fatos traumáticos de seu parto institucional. As imagens da tortura acabam por ser realimentadas  de  forma  contínua  nela.  Tal  situação  se  percebe,  por  exemplo,  na  instabilidade  emocional  demonstrada pela mãe diante das crianças, o que a faz tomar uma decisão radical - abandoná-las  ou surrá-las literalmente.   6. Horror escondido As  mães  escondem  as  lembranças  do  terror  e  do  medo  que  vivenciaram  no  parto  institucional  e  tentam  apagá-las  violentando  sua  memória.  Tudo  isso  se  torna  algo  bastante  penoso para elas. É insuportável imaginar o(a) brotinho(a) novamente sofrendo. Isso não deixa de  ser uma forma de tortura que provoca danos, comprometendo a sua Força d’Alento Universal. Se  ela continua a sofrer em seu imaginário o impacto da situação repressiva, a criança é, também,  profundamente afetada. 7. Estratégias caseiras  de proteção ou de abandono As  estratégias  caseiras  de  proteção  ou  de  abandono  de  crianças  desenhadas  pelas  mães  reprimidas,  com  frequência,  incluem  ocultar  às  crianças  a  verdadeira  conjuntura  do  seu  renascimento e do nascimento da criança. Muitas vezes, as crianças são surradas, abandonadas  ou adormecidas através de álcool na mamadeira para que as mães não ouçam o grito ou o pranto  delas porque atrás dessas lágrimas escondem-se lembranças dolorosas nas quais o luto e a fuga tornam-se  um  binômio  constante  de  desespero.  Não  conseguem  encontrar  sua  própria  estabilidade  emocional  para  perceberem  algo  maior  para  o  futuro.  Até  aceitar  a  convivência  consigo mesma se torna um grande dilema. 
  • 20. 8. O tabu da dor rasgada A mama’e se faz forte, faz de tudo para não chorar diante de suas crianças, não permite  a  si  mesma  expressar  suas  angústias,  suas  preocupações,  suas  dores.  Em  contrapartida,  as  crianças  também  não  conseguem  expressar  suas  emoções  para  poderem  chorar  juntas,  não  conseguem comunicar o sofrimento que intuitivamente e instintivamente lhes aflige. A ausência de  diálogo se transforma numa experiência intolerável que enferma emocionalmente os membros da  suposta família.   9. Marido frouxo Não  se  faz  alusão  ao  fato  institucional  repressor  entre  os  adultos  e  muito  menos  se  conversa  sobre  esse  drama.  Sempre  é  comentado  que  o  marido  é  um  “frouxo”  porque  foge  a  qualquer menção sobre o binômio hospital-maternidade e desmaia quando vê sangue. “Eles tem  medo”  e  carregam  o estigma  de  frouxos.  Mas  as  sequelas  psicossociais  são  trágicas  e  desconcertantes.  O  marido  é  visto  na  fantasia  criada  pela mãe  como  o  torturador  e,  assim,  ela  passa a evitar relações maritais, muitas vezes, acontecendo até a separação. 10. “Miseráveis e indigentes nordestinas”  Através  dos  relatos  obtidos,  conclui-se  o  seguinte:  todas  as  grávidas,  gestantes,  que  chegavam à maternidade ou ao hospital eram consideradas perigosas, aterradoras pelo que eram e pelo que valiam. Eram “miseráveis e indigentes nordestinas”, portanto era necessário eliminá-las.  Havia, então, uma vitimização friamente estudada, analisada e executada para extinguir a suposta  “inimiga”,  cujas  práticas,  pensamentos,  atitudes  e  comportamentos  faziam-nas  perigosas.  Junto  com isto,  tratou-se de produzir na população das meninas-mulheres e das Mães d’Água um clima  de terror, de intimidação e de insegurança. As manobras distorcidas e as curetagens a sangue frio  sem anestesia serviriam para este fim.
