Uma analise sociológica, sobre o desporto, sobre quem estuda o desporto mas acima de tudo para quem quer trabalhar no desporto! pouca oferta, pouca abertura aos cursos mas acima de tudo pouco investimento nas pessoas.
1. Sociologia do
Desporto
O desporto como um Produto social: A oferta e
Procura desportiva em Portugal;Emprego no desporto
em Portugal; Comparação dos Hábitos desportivos na
União Europeia.
Marcelo Henrique Rodrigues Nascimento
2. [SOCIOLOGIA DO DESPORTO]
Introdução
É indiscutível que o desporto se apresenta, neste século, como um fator essencial à
qualidade de vida e ao bem-estar dos cidadãos. A sua importância social patenteia-se
na sua própria modernidade e na sua utilidade cultural e formativa, como garantia da
plenitude da personalidade humana (Constantino, 1992,). A par de outros sectores do
desenvolvimento humano, o desporto e a atividade física têm vindo a assumir uma
importância crescente na sociedade, ao receber e gerar influências, quer positivas quer
negativas, na dinâmica social (Pires, 2003,).
No entanto, o desporto que hoje praticamos reveste-se de propósitos e objetivos
diferentes dos de outrora, seguindo as mudanças estruturais, nos hábitos, costumes e
estilos de vida das sociedades. Como (Pires, 1990,), é a “aventura desportiva”,
libertadora do padrão institucionalizado pela civilização industrial. O desporto que se
desenvolveu sobretudo nas sociedades industriais inglesa e francesa, assente no
rendimento corporal, deixou de ser a única solução para os jovens praticantes. Com
efeito, no seio de uma sociedade pós-industrial crescem novos valores e novas formas
de desporto, ou seja, práticas desportivas de carácter eminentemente lúdico ou de
lazer, com níveis organizacionais e de performance menos exigentes (Marivoet, 1998,).
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3. [SOCIOLOGIA DO DESPORTO]
Sub – Tema 1.1
Desporto Como um Produto Social
Nobert Elias e Eric Dunning (1992), dois teóricos de referência na sociologia do
Desporto, inserem a configuração social do desporto no processo civilizacional.
Consideram que a sociedade industrial é marcada por uma forte rotina quotidiana,
assim como, pela maior capacidade dos indivíduos controlarem os seus estados
emocionais, apresentando-se o desporto, como um espaço onde a sociedade hiper-
normativa e reguladora permite o afrouxamento dos estados de autocontrolo, dando
lugar à libertação dos estados emocionais, quebrando a rotina diária num clima de
excitação agradável e procura do prazer.
Como refere Constantino (1999) “o desporto moderno é por isso um produto social
cuja génese está intimamente associada ao desenvolvimento da sociedade industrial”,
ocupando atualmente, um lugar de enorme importância na vida de qualquer
comunidade (Carvalho, 1994).
É muito difícil definir o termo desporto, mas o seu contributo social é bem patente e
notório nas construção de novos significados nas nossas vidas, o desporto pode refletir
um crença de uma sociedade como apenas de um ser vivo, o desporto pode muitas
vezes ser a cara de uma sociedade, com valores e normas próprias dessa mesma
sociedade.
Sub – Tema 1.2
A Oferta e Procura Desportiva em Portugal
No presente quadro da organização das sociedades, quer queiramos quer não, o
desporto é olhado como um produto e, simultaneamente, um processo e um serviço
gerador de educação, cultura, de lazer e de economia. Deixou de ser um instrumento
pedagógico ao serviço das escolas e dos professores, para se alastrar a todos os
sectores da comunidade. Assim sendo, a oferta desportiva pode ser sistematizada em
três categorias: aquela que é oferecida pelo sistema educativo, a que é oferecida pelo
sistema desportivo e a que é oferecida pelo sistema empresarial (Pires, 1993).
A análise da oferta e procura desportiva deve basear-se na observância de três
sistemas: da oferta e recursos (económicos, materiais, humanos, etc.), de práticas
(organização e realização de atividades), e da procura e praticantes (atuais e
potenciais). Na última investigação realizada sob os auspícios da Comissão Europeia
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4. [SOCIOLOGIA DO DESPORTO]
(1999), ficou provado que Portugal tem a maior taxa de sedentarismo, salientando-se
que a maioria dos portugueses referiu que é necessário aumentar a oferta pública e
privada de programas de promoção da atividade física, com a principal finalidade de
“evitar doenças crónicas e prevenir a obesidade” (Sardinha, 2003,).
As mudanças de valores acompanham as diferentes categorias sociais a todos os
níveis. A configuração do sistema desportivo português, não obstante o esforço de
alguns em mudar esta situação, ainda coloca algumas resistências à mudança de
valores e ao desenvolvimento e diversificação dos hábitos de prática de forma regular
e generalizada. As gerações mais jovens são as grandes impulsionadoras da mudança
de valores, registando maiores níveis de participação desportiva e de diversidade de
modalidades solicitadas.
No entanto, evidenciam as escolhas pelas modalidades coletivas, identificadas pelo
modelo de competição (Marivoet, 1998, p. 66). No ano de 1991, Bento alertou para o
facto de que “os excessos na procura e na valorização do rendimento desportivo são
sobejamente conhecidos e merecedores de viva reprovação”, uma vez que ao atleta é-
lhe induzida a qualidade de “produtor de resultados”. Quando esta qualidade
desaparece, o desporto perde todo o interesse.
Quando falamos em crianças e jovens, a prática desportiva tem por obrigação resolver
o conflito entre as elevadas expectativas de rendimento (baseadas na construção de
ideais e no sonho de ser “o melhor jogador”) e a perspetiva de que o desporto tem
como compromisso a formação integral e educação consciente e harmoniosa dos
jovens (Bento, 1991). Por tudo isto, as políticas desportivas dos municípios que visam
um desenvolvimento desportivo consciente e esclarecido devem investir de forma
articulada e adequada à procura e atentando aos já reconhecidos indicadores da
situação desportiva nacional.
Sub – Tema 1.3
Emprego no Desporto em Portugal
A empregabilidade surge como um tema atual e cada vez mais discutido e que pode
ser definida como “a busca constante do desenvolvimento de habilidades e
competências por meio do conhecimento específico e pela multifuncionalidade, as
quais tornam o profissional apto à obtenção de trabalho”. O sector do Desporto
também não está imune a este fenómeno, nomeadamente os seus intervenientes.
Assim sendo, este estudo tem como objetivo saber quais são as perspetivas de
emprego e empregabilidade desses intervenientes, nomeadamente dos futuros
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5. [SOCIOLOGIA DO DESPORTO]
intervenientes - os alunos inscritos nas licenciaturas em ciências do desporto,
enquanto futuros profissionais nesse sector e potenciais transformadores da realidade.
A transformação do emprego requer uma nova modalidade no preparo dos
profissionais que estão à procura de uma oportunidade. As premissas básicas
necessárias para esse novo modelo são, para (Malschitzky, 2002), a obtenção da
educação de base, cultura geral e visão de futuro, capacidade de aprender a aprender,
competência humana e canalização de esforços necessários às mudanças e à eficácia
da comunicação.
Podemos antever um futuro de promissoras oportunidades. De acordo com (Karen
Daylchuck, 1999), numa pesquisa entre diversas instituições a nível mundial, as
oportunidades de oferta de emprego nos próximos dez anos vão evoluir de acordo
com os seguintes itens:
• Turismo;
• Empreendimentos;
• Gestão de eventos;
• Desporto negócio;
• Especialistas.
Fica claro da investigação referida que é necessária uma especialização em gestão do
desporto, sendo de prever num futuro próximo a necessidade de existirem em
algumas áreas, especialistas que respondam, com eficiência, às rápidas mudanças
sociais. A importância deste ponto é de tal forma patente que foi criado o
Observatório do Emprego e Formação no Desporto (OEFD), o Instituto do Desporto de
Portugal pretende aprofundar o conhecimento sobre a realidade do emprego e
formação no desporto em Portugal, para poder definir, executar e avaliar políticas
eficazes de formação de recursos humanos do desporto.
Se observarmos a realidade da Educação Física constatamos que a grande maioria dos
licenciados (cerca de 90%) destinam-se aos quadros da administração publica, e que os
restantes optam por outras áreas de atividade, como a via do treino desportivo ou a
gestão de espaços como ginásios e academias (Tavares, 1999) Atualmente, começa-se
a ver uma maior procura pela área de recreação e lazer, dado que a procura de
atividades ao ar livre e associadas a desportos radicais está também em franco
desenvolvimento. Há ainda os que optam pela via da gestão autárquica do desporto,
através do mestrado e licenciaturas em Gestão do Desporto. Tavares (1999) refere
ainda que o número de licenciados existentes já preenche as necessidades do país,
uma vez que nos últimos anos houve em Portugal uma proliferação de
estabelecimentos de formação em Desporto e Educação Física. Em poucos anos, a
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6. [SOCIOLOGIA DO DESPORTO]
oferta atingirá o ponto de rutura, o que significa que a curto prazo haverá um excesso
de oferta.
Tojal (2002) considera que como o mercado de trabalho procura profissionais com
capacidade para exercer uma multiplicidade de funções numa mesma área do
conhecimento, é desejável que tanto o jovem académico, quanto o programa do curso
de preparação para o trabalho, que vem sendo desenvolvido nas diferentes
universidades, encontrem-se o mais ajustado e adequado possível, à perspetiva de que
esse futuro profissional poderá mudar de funções, certamente dentro de uma mesma
área de prestação de serviços à sociedade. Referente ao citado anteriormente, olha-
mos para o Licenciatura em Gestão de Organizações Desportivas e assistimos a uma
multiplicidade de áreas que são abordadas ao longo do curso, passando pela área de
gestão, criação de evento, empreendedorismo e mesmo as áreas mais técnicas de
algumas modalidades. Estima-se que - 2 milhões de pessoas trabalham 1,5 no
desporto na Europa (Relatório da UE sobre Desporto e Emprego, Setembro de 1999)
Sub – Tema 1.4
Comparação dos Hábitos desportivos na UE
Hábitos desportivos da população portuguesa (Salomé Marivoet, 2000), 23% índice de
participação desportiva da população portuguesa, 4% desporto de competição
federado, 19% desporto de lazer, 34% índice de participação desportiva do sexo
masculino, 14% índice de participação desportiva do sexo feminino, 42% da população
nunca praticou desporto. Apenas 4% da população inativa pretende iniciar a prática
desportiva.
Eurobarómetro (2004):
78% considera que a melhoria da saúde é o principal benefício do desporto.
90% considera o desporto como um instrumento efetivo no combate à obesidade.
80% considera que o desporto deverá ter mais tempo nos programas escolares.
80% considera importante uma melhor cooperação entre as instituições de ensino e as
organizações desportivas, de modo a reforçar o papel do desporto na escola.
Os europeus sabem que o desporto é benéfico para a saúde e reconhecem o papel
importante da escola no seu desenvolvimento. O problema da não adesão à prática
desportiva (em Portugal) não parece ser uma questão de informação. A falta de tempo
é, normalmente, o 1º fator de não adesão à prática desportiva.
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7. [SOCIOLOGIA DO DESPORTO]
Quando comparamos a participação desportiva portuguesa com a dos países da União
Europeia, verificamos que Portugal apresenta taxas que o aproximam da realidade do
Sul Europeu (IHDPP, 98). Este facto, deve-se às características socio económicas da
sociedade portuguesa, nomeadamente, o baixo nível de escolaridade, os preconceitos
existentes face à prática das mulheres, sobretudo nas gerações mais velhas, e ainda,
causas políticas que dificultaram a aquisição de uma cultura físico- desportiva.
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8. [SOCIOLOGIA DO DESPORTO]
Bibliografia
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