Parte IV - B
Sentou-se violentamente em cima de mim, montou sobre meus peitos como se eu fosse uma égua. Senti-me, de repente, sendo esmagada. Toda situação repressiva e violenta, por seu caráter, contribui para a revisão do projeto de vida. Quanto mais prolongar essa situação de violência, maior e mais grave será o impacto dessa experiência para a família.
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3. Diagrama 47
As mulheres-mães revelam os pesadelos do seu passado, rememoram o
“médico-parteiro da má esperança”. O gesto bárbaro de se dilacerar o ventre materno.
Os delírios persecutórios as marcam até o presente. “Para saber da minha intimidade abusada
teria que me mirar cara a cara num espelho e isso seria muito difícil para mim e para as outras
mulheres e mães que passaram pelos mesmos traumas que eu vivi”.
4. Parte lV - B
6. A ruptura de um projeto de vida: repressão e dano psicossocial na mulher e na mãe
17. O renascimento da Mãe d’Água e o nascimento da Y’Agury em casa
24. A concepção das águas vivas e das águas mortas
30. O ‘favo de mel’ da Mãe d’Umbigo
5. Sentou-se violentamente em cima de mim, montou sobre meus peitos
como se eu fosse uma égua. Senti-me, de repente, sendo esmagada.
Toda situação repressiva e violenta, por seu carácter, contribui para a revisão do
projeto de vida. Quanto mais prolongar essa situação de violência, maior e
mais grave será o impacto dessa experiência para a família.
6. A RUPTURA DE UM PROJETO DE VIDA
Repressão e dano psicossocial na mulher e na mãe
Para as que se entregaram escancaradamente
a um médico-parteiro desconhecido;
para as que foram sufocadas e trituradas com
suas manobras sádicas e suas atitudes insanas;
5. para as que foram montadas, arriadas,
e imobilizadas na mesa ginecológica;
para as que foram domesticadas,
sendo tratadas piores que uma égua pelo
“médico-parteiro da má esperança”.
10. Para as que foram chamadas de
7. molengas, covardes, fracas e medrosas,
quando nem mesmo conseguiam gritar,
abrir a boca para pedir socorro, pedir ar,
pois estavam sendo sufocadas pelo
15. ‘“médico-parteiro da má esperança”.
Para as que pensaram que iriam
ser bem cuidadas e não imaginaram
que teriam que se doar para
a sua própria morte ou que
20. seriam envenenadas energeticamente.
Para o incerto futuro delas,
manter as lembranças escondidas
com a boca fechada e o
corpo doído, não é aconselhável...
8. Caso: Ris
“Sonho com minha mãe grávida e morta”
Muitas e muitas vezes sonhamos com nosso casamento. Eu venho de uma família em
que meu pai nunca me deixava sair sozinha, por isso sempre saía acompanhada para a rua. Para
passear um pouquinho, eu tinha que baixar a cabeça e esconder-me atrás da porta, de tanto medo
que eu sentia na hora de lhe pedir permissão. Meu pai seguia ao pé da letra a seguinte expressão:
“prendam suas cabritas que meu bode está solto”.
Casei com meu primeiro namorado. Quando meu pai soube que eu estava namorando,
ele disse para mim - namoro ou estudo? Deve fazer um ou outro, exclamou. Eu disse para ele que
queria os dois. Eu me graduei como professora do primário. No dia em que colei grau, eu casei.
Foi o dia mais feliz da minha vida.
Mas quem iria imaginar que a minha intimidade seria rasgada e maltratada? Meu
primeiro parto foi de meu filho, na Bahia. Hoje, ele sofre de ‘escoliose’, tem dores crônicas pelo
parto e pelo nascimento traumático que tivemos. O nascimento dele foi muito difícil.
Senti as primeiras dores do parto no dia 22 de outubro de 1995, às 23: 00 h. Meu filho
nasceu no dia 23 de outubro, às 15: 00h. Saí de carona ao Hospital Amália Coutinho, na Bahia.
Chegando ao ambulatório, me falaram para ficar deitada no corredor e esperar o médico. Fiquei
deitada no corredor, as dores não passavam e nada do médico vir. Queria levantar-me e caminhar
para aliviar as minhas dores, mas eles não deixavam. Queria sentar de cócoras. Também, eles
não permitiam; tinha que ficar deitada.
9. As dores estavam lá dentro, surrando-me. Depois de muito tempo, quando já estava
cansada de tanto esperar, me levaram para a sala de parto. Deitaram-me na mesa ginecológica e
me fizeram o exame de toque.
Depois, sem explicação alguma, o médico se sentou violentamente em cima de mim,
montou sobre meus peitos como se eu fosse uma égua. Senti-me, de repente, sendo esmagada.
Senti muita falta de ar, eu estava sendo sufocada. Senti que a criança estava subindo para minha
garganta. A sensação era de agonia. Ele não estava nem aí.
Não tinha ar para gritar, não podia fazer nada a não ser esperar a morte. Não conseguia
abrir a boca. Com dores no peito e na barriga, com peso sobre meus peitos e o peso da criança,
tinha a sensação de que a morte estava deitada comigo.