  • 21. 11. Como e quando prestar contas Nenhum delinquente acadêmico ou técnico medíocre se dignifica a dar explicações. Ninguém de esta ‘casta’ presta contas de seus atos. Existia um propósito consciente nisso, a busca da “irradiação do terror coletivo”, porque cada ‘crime’ se caracteriza como uma dolorosa experiência para a Mãe d’Água, servindo, também, como uma advertência aterrorizante às demais mães 12. Fecham-se e se escondem como tatu-bola As mulheres-mães inviabilizadas do universo aterrorizante institucional fazem adormecer suas dores e seus sentimentos de injustiça através do silêncio. Muitas delas experimentaram a impotência e a culpa por não terem conseguido denunciar a violência obstétrica como um crime e, então, se fecharam como o tatu-bola e se esconderam atrás do horror experimentado e do sentimento ferido. 13. Os danos provocados pela violência obstétrica são idênticos àqueles experimentados pelos presos políticos torturados? O dano, a perda, a dor e o sofrimento sentidos pelos presos políticos torturados são sentidos da mesma forma ou até mesmo de uma maneira mais intensa pelas Mães d’Água e pelas mulheres-mães já que elas não seguem uma ideologia partidária qualquer. Aliás, por que as mulheres–mães não possuem o direito às indenizações pelas torturas sofridas? 14. Os instrumentos brutais do poder estatal e particular Pessoas eticamente não recomendáveis, sádicas, travestidas de obstetras, simplesmente
  • 22. fazem o “trabalho de parto”. Esses acadêmicos transformam-se em instrumentos brutais do poder estatal e particular. Recursos ilegais de manutenção do poder são usados para macabros procedimentos, produtos de uma Universidade esfarrapada que se encontra em crise. 15. Onde estão as normas éticas civilizadas? Isso implica na quebra de todos os princípios, produzindo-se um ambiente geral de anomalias em que estariam aparentemente suspensas as normas éticas civilizadas e psicossocialmente válidas. Como um ser humano que estuda durante anos para cuidar de um outro para supostamente minimizar a sua dor, pode feri-lo e reprimi-lo de forma deliberada e consciente? 16. As Mães d’Umbigo e as Mães d’Água com seus renascimentos e nascimentos, as parteiras- curiosas e as benzedeiras-curiosas praticando o sincretismo religioso, as parteiras diplomadas nas universidades com suas filosofias práticas e os doutores obstetras com seu universo racional- irracional inviabilizado sempre estiveram separados por suas convicções e superstições, seus valores e costumes, existindo um enorme abismo entre as práticas da ciência empírica da Mãe d’Umbigo e da Mãe d’Água com os nascimentos em casa e a ciência médica ocidental da mesa fria ginecológica. 17. Não aos procedimentos sádicos obstétricos Nós devemos fazer com que cada pessoa conheça este grave problema ou pelo menos entre em contato com esse universo inviabilizado aterrador dos obstetras delinquentes e diga não a seus procedimentos sádicos, ainda que não consiga dimensionar a enorme e profunda dor das meninas-mulheres, das Mães d’Água e das mulheres-mães.
  • 23. Diagrama 49 A Olho d’Água é potencialmente livre e imprevisível. A Olho d’Água, Mãe do Rio, é um fluxo; ela não é estática. A Olho d’Água e a vitória-régia são contínuas como os fluidos do rio.
  • 24.
