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PENHA
A Serra da Penha, culminar de altitude do concelho de Guimarães, cidade berço de Portugal, com cerca de 613 metros de altitude situa-
se na freguesia da Costa. Este monumento natural é um importante polo turístico tanto devido à sua fauna e flora ainda preservada, sendo
esta uma área protegida. Este geossítio é predominantemente granítico o que permite a geração das gigantes geoformas pelas quais é tão bem
conhecido, isto devido à baixa densidade deste tipo de rocha.
Como não é invulgar à volta desta serra foram criados alguns mitos populares, transmitidos de geração em geração. Um dos mitos narra
que, de certos pontos, na vertente oeste da encosta da Penha, em dias de céu limpo será possível avistar o mar da Póvoa de Varzim. Mas, a
audácia dos mitos vai ainda mais longe, proclamam também que esta serra terá antes estado submersa. Mitos idênticos a este existem
também noutras regiões do país, como, por exemplo, Santiago de Candoso que diz-se ser território outrora submerso. A questão está na
veracidade destes mitos.
Os recurso científicos atuais facilmente resolvem tais mistérios. E é a geologia que pode desvendar este. Com a evolução da ciência e o
estudo dos fundos marítimos fizeram-se certas conceções sobre a litologia marítima. Os fundos oceânicos serão então constituídos
essencialmente por rochas basálticas, formas em limites de placas divergente, em rifts, produto do magma presente sob os nossos pés, no
interior da Terra.
Já a montanha da Penha tem uma constituição litológica um pouco diferente, sendo de natureza granítica e granodiorítica, predominando o
granito de Guimarães, isto é, granito de grão grosseiro. A nível mineralógico predominam a moscovite e a biotite.
O que podemos aferir com estes dados? As rochas graníticas, como as que constituem esta serra, têm origem no magma, são rochas
magmáticas intrusivas, isto é, originam-se por cristalização em profundidade de um magma rico em sílica (SiO2), ou seja, de um magma ácido.
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Devido ao seu arrefecimento lento são formados pequenos cristais de minerais que podemos facilmente observar a olho nu em qualquer rocha
deste geossítio. Ao longo de milhares de anos as rochas sedimentares que se encontravam sobre estas formações graníticas terão sofrido
erosão e meteorização expondo, assim, estas formações graníticas que, sendo mais resistentes, ainda hoje prevalecem, formando este
geossítio.
Ao compararmos as caraterísticas litológicas dos fundos marinhos às da Serra da Penha podemos rapidamente aferir que nada têm em
comum, sendo a sua origem também completamente diferente. Cai assim por terra o mito de que a Penha esteve outrora submersa.
Maria Melo
DA PENHA VÊ-SE O MAR
Existem vários mitos que envolvem a Serra da Penha, dos quais se salienta o de que o mar já passou nessa região.
A Penha localiza-se geograficamente na freguesia da Costa, concelho de Guimarães, a cinco quilómetros da cidade com o mesmo nome, na
bacia hidrográfica do Ave, limitada a norte pela bacia do Cávado, a leste pela bacia do Douro e a sul pelas bacias do Leça e do Douro.
Esta zona é maioritariamente granítica, predominando o granito de Guimarães, mais propriamente 57% do território. O granito é uma rocha
ígnea, intrusiva ou plutónica, formada pelo lento arrefecimento do magma a grandes profundidades, sujeito a grandes temperaturas e
pressões. Este é formado por um variado leque de minerais, entre os quais se encontram o quartzo, o feldspato e a mica. Esta rocha tem um
alto grau de dureza e uma coloração variada. Neste caso em particular, o Granito de Guimarães é formado por minerais como a moscovite e,
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sobretudo, a biotite, possuindo, assim, uma tonalidade cinzenta ou amarelada. Nesta serra, existem também alguns depósitos de rochas
metamórficas, como o xisto. Contudo as que menos se sobressaem são as rochas sedimentares.
Nos fundos oceânicos, predominam as rochas basálticas, rochas que se formam devido à rápida solidificação da lava, não podendo
apresentar, assim, minerais desenvolvidos, ao contrário do granito.
Esta comparação torna o mito apresentado anteriormente falso, porque para que na Penha tenha passado mar era necessário que as rochas
predominantes nesta serra fossem basálticas tal como as dos fundos oceânicos. Na Penha há poucas rochas sedimentares, o que se deve ao
facto de não existir o agente de transporte que é a água, corroborando a tese de nunca ter passado o mar na Penha.
Outro dos mitos mais conhecidos acerca desta região diz do ponto mais alto da serra se avista o oceano, o que dará outro artigo.
Leonor Cunha
PENHA
Localizada na freguesia da Costa, no conselho de Guimarães, a serra da Penha é um local privilegiado tanto a nível histórico como a nível
turístico. Porém, foi na área da geologia que, recentemente, surgiu um particular interesse por parte dos investigadores.
Sendo constituída maioritariamente por rocha granítica, esta serra tem gerado muita polémica uma vez que os populares acreditam que
esta tenha sido, em tempos, banhado por mar e que, ainda hoje, ao olharmos para o horizonte, no alto da montanha, somos capazes de o
avistar. Mas será isso verdade ou apenas um mito?
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A rocha granítica é uma rocha magmática intrusiva característica das serras e montanhas já que, quando um vulcão entra em erupção nem
sempre o magma chega à superfície, solidificando, lentamente, no interior da crusta. Este lento arrefecimento permite ao magma criar cristais
que depois são visíveis na rocha a olho nu. De seguida, com o passar dos anos, a parte exterior do vulcão sofre meteorização e erosão,
provocada pelo vento e pelos animais que por ali passam, expondo, por fim, a rocha granítica.
Contudo, para que a hipótese de que tenha havido mar na Penha fosse viável era necessário que as rochas predominantes nessa zona
fossem basálticas visto que esse é o tipo de rocha que abunda os fundos marinhos, pois, apesar de ser igualmente uma rocha magmática, tem
uma diferença, é extrusiva, ou seja, quando um vulcão entra em erupção o magma ascende e por entrar em contacto com a água do oceano,
tem um rápido arrefecimento não havendo tempo para cristalizar apresentando uma textura lisa muito fina.
Posto isto, é pouco provável que o oceano tenha banhado a serra dado que os tipos de rochas nos dois locais são diferentes e se formam em
condições distintas.
Joana Gonçalves
nº 11, 11CT7
PENHA
Os vimaranenses acreditam que o mar, há milhões de anos, passou pelo ponto mais alto de Guimarães. O mito deve-se à existência de um
“olho marinho” em “Cramarinhos, na Gandra, vizinhanças de Felgueiras (…) ligado à ideia de que passa por ali “um braço do mar”, como é
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indicado na revista “ANTÍQUA”, da sociedade Martins Sarmento. Um olho marinho é uma estrutura geológica que indica a presença do mar
naquela região. Então, por Felgueiras ser relativamente perto da Penha, criou-se a lenda de que o mar já existiu, outrora, neste monte.
Todavia, os dados geológicos recolhidos desta região mostram-nos precisamente o contrário. Em primeiro lugar, não há quaisquer vestígios
da sequer existência de basalto no monte granítico. Esta rocha magmática é formada nos riftes, no fundo do mar, aquando do contacto da lava
expelida do interior da Terra com a água que constitui a placa oceânica. Isto causa um rápido arrefecimento da rocha, havendo pouco tempo
para que esta desenvolva os seus minerais, criando uma rocha basáltica, com uns minerais de reduzidas dimensões. Hipoteticamente, a
existência desta rocha na Penha indiciaria, evidentemente, a passagem do oceano por esta zona, mas a ausência de basalto prova-nos o
contrário. O próprio granito em abundância corrobora esta teoria. A rocha, com uns minerais grandes e notórios, cria-se no interior da Terra,
em bolsas magmáticas, onde a temperatura do magma faz com que esta arrefeça lentamente, desenvolvendo os seus minerais e criando assim
o granito. Isto mostra-nos que a rocha granítica da Penha foi formada no interior da Terra, sendo que a erosão do solo ao longo de milhões de
anos a expôs à superfície. Para que tal acontecesse, era preciso que essa área, pertencente à placa continental, fosse exposta a agentes
erosivos como água, com elevada hidrodinâmica, e vento, o que não existe nos fundos oceânicos. Apesar de esta rocha não comprovar a
ausência de mar por si só, indica que grande parte do tempo desta região foi, pelo menos, passado fora de água.
A ausência de calcário, rocha sedimentar quimiogénica, também apoia esta hipótese. Esta rocha é formada aquando da dissolução de
dióxido de carbono na água, fazendo com que se precipite carbonato de cálcio, formando, posteriormente, calcite, o mineral do calcário. Esta
rocha forma-se, portanto, em corpos de água de grandes dimensões, nomeadamente água do mar. Assim, com a inexistência de calcário na
Penha, podemos concluir que esta nunca foi submersa pelo mar.
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Por fim, a ausência de fósseis marinhos influencia a nossa conclusão. Os fósseis marinhos originam-se com a rápida deposição de
sedimentos sobre o corpo do ser vivo aquático, preservando-o nas rochas. Logo, se não há quaisquer vestígios de atividade marinha
preservados nas rochas da Penha, é improvável que sobre essa região tenha estado o mar.
Em suma, e após todas as provas apresentadas, conclui-se que, pela Penha nunca passou o mar.