Doença infecciosa de grande importancia durante a gestação e em imunodeprimidos, causada pelo Toxoplasma gondii, tem como único hospedeiro definitivo os felídeos, entre eles o gato, e como hospedeiros intermediários animais de sangue quente, entre eles o homem.
2. OBJETIVOS
• Principal
• Revisar sobre a toxoplasmose, doença infecciosa de grande importância para
obstetrícia, por suas graves complicações sobre o concepto.
• Específicos
• Esclarecer de modo didático, o que é, quais as formas de transmissão, o
diagnóstico, o tratamento e quais as complicações para o feto se não tratado
adequadamente.
3. Toxoplasma gondii
• Protozoário microscópico do filo Apicomplexa, de ciclo de vida
facultativamente heterogéneo, tendo os felídeos como hospedeiros
definitivos, enquanto que as outras espécies de mamíferos e as aves
funcionam como hospedeiros intermediários. O Toxoplasma gondii é
a única espécie conhecida do gênero Toxoplasma.
5. HISTÓRICO
• O Toxoplasma foi isolado, primeiramente em 1908 por Nicolle &
Manceaux, de um roedor africano da espécie Ctenodactylus gundi, a
qual originou o nome.
• Na mesma época, em São Paulo, Splendore isolou o mesmo agente
de coelhos. O ciclo deste parasita só foi totalmente publicado em
1970 por Dubey e colaboradores
7. CICLO DE VIDA
• O ciclo de vida do T. gondii é heteróxeno facultativo (hetero = outros, xenos =
estrangeiros) e eurixeno (eurys = largo). Possui reprodução assexuado nos hospedeiros
definitivos e intermediários, e sexuada apenas nos felinos, incluindo o gato doméstico.
• Os hospedeiros intermediários se infectam através da ingestão de oocistos espurulados
nos alimentos contaminados. Estes oocistos, uma vez no organismo, invadem o epitélio
intestinal entre outras células, desde que sejam mononucleares. Multiplicam-se por
reprodução assexuada, formando taquizoitos. Os taquizoitos livres, quando na fase
inicial, podem ser transmitidos de forma vertical para os fetos. Os taquizoitos se aderem
ao epitélio, não sendo assim arrastado pelas fezes, mas alguns se transformam em cistos,
que são formas resistentes inativas, que são eliminados nas fezes. Já nos hospedeiros
definitivos, além da forma assexuada, o T. gondii também pode assumir a forma sexuada.
Esta fase ocorre no intestino dos felinos. Os felinos se contaminam através da ingestão
de animais contaminados por taquizoitos ou bradizoitos. Menos de 50% dos felinos que
ingerem taquizoitos eliminam oocistos, e 100% quando ingerem bradizoitos eliminam
oocistos nas fezes. Na fase assexuada, o parasita passa por um processo chamado
esquizogonia, onde o núcleo do parasita se divide várias vezes formando o esquizonte.
Este passa por um outro processo chamado gametogonia, onde esses esquizontes se
dividirão em gametas, gerando zigotos (oocistos).
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10. Quais as formas de contrair a infecção?
• São três formas:
• A mais comum é a ingestão de carne – bovina, suína ou de aves –, crua ou mal
cozida, contendo cistos do protozoário.
• O consumo de leite e derivados cru, não pasteurizado, com presença de
taquizoítos.
• Ingerir diretamente Oocistos, seja através do consumo de hortaliças mal
higienizadas, ao manusear terra contaminada, seja diretamente ou
indiretamente por falta de higiene.
11. TOXOPLASMOSE
• Uma zoonose de distribuição mundial causada pelo Toxoplasma
gondii.
• É uma doença infecciosa, congênita ou adquirida.
• Adquire especial relevância quando atinge a gestante, visto o elevado
risco de acometimento fetal.
