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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO 
ÁREA DE LIBRAS 
Disciplina: Língua Brasileira de Sinais I 
Profª Ms. Angela Nediane dos Santos 
FILME “SOU SURDA E NÃO SABIA” E ARTIGO “FILMES SOBRE SURDOS: QUE 
REPRESENTAÇÕES DE SURDOS E DE LÍNGUA DE SINAIS ELES TRAZEM?” 
Aluno: Marco Antonio Silveira Lourenço 
Pelotas, 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO 
ÁREA DE LIBRAS 
Inicio este texto refletindo sobre o pragmatismo social, tomando como base alguns 
conceitos de John Dewey, principalmente sobre as distinções sobre o pensamento qualitativo e 
quantitativo, tendo no primeiro a insuficiência da lógica, para captar todas as expectativas da 
experiência, enquanto que o segundo corresponde ao raciocínio analítico que, ao utilizar 
conceitos, compartilha a experiência e otimiza as ações. Esta reflexão filosófica, hierarquiza 
os pensamentos, firmando que o quantitativo pressupõe o qualitativo, resumindo, a análise 
pressupõe a compreensão, possibilitando o entendimento das contradições e desigualdades da 
sociedade.( DEWEY, 1931) Para Dewey, é possível e necessário que a experiência seja 
intensa, rica, permitindo desta forma que o ser humano compreenda seu lugar e o papel do 
intelecto na natureza, atingindo desta forma a plenitude do desenvolvimento, visto que a vida 
é uma constante superação de obstáculos impostos pelo meio, exigindo do ser, a utilização das 
ferramentas que possui. 
Se entendemos a adaptabilidade do ser para transpôr os obstáculos apresentados 
ao longo da vida, nada mais justo o desenvolvimento de habilidades para suprir determinadas 
deficiências. Desta forma eu caracterizo o trabalho proposto, referente a produção textual, 
partindo do filme “Sou Surda e Não Sabia”, analisando-o, baseado no artigo “Filmes Sobre 
Surdos”, de Carolina Hessel Silveira. 
O artigo de Carolina Silveira remete à priorização que se dá à oralização, e aqui, 
cabe minha primeira análise. 
Se retornarmos ao início deste texto, extraio reflexões de John Dewey, sobre 
experiências ricas e intensas, como modo de crescimento do ser, ficando claro que ao 
negarmos o direito de expressão, estamos alijando o crescimento, impedindo que este 
indivíduo interaja com o seu meio, tornando-o um verdadeiro renegado, ou em outras 
palavras, um excluído. Se a análise precede a compreensão, nada mais digno que procurar 
entender o mundo surdo, visando um real entendimento de sua cultura, forma e estrutura, 
entre outras peculiaridades, dentro de um contesto, no qual, há a constante necessidade de 
superar obstáculos. Imaginemos então, sermos inclusos nesta “nada fácil vida”, sem 
possuirmos a ferramenta da comunicação? 
O surdo precisa desenvolver sua linguagem, ou como foi abordado no artigo, sua 
língua materna que é a linguagem dos sinais. Se for tolida sua liberdade de expressão, 
estaremos potencializando o sentimento de exclusão, que ficou claro em diversos trechos do
filme e do artigo, propostos neste trabalho. 
No artigo de Carolina Silveira, é comentado outros dois filmes, nos quais, o 
clímax dos protagonistas surdos apresenta-se quando eles (surdos) expressam-se oralmente. 
De certa forma, mesmo sem ter assistido os filmes citados no artigo de Carolina, a ideia que 
tenho é de que a mensagem remete a uma pseudo vitória dos ouvintes, que com atitudes 
“divinas”, restituem a fala aos que “não tem”( é o que parece-me ao ler, não condizente com a 
realidade, eu sei). O digno da consideração de ser humano são os ouvintes, enquanto os 
surdos são doentes que devem ser curados. Mesma questão é abordada no filme que assisti, 
para a realização deste trabalho, enquanto absorvia o depoimento de Sandrine, uma surda que 
atravessou toda a opressão de uma sociedade que segrega o diferente. 