Sentia minha pele transformada em couro de cavalo. Era como se estivesse sendo
esfolada. Ele queria arrancar, queria tirar a criança a todo custo. Montado em mim, espremia a
minha barriga como se fosse uma sanfona e empurrava-a com suas mãos.
Sentia suas mãos rasgando minha pele. Quanto sofrimento para mim e para minha
criança. Foram momentos de terror. Suas mãos iam contra meu ventre. Queria sair vomitando a
criança, talvez, desse modo, me livrasse dele e da morte por asfixia.
Estava presa entre o médico e a mesa ginecológica como se estivesse sendo
domesticada e amassada. A enfermeira chefe dizia: "está com fraqueza, Ris? Está com moleza,
Ris? Não está doendo tanto não! Não está doendo não!" Ela repetia constantemente que eu era
muito mole e fraca.
10. Eu queria falar para ele que a criança estava sentada e que por isso não iria se
encaixar. Mas, depois de me estropear por um longo tempo, o médico percebeu de tanto arriar
meu ventre e a cabeça da criança que ele estava em pé. A criança não estava com a cabeça
para baixo para que ele pudesse encaixá-la.
Ele desceu do meu peito e virou a criança com suas mãos. Na hora em que ele
desceu, entrou ar no meu peito e falei que estava com falta de ar e que meu peito estava doendo
muito. Falei que minha pele estava bastante sensível e que doía a cada movimento que ele fazia.
A enfermeira chefe dizia: "está com fraqueza, Ris? Está com moleza, Ris?” Eu respondi: "claro!
Não é você que está deitada aqui!" Ainda tinha cinco estagiárias observando. Elas não falavam
nada, só observavam.
O médico falou comigo pela primeira vez. Disse que ele estava se sentando para tentar
o encaixe e o nascimento da criança. Quanto sofrimento para ela descer. De novo, ele se sentou
sobre o meu peito e amassou a criança e a mim até que a criança se encaixasse e descesse.
A minha criança finalmente desceu. Ela veio preta. O médico agarrou-a pelos pés e a
colocou de cabeça para baixo. Ela não chorava! Então, ele começou a bater na criança. Dava
palmadas fortes nela, a ponto de deixar uma mancha branca, a marca da mão do médico no
corpo do menino. Ele estava cor de vinho. Ele tinha passado do tempo para nascer.
Sequelas:
Depois de um tempo, a criança não conseguia se erguer e nem caminhar. Ele nasceu
com escoliose. Colocaram colete e um aparelho no menino, mas não deu certo. Ele sente dores
constantes. Tem problemas de coluna de nascença.
11. Ao entrar na sala de parto, ninguém sabe o que vai acontecer lá dentro. Eles e elas são
indiferentes para com a vida da criança e para com a mentalidade da mãe. Não existe diálogo,
não dedicam nem afeto e nem carinho às mães.
Eles não deixavam ninguém entrar na sala de parto. Meu marido teve que ficar fora.
Você não pode chamar ninguém e não pode gritar. Você fica proibida de abrir a boca. Eles
fazem o que quiserem. Se alguém morrer, eles contam sua história e pronto. Se você consegue
sobreviver, como foi o meu caso, não consegue contar o que aconteceu porque sai tão
traumatizada do hospital que prefere não lembrar, mas as manobras ultrajantes do médico, as
lembranças e os pesadelos não nos deixam esquecer. Se você contar todo o sucedido, ninguém
vai acreditar em você. Então, acaba-se ocultando a dor e as lembranças lá, bem dentro de você.
Ele vai contar o tipo dele. Muitas morrem e falam o que querem delas. Outras dirão:
"eles são médicos, né? Eles sabem o que fazem". Então, você tem que ficar calada e quieta, pois
ainda poderá sobrar para você!
Com frequência, fico só com minhas lembranças. Tenho muita melancolia, ansiedade,
medo e depressão. Sinto medo de ficar deitada em qualquer circunstância, principalmente para
dormir. Tenho pânico como se eu estivesse morrendo. Não posso ficar em quarto fechado. Penso
que vou morrer por falta de ar. Tenho dores articulares, dores na cervical, dor diafragmática e
ventral.
Estive completamente traumatizada até hoje. Não me lembrava de nada até agora.
Ninguém me perguntava nada. Guardei todo esse pesadelo por medo de me faltar o ar. Muitas
vezes, fui tentar dormir com medo de morrer. Eu pedia para não ficar sozinha. Quando deitada,
tinha que sair correndo a qualquer hora. Não queria ficar deitada, me dava medo.
13. Comentário
A violência obstétrica começa nas mulheres-mães e nelas acaba. Todo terror é legítimo
para o médico-parteiro. Na maternidade, tudo é improvisado para a mulher-mãe porque segundo
a segundo a dor e a morte se manifestam pelo sufocamento, rondando sua garganta, suas
mamas, seu peito e seu ventre.
2. Este depoimento nos mostra como a mulher-mãe ativa e participativa no desenvolvimento da
concepção, da gestação e pronta para dar à luz sofre ao ver a sua forma de viver sendo destruída
em consequência da repressão vivenciada no atendimento dado ao seu parto pelo médico obstetra
e sua auxiliar, a enfermeira chefe. A mulher-mãe passa a ser segregada e perseguida pelas
sequelas traumatizantes obstetricamente adquiridas.
