O documento descreve a contribuição do sociólogo alemão Max Weber para o desenvolvimento da sociologia, especialmente sua análise da ação social e do tipo ideal. O texto fornece detalhes sobre a vida e obra de Weber, incluindo sua principal obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo".
A contribuição de Max Weber para o desenvolvimento da Sociologia
1. VIVIANE LOIOLA GUERRA
SOCIEDADE ALEMÃ:
A CONTRIBUIÇÃO DE MAX WEBER
Trabalho apresentado à disciplina
Sociologia e Antropologia I da Faculdade
Batista de Vitória da Serra, como requisito
parcial para avaliação.
Professor: Flávio Valdir Kirst
Serra
2. 2008
SUMÁRIO
RESUMO 3
INTRODUÇÃO 3
1 - MAX WEBER – BIBLIOGRAFIA 4
2 - SOCIOLOGIA ALEMÃ: A CONTRIBUIÇÃO DE MAX WEBER 6
3 - AÇÃO SOCIAL 6
4 - TAREFA DO CIENTISTA 7
5 - TIPO IDEAL 7
6 - A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO 7
7 - CONTEXTO HISTÓRICO E MÉTODO COMPREENSIVO 9
8 - WEBER – O PENSADOR 10
9 - SÍNTESE 11
10 - ANÁLISE GERAL 13
11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo destacar a contribuição de MAX WEBER para o
desenvolvimento da Sociologia.
Sua investigação sobre a conduta humana dotada de sentidos das ações sociais
buscava compreender as ações dos indivíduos e a relação de sua origem e
conseqüência com a sociedade.
2
3. Palavra-chave: Ciência, MAX WEBER.
INTRODUÇÂO
As idéias do jurista e economista alemão Max Weber inserem-se num contexto histórico
no qual às ciências humanas iniciavam sua congregação com o conhecimento histórico
e cultural, associando diretamente a existência humana e suas idéias ao materialismo
dialético e à historicidade em si.
Weber, ao desenvolver seu estudo quanto às ciências sociais, era entusiasta do
método compreensivo, que consistia, basicamente, em buscar a compreensão do
contexto da totalidade e do sentido nos quais SE inseriam as ações praticadas pelos
indivíduos, traduzindo o conteúdo simbólico das ações individuais e orientando a
compreensão a compreensão da mesma tendo como referência o comportamento
coletivo.
Segundo Weber, todas as ações estão carregadas de um sentido, e são inseridas numa
complexa estrutura de signos sociais e culturais, cujo rigor analítico muitas vezes nos
leva a confundir Weber com os positivistas. Weber, pelo contrário, sugeria que a
captação do sentido das ações sociais não poderia ser feita pelos procedimentos
metodológicos das ciências naturais, embora frise que a observação detalhista e a
concepção de que os fatos obedeçam a uma regularidade causal estejam embutidos na
metodologia de pesquisa tanto das ciências humanas quanto naturais.
Em sua principal obra, A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber associa,
em profunda análise, o sistema econômico a uma mudança nos valores sociais
associados à Reforma Protestante, que celebravam a predestinação e a compulsão
para o trabalho, idéias que se refletem claramente no comportamento típico da
sociedade burguesa ocidental.
Em suma, para Weber, a sociologia é a busca de sentido das ações sociais. Weber
intentava compreender as ações dos indivíduos e a relação de sua origem e
conseqüência com a sociedade.
MAX WEBER – BIBLIOGRAFIA
3
4. • 21 de Abril de 1864 - Max Weber nasce em Erfurt. Os pais são o jurista e mais
tarde deputado do parlamento imperial (Reichstag) pelo partido nacional-liberal, Max
Weber e Helene (nascida na família Fallenstein)
• 1882-1886 - estudos de Direito, Economia Nacional, Filosofia e História
• 1889 - doutoramento em Direito
• 1892 - habilitação em direito canônico romano e direito comercial (em Berlim)
• 1893 - obteve uma posição temporária na Universidade de Berlim. Casamento
com Marianne Schnitger (1870-1954), que será mais tarde ativista pelos direitos da
mulher e socióloga
• 1894 - é chamado para professor da cadeira de Economia Nacional na
Universidade de Freiburg im Breisgau
• 1897 - professor de Economia Nacional na Universidade de Heidelberg
• 1898 - no seguimento de uma crise familiar, Weber sofre de um colapso nervoso.