Aliás, quando escrevi atravessou, no parágrafo acima, o fiz de forma subjetiva, 
visto que no início do filme, fica clara a maneira que a sociedade ainda vislumbra os surdos, 
quando na cena, Sandrine se comunica por sinais, em um aparelho móvel e outros passageiros 
a observam, como algo exótico, quase extraterreno. O verbo no passado foi escrito desta 
forma para salientar que o endógeno prevalece ao exógeno. Sandrine se libertou, pouco 
importando a opinião alheia. 
Tanto no artigo, quanto no filme, o surdo é visto como anômalo. Um doente que 
podemos curar. Algumas observações sutis sobre o filme, me remetem ao fato da quebra de 
ligação afetiva, quando os pais de Sandrine descobriram a surdez. Eu sou pai, tenho dois 
filhos e digo, que toda e qualquer atitude que eu tenha, visa o melhor (no meu ponto de vista é 
o melhor), para os meus filhos, mas não necessariamente o que eu julgo melhor, é realmente o 
“melhor”. Entendamos que a geração dos pais de Sandrine possuem as concepções de um 
outro recorte de tempo, assim como a minha geração tem uma posição rígida sobre 
determinados assuntos, sem utilizarmos a crítica pragmática filosófica, que faz-se necessária. 
Somos um produto do meio e do tempo, em via de regra. 
Para concluir, admiro profundamente a instrução bilíngue, possibilitando o 
convívio de surdos e ouvintes, equalizando o crescimento e ofertando um aprendizado mútuo. 
Sim, um aprendizado mútuo, pois como apregoava Vygotsky, sabemos que o ensino está 
dando certo, quando não definimos quem aprende com quem, pois há uma sinergia e todos 
trocam ensinamentos. As crianças ouvintes acabam por tornarem-se agentes multiplicadores, 
pois muitos querem aprender aquela linguagem nova, que utiliza sinais.

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FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
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Ensino bilíngue e inclusão de surdos

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO ÁREA DE LIBRAS Disciplina: Língua Brasileira de Sinais I Profª Ms. Angela Nediane dos Santos FILME “SOU SURDA E NÃO SABIA” E ARTIGO “FILMES SOBRE SURDOS: QUE REPRESENTAÇÕES DE SURDOS E DE LÍNGUA DE SINAIS ELES TRAZEM?” Aluno: Marco Antonio Silveira Lourenço Pelotas, 2014
  • 2. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO ÁREA DE LIBRAS Inicio este texto refletindo sobre o pragmatismo social, tomando como base alguns conceitos de John Dewey, principalmente sobre as distinções sobre o pensamento qualitativo e quantitativo, tendo no primeiro a insuficiência da lógica, para captar todas as expectativas da experiência, enquanto que o segundo corresponde ao raciocínio analítico que, ao utilizar conceitos, compartilha a experiência e otimiza as ações. Esta reflexão filosófica, hierarquiza os pensamentos, firmando que o quantitativo pressupõe o qualitativo, resumindo, a análise pressupõe a compreensão, possibilitando o entendimento das contradições e desigualdades da sociedade.( DEWEY, 1931) Para Dewey, é possível e necessário que a experiência seja intensa, rica, permitindo desta forma que o ser humano compreenda seu lugar e o papel do intelecto na natureza, atingindo desta forma a plenitude do desenvolvimento, visto que a vida é uma constante superação de obstáculos impostos pelo meio, exigindo do ser, a utilização das ferramentas que possui. Se entendemos a adaptabilidade do ser para transpôr os obstáculos apresentados ao longo da vida, nada mais justo o desenvolvimento de habilidades para suprir determinadas deficiências. Desta forma eu caracterizo o trabalho proposto, referente a produção textual, partindo do filme “Sou Surda e Não Sabia”, analisando-o, baseado no