1. O documento descreve as tradições e práticas das Mães d'Água e Mães d'Umbigo durante o processo de parto e nascimento.
2. As Mães d'Água procuravam as Mães d'Umbigo no início da gravidez para orientação e apoio. As Mães d'Umbigo ensinavam cuidados com a alimentação, ervas medicinais, e realizavam rituais para fortalecer a força da Mãe d'Água.
3. Durante o parto, a
1. MÃE D’UMBIGO
Y’PYRUÁ SY
~ ~
MÃE D’ÁGUA
Y’SY
As Mães d’Água são as prenhas vestidas que
realizam seus nascimentos em casa,
manifestando o movimento pélvico- ventral, a
coragem, a força, a agressividade e a
liberdade das Olhos d’Água, as prenhas
nuas dos rios amazônicos. As(os) recém
nascidas(os) são recebidas(os) pelas
Mães d’Umbigo.
12ª Mallku Chanez
3. Mallku Chanez Pacha Lea Chanez
Medicina Kallawaya Itinerante
Luquiqaman Tink’u
A transcendência energética
A grande emanação das forças energéticas vibratórias,
a qual se relaciona com os movimentos magnéticos
naturais e sobrenaturais.
4. Era Luqiqaman Tink’u
o valor energético para uso próprio
Originário da transcendência energética do
Tiowayaku no Kollasuyo, Bolívia.
Jaxy Py’a Hu, novembro de 2019
5. A honi da Y’Agury kapi-aí
A semente da mama’e dentro das águas na plenitude de seu movimento
Dimensión: 26x20 cm
Material: Madera
6. O PRIMEIRO ENCONTRO DA MÃE D’ÁGUA COM A
MÃE D’UMBIGO RAIZEIRA
Vamos cantar ao movimento da Mãe d’Umbigo e da Mãe d’Água.
Preservar e fortalecer a Força d’Alento Universal da
Mãe d’Água através de recursos e
forças sobrenaturais era a intenção da Mãe d’Umbigo
Em geral, as Mães d’Água procuravam a Mãe d’Umbigo no início da prenhes, outras,
quando percebiam que a ‘semente estava amadurecendo’, ou seja, quando o grande movimento
da força universal da Mãe d’Água havia começado.
2. Pediam orientação à Mãe d’Umbigo para melhor compreensão dos movimentos da ‘flor bonita’
ou da Y’Agury Kapi-aí que estava dentro das águas, para que pudessem potencializar ou
aumentar o calor, percebendo a qualidade da Mãe do Fogo, para que, depois, pudessem se
amornar e tornar a ser novamente Mães d’Água.
7. 3. Após a Mãe d’Água recepcionar a Mãe d’Umbigo em casa, sentavam-se num
banquinho com três pés e davam-se as mãos. No meio delas, estavam os Patuás.
Recolhiam-se e se juntavam ao Nhe’ē Tatá, poder do grande fogo da Mãe do Corpo,
Piraguaçu, através da força do Grande Patuá da Mãe d’Umbigo, para que através dele
elas pudessem potencializar a força da concepção da Mãe d’Água.
4. A Mãe d’Umbigo, pegando as mãos da Mãe d’Água, murmurava entoares, cânticos
mágicos e misteriosos que fortaleciam a Mãe d’Água por dentro, fazendo acordar o
poder profundo da Mãe do Fogo que a acompanharia durante o ciclo e o ritmo de seu
renascimento.
5. A Mãe d’Umbigo inclinava-se e dizia: “cada ser na natureza deve ser invocado. Neste
momento, invocamos as sementes: a semente da alegria, a semente do sorriso e a
semente do Universo”. E então, a Mãe d’Umbigo entregava as sementes e o
Patuazinho, que tinham poderes naturais e mágicos, à Mãe d’Água.
6. Assim, dava-se início à interação da Mãe d’Umbigo com a Mãe d’Água ao ritmo e ao
ciclo de transição da Mãe d’Água. Entoava-se:
•Y’Poty porã makova’e, Y’Poty porã ma kova’e.
•Ela tem uma flor bonita, tem uma flor bonita.
8. 7. Depois do entoar de iniciação, a Mãe d’Umbigo realizava o toque do Mãe do Corpo, útero, para
sentir a ‘flor bonita’, para sentir se ela estava pulsando, e seguidamente orientava a Mãe d’Água a
procurar as ervas que tinham que estar disponíveis em casa.
8. Após o primeiro encontro, a Mãe d’Umbigo fazia visitas constantes à Mãe d’Água, sempre com o
intuito de orientá-la na alimentação, nos banhos de assento com ervas, raízes, cascas e folhas, na
limpeza pessoal, nos cuidados com os cueiros (enxoval) e principalmente para que o medo fosse
percebido com naturalidade quando se fizesse presente.
9. Durante todo o tempo, a Mãe d’Umbigo Raizeira ficava atenta a qualquer mudança de caráter na
Mãe d’Água. Era um dom que elas possuíam. Sabiam de todos os cuidados necessários além dos
tratamentos com ervas ou sem elas. As Mães d’Umbigo eram muito entendidas e sábias.
9. O RESGUARDO DA MÃE D’ÁGUA
A cultura do ritmo, do resguardo e da ‘quentura da placenta’,
Anel d’Aguaí
O resguardo da Mãe d’Água, para a guarda da Mãe do Corpo, e o resguardo da
‘quentura da placenta’, Anel d’Aguaí, energizada pelos alimentos rimosos.
2. Certos cuidados com os alimentos e o repouso devem ser levados em consideração no rito e no
ciclo da menina-mulher, no ritmo e no ciclo da Mãe d’Água, para que a Mãe do fogo, energia do
fogo, do Anel do Lábio, possa ser desenvolvida.
3. A Mãe do Fogo é a incandescência energética, um poder contínuo adormecido, acordado
durante o prazer, no momento da concepção, do renascimento e do nascimento. Ao término do
nascimento, si tudo fluir bem, primeiramente descerá a mitã e em seguida a placenta.
4. O ritmo da guarda da dieta e a prudência, o cuidado em conservar a Força d’Alento Universal
através das vibrações e da purificação da Mãe do Fogo, mostram sua importância na limpeza da
Mãe do Corpo.
10. 5. O resguardo do Anel da Boca
A Mãe d’Água deve tomar cuidado para não introduzir alimentos ácidos ou
perversos que tornem a digestão difícil e intoxiquem o sangue.
6. A guarda da Mãe do Corpo, piraguaçu (útero)
Chás de ervas e banhos de cozimentos (banhos de assento com camomila)
são utilizados para abrir as carnes e não deixá-las enrijecer. Esse procedimento
mantem o corpo limpo, sem cólicas e o(a) brotinho(a) não descerá “gaparento”, sujo, e
com cólicas.
11. FLORES BRANCAS E TANXAGEM
“Corrimentos”
“A Menina-mulher e a Mãe d’Água que ficam
tragadas por sujeiras no sangue”.
Quentura (cistite), corrimentos e cólicas
(cheiro de ovo podre).
Para potencializar a Força d’Alento, realizar banhos de assento e chá com:
a). a casca de ameixa, casca de queixabeira (cistite)
b). vinagre branco com um pouco de água morna.
c). sal em pedra diluído em água morna (corrimento)
d). folha e raiz de arrozinha (quentura)
e). cipó cruz para o fígado
f). cinco nervos, tanxagem, folha e tronco (corrimento).
12. Do ponto de vista da Mãe d’Umbigo, era para fazer lavagem dentro do Anel do Beiço,
vagina, e o Anel do Lábio da Mãe d’Água. Usava-se até um canudinho, um casquinho de uma erva
que se chamava Cauda de Cavalo. Enchia-se o canudinho e espremia-se nos Anéis. Era feito se
por acaso as Flores Brancas tragassem a Mãe do Corpo com sujeira e intoxicassem o sangue.
2. “Era muito raro acontecer que alguma menina-mulher ficasse tragada, mas se acontecesse,
deveria fazer algumas lavagens e utilizar o mesmo estilo. Eu mesma nunca precisei usar esse
estilo, fui sempre muito limpa. Nessa parte da Mãe do Corpo, sempre fui muito asseada”. (D. Cida
70 anos).
3. “Eu acho que as Flores Brancas são uma sujeira no sangue causada pela alimentação rimosa
que provoca muita acidez e indigestão para a Mãe d’Água e dela para a Mãe do Corpo, se ela não
faz a guarda da boca quando está chegando o ritmo da Oguapy.
4. Deve-se evitar comer carnes de todo tipo. Também, é preciso tomar cuidado ao comer alguns
tipos de legumes que deixam a Mãe d’Água muito tragada, assim como o repolho, o pepino, o
pimentão, pois são alimentos muito fortes, muito ácidos, capazes de maltratar muito a Mãe do
Corpo tanto da menina-mulher como da Mãe d’Água. Nós achamos que essa acidez é conduzida
pelo sangue e provoca ardor na urina porque a Mãe d’Água é tragada lá na Mãe do Corpo”. (D.
Inesita, 65 anos).
13. Cepinho do fogo (banquinho)
O Anel de Madeira cortado pelo raio
14. CEPINHO DO FOGO
O Anel de Madeira cortado pelo raio
Segundo a concepção das Mães d’Umbigo, o Anel de Madeira ou o Cepinho do Raio
(banquinho) concentra forças energéticas do Universo cósmico e da Mãe Natureza.
2. O raio e o trovão são energias que contém fogo, geram movimento e água. O raio e o trovão,
juntos, nutrem a força energética do Anel de Madeira, a irmã árvore, quando ela é atingida pelo
irmão raio.
3. A irmã árvore, logo que era derrubada pela pancada do irmão raio, era acolhida e banhada com
óleo de mamona para ser aceita. Separava-se o extremo atingido pelo irmão raio para servir como
Cepinho do Raio o qual ajudaria as suas irmãs Mães d’Água a renascer e a Y’Agury Kapi-aí a
nascer.
4. Primeiramente, agradecia-se à Mãe Terra e, depois, realizava-se uma purificação com ervas,
defumando o lugar em que a irmã árvore tinha sido atingida. Tudo isso para que as forças
energéticas do raio e da água contidas nela fossem mantidas, tornando-a suave e resistente ao
mesmo tempo. Seria utilizado como Anel de Madeira, no qual a Mãe d’Água iria se apoiar e
recepcionar, no renascimento e no nascimento, a Dor da Força d’Alento Universal
15. O assento na calma da Mãe d’Água
Sentar–se gera serenidade, coragem, sangue limpo e fluidos.
16. O ASSENTO DA CALMA DA MÃE D’ ÁGUA EM CASA
No Cepinho do Fogo, a
Mãe d’Água vivencia
momentos de transcendência única.
Nele acontece o seu renascimento.
5. A Mãe d’Água se aprofunda
dentro do fluido de suas
águas, mergulha dentro de
si mesma, desvestida.
A água e o fogo se tornam um
5. para o desvendamento da
Mãe d’Água e para o
nascimento da mitã.
17. Minha bisavó passou para minha mama’e a cerimônia da descida da Y’Agury e do
renascimento da Mãe d’Água em casa. Ensinava a gente como assistir em casa. A Mãe d’Água
tinha que renascer no Assento da Calma, no Cepinho do Raio, através da Força d’Alento
Universal. É o nosso verdadeiro estilo para que a Y’Agury desça forte e se sinta bem.
2. A Mãe d’Umbigo Águida nos dizia: “quando sentir as primeiras Dores de Puxo, fique sentada na
calma, na posição da Olho d’Água. Se tiver consigo o Anel de Madeira, sente-se nele e espere”.
Ela dizia que a irmã árvore de que estava feito o Anel de Madeira tinha muita energia vinda dos
raios, dos trovões, do céu e da Mãe Terra e que daria forças à Mãe d’Água até a chegada da Mãe
d’Umbigo. A intenção era acalmar, relaxar a Mãe d’Água através do uso de forças naturais e de
seus próprios meios e recursos.
. “Antes de viajar para outro universo, minha tataravó Águida passou o Patiguá para minha Avó
d’Umbigo, no qual se encontravam o Grande Patuá, o Patuazinho e o Anel de Madeira, essenciais
para o ritual da descida da Y’Agury e para o renascimento da Mãe d’Água”. (D. Marcolina, 65 anos)
4. As Mães d’Umbigo levavam plantas e raízes para defumar a casa. Certas substâncias da
natureza possuem qualidades aromáticas essenciais de significado oculto. Diziam que a menina-
mulher, sendo ou não sendo Mãe d’Água, tinha que saber dos recursos e da força da Mãe
Natureza.
5. Segundo as Mães d’Umbigo Raizeiras, os remédios feitos de ervas, raízes, folhas, talos, flores,
ossos, terra e cascas são importantes para o recebimento da Força de Alento Universal.
Queimavam-se folhas de Alfazema e defumava-se o recinto onde a(o) brotinha(o) iria descer e a
Mãe d’Água iria renascer. No restante da casa, queimavam-se cascas de Bálsamo.
18. d’Umbigo.
7. Raízes, troncos, talos, folhas e flores cheirosas eram importantes para afastar as energias
malignas, ‘mau olhado’, que as pessoas traziam, para que eles não interferissem no renascimento
da Mãe d’Água e na descida da Y’Agury. Desde então, por várias luas, a mama’e e a criança
estariam com as carnes profundamente abertas. É por isso que a Cerimônia do Passe com
recursos e forças naturais era importante.
8. “Minha mama’e tinha tudo preparado. Até o cavalo estava bem alimentado, descansado, pronto
para ser selado. Quando alguém chegava chamando: “Dona Maria! Vem que a Carlinha vai ganhar
a brotinha”, minha mama’e mandava esperar enquanto ela fazia a cerimônia de abertura com o
Grande Patuá. Logo, pegava o Patiguá, colocava nele a tesoura fervida envolta em panos e
pegava o Cepinho do Raio envolto em cueiros brancos. Enquanto ela se preparava, pedia para
que selasse depressa o cavalo com Sião, uma sela diferente para a Mãe d’Umbigo sentar. Não
montava menino-homem porque se montava de lado, montava-se escanchado. Ela saía
escanchada no cavalo para aqueles lugares, muitas vezes muito longe para assistir a Mãe
d’Água”.
19. TIPOS DE MÃES D’UMBIGO RAIZEIRAS
Uma gota de orvalho pode se tornar um oceano.
O deleite pode se tornar um suplício.
Conselhos para as mães de primeira viagem
Respire vagarosamente,
respire lentamente para ter uma
atitude amistosa e acolhedora
perante a Mãe d’Umbigo.
5. Sem medo, sem esforço e sem tensão.
Retire as pedras e as
pancadas do raio de seu caminho.
Não veja só pedras em seu caminho.
Veja águas límpidas, veja águas cristalinas,
10. dê transparência aos seus desejos.
Eram várias, as Mães d’Umbigo. Tinham aquelas mais preparadas, com mais
experiência. Essas eram as preferidas das Mães d’Água. Algumas Mães d’Umbigo não tinham
costume de receber dinheiro e certas Mães d’Água tinham costume de não pagá-las em dinheiro.
20. 2. Entre as Mães d’Umbigo tinham aquelas que não aceitavam assistir por dinheiro; assistiam as
Mães d’Água por sentimento, solidariedade, prazer e porque acreditavam no Poder da Força
d’Alento Universal. Outras faziam para manter o estilo ou a herança deixada pelas Olhos d’Água,
para assim dar continuidade à Força de Alento Universal.
3. Para algumas Mães d’Umbigo, era uma obrigação cuidar dos renascimentos das Mães d’Água,
pegar e aparar a(o) coroinha. Outras Mães d’Umbigo assistiam por solidariedade, já que existiam
Mães d’Água prontas a darem à luz, mas que nunca se preocuparam em procurar orientações
delas. Frequentemente, a vizinha curiosa se encarregava de oferecer assistência emergencial ao
socorrê-la no momento da descida da(o) coroinha. Depois, a própria vizinha se prontificava em
chamar a Mãe d’Umbigo.
4. As Mães d’Água davam tanto quanto queriam e quanto podiam em troca da assistência da Mãe
d’Umbigo. Davam-lhes presentes como cabritos, leitões, ovos, verduras e outras coisas mais.
Determinadas Mães d’Umbigo eram muito bem queridas pela comunidade. Recebiam
muitos presentes, mas, também, pagavam-lhe em dinheiro. Havia quem fizesse questão de cobrar
em dinheiro mesmo e ainda ganhava boi, cavalo, terra, etc. A Mãe d’Umbigo que pegava uma Mãe
d’Água com boas condições financeiras, principalmente esposas de fazendeiros, era protegida por
eles por toda a sua vida.
5. “A Mãe d’Umbigo Maria Carolina era uma dona bem de vida. Fazia renascimentos por dinheiro
mesmo! Era muito entendida. O pessoal acreditava muito na Força de Alento Universal dela. Era
muito procurada porque fazia uma assistência muito boa. Muitas preferiam chamá-la porque era
uma pessoa muito limpa na assistência e porque estava sempre preparada para qualquer
dificuldade”. (D. Branca)
21. 6. A Mãe d’Umbigo dona Quitéria foi uma das muitas que se converteram às igrejas protestantes,
católicas e outras, deixando de acreditar em nosso estilo de Assento na Calma, a Força d’Alento
Universal.
7. A dona Quitéria se converteu à igreja cristã e começou a ficar distante do nosso estilo. Tínhamos
que, por obrigação, seguir nossas avós e bisavós. Ela conhecia muitas ervas para não ter
brotinhos, mas toda essa sabedoria foi sendo esquecida e por isso muitas de nós temos muitos
coroinhas hoje. Tudo isso está sendo muito difícil para todas nós. Quem poderá nos assistir em
nosso estilo?” (D. Marcemina, 60 anos, oito renascimentos)
8. O Pai d’Umbigo seu Manoel dizia: ‘se eu coloquei para dentro, eu vou colocar para fora’.
“ Não tinha meninos-homens que assistiam os renascimentos das Mães d’Água. Só meu
sogro que eu saiba. Ele fazia e assistia minha sogra. Quando casei, fiquei horrorizada porque
descobri que meu sogro era quem fazia os renascimentos de minha sogra, D. Vitalina. Minha sogra
teve vinte e três filhos. Os três primeiros foram assistidos e orientados pela Mãe d’Umbigo e os
restantes foram pegos pelas mãos de meu sogro, seu Manoel. ‘Se eu coloquei para dentro, eu vou
colocar para fora’. Dizendo assim, ele fechava a porta, trancava o quarto e ficava sozinho com D.
Vitalina quando ela começava a sentir as primeiras Dores de Puxo.
9. Eu achava esquisito um menino-homem fazer assim. Eu achava que as mãos de um menino-
homem não eram para lidar com a Mãe do Corpo. Aquelas mãos grosseiras, calejadas, que davam
duro na roça todos os dias. Achava que não tinham jeito de lidar com o Anel do Beiço da Mãe
d’Água, por onde desce o coroinha”.
22. 10. Saber lidar com a arte de descer
No momento da “Dor de Puxo” da Mãe d’Água, a Mãe d’Umbigo que a assistia ajudava na
contração, massageava ali no Anel do Beiço, no Anel do Lábio e na Mãe do Corpo que era para o
Y’Agury Kapi-aí coroar e descer. Ela ajudava na rotação e no movimento da(o) brotinha(o)
inclusive se ela(e) se encontrava atravessada(o).
11. A Mãe d’Umbigo tocava e fazia massagens no pé da barriga, ventre, para perceber se a(o)
brotinha(o) estava numa boa posição e se não estava invertida(o).
12. “Quando a(o) olhinha(o) não se encontrava na posição de descer, ela(e) era virada(o)
externamente até ficar com a cabeça para baixo. Então, eu achava que aquilo lá era uma arte (um
saber lidar com a arte de descer) da menina-mulher junto com o poder da Mãe d’Umbigo e do
Grande Patuá. Não era para o menino-homem. Não porque fosse marido e esposo. Não tem nada
de vergonhoso. Eu achava que as mãos do menino-homem não eram tão delicadas para sentir e
por não terem a Mãe do Corpo, como poderiam saber tocar algo que não conhecem e nem tem?”
(D. L. 58 anos, seis renascimentos).
23. Os brotos iniciados no universo do Kheno da Pacas Mili.
São a união de duas energias, do fogo-feminino e da água-masculina.
Esta unidade gerou uma terceira Pessoa Paisagem, a Y’Agury kapi-aí.