Abandona o trabalho acadêmico. É internado periodicamente até 1903
• 1904 - regressa à atividade profissional. Atividade redatorial no jornal "Archiv für
Sozialwissenschaft und Sozialpolitik", que se tornou o jornal líder da ciência social
alemã. Weber fez neste ano uma viagem aos Estados Unidos, onde deu aulas
• 1907 - recebe uma herança que o liberta de quaisquer preocupações financeiras
• 1909 - é co-fundador da sociedade Alemã de Sociologia
• 1914-1918 - Primeira guerra mundial, em 1914, Weber acolhe entusiasticamente
o início da Guerra (um nacionalismo militarista muito comum na altura, partilhado entre
outros por Thomas Mann). Inscreveu-se como voluntário no exército (Reichswehr). Em
1915 mudou de idéias, tornando-se um pacifista
• 1917 - nos Colóquios de Lauenstein apela à continuação da guerra, ao mesmo
tempo defendendo o retorno ao parlamentarismo
• 1918 - co-fundador do partido democrático alemão (DDP)
• 1919 - convocado como conselheiro para a delegação alemã na conferência do
Tratado de Versalhes. Foi também nomeado professor de economia nacional na
Universidade de Munique.
• 14 de Junho de 1920 - morre em Munique vítima de uma pneumonia.
Maximillian Carl Emil Weber, foi o mais velho dos sete filhos de Max Weber e sua
mulher Helene Fallenstein. Seu pai, protestante, era uma figura autocrata, jurista,
economista e considerado um dos fundadores da Sociologia juntamente com
Karl Marx, Vilfredo Pareto e Emile Durkheim. É conhecido pelo seu trabalho
sobre a Sociologia da religião.
De importância extrema, Max Weber escreveu a Ética protestante e o espírito do
Capitalismo. Este é um ensaio fundamental sobre as religiões e a afluência dos seus
seguidores. Subjacente a Weber está à realidade econômica da Alemanha do princípio
do século XX.
Significante, também, é o ensaio de Weber sobre a política como vocação. Weber
postula ali a definição de estado que se tornou essencial no pensamento da sociedade
4
5. ocidental: que o estado é a entidade que possui o monopólio do uso legítimo da ação
coercitiva. A política deverá ser entendida como qualquer atividade em que o estado
tome parte, de que resulte uma distribuição relativa da força.
A política obtém assim a sua base no conceito de poder e deverá ser entendida como a
produção do poder, na qual o político deverá esposar a ética dos fins últimos e a ética
da responsabilidade, e deverá possuir a paixão pela sua atividade como a capacidade
de se distanciar dos governados.
Quanto às relações entre a cultura protestante e o "espírito do capitalismo", pode-se
dizer, de maneira esquemática, que estão relacionadas principalmente com a doutrina
da predestinação e da comprovação — entendidas aqui, respectivamente, como a idéia
de que Deus decretou o destino dos homens desde a criação e a idéia de que certos
sinais da vida cotidiana podem indicar quais são os eleitos por Deus e quais os
danados. Conquanto, para os católicos, há certos elementos atenuantes que permitem
ao crente cometer certos deslizes, para os protestantes, sobretudo os calvinistas, a
exigência de uma comprovação de que se é eleito impõe vastas restrições à liberdade
do fiel, de modo a levar a uma total racionalização da vida. Essa racionalização,
entendida como uma "ascese intramundana" — isto é, uma visão de mundo que propõe
a iluminação através da santificação de cada ato particular do cotidiano —, abre um
campo para o enaltecimento do trabalho, visto como a marca da santificação. É essa
característica que permite a articulação entre a ética protestante, por um lado, e o
espírito do capitalismo, por outro.
Weber também é conhecido pelo seu estudo da burocratização da sociedade. No seu
trabalho, Weber delineia a famosa descrição da burocratização como uma mudança da
organização baseada em valores e ação (a chamada autoridade tradicional) para uma
organização orientada para os objetivos e ação (chamada legal-racional). O resultado,
segundo Weber, é uma "noite polar de frio glacial" na qual a crescente burocratização
da vida humana a coloca numa gaiola de metal de regras e de controle racional. Seus
estudos sobre a burocracia da sociedade tiveram grande importância no estudo da
Teoria da Burocracia, dentro do campo de estudo da administração de empresas
SOCIOLOGIA ALEMÃ: A CONTRIBUIÇÃO DE MAX WEBER
A França e a Inglaterra desenvolveram o pensamento social. Sob a influência do
desenvolvimento industrial e urbano que transformou esses países em potências
emergentes e sedes do pensamento burguês da Europa. A indústria, a expansão
marítima e comercial, o sucesso alcançado pelas Ciências, em particular pela Física e
pela Biologia, influenciaram na adaptação das escolas sociológicas para uma nova
visão do mundo social. Entretanto, esse avanço da Sociologia foi alcançado
tardiamente pela Alemanha devido ao seu processo de unificação política e sob a
influência de outras correntes filosóficas e da sistematização de outras Ciências
Humanas, como a História e a Antropologia.