artigo “Filmes Sobre Surdos”, de Carolina Hessel Silveira. O artigo de Carolina Silveira remete à priorização que se dá à oralização, e aqui, cabe minha primeira análise. Se retornarmos ao início deste texto, extraio reflexões de John Dewey, sobre experiências ricas e intensas, como modo de crescimento do ser, ficando claro que ao negarmos o direito de expressão, estamos alijando o crescimento, impedindo que este indivíduo interaja com o seu meio, tornando-o um verdadeiro renegado, ou em outras palavras, um excluído. Se a análise precede a compreensão, nada mais digno que procurar entender o mundo surdo, visando um real entendimento de sua cultura, forma e estrutura, entre outras peculiaridades, dentro de um contesto, no qual, há a constante necessidade de superar obstáculos. Imaginemos então, sermos inclusos nesta “nada fácil vida”, sem possuirmos a ferramenta da comunicação? O surdo precisa desenvolver sua linguagem, ou como foi abordado no artigo, sua língua materna que é a linguagem dos sinais. Se for tolida sua liberdade de expressão, estaremos potencializando o sentimento de exclusão, que ficou claro em diversos trechos do
  • 3. filme e do artigo, propostos neste trabalho. No artigo de Carolina Silveira, é comentado outros dois filmes, nos quais, o clímax dos protagonistas surdos apresenta-se quando eles (surdos) expressam-se oralmente. De certa forma, mesmo sem ter assistido os filmes citados no artigo de Carolina, a ideia que tenho é de que a mensagem remete a uma pseudo vitória dos ouvintes, que com atitudes “divinas”, restituem a fala aos que “não tem”( é o que parece-me ao ler, não condizente com a realidade, eu sei). O digno da consideração de ser humano são os ouvintes, enquanto os surdos são doentes que devem ser curados. Mesma questão é abordada no filme que assisti, para a realização deste trabalho, enquanto absorvia o depoimento de Sandrine, uma surda que atravessou toda a opressão de uma sociedade que segrega o diferente. Aliás, quando escrevi atravessou, no parágrafo acima, o fiz de forma subjetiva, visto que no início do filme, fica clara a maneira que a sociedade ainda vislumbra os surdos, quando na cena, Sandrine se comunica por sinais, em um aparelho móvel e outros passageiros a observam, como algo exótico, quase extraterreno. O verbo no passado foi escrito desta forma para salientar que o endógeno prevalece ao exógeno. Sandrine se libertou, pouco importando a opinião alheia. Tanto no artigo, quanto no filme, o surdo é visto como anômalo. Um doente que podemos curar. Algumas observações sutis sobre o filme, me remetem ao fato da quebra de ligação afetiva, quando os pais de Sandrine descobriram a surdez. Eu sou pai, tenho dois filhos e digo, que toda e qualquer atitude que eu tenha, visa o melhor (no meu ponto de vista é o melhor), para os meus filhos, mas não necessariamente o que eu julgo melhor, é realmente o “melhor”. Entendamos que a geração dos pais de Sandrine possuem as concepções de um outro recorte de tempo, assim como a minha geração tem uma posição rígida sobre determinados assuntos, sem utilizarmos a crítica pragmática filosófica, que faz-se necessária. Somos um produto do meio e do tempo, em via de regra. Para concluir, admiro profundamente a instrução bilíngue, possibilitando o convívio de surdos e ouvintes, equalizando o crescimento e ofertando um aprendizado mútuo. Sim, um aprendizado mútuo, pois como apregoava Vygotsky, sabemos que o ensino está dando certo, quando não definimos quem aprende com quem, pois há uma sinergia e todos trocam ensinamentos. As crianças ouvintes acabam por tornarem-se agentes multiplicadores, pois muitos querem aprender aquela linguagem nova, que utiliza sinais.