  • 25. 5. A transcendência energética, das águas vivas, princípios e os fundamentos do ventre energético, nunca chegaram a concordar com as novas experiências artificiais, científicas do “trabalho de parto sistemático das águas mortas”: ventre materno rasgado, anestesias, raspagem e curetagens a sangue frio, cesáreas, fórceps, episiotomias, etc, aplicadas impetuosamente e indiscriminadamente com a intenção de mostrar superioridade e poder de intervenção institucional, a pretexto de substituir ou anular a dor do parto. 6. Os ‘nascimentos humanizados’ são apreciados e são sempre valorizados pelos novos reordenamentos mecânicos do custo-benefício e pelas mulheres-mães, objetos, que passaram por experiências traumatizantes dos anestésicos e da mesa ginecológica dos obstetras. 7. Em São Paulo, por exemplo, há obstetras de maternidades e hospitais particulares que marcam cesáreas desnecessárias desde o alvorecer. Os trabalhos de partos sistemáticos são feitos a partir das quatro da manhã, de trinta em trinta minutos, em cinco salas separadas, cada recinto ocupado por uma cliente diferente. O obstetra termina de realizar cesárea numa gestante, se dirige à sala vizinha para realizar a próxima cesárea até terminar de realizá-la sequencialmente nas cinco gestantes de cinco salas diferentes. Uma verdadeira sistematização dos partos abomináveis. 8. Não existe nesse processo das águas mortas um mínimo de confiança, de sensibilidade e de solidariedade para que se possa dar continuidade a transcendência energética, sensitiva e intuitiva maternal. A hegemonia obstétrica usufrui ao máximo do jargão custo-benefício através da acomodação e da paralisia do trabalho do parto-ginecológico, recorrente da enchente fluvial das águas mortas putrefatas racionais. .
  • 26. 9. As mulheres-mães são submetidas às alavancas físicas, mecânicas e químicas do obstetra, ignorando-se os fluxos de força dos seus ventres latejantes e vibrantes, os quais são potencialmente imprevisíveis para seu renascimento. É impossível transcenderem consequentemente estando sob efeito de intoxicantes químicos e permanecerem lúcidas diante das feridas e dos traumas resultantes do deslocamento de órgãos provocados pelas alavancas obstétricas. 10. Os casos mais complexos e abstratos das novas verdades mecânicas e químicas são a NÃO adição das implicações singulares dos caóticos sistemas obstétricos, pediátricos e ginecológicos em suas estatísticas, ou seja, os erros médicos e as complicações decorrentes do uso de anestésicos, da realização de cesáreas desnecessárias, da prática de alavancas obstétricas, dos fórceps, das episiotomias e das curetagens ao frio e suas sequelas complexas tanto na criança como na mulher-mãe não são contabilizados. 11. O acúmulo de ‘colagens’ nos rasgos cirúrgicos abomináveis em sua grande maioria desnecessárias supõe alterações radicais nas velhas práticas transcendentais dos fluidos mornos e nas concepções das águas vivas das mulheres-mães contemporâneas. 12. Uma cesárea abominável segue a outra, como um ponto de costura segue o outro, como uma cicatriz segue a um rasgo, assim como o medo segue à tormenta. As incisões, os fórceps e as episiotomias seguem a ordem do dia e da noite, e assim, sucessivamente, seus conteúdos financeiros vão simplesmente multiplicando e agregando mulheres mutiladas. 13. Essas novas experiências e seus conteúdos não são explicados nem questionados. Simplesmente, as mulheres-mães entram na sala de inibição e pronto. Com dia, tempo e espaço marcado, as águas vivas e mornas deixam de existir pelo rasgo rude e mecânico da bolsa d’água.