3. A mulher-mãe sofreu despojos afetivos e foi vítima de um acúmulo de agressões. Para se
proteger, foi se isolando, mantendo-se em silêncio durante longos anos, sem conseguir dar
conta da brutalidade das más lembranças como a da sensação de morte pela falta de ar. Ela
sobrevive isolada, denegrida e limitada.
4. Pode-se chamar de tortura obstétrica toda violência ou maus tratos obstétricos, toda forma
de agressão exercida direta ou indiretamente sobre as meninas-mulheres, as Mães d’Águas e as
mulheres-mães com a intenção de lhes impedir que façam as suas próprias escolhas em relação
ao seu renascimento e ao nascimento de sua criança, discriminando-as e reprimindo suas
expressões.
5. Podem ser interpretados como danos psicossociais obstétricos as alterações subjetivas, as
perturbações observadas na mulher-mãe diante de sua realidade maternal. Estes se expressam no
seu esgotamento e padecimento.
14. 6. A jovem mulher esboça sua vida na sociedade, busca uma harmonia psicossocial nas relações
interpessoais, desejando ser mulher-mãe. Tornar-se mulher-mãe é uma inspiração, é uma
instância prazerosa, instintiva e sensitiva, não uma doença.
7. Depois de nove meses de gestação, vem a grande realização desse sonho para a qual é preciso
ter uma consciência amadurecida de sua realidade. Um desejo, uma gestação, seu renascimento e
o nascimento de sua criança, eles se influenciam e se sincronizam.
8. Tornar-se mulher-mãe é um projeto de amor, de intimidade, de concepção e de vida, é uma
instância instintiva. A gestação muda a perspectiva da mulher em todas as dimensões possíveis,
incluindo a dimensão da ética médica. A expectativa da mulher- gestante é a de que o médico a
assista na sua transformação de mulher-gestante para mulher-mãe, porém para sua decepção,
muitas vezes, isso não acontecesse nas escolas-hospitais.
Para a compreensão desse fato, consideramos necessário refletirmos sobre o
significado do dano tanto em sua profundidade como em sua prolongação, exemplificado no
seguinte testemunho:
Saindo de uma delicada cirurgia obstétrica, escutou o médico ordenar aos seus
subordinados: “entuba ela de uma vez que ela irá morrer mesmo!” No desespero, ela começou a
chorar. Uma das médicas repreendeu o tal médico por sua falta de sensibilidade: “ Você não está
vendo que a menina está toda traumatizada com os procedimentos hospitalares e com as
complicações na saúde dela? E por que você está tratando-a desse jeito?” A médica se voltou a
ela
18. A transcendência energética, a transformação, o renascimento da Mãe d'Água e o
nascimento da Y'Agury resultam da movimentação de poderosos instintos sobrenaturais na
mulher-mãe que vão além de seus desejos conscientes. Desde o momento da concepção até a
flexibilidade pélvicailíaco percebe-se o fluir de um processo totalmente e potencialmente
energético na mulher-mãe.
2. Repressão ou sublimação
Quanto mais a ciência mecânica for utilizada unilateralmente, mais a mulher-mãe será
maltratada. Não se deveria tentar prestar assistência às meninas-mulheres, às mulheres-mães
com o uso da repressão, de drogas paralizantes e de instrumentos cirúrgicos e muito menos
manter ardilosamente a luta contra etnias diferenciadas.
3. Todo fenômeno da matéria é de causa e efeito; e isso significa que tudo pode ser determinado
psicologicamente. A psicologia obstétrica procura manter as mulheres-mães sob seu controle,
sugestionando-as a se comportarem de formas predeterminadas e a aceitarem atos intoxicantes,
infecciosos e dolorosos.
4. O binômio obstetra-Fórceps
Os atos dolorosos e abomináveis praticados pelo binômio obstetra-Fórceps afetam as
crianças de grupos diferenciados e se manterão indefinidamente enquanto o estado mental do
obstetra-máquina for conservado repugnantemente petrificado. Essa cegueira deveria ser
resgatada e transformada a favor de uma mente bipolarizada, transparentemente energética.
19. 5. Abandono de crianças
A violência obstétrica vem acompanhada de tortura física ou psíquica, de dor corporal e
de lembranças tormentosas. Toda vez que a mãe-vítima vê a sua criança, começa a relembrar os
fatos traumáticos de seu parto institucional. As imagens da tortura acabam por ser realimentadas
de forma contínua nela. Tal situação se percebe, por exemplo, na instabilidade emocional
demonstrada pela mãe diante das crianças, o que a faz tomar uma decisão radical - abandoná-las
ou surrá-las literalmente.
6. Horror escondido
As mães escondem as lembranças do terror e do medo que vivenciaram no parto
institucional e tentam apagá-las violentando sua memória. Tudo isso se torna algo bastante
penoso para elas. É insuportável imaginar o(a) brotinho(a) novamente sofrendo. Isso não deixa de
ser uma forma de tortura que provoca danos, comprometendo a sua Força d’Alento Universal. Se
ela continua a sofrer em seu imaginário o impacto da situação repressiva, a criança é, também,
profundamente afetada.
7. Estratégias caseiras de proteção ou de abandono
As estratégias caseiras de proteção ou de abandono de crianças desenhadas pelas
mães reprimidas, com frequência, incluem ocultar às crianças a verdadeira conjuntura do seu
renascimento e do nascimento da criança. Muitas vezes, as crianças são surradas, abandonadas
ou adormecidas através de álcool na mamadeira para que as mães não ouçam o grito ou o pranto
delas porque atrás dessas lágrimas escondem-se lembranças dolorosas nas quais o luto e a fuga
tornam-se um binômio constante de desespero. Não conseguem encontrar sua própria
estabilidade emocional para perceberem algo maior para o futuro. Até aceitar a convivência
consigo mesma se torna um grande dilema.
20. 8. O tabu da dor rasgada
A mama’e se faz forte, faz de tudo para não chorar diante de suas crianças, não permite
a si mesma expressar suas angústias, suas preocupações, suas dores. Em contrapartida, as
crianças também não conseguem expressar suas emoções para poderem chorar juntas, não
conseguem comunicar o sofrimento que intuitivamente e instintivamente lhes aflige. A ausência de
diálogo se transforma numa experiência intolerável que enferma emocionalmente os membros da
suposta família.
9. Marido frouxo
Não se faz alusão ao fato institucional repressor entre os adultos e muito menos se
conversa sobre esse drama. Sempre é comentado que o marido é um “frouxo” porque foge a
qualquer menção sobre o binômio hospital-maternidade e desmaia quando vê sangue. “Eles tem
medo” e carregam o estigma de frouxos. Mas as sequelas psicossociais são trágicas e
desconcertantes. O marido é visto na fantasia criada pela mãe como o torturador e, assim, ela
passa a evitar relações maritais, muitas vezes, acontecendo até a separação.
10. “Miseráveis e indigentes nordestinas”
Através dos relatos obtidos, conclui-se o seguinte: todas as grávidas, gestantes, que
chegavam à maternidade ou ao hospital eram consideradas perigosas, aterradoras pelo que eram
e pelo que valiam. Eram “miseráveis e indigentes nordestinas”, portanto era necessário eliminá-las.
Havia, então, uma vitimização friamente estudada, analisada e executada para extinguir a suposta
“inimiga”, cujas práticas, pensamentos, atitudes e comportamentos faziam-nas perigosas. Junto
com isto, tratou-se de produzir na população das meninas-mulheres e das Mães d’Água um clima
de terror, de intimidação e de insegurança. As manobras distorcidas e as curetagens a sangue frio
sem anestesia serviriam para este fim.
21. 11. Como e quando prestar contas
Nenhum delinquente acadêmico ou técnico medíocre se dignifica a dar explicações.
Ninguém de esta ‘casta’ presta contas de seus atos. Existia um propósito consciente nisso, a
busca da “irradiação do terror coletivo”, porque cada ‘crime’ se caracteriza como uma dolorosa
experiência para a Mãe d’Água, servindo, também, como uma advertência aterrorizante às demais
mães
12. Fecham-se e se escondem como tatu-bola
As mulheres-mães inviabilizadas do universo aterrorizante institucional fazem adormecer
suas dores e seus sentimentos de injustiça através do silêncio. Muitas delas experimentaram a
impotência e a culpa por não terem conseguido denunciar a violência obstétrica como um crime e,
então, se fecharam como o tatu-bola e se esconderam atrás do horror experimentado e do
sentimento ferido.
13. Os danos provocados pela violência obstétrica são idênticos àqueles experimentados pelos
presos políticos torturados?
O dano, a perda, a dor e o sofrimento sentidos pelos presos políticos torturados são sentidos da
mesma forma ou até mesmo de uma maneira mais intensa pelas Mães d’Água e pelas
mulheres-mães já que elas não seguem uma ideologia partidária qualquer. Aliás, por que as
mulheres–mães não possuem o direito às indenizações pelas torturas sofridas?
14. Os instrumentos brutais do poder estatal e particular
Pessoas eticamente não recomendáveis, sádicas, travestidas de obstetras, simplesmente
22. fazem o “trabalho de parto”. Esses acadêmicos transformam-se em instrumentos brutais do
poder estatal e particular. Recursos ilegais de manutenção do poder são usados para macabros
procedimentos, produtos de uma Universidade esfarrapada que se encontra em crise.
15. Onde estão as normas éticas civilizadas?
Isso implica na quebra de todos os princípios, produzindo-se um ambiente geral de
anomalias em que estariam aparentemente suspensas as normas éticas civilizadas e
psicossocialmente válidas. Como um ser humano que estuda durante anos para cuidar de um
outro para supostamente minimizar a sua dor, pode feri-lo e reprimi-lo de forma deliberada e
consciente?
16. As Mães d’Umbigo e as Mães d’Água com seus renascimentos e nascimentos, as parteiras-
curiosas e as benzedeiras-curiosas praticando o sincretismo religioso, as parteiras diplomadas nas
universidades com suas filosofias práticas e os doutores obstetras com seu universo racional-
irracional inviabilizado sempre estiveram separados por suas convicções e superstições, seus
valores e costumes, existindo um enorme abismo entre as práticas da ciência empírica da Mãe
d’Umbigo e da Mãe d’Água com os nascimentos em casa e a ciência médica ocidental da mesa
fria ginecológica.
17. Não aos procedimentos sádicos obstétricos
Nós devemos fazer com que cada pessoa conheça este grave problema ou pelo menos
entre em contato com esse universo inviabilizado aterrador dos obstetras delinquentes e diga não
a seus procedimentos sádicos, ainda que não consiga dimensionar a enorme e profunda dor das
meninas-mulheres, das Mães d’Água e das mulheres-mães.
23. Diagrama 49
A Olho d’Água é potencialmente livre e imprevisível.
A Olho d’Água, Mãe do Rio, é um fluxo; ela não é estática.
A Olho d’Água e a vitória-régia são contínuas como os fluidos do rio.
24.
25. 5. A transcendência energética, das águas vivas, princípios e os fundamentos do ventre
energético, nunca chegaram a concordar com as novas experiências artificiais, científicas do
“trabalho de parto sistemático das águas mortas”: ventre materno rasgado, anestesias,
raspagem e curetagens a sangue frio, cesáreas, fórceps, episiotomias, etc, aplicadas
impetuosamente e indiscriminadamente com a intenção de mostrar superioridade e poder de
intervenção institucional, a pretexto de substituir ou anular a dor do parto.
6. Os ‘nascimentos humanizados’ são apreciados e são sempre valorizados pelos novos
reordenamentos mecânicos do custo-benefício e pelas mulheres-mães, objetos, que passaram por
experiências traumatizantes dos anestésicos e da mesa ginecológica dos obstetras.
7. Em São Paulo, por exemplo, há obstetras de maternidades e hospitais particulares que marcam
cesáreas desnecessárias desde o alvorecer. Os trabalhos de partos sistemáticos são feitos a partir
das quatro da manhã, de trinta em trinta minutos, em cinco salas separadas, cada recinto ocupado
por uma cliente diferente. O obstetra termina de realizar cesárea numa gestante, se dirige à sala
vizinha para realizar a próxima cesárea até terminar de realizá-la sequencialmente nas cinco
gestantes de cinco salas diferentes. Uma verdadeira sistematização dos partos abomináveis.
8. Não existe nesse processo das águas mortas um mínimo de confiança, de sensibilidade e de
solidariedade para que se possa dar continuidade a transcendência energética, sensitiva e intuitiva
maternal. A hegemonia obstétrica usufrui ao máximo do jargão custo-benefício através da
acomodação e da paralisia do trabalho do parto-ginecológico, recorrente da enchente fluvial das
águas mortas putrefatas racionais.
.
26. 9. As mulheres-mães são submetidas às alavancas físicas, mecânicas e químicas do obstetra,
ignorando-se os fluxos de força dos seus ventres latejantes e vibrantes, os quais são
potencialmente imprevisíveis para seu renascimento. É impossível transcenderem
consequentemente estando sob efeito de intoxicantes químicos e permanecerem lúcidas diante
das feridas e dos traumas resultantes do deslocamento de órgãos provocados pelas alavancas
obstétricas.
10. Os casos mais complexos e abstratos das novas verdades mecânicas e químicas são a NÃO
adição das implicações singulares dos caóticos sistemas obstétricos, pediátricos e ginecológicos
em suas estatísticas, ou seja, os erros médicos e as complicações decorrentes do uso de
anestésicos, da realização de cesáreas desnecessárias, da prática de alavancas obstétricas, dos
fórceps, das episiotomias e das curetagens ao frio e suas sequelas complexas tanto na criança
como na mulher-mãe não são contabilizados.
11. O acúmulo de ‘colagens’ nos rasgos cirúrgicos abomináveis em sua grande maioria
desnecessárias supõe alterações radicais nas velhas práticas transcendentais dos fluidos
mornos e nas concepções das águas vivas das mulheres-mães contemporâneas.
12. Uma cesárea abominável segue a outra, como um ponto de costura segue o outro, como uma
cicatriz segue a um rasgo, assim como o medo segue à tormenta. As incisões, os fórceps e as
episiotomias seguem a ordem do dia e da noite, e assim, sucessivamente, seus conteúdos
financeiros vão simplesmente multiplicando e agregando mulheres mutiladas.
13. Essas novas experiências e seus conteúdos não são explicados nem questionados.
Simplesmente, as mulheres-mães entram na sala de inibição e pronto. Com dia, tempo e espaço
marcado, as águas vivas e mornas deixam de existir pelo rasgo rude e mecânico da bolsa
d’água.
27. 14. Hoje em dia, os sistemas fechados incitam medos, remorsos, frustrações, lamentações,
sofrimentos, depressões pós-partos, pela ignorância completa, pelo desprezo em relação às outras
germinações femininas e pelo desejo de eliminá-las. Assim, apareceram as contradições entre a
sobrenatureza incerta e fluente das mama’es e a ideia retrógrada paralisante dos civilizados.
15. Os movimentos energético na Terra sem Males haviam se identificado há milênios com a
transcendência energética. Essas radiações de energia fluem e refluem potencialmente no ventre
aberto feminino e nos fluidos dos rios, dia após dia até hoje.
16. Elas se distanciam das manifestações, das análises e das abstrações culturais masculinas
paralisantes, das insuficiências artificiais, dos olhares dominantes, das soluções verbais impostas
democraticamente de cima para abaixo, dos princípios imutáveis das máquinas, dos sistemas
fechados absolutos.
17. As Mães d’Umbigo e as Mães d’Água se voltam para a prática, para o concreto, para o
adequado, para a emergência energética do momento, para os fatos, para as suas realidades,
para a ação e para o poder do toque sensitivo e instintivo. Isto significa que os fluidos
transcendentais energéticos, o ar-livre, a escolha, e as possibilidades do Universo energético
aberto se posicionam contra os dogmas, a artificialidade e a pretensão de uma finalidade na
verdade absoluta.
18. Os mestres do tipo ultrarracionalistas, os rabinos, os papas, os padres, os pastores, os
obstetras religiosos, os psicólogos(as) se estremecem perante as Mães d’Umbigo Raizeiras e as
Mães d’Água. Elas não precisam de sua esmola e nem de seu doutrinamento cultural e nem de
seus fermentos racionais e irracionais. Elas praticam a germinação da ancestralidade energética
de dos povos originários amazônicos
28. .
19. Não bastam os 2018 anos de servidão, de escravidão e de discriminação das germinações
dos povos originários amazônicos e andinos. Não é possível permanecer mais 2018 anos na
escuridão do machismo doentio, do “Óvulo-Pater-Fetal- Fálico Religioso”.
20. A Omopuã Pachalea e a Aliptaña Pachakutij, a transcendência energética, se apresentam
como um enigma à mente racional que chegou ao pico de sua irracionalidade com seu método
caótico cerebral do “sangue frio”. Deveriam procurar uma referência sensitiva-instintiva que
estivesse mais próxima da fonte de sua cosmovisão. Precisariam buscar em alguma práxis ou em
alguma germinação energética fluente e inspiradora, a sua reciclagem, como no ‘Favo de Mel’ da
Olho d’Água, a Mãe d’Umbigo e a Mãe d’Água amazônica.
29. Diagrama 50
Muitas Mães d’Água não terminam seu renascimento e o
nascimento da criança porque deixam-se levar pelo desalento.
Poderão surgir problemas, obstáculos e imprevistos, porém os fluxos energéticos e suas
relações magnéticas que geram cadência e fogo no ventre materno são vitais para que a
recém-nascida seja aparada em casa, através do ‘Favo de Mel’ da Mãe d’Umbigo.
30. O ‘FAVO DE MEL’ DA MÃE D’UMBIGO
Aparar a recém-nascida, o oposto do
“parto de ferro”, realizado pelo “sangue frio”
A Mãe d’Água, a prenha vestida
que tem renascido da
energia da Olho d’Água, a prenha nua
amazônica, pode dizer que
5. a existência do corpo em si não basta.
A prenha vestida necessita do
fluir numa cadência energética da
Força d’Alento Energética, a qual
constitui-se de fluxos energéticos
10. contínuos, dinâmicos e expansivos
como as águas das Olhos d’Água ...
A existência da Mãe d’Água é
semelhante à das ‘parentes’ dela,
as águas do rio são seus
15. fluxos energéticos.
31. Ir contra esse fluxo energético a levaria à
desarmonia, às doenças e às frustrações.
O energético da Olho d’Água, a Mãe do Rio,
é soltar-se no devir da correnteza,
20. da via-fluvial baixa, do canal de nascimento,
pois as fluentes águas
saberiam complementá-la.
O futuro das Mães d’Água e das
gestantes dependerá do fluxo de
25. energia, de suas memórias e da
continuidade da práxis da Olho d’Água.
As Mães d’Água e as mulheres-mães são
imprevisíveis como os fluxos energéticos e
suas relações magnéticas que geram
30. cadência e calor no ventre materno.
Há mais de 518 anos, na Terra sem Males, muitas mulheres vem sendo enlaçadas,
torturadas e vitimadas pela política psicossocial religiosa, a qual segue atropelando os povos
originários e intervindo na opção de escolha das suas germinações , no seu direito de ir e de vir,
de pensar, de realizar seus rituais, de manter seus valores, suas atitudes, seus costumes e de
resolver seus problemas de acordo com sua realidade e suas necessidades.
32. 2. A força energética do renascimento da Mãe d’Água e do nascimento da brotinha é bem nossa, é
um ritual sobrenatural nosso, é da geração da Olho d’Água, da Mãe do Rio e da Mãe d’Umbigo.
Ninguém pode arrancar; ninguém pode nos roubar. A germinação de nossas sementes se
encontram na quentura da Mãe do Fogo, a jaguaratê, que traz instinto, concepção, sagacidade,
coragem, ferocidade, agressividade, independência, autonomia, união complementar e que faz
desabrochar os fluidos maternos.
3. A Mãe d’Água não pode ser usada e jogada pelos mecânicos do sangue frio como um objeto
descartável. Como lhes revelar o nosso estilo? Será que ainda devemos suportar o ferro cortante,
a sangueira derramada, o tormento e a agonia das máquinas? Todo fluxo energético e as relações
magnéticas brotam para enflorar e potencializar a Mãe d’Água.
4. Na nossa terra, ninguém ousava dar à luz deitada na cama. Dar à luz, para nós, era estar
tranquila, quente, molhada, flexível, dilatada e sentada. Era festa, riso, alegria, solidariedade e
generosidade. Era estar sentada na calma no Anel de Madeira (cepinho) junto com a Mãe do
Fogo e a Mãe do Corpo, assistida pela Mãe d’Umbigo Raizeira, de toque incandescente que
‘modela’ o ‘Favo de Mel’, apara, segura a criança recém-nascida. Esse é o nosso estilo. Como
lhes revelar a dor do “parto de ferro”, realizado pelo “sangue frio”?
5. A transcendência energética nos renascimentos e nos nascimentos, a Força d’Alento Universal,
faz parte da vida, da sobrenatureza, mas acha-se severamente ameaçada pela repressão e pela
discriminação exercida sobre as meninas-mulheres, as Mães d’Água e as mulheres-mães em
razão de suas etnias, de seus valores, de suas crenças.
33. 6. Muitas mães envoltas em dolorosas experiências laboratoriais sob a crença de que todas são
objetos-mecânicos estão percebendo, somente agora, o dano e o medo produzidos pelos partos
institucionais e suas profundas implicações para o futuro da transcendência energética feminina.
Ninguém sabe dizer quantas são as crianças que ficaram com sequelas ou que foram
abandonadas pelas mães por representarem lembranças traumatizantes do parto institucional.
7. O tratamento dado às Mães d’Água e às mulheres-mães nas instituições hospitalares inclui
ameaças, opressões psicossociais e físicas, as quais exercem antecipadamente um efeito
desmoralizador e mortífero, pois para a Mãe d’Água e para a menina-mulher, o deitar-se na cama
de ferro para o parto ginecológico é algo associado à doença e à morte porque elas só se deitam
em situações graves e de falecimento.
8. A causa da estagnação dos povos amazônicos está na poluição dos rios e na seca dos
mesmos, no desmatamento, no abandono dos nascimentos sobrenaturais, na ascensão dos
sofrimentos, a aculturação filosófica e religiosa, grega-judaica-cristã-católica. O aumento da
agonia, o acréscimo da miséria nas reservas e nas aldeias se deve a falta de uma política
educacional e do resgate de um compromisso psicossocial transparente perante as nações
originárias.
9. Inúmeras concepções tenebrosas, profundamente sugestivas, desorientadoras, indigestas e
humilhantes são apresentadas às prenhas, às gestantes, vindas de mentes extremamente
embaçadas e poluidoras. Os obstetras medíocres argumentam às futuras mães que lhes seria
melhor a revolta e a não aceitação da dor dos nascimentos naturais.
10. Como extinguir esta ignorância funcional (a causa), o egocentrismo e a supervalorização do
mais forte (o acadêmico delinquente)? Como extinguir a tensão, a angústia e o sofrimento dos
trabalhos de parto e os partos abomináveis (os efeitos)?
34. 11. Para o obstetra e o anestesista é mais confortável e cômoda a eliminação do espontâneo,
do natural, e sintetizar o parto para compensar o custo-benefício, seus bens materiais e não
perder tempo com os alvoroços agressivos e as queixas espontâneas das mulheres-mães
durante a evolução dos nascimentos por via-fluvial baixa.
12. O obstetra, o cabeça, que não consegue conter seus sentimentos de raiva é moralmente
repugnante, falta-lhe controle de seus impulsos orais violentos, respeito e solidariedade perante
as mulheres-mães e as crianças que estão para nascer.
13. As práxis –barbárie e predação, intervenção e proteção humana nos partos humanizados
na mesa ginecológica- primeiramente, modificam o processo de respiração natural da mulher-
mãe e retardam o nascimento da criança, resultando em falta de oxigenação no cérebro da
criança. Num segundo momento, estrangula-se, corta-se violentamente a conexão energética
entre a mãe e a criança, alterando-se toda a estrutura da energia potencial e da energia funcional
do ventre materno que possibilitaria o desencadeamento face a face do nascimento sobrenatural
da criança pelo canal de nascimento.
14. As vibrações da energia funcional da flexibilidade da pélvisilíaco e do canal de nascimento
se mostram exauridas, a energia potencial reduzida às minguas, a níveis muito baixos até a
mulher-mãe sentir-se aprisionada, sufocada, atordoada, esgotada, chegando até o pico da
exaustão grosseira, é quando seus movimentos sensoriais, suas extremidades inferiores e seu
ventre vão se paralisando, ficando difícil respirar e dar à luz ao mesmo tempo. A intervenção e a
proteção humana salvadora a destrói, a fragmenta, a reprime, a faz sofrer e morrer em vida.
35. 15. As relações complementares entre as primeiras Dores de Puxo e a Grande Dor da Força
d’Alento da Expulsão são sinais do término da gestação, do início de um grande renascimento da
mulher-mãe e de um fugaz nascimento da criança; elas não se constituem nem se resumem a um
universo de trevas como os benfeitores obstetras querem que acreditem.
16. As dores dos renascimentos e dos nascimentos são um fenômeno sobrenatural poderoso da
Mãe d’Água; não é algo recente e limitado a determinados grupos étnicos, pois a passagem pela
via-fluvial baixa sempre foi algo desafiador, uma grande iniciação ritualística para se tornar
mulher-mãe. Só às Mães d’Umbigo foram legadas, por sua ancestralidade energeticamente
complexa ao longo dos formosos e belos tempos, o ato de aparar e pegar a recém-nascida.
17. As Mães d’Água acreditam que as dores de puxo e sua flexibilidade pélvicailíaca nada mais
são que a recopilação da concepção do Universo rítmico, alterável, mutável, variável e incerto. O
movimento pélvicoilíaco seria uma réplica da criação do Universo Cósmico.
18. Portanto, todo povo elabora suas próprias práticas e define o modo particular de ter seus
descendentes. Nesta germinação, particularmente, decidiu-se reconhecer a supremacia da Força
d’Alento Energético irradiada a partir do organismo sensorial feminino nos rios ou em casa.
19. Ao contrário dessas realizações energéticas, a medicina cosmopolita, ao invés de deixar
evoluir sobrenaturalmente o processo do nascimento sem drogas e sem intervenções, age com
nefasta displicência, consagrando seu poder institucional covarde sobre a gestante. Ela fica
dominada, acuada, ferida, impedida de se sentar, aterrorizada, embaraçada, sem poder se
movimentar pela ingerência obstétrica e seus narcóticos paralisantes que lhe trazem frustrações e
doença.
36. 20. É exatamente esse hábito bárbaro e humano (a causa) que o novo técnico aprendiz, hoje, não
precisa adotar para o sofrimento (o efeito) da gestante e da recém-nascida. O mais importante
seria estimular a mulher-mãe sensitivamente, afetivamente, sentimentalmente, deixá-la relaxada
para bem aceitar a plenitude de sua transcendência energética e dar à luz pela via-fluvial baixa.
21. Impor o modo de conceber os nascimentos no mundo mecanizado civilizado não é do direito
de ninguém.
A frustração do obstetra frio decorre do apego a sua máquina, do anseio de fugir, de se
esquivar do devir, de querer fazer adormecer, reter os fluxos gestacionais sobrenaturais, evitar o
fluxo da plenitude energética da criança por via-fluvial baixa e a finitude prática do canal de
nascimento da mulher-mãe.
22. O bem-estar para o bem-viver, a salvação, a saúde são ilusões cosmopolitas. O obstetra frio
que corta e faz estagnar o fluir energético é um instrumento, um objeto estático, inerte, é uma
epidemia cancerígena já que não aceita e não respeita o esforço e os movimentos cinéticos da
Mãe d’Água.
23. Por causa de suas atitudes extravagantes que consagram o poder econômico, a instituição
obstétrica levanta muros sugestivos de agonia e de sofrimento. Mostra suas atitudes frias ao
especificar que as gestantes modernas devem tomar atitudes frígidas, permanecerem inertes,
proibindo-as até de expressarem sentimentos de dor e de ódio diante da intervenção do
obstetra.
37. 25 Se as mulheres-mães se submeterem a essas posturas, estarão mostrando suas fraquezas,
mostrando ser coitadinhas, fraquinhas, pobrezinhas, domáveis e submissas; se ao contrário
expuserem seus gritos, sua raiva, sua indignação, serão tratadas como nordestinas, baianas,
impetuosas, extravagantes, loucas e marginais. Não serão consideradas “brasileiras civilizadas”,
que aceitam tudo e deixam tudo nas mãos do divino machista ou dos que levam vantagens em
tudo por levar um avental branco contaminado e manchado de sangue inocente.
26. Como se percebe, a ideia do bem-estar e do bem-viver exige a eliminação dos sentimentos
e do direito de escolha. As mulheres-mães devem reprimir seus instintos, devem esquecer a sua
dor. Todas as “débeis anomalias”, a agressividade, a ferocidade, a coragem, a sagacidade,
fonte da Força d’ Alento Energético, devem ser eliminadas, ficando a capacidade maternal
destruída. A mama’e será transformada em um espectro fantasiosamente manipulável através
das drogas alucinógenas (sedativos).
27. Dor e prazer, amor e ódio, medo e vida, vida e morte. Dar à luz sobrenaturalmente envolve
sentimentos instintivos de uma mesma seiva, a transcendência energética. Sim, eliminá-las
abriria um perigoso precedente. Lutar contra a dor, lutar contra a doença é lutar contra a morte.
Adotar sedativos é trilhar pelo caminho de uma lenta agonia, é lutar contra si mesmo - deste modo
se tornará um zumbi nas mãos frias do alienador .
28. A mulher-mãe deve acreditar e aceitar que tem uma identidade e um poder de degeneração
natural, mas, também, que tem um poder de transformação energética sobrenatural. Não siga
as penosas encruzilhadas da ignorância obstétrica, do delinquente acadêmico, do sofrimento, da
culpa, do pecado, até chegar à sala de inibição do trabalho de parto. Vivencie todos os momentos
da ALSUÑA. Transcenda, transforme-se energeticamente em um bálsamo deslizante, num
deleite interminável das águas mornas vivas.