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6. Devemos distinguir no pensamento alemão, portanto, a preocupação com o estudo da
diferença, característica de sua formação política e de seu desenvolvimento econômico.
Adicione-se a isso a herança puritana com seu apego à interpretação das escrituras e
livros sagrados. Essa associação entre História, esforço interpretativo e facilidade em
discernir diversidades caracterizou o pensamento alemão e influenciou muitos outros
cientistas.
AÇÃO SOCIAL
Em sociologia, ação social se refere a qualquer ação que leva em conta ações ou
reações de outros indivíduos e é modificada se baseando nesses eventos.
Weber diferenciou alguns tipos de ações sociais:
• Ações racionais ou ações por valores: ações tomadas com base nos valores
do indivíduo, mas sem pensar nas conseqüências e muitas vezes sem considerar se os
meios escolhidos são apropriados para atingi-lo.
• Ações instrumentais por fins: ações planejadas e tomadas apos avaliado o fim
em relação a outros fins, e após a consideração de vários meios para atingi-los. Um
exemplo seria a maioria das transações econômicas.
• Ações afetivas ou ações emocionais: ações tomadas devido às emoções do
indivíduo, para expressar sentimentos pessoais. Como exemplos, comemorar após a
vitória, chorar em um funeral seria ações emocionais.
• Ações tradicionais: ações baseadas na tradição enraizada. Um exemplo seria
relaxar nos domingos e colocar roupas mais leves. Algumas ações tradicionais podem
se tornar um artefato cultural.
Na hierarquia sociológica, a ação social é mais avançada que o comportamento, ação e
comportamento social, e é em seqüência seguida por contatos sociais mais avançados,
interação social e relação social.
TAREFA DO CIENTISTA
Apesar de seguirem por construções tipológicas e ideologias distintas, tanto Weber
quanto Durkheim estavam preocupados em estabelecer as bases sólidas para tornar a
Sociologia uma ciência; estavam preocupados com a objetividade e rigor científico com
que o cientista social estudaria determinado aspecto da sociedade. Durkheim enxerga a
sociedade como algo muito mais complexo do que a simples soma dos indivíduos que a
compõem, ele vê a sociedade como algo exterior ao homem enquanto estudioso,
devendo ser analisado sob ótica rigorosa livre de pré-noções e preconceitos.
Weber tenta resolver tal questão de uma maneira menos dedutiva, dando maior
importância ao processo empírico - tomando cada fato significativo em sua
especificidade, fato este escolhido de acordo com os valores do cientista.
6
7. TIPO IDEAL
Tipo ideal ou tipo puro na concepção de Weber é um instrumento de análise sociológica
para o apreendi mento da sociedade por parte do cientista social com o objetivo de criar
tipologias puras, destituídas de tom avaliativo, de forma a oferecer um recurso analítico
baseado em conceitos, como o que é religião, burocracia, economia, capitalismo,
dentre outros.
Uma das principais características do tipo ideal é o fato de que não corresponde à
realidade, mas pode ajudar em sua compreensão, estabelecido de forma racional,
porém com base nas escolhas pessoais anteriores daquele que analisa. É então um
conceito teórico abstrato criado com base na realidade-indução, servindo como um
"guia" na variedade de fenômenos que ocorrem na realidade; por se basear na indução,
dá "ênfase na caracterização sistemática dos padrões individuais concretos opõe a
conceituação típico-ideal à conceituação generalizada, tal como esta é conhecida nas
ciências naturais", fazendo oposição ao método comparativo dos positivistas como
Émile Durkheim.
A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO
Capa da edição alemã original
A ética protestante e o espírito do capitalismo é um livro escrito
entre 1904 e 1905, publicado mais tarde em 1920 ano de sua morte.
Neste livro, Weber avança a tese de que a ética e as idéias puritanas
influenciaram o desenvolvimento do capitalismo. Tradicionalmente, