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O HOMEM QUE PLANTAVA ÁRVORES
Jean Giono
II
No dia seguinte pedi-lhe permissão para ficar mais um dia com ele, a retemperar forças. Ele agiu como se aquele pedido
fosse natural ou, mais exatamente, deu-me a impressão de que nada poderia incomodá-lo.
Esse repouso não me era absolutamente necessário, mas tinha ficado intrigado e queria saber mais.
Foi buscar o rebanho e levou-o ao pasto. Antes de se ir embora, mergulhou num balde de água o saquinho onde tinha
juntado as bolotas, cuidadosamente escolhidas e contadas.
Reparei que, em vez de um cajado, ele levava na mão um varão de ferro da espessura de um polegar e com cerca de
metro e meio de comprimento.
Fiz de conta que ia passear tranquilamente e segui por um caminho paralelo ao seu. O pasto das ovelhas ficava no fundo
de um vale.
Deixou o pequeno rebanho à guarda do cão e subiu até ao local onde eu estava. Receei que me viesse censurar a
indiscrição de ali estar, mas não foi isso que aconteceu.
Estava apenas a seguir o seu caminho e convidou-me a acompanhá-lo se não tivesse nada mais importante para fazer. Ia
até um lugar a duzentos metros dali, a subir.
Ao chegar ao lugar pretendido, pôs-se a espetar na terra o varão de ferro que trazia. Fazia um buraco, onde punha uma
bolota, e depois tapava-o com terra. Plantava carvalhos.
Perguntei-lhe se a terra lhe pertencia. Respondeu-me que não. Perguntei-lhe se sabia a quem pertencia. Também não
sabia. Supunha que fosse um terreno comunitário ou então propriedade de alguém a quem não interessava? Para ele não era
importante saber a quem pertencia a terra. E assim, plantou as cem bolotas com um cuidado extremo.
Depois do almoço, voltou à separação de bolotas. Devo ter sido bastante insistente nas minhas perguntas, porque ele me
respondeu. Há três anos que plantava árvores naquela região deserta, sozinho. Já tinha plantado cem mil, das quais vinte
mil já tinham nascido. Dessas vinte mil, ele ainda contava perder metade, devido aos roedores e a tudo o que há de
imprevisível nos desígnios da Providência. Sobravam dez mil carvalhos que iriam crescer ali onde antes não havia nada.
Foi então que me questionei sobre qual seria a idade deste homem. Tinha visivelmente mais de cinquenta anos. Cinquenta
e cinco, disse-me ele. Chamava-se Elzéard Bouffier. Tinha tido uma quinta na planície. Aí fizera a sua vida. Perdera o seu único
filho, depois a mulher. Retirara-se para a solidão, onde tinha prazer em viver devagar, com as suas ovelhas e o seu cão.
Pareceu-lhe que a região estava a morrer por falta de árvores. Acrescentou depois que, não tendo afazeres muito
importantes, decidira remediar a situação.
Nessa altura, apesar da minha juventude, levava eu próprio uma vida solitária e sabia tocar com delicadeza na alma dos
solitários. Contudo, cometi um erro. Precisamente a minha tenra idade forçava-me a imaginar o futuro em função de mim
mesmo e de uma certa busca da felicidade. Disse-lhe que, daí a trinta anos, esses dez mil carvalhos estariam magníficos. Ele
respondeu-me simplesmente que, se Deus lhe desse vida, dentro de trinta anos teria plantado tantas outras árvores que estas
dez mil não passariam então de uma gota de água no oceano.
Já estava a estudar a reprodução das faias e mantinha perto de casa um viveiro que semeara. Esses espécimes, que
protegera das ovelhas com uma rede de arame, estavam muito bonitos. Também estava a pensar em bétulas para plantar no
fundo dos vales onde, segundo me disse, existia água alguns metros abaixo da superfície do solo.
Separámo-nos no dia seguinte.
III
No ano a seguir começou a guerra de 1914, onde estive cinco anos. Um soldado de infantaria não pode propriamente
pensar em árvores. Para dizer a verdade, aquele acontecimento não deixou marcas em mim: considerei aquilo uma espécie de
mania, como colecionar selos e esqueci o assunto.