  • 27. 14. Hoje em dia, os sistemas fechados incitam medos, remorsos, frustrações, lamentações, sofrimentos, depressões pós-partos, pela ignorância completa, pelo desprezo em relação às outras germinações femininas e pelo desejo de eliminá-las. Assim, apareceram as contradições entre a sobrenatureza incerta e fluente das mama’es e a ideia retrógrada paralisante dos civilizados. 15. Os movimentos energético na Terra sem Males haviam se identificado há milênios com a transcendência energética. Essas radiações de energia fluem e refluem potencialmente no ventre aberto feminino e nos fluidos dos rios, dia após dia até hoje. 16. Elas se distanciam das manifestações, das análises e das abstrações culturais masculinas paralisantes, das insuficiências artificiais, dos olhares dominantes, das soluções verbais impostas democraticamente de cima para abaixo, dos princípios imutáveis das máquinas, dos sistemas fechados absolutos. 17. As Mães d’Umbigo e as Mães d’Água se voltam para a prática, para o concreto, para o adequado, para a emergência energética do momento, para os fatos, para as suas realidades, para a ação e para o poder do toque sensitivo e instintivo. Isto significa que os fluidos transcendentais energéticos, o ar-livre, a escolha, e as possibilidades do Universo energético aberto se posicionam contra os dogmas, a artificialidade e a pretensão de uma finalidade na verdade absoluta. 18. Os mestres do tipo ultrarracionalistas, os rabinos, os papas, os padres, os pastores, os obstetras religiosos, os psicólogos(as) se estremecem perante as Mães d’Umbigo Raizeiras e as Mães d’Água. Elas não precisam de sua esmola e nem de seu doutrinamento cultural e nem de seus fermentos racionais e irracionais. Elas praticam a germinação da ancestralidade energética de dos povos originários amazônicos
  • 28. . 19. Não bastam os 2018 anos de servidão, de escravidão e de discriminação das germinações dos povos originários amazônicos e andinos. Não é possível permanecer mais 2018 anos na escuridão do machismo doentio, do “Óvulo-Pater-Fetal- Fálico Religioso”. 20. A Omopuã Pachalea e a Aliptaña Pachakutij, a transcendência energética, se apresentam como um enigma à mente racional que chegou ao pico de sua irracionalidade com seu método caótico cerebral do “sangue frio”. Deveriam procurar uma referência sensitiva-instintiva que estivesse mais próxima da fonte de sua cosmovisão. Precisariam buscar em alguma práxis ou em alguma germinação energética fluente e inspiradora, a sua reciclagem, como no ‘Favo de Mel’ da Olho d’Água, a Mãe d’Umbigo e a Mãe d’Água amazônica.
  • 29. Diagrama 50 Muitas Mães d’Água não terminam seu renascimento e o nascimento da criança porque deixam-se levar pelo desalento. Poderão surgir problemas, obstáculos e imprevistos, porém os fluxos energéticos e suas relações magnéticas que geram cadência e fogo no ventre materno são vitais para que a recém-nascida seja aparada em casa, através do ‘Favo de Mel’ da Mãe d’Umbigo.
  • 30. O ‘FAVO DE MEL’ DA MÃE D’UMBIGO Aparar a recém-nascida, o oposto do “parto de ferro”, realizado pelo “sangue frio” A Mãe d’Água, a prenha vestida que tem renascido da energia da Olho d’Água, a prenha nua amazônica, pode dizer que 5. a existência do corpo em si não basta. A prenha vestida necessita do fluir numa cadência energética da Força d’Alento Energética, a qual constitui-se de fluxos energéticos 10. contínuos, dinâmicos e expansivos como as águas das Olhos d’Água ... A existência da Mãe d’Água é semelhante à das ‘parentes’ dela, as águas do rio são seus 15. fluxos energéticos.
  • 31. Ir contra esse fluxo energético a levaria à desarmonia, às doenças e às frustrações. O energético da Olho d’Água, a Mãe do Rio, é soltar-se no devir da correnteza, 20. da via-fluvial baixa, do canal de nascimento, pois as fluentes águas saberiam complementá-la. O futuro das Mães d’Água e das gestantes dependerá do fluxo de 25. energia, de suas memórias e da continuidade da práxis da Olho d’Água. As Mães d’Água e as mulheres-mães são imprevisíveis como os fluxos energéticos e suas relações magnéticas que geram 30. cadência e calor no ventre materno. Há mais de 518 anos, na Terra sem Males, muitas mulheres vem sendo enlaçadas, torturadas e vitimadas pela política psicossocial religiosa, a qual segue atropelando os povos originários e intervindo na opção de escolha das suas germinações , no seu direito de ir e de vir, de pensar, de realizar seus rituais, de manter seus valores, suas atitudes, seus costumes e de resolver seus problemas de acordo com sua realidade e suas necessidades.
  • 32. 2. A força energética do renascimento da Mãe d’Água e do nascimento da brotinha é bem nossa, é um ritual sobrenatural nosso, é da geração da Olho d’Água, da Mãe do Rio e da Mãe d’Umbigo. Ninguém pode arrancar; ninguém pode nos roubar. A germinação de nossas sementes se encontram na quentura da Mãe do Fogo, a jaguaratê, que traz instinto, concepção, sagacidade, coragem, ferocidade, agressividade, independência, autonomia, união complementar e que faz desabrochar os fluidos maternos. 3. A Mãe d’Água não pode ser usada e jogada pelos mecânicos do sangue frio como um objeto descartável. Como lhes revelar o nosso estilo? Será que ainda devemos suportar o ferro cortante, a sangueira derramada, o tormento e a agonia das máquinas? Todo fluxo energético e as relações magnéticas brotam para enflorar e potencializar a Mãe d’Água. 4. Na nossa terra, ninguém ousava dar à luz deitada na cama. Dar à luz, para nós, era estar tranquila, quente, molhada, flexível, dilatada e sentada. Era festa, riso, alegria, solidariedade e generosidade. Era estar sentada na calma no Anel de Madeira (cepinho) junto com a Mãe do Fogo e a Mãe do Corpo, assistida pela Mãe d’Umbigo Raizeira, de toque incandescente que ‘modela’ o ‘Favo de Mel’, apara, segura a criança recém-nascida. Esse é o nosso estilo. Como lhes revelar a dor do “parto de ferro”, realizado pelo “sangue frio”? 5. A transcendência energética nos renascimentos e nos nascimentos, a Força d’Alento Universal, faz parte da vida, da sobrenatureza, mas acha-se severamente ameaçada pela repressão e pela discriminação exercida sobre as meninas-mulheres, as Mães d’Água e as mulheres-mães em razão de suas etnias, de seus valores, de suas crenças.
  • 33. 6. Muitas mães envoltas em dolorosas experiências laboratoriais sob a crença de que todas são objetos-mecânicos estão percebendo, somente agora, o dano e o medo produzidos pelos partos institucionais e suas profundas implicações para o futuro da transcendência energética feminina. Ninguém sabe dizer quantas são as crianças que ficaram com sequelas ou que foram abandonadas pelas mães por representarem lembranças traumatizantes do parto institucional. 7. O tratamento dado às Mães d’Água e às mulheres-mães nas instituições hospitalares inclui ameaças, opressões psicossociais e físicas, as quais exercem antecipadamente um efeito desmoralizador e mortífero, pois para a Mãe d’Água e para a menina-mulher, o deitar-se na cama de ferro para o parto ginecológico é algo associado à doença e à morte porque elas só se deitam em situações graves e de falecimento. 8. A causa da estagnação dos povos amazônicos está na poluição dos rios e na seca dos mesmos, no desmatamento, no abandono dos nascimentos sobrenaturais, na ascensão dos sofrimentos, a aculturação filosófica e religiosa, grega-judaica-cristã-católica. O aumento da agonia, o acréscimo da miséria nas reservas e nas aldeias se deve a falta de uma política educacional e do resgate de um compromisso psicossocial transparente perante as nações originárias. 9. Inúmeras concepções tenebrosas, profundamente sugestivas, desorientadoras, indigestas e humilhantes são apresentadas às prenhas, às gestantes, vindas de mentes extremamente embaçadas e poluidoras. Os obstetras medíocres argumentam às futuras mães que lhes seria melhor a revolta e a não aceitação da dor dos nascimentos naturais. 10. Como extinguir esta ignorância funcional (a causa), o egocentrismo e a supervalorização do mais forte (o acadêmico delinquente)? Como extinguir a tensão, a angústia e o sofrimento dos trabalhos de parto e os partos abomináveis (os efeitos)?
  • 34. 11. Para o obstetra e o anestesista é mais confortável e cômoda a eliminação do espontâneo, do natural, e sintetizar o parto para compensar o custo-benefício, seus bens materiais e não perder tempo com os alvoroços agressivos e as queixas espontâneas das mulheres-mães durante a evolução dos nascimentos por via-fluvial baixa. 12. O obstetra, o cabeça, que não consegue conter seus sentimentos de raiva é moralmente repugnante, falta-lhe controle de seus impulsos orais violentos, respeito e solidariedade perante as mulheres-mães e as crianças que estão para nascer. 13. As práxis –barbárie e predação, intervenção e proteção humana nos partos humanizados na mesa ginecológica- primeiramente, modificam o processo de respiração natural da mulher- mãe e retardam o nascimento da criança, resultando em falta de oxigenação no cérebro da criança. Num segundo momento, estrangula-se, corta-se violentamente a conexão energética entre a mãe e a criança, alterando-se toda a estrutura da energia potencial e da energia funcional do ventre materno que possibilitaria o desencadeamento face a face do nascimento sobrenatural da criança pelo canal de nascimento. 14. As vibrações da energia funcional da flexibilidade da pélvisilíaco e do canal de nascimento se mostram exauridas, a energia potencial reduzida às minguas, a níveis muito baixos até a mulher-mãe sentir-se aprisionada, sufocada, atordoada, esgotada, chegando até o pico da exaustão grosseira, é quando seus movimentos sensoriais, suas extremidades inferiores e seu ventre vão se paralisando, ficando difícil respirar e dar à luz ao mesmo tempo. A intervenção e a proteção humana salvadora a destrói, a fragmenta, a reprime, a faz sofrer e morrer em vida.
  • 35. 15. As relações complementares entre as primeiras Dores de Puxo e a Grande Dor da Força d’Alento da Expulsão são sinais do término da gestação, do início de um grande renascimento da mulher-mãe e de um fugaz nascimento da criança; elas não se constituem nem se resumem a um universo de trevas como os benfeitores obstetras querem que acreditem. 16. As dores dos renascimentos e dos nascimentos são um fenômeno sobrenatural poderoso da Mãe d’Água; não é algo recente e limitado a determinados grupos étnicos, pois a passagem pela via-fluvial baixa sempre foi algo desafiador, uma grande iniciação ritualística para se tornar mulher-mãe. Só às Mães d’Umbigo foram legadas, por sua ancestralidade energeticamente complexa ao longo dos formosos e belos tempos, o ato de aparar e pegar a recém-nascida. 17. As Mães d’Água acreditam que as dores de puxo e sua flexibilidade pélvicailíaca nada mais são que a recopilação da concepção do Universo rítmico, alterável, mutável, variável e incerto. O movimento pélvicoilíaco seria uma réplica da criação do Universo Cósmico. 18. Portanto, todo povo elabora suas próprias práticas e define o modo particular de ter seus descendentes. Nesta germinação, particularmente, decidiu-se reconhecer a supremacia da Força d’Alento Energético irradiada a partir do organismo sensorial feminino nos rios ou em casa. 19. Ao contrário dessas realizações energéticas, a medicina cosmopolita, ao invés de deixar evoluir sobrenaturalmente o processo do nascimento sem drogas e sem intervenções, age com nefasta displicência, consagrando seu poder institucional covarde sobre a gestante. Ela fica dominada, acuada, ferida, impedida de se sentar, aterrorizada, embaraçada, sem poder se movimentar pela ingerência obstétrica e seus narcóticos paralisantes que lhe trazem frustrações e doença.
  • 36. 20. É exatamente esse hábito bárbaro e humano (a causa) que o novo técnico aprendiz, hoje, não precisa adotar para o sofrimento (o efeito) da gestante e da recém-nascida. O mais importante seria estimular a mulher-mãe sensitivamente, afetivamente, sentimentalmente, deixá-la relaxada para bem aceitar a plenitude de sua transcendência energética e dar à luz pela via-fluvial baixa. 21. Impor o modo de conceber os nascimentos no mundo mecanizado civilizado não é do direito de ninguém. A frustração do obstetra frio decorre do apego a sua máquina, do anseio de fugir, de se esquivar do devir, de querer fazer adormecer, reter os fluxos gestacionais sobrenaturais, evitar o fluxo da plenitude energética da criança por via-fluvial baixa e a finitude prática do canal de nascimento da mulher-mãe. 22. O bem-estar para o bem-viver, a salvação, a saúde são ilusões cosmopolitas. O obstetra frio que corta e faz estagnar o fluir energético é um instrumento, um objeto estático, inerte, é uma epidemia cancerígena já que não aceita e não respeita o esforço e os movimentos cinéticos da Mãe d’Água. 23. Por causa de suas atitudes extravagantes que consagram o poder econômico, a instituição obstétrica levanta muros sugestivos de agonia e de sofrimento. Mostra suas atitudes frias ao especificar que as gestantes modernas devem tomar atitudes frígidas, permanecerem inertes, proibindo-as até de expressarem sentimentos de dor e de ódio diante da intervenção do obstetra.
  • 37. 25 Se as mulheres-mães se submeterem a essas posturas, estarão mostrando suas fraquezas, mostrando ser coitadinhas, fraquinhas, pobrezinhas, domáveis e submissas; se ao contrário expuserem seus gritos, sua raiva, sua indignação, serão tratadas como nordestinas, baianas, impetuosas, extravagantes, loucas e marginais. Não serão consideradas “brasileiras civilizadas”, que aceitam tudo e deixam tudo nas mãos do divino machista ou dos que levam vantagens em tudo por levar um avental branco contaminado e manchado de sangue inocente. 26. Como se percebe, a ideia do bem-estar e do bem-viver exige a eliminação dos sentimentos e do direito de escolha. As mulheres-mães devem reprimir seus instintos, devem esquecer a sua dor. Todas as “débeis anomalias”, a agressividade, a ferocidade, a coragem, a sagacidade, fonte da Força d’ Alento Energético, devem ser eliminadas, ficando a capacidade maternal destruída. A mama’e será transformada em um espectro fantasiosamente manipulável através das drogas alucinógenas (sedativos). 27. Dor e prazer, amor e ódio, medo e vida, vida e morte. Dar à luz sobrenaturalmente envolve sentimentos instintivos de uma mesma seiva, a transcendência energética. Sim, eliminá-las abriria um perigoso precedente. Lutar contra a dor, lutar contra a doença é lutar contra a morte. Adotar sedativos é trilhar pelo caminho de uma lenta agonia, é lutar contra si mesmo - deste modo se tornará um zumbi nas mãos frias do alienador . 28. A mulher-mãe deve acreditar e aceitar que tem uma identidade e um poder de degeneração natural, mas, também, que tem um poder de transformação energética sobrenatural. Não siga as penosas encruzilhadas da ignorância obstétrica, do delinquente acadêmico, do sofrimento, da culpa, do pecado, até chegar à sala de inibição do trabalho de parto. Vivencie todos os momentos da ALSUÑA. Transcenda, transforme-se energeticamente em um bálsamo deslizante, num deleite interminável das águas mornas vivas.
  • 38. VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL “Minhas mamas e meu peito oprimidos e o meu ventre comprimido e dilacerado” Mallku Chanez
  • 39. www.mallkuchanez.com e-mail: mallkuchanez.site@gmail.com Facebook: Mallku Chanez IKA: Instituto Kallawaya de Pesquisa Andino WhatsApp: 55 11 9 6329 3080