12. CURIOSIDADE
• Ela causa mudanças comportamentais nos seus hospedeiros, para
que os mesmos sejam predados por felinos, os hospedeiros
definitivos da espécie T. gondii. Umas das principais mudanças é a
perda da aversão natural ao cheiro de urina de felinos, por exemplo,
pelos ratos e chimpanzés, que tem felinos como principais
predadores naturais. Isso também ocorre com seres humanos, que
perdem a aversão a urina de gato, por exemplo.
13. QUADRO CLÍNICO
• NA GESTANTE
• Na grande maioria das vezes assintomática
ou com sintomas bastante inespecíficos
(febre, linfadenomegalias).
• NO RN
• Restrição do crescimento intrauterino
• Morte fetal
• Prematuridade
• Microcefalia
• Hidrocefalia
• Retardo mental
• Microftalmia
• Pneumonite
• Retinocoroidite
• Calcificações cerebrais
• Hepatoesplenomegalia
• Linfadenopatia
• Icterícia
• Anemia
• Anormalidades liquóricas
• Estrabismo
• Crises convulsivas
• Distermias
• Sangramentos
• Erupção cutânea
14. DIAGNÓSTICO
• Muito importante, mesmo na ausência de sintomas
• CLÍNICO
• Pouco fidedigna, investigar processos febris, linfoadenomegalia, contato com felinos,
manuseio de terra ou carne crua.
• LABORATORIAL
• Imunofluorescência (ELISA)
• Hemoglutinação
• Objetivo principal: Prevenção da toxoplasmose congênita e suas sequelas
• Falta consenso sobre o real benefício do rastreamento universal para
toxoplasmose
• MS recomenda: triagem sorológica, principalmente em lugares de alta
prevalência
15. Objetivo principal (do diagnóstico)
• Prevenção da infecção aguda (prevenção primária)
• Detecção e tratamento precoce visando prevenir transmissão fetal
• Tratamento adequado, caso haja contaminação intraútero
17. IgA
• Os anticorpos IgA, em adultos, podem ficar positivos por mais de um
ano, tendo pouco valor para diagnóstico de infecção recente.
18. Informação!
• Em 2007, uma metanálise das coortes disponíveis estimou o risco de
TV em 15% quando a soroconversão ocorreu com 13 semanas de
gestação, 44%, com 26 semanas, e 71%, com 36 semanas.
• A fraquencia da TV e a gravidade da doença estão inversamente
relacionadas.
19. Formas de prevenção?
• Lavar as mãos ao manipular alimentos;
• Lavar bem frutas, legumes e verduras antes de se alimentar;
• Não ingerir carnes cruas, mal cozidas ou mal passadas, incluindo
embutidos;
• Evitar contato com o solo e terra de jardim, se indispensável, usar
luvas e lavar bem as mãos após;
• Evitar contato com fezes de gato(felino) no lixo ou solo;
• Após manusear carne crua, lavar bem as mãos, assim como também
toda a superfície que entrou em contato com o alimento e todos os
utensílios utilizados;
20. • Não consumir leite e derivados crus, não pasteurizados, seja de vaca
ou de cabra;
• Propor que outra pessoa limpe a caixa de areia dos gatos e, caso não
seja possível, limpá-la e trocá-la diariamente, utilizando luvas e
parzinha;
• Alimentar os gatos com carne cozida ou ração, não deixando que
estes ingiram caça;
• Lavar bem as mãos após contato com os animais.
21. INTERPRETAÇÃO DOS EXAMES E CONDUTA
• Se alta prevalência, rastreamento cada 2 ou 3 meses com método
enzimático
• Se IgG ou IgM + (notadamente IgM), iniciar imediatamente o uso de
espiramicina 1g (3.000.000 UI) cada 8 horas (3g dia) VO. Repetir o
exame na mesma amostra. Os laboratórios devem ser instruídos
sobre os procedimentos a serem adotados diante da detecção de Ac
IgM.
22. • Confirmada a infecção aguda:
• Antes das 30 semanas:
• Manter espiramicina, mesma dose, até o fim da gravidez.
• Depois das 30 semanas:
• Instituir tratamento tríplice materno
• Pirimetamina, 25mg de 12/12 horas , VO
• Sulfadiazina, 1.500mg de 12/12 horas, VO
• Ácido folínico, 10 mg/dia (imprescindível para prevenção de aplasia medular causada pela
pirimetamina)
• Por que não usar a Espiramicina após 30 semanas?
23. • A espiramicina não atravessa a barreira placentária, tendo efeito
apenas de impedir ou retardar a passagem do Toxoplasma gondii para
o feto, diminuindo ou evitando o acometimento do mesmo. Portanto,
não está indicada quando há certeza ou mesmo probabilidade muito
grande de infecção fetal (como quando a gestante adquire a infecção
após a 30ª sem.). Nesses casos, está indicado o tratamento tríplice,
que atua sobre o feto.
24. • Exame solicitado na 1ª consulta detecta Ac IgM:
• Gestação < 16 semanas
• Realizar imediatamente teste de avidez de IgG, na mesma amostra de soro (os laboratórios
devem ser instruídos para esse procedimento)
• Baixa avidez
• Infecção aguda, iniciar imediatamente tratamento com espiramicina
• Alta avidez
• Infecção antiga, não havendo necessidade de tratamento nem testes adicionais
• Gestação > 16 semanas
• Iniciar tratamento com espiramicina.
• Não há necessidade de realização de teste de avidez, pois mesmo uma infecção alta não
descartaria infecção adquirida durante a gestação, embora possa ser útil para ajudar a
determinar a época em que ocorreu.
• Em algumas pessoas a avidez dos Ac IgG permanece baixa por mais tempo, não sendo a
avidez baixa uma certeza de infecção recente.
• Notificação compulsória!
25. Diagnóstico de infecção fetal
• Na presença de infecção aguda materna
• Pesquisa do Toxoplasma gondii no líquido amniótico
• PCR no líquido amniótico, a partir da 18ª semana
• PCR comum tem muitos falsos + e falsos –
• Indicada PCR em tempo real
• Exame ecográfico
• Diagnostica apenas as complicações da toxoplasmose fetal
• HIDROCEFALIA, calcificações cerebrais, ascite fetal e alterações de ecotextura hepática e
esplênica
• Mas está indicada sua realização mensal, pois a presença de sinais anormais
pode determinar a mudança do tratamento
26. Conduta com o recém nascido
• Todo recém nascido filho de gestante que teve diagnóstico de certeza
ou suspeita de toxoplasmose na gestação deve ser submetido a
investigação completa para o diagnóstico de toxoplasmose congênita.
• Exame clínico e neurológico
• Exame oftalmológico completo com fundoscopia
• Exame de imagem cerebral
• Exames hematológicos e de função hepática
• O lactente deve ser acompanhado e o tratamento iniciado a critério do
pediatra.
27. Em regiões de alta edemicidade
• Na toxoplasmose adquirida após 30ª semana de gestação, o risco de
infecção é alto o suficiente para dispensar procedimentos de
diagnóstico fetal e indicar o início imediato do tratamento em
esquema tríplice
28. Lembrete
• A infecção (contato com o parasita) não causa, necessariamente, a doença. Para
isto, é necessário que o sistema imunológico esteja debilitado, como muitas vezes
ocorre com pacientes idosos, portadores de HIV e transplantados.
• Nem todos os gatos têm toxoplasmose. Na verdade, são poucos os que
apresentam a doença. Estima-se que apenas 1% da população felina elimine os
cistos do protozoário T. gondii no ambiente
• Nem todos os gatos podem transmitir a toxoplasmose através da eliminação de
oocistos nas fezes. Quando o fazem, é por um curto período de tempo, e
geralmente só nas primeiras semanas de vida.
• Os oocistos de T. gondii que são eliminados nas fezes não são capazes de causar a
doença imediatamente. É preciso que as fezes contaminadas permaneçam no
meio ambiente por alguns dias para que os oocistos esporulem. Só então, estes
se tornarem infectantes.