Finda a guerra, vi-me com um pequeno prémio de desmobilização, mas com um grande desejo de respirar um pouco de ar
puro. Foi sem nenhuma outra ideia em mente que retomei o caminho daquelas paragens desertas.
“Sobravam dez mil carvalhos que iriam crescer ali onde antes não havia nada.”
O que encontrará, agora, o narrador? Terá Elzéard Bouffier concretizado os seus objetivos?
Terá resistido à guerra?
A região não tinha mudado. No entanto, para lá da aldeia morta, vislumbrei ao longe uma espécie de névoa cinzenta que
cobria os montes como um tapete. Na véspera pensara novamente naquele pastor que plantava árvores.
"Dez mil carvalhos” disse para mim mesmo, “já ocupam bastante espaço”.
Tinha visto demasiada gente morrer durante cinco anos para não imaginar facilmente a morte de Elzéard Bouffier, ainda
mais porque, quando se tem vinte anos, se considera os homens de cinquenta velhos a quem só lhes resta esperar pela
chegada da morte.
Mas não tinha morrido. Pelo contrário, estava em muito boa forma. Mudara de ofício. Já só tinha quatro ovelhas, mas, em
contrapartida, tinha uma centena de colmeias. Livrara-se das ovelhas, pois ameaçavam-lhe as suas plantações de árvores.
Entretanto, disse-me (e eu constatei-o), que não se tinha preocupado muito com a guerra. Continuara a plantar,
imperturbavelmente.
Os carvalhos de 1910 tinham agora dez anos e estavam mais altos do que ele e do que eu. O espetáculo era
impressionante. Fiquei literalmente sem palavras e, como ele também não falava, passámos todo o dia em silêncio, a passear
pela sua floresta. Dividida em três zonas, tinha onze quilómetros de comprimento e três de largura na parte mais larga.
Quando pensamos que tudo aquilo brotara das mãos e da alma deste homem - sem quaisquer meios técnicos -
compreendemos que os homens podem ser tão eficazes como Deus noutras áreas para além da destruição.
Levara adiante a sua ideia, como testemunhavam as faias - que me chegavam à altura dos ombros -, estendendo-se a
perder de vista.
Os carvalhos estavam densos e tinham já ultrapassado a idade em que estavam à mercê dos roedores; quanto aos
desígnios da Providência, para destruir a obra criada precisaria de recorrer a ciclones.
Mostrou-me os formidáveis bosques de bétulas que datavam de há cinco anos, ou seja, de 1915, a época em que eu
combatia em Verdun. Plantara-as nos vales, onde suspeitara, com razão, que haver humidade quase à superfície.
Eram viçosas como adolescentes, e muito decididas.
A criação tinha, além disso, o ar de estar a gerar uma reação em cadeia. Mas ele não dava importância a isso; prosseguia
simples e obstinadamente a sua tarefa.
Na descida de volta para a aldeia, vi correr água em regatos que, desde que havia memória, sempre tinham estado secos.
Foi a mais formidável consequência da sua ação que me foi dada ver. Era preciso recuar até tempos muito antigos para
encontrar memória de água a correr naqueles regatos secos.
Algumas das aldeias sombrias de que falei no início, tinham sido construídas nos lugares das aldeias galo-romanas de
outrora, das quais ainda havia vestígios, e nas quais os arqueólogos tinham encontrado anzóis em sítios onde, no século XX, se
tinha de recorrer a cisternas para se obter um pouco de água.
O vento também dispersava algumas sementes. Ao reaparecer a água, reapareceram os salgueiros, os vidoeiros, os prados,
os jardins, as flores e uma certa razão de viver.
Mas a transformação fazia-se tão lentamente que entrava no hábito sem provocar o espanto. Os caçadores que subiam até
grandes altitudes perseguindo as lebres ou os javalis, repararam no aparecimento de muitas árvores pequenas, mas
atribuíram-no às mudanças naturais da terra. Por esse motivo ninguém tocava na obra daquele homem. Se tivessem
suspeitado daquilo que estava a fazer, teriam certamente tentado contrariá-lo. Mas a sua ação estava longe de qualquer
suspeita. Quem poderia ter imaginado, nas aldeias e na administração central, uma tal obstinação na mais magnífica
generosidade?
IV
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O HOMEM QUE TRANSFORMOU UMA REGIÃO COM ÁRVORES

  • 1. O HOMEM QUE PLANTAVA ÁRVORES Jean Giono
  • 2. II No dia seguinte pedi-lhe permissão para ficar mais um dia com ele, a retemperar forças. Ele agiu como se aquele pedido fosse natural ou, mais exatamente, deu-me a impressão de que nada poderia incomodá-lo. Esse repouso não me era absolutamente necessário, mas tinha ficado intrigado e queria saber mais. Foi buscar o rebanho e levou-o ao pasto. Antes de se ir embora, mergulhou num balde de água o saquinho onde tinha juntado as bolotas, cuidadosamente escolhidas e contadas. Reparei que, em vez de um cajado, ele levava na mão um varão de ferro da espessura de um polegar e com cerca de metro e meio de comprimento. Fiz de conta que ia passear tranquilamente e segui por um caminho paralelo ao seu. O pasto das ovelhas ficava no fundo de um vale. Deixou o pequeno rebanho à guarda do cão e subiu até ao local onde eu estava. Receei que me viesse censurar a indiscrição de ali estar, mas não foi isso que aconteceu.
  • 3. Estava apenas a seguir o seu caminho e convidou-me a acompanhá-lo se não tivesse nada mais importante para fazer. Ia até um lugar a duzentos metros dali, a subir. Ao chegar ao lugar pretendido, pôs-se a espetar na terra o varão de ferro que trazia. Fazia um buraco, onde punha uma bolota, e depois tapava-o com terra. Plantava carvalhos. Perguntei-lhe se a terra lhe pertencia. Respondeu-me que não. Perguntei-lhe se sabia a quem pertencia. Também não sabia. Supunha que fosse um terreno comunitário ou então propriedade de alguém a quem não interessava? Para ele não era importante saber a quem pertencia a terra. E assim, plantou as cem bolotas com um cuidado extremo. Depois do almoço, voltou à separação de bolotas. Devo ter sido bastante insistente nas minhas perguntas, porque ele me respondeu. Há três anos que plantava árvores naquela região deserta, sozinho. Já tinha plantado cem mil, das quais vinte mil já tinham nascido. Dessas vinte mil, ele ainda contava perder metade, devido aos roedores e a tudo o que há de imprevisível nos desígnios da Providência. Sobravam dez mil carvalhos que iriam crescer ali onde antes não havia nada.
  • 4. Foi então que me questionei sobre qual seria a idade deste homem. Tinha visivelmente mais de cinquenta anos. Cinquenta e cinco, disse-me ele. Chamava-se Elzéard Bouffier. Tinha tido uma quinta na planície. Aí fizera a sua vida. Perdera o seu único filho, depois a mulher. Retirara-se para a solidão, onde tinha prazer em viver devagar, com as suas ovelhas e o seu cão. Pareceu-lhe que a região estava a morrer por falta de árvores. Acrescentou depois que, não tendo afazeres muito importantes, decidira remediar a situação. Nessa altura, apesar da minha juventude, levava eu próprio uma vida solitária e sabia tocar com delicadeza na alma dos solitários. Contudo, cometi um erro. Precisamente a minha tenra idade forçava-me a imaginar o futuro em função de mim mesmo e de uma certa busca da felicidade. Disse-lhe que, daí a trinta anos, esses dez mil carvalhos estariam magníficos. Ele respondeu-me simplesmente que, se Deus lhe desse vida, dentro de trinta anos teria plantado tantas outras árvores que estas dez mil não passariam então de uma gota de água no oceano. Já estava a estudar a reprodução das faias e mantinha perto de casa um viveiro que semeara. Esses espécimes, que protegera das ovelhas com uma rede de arame, estavam muito bonitos. Também estava a pensar em bétulas para plantar no fundo dos vales onde, segundo me disse, existia água alguns metros abaixo da superfície do solo. Separámo-nos no dia seguinte.
  • 5.
  • 6. III No ano a seguir começou a guerra de 1914, onde estive cinco anos. Um soldado de infantaria não pode propriamente pensar em árvores. Para dizer a verdade, aquele acontecimento não deixou marcas em mim: considerei aquilo uma espécie de mania, como colecionar selos e esqueci o assunto. Finda a guerra, vi-me com um pequeno prémio de desmobilização, mas com um grande desejo de respirar um pouco de ar puro. Foi sem nenhuma outra ideia em mente que retomei o caminho daquelas paragens desertas. “Sobravam dez mil carvalhos que iriam crescer ali onde antes não havia nada.” O que encontrará, agora, o narrador? Terá Elzéard Bouffier concretizado os seus objetivos? Terá resistido à guerra?
  • 7. A região não tinha mudado. No entanto, para lá da aldeia morta, vislumbrei ao longe uma espécie de névoa cinzenta que cobria os montes como um tapete. Na véspera pensara novamente naquele pastor que plantava árvores. "Dez mil carvalhos” disse para mim mesmo, “já ocupam bastante espaço”. Tinha visto demasiada gente morrer durante cinco anos para não imaginar facilmente a morte de Elzéard Bouffier, ainda mais porque, quando se tem vinte anos, se considera os homens de cinquenta velhos a quem só lhes resta esperar pela chegada da morte. Mas não tinha morrido. Pelo contrário, estava em muito boa forma. Mudara de ofício. Já só tinha quatro ovelhas, mas, em contrapartida, tinha uma centena de colmeias. Livrara-se das ovelhas, pois ameaçavam-lhe as suas plantações de árvores. Entretanto, disse-me (e eu constatei-o), que não se tinha preocupado muito com a guerra. Continuara a plantar, imperturbavelmente. Os carvalhos de 1910 tinham agora dez anos e estavam mais altos do que ele e do que eu. O espetáculo era impressionante. Fiquei literalmente sem palavras e, como ele também não falava, passámos todo o dia em silêncio, a passear pela sua floresta. Dividida em três zonas, tinha onze quilómetros de comprimento e três de largura na parte mais larga.
  • 8. Quando pensamos que tudo aquilo brotara das mãos e da alma deste homem - sem quaisquer meios técnicos - compreendemos que os homens podem ser tão eficazes como Deus noutras áreas para além da destruição. Levara adiante a sua ideia, como testemunhavam as faias - que me chegavam à altura dos ombros -, estendendo-se a perder de vista. Os carvalhos estavam densos e tinham já ultrapassado a idade em que estavam à mercê dos roedores; quanto aos desígnios da Providência, para destruir a obra criada precisaria de recorrer a ciclones. Mostrou-me os formidáveis bosques de bétulas que datavam de há cinco anos, ou seja, de 1915, a época em que eu combatia em Verdun. Plantara-as nos vales, onde suspeitara, com razão, que haver humidade quase à superfície. Eram viçosas como adolescentes, e muito decididas. A criação tinha, além disso, o ar de estar a gerar uma reação em cadeia. Mas ele não dava importância a isso; prosseguia simples e obstinadamente a sua tarefa. Na descida de volta para a aldeia, vi correr água em regatos que, desde que havia memória, sempre tinham estado secos. Foi a mais formidável consequência da sua ação que me foi dada ver. Era preciso recuar até tempos muito antigos para encontrar memória de água a correr naqueles regatos secos.
  • 9. Algumas das aldeias sombrias de que falei no início, tinham sido construídas nos lugares das aldeias galo-romanas de outrora, das quais ainda havia vestígios, e nas quais os arqueólogos tinham encontrado anzóis em sítios onde, no século XX, se tinha de recorrer a cisternas para se obter um pouco de água. O vento também dispersava algumas sementes. Ao reaparecer a água, reapareceram os salgueiros, os vidoeiros, os prados, os jardins, as flores e uma certa razão de viver. Mas a transformação fazia-se tão lentamente que entrava no hábito sem provocar o espanto. Os caçadores que subiam até grandes altitudes perseguindo as lebres ou os javalis, repararam no aparecimento de muitas árvores pequenas, mas atribuíram-no às mudanças naturais da terra. Por esse motivo ninguém tocava na obra daquele homem. Se tivessem suspeitado daquilo que estava a fazer, teriam certamente tentado contrariá-lo. Mas a sua ação estava longe de qualquer suspeita. Quem poderia ter imaginado, nas aldeias e na administração central, uma tal obstinação na mais magnífica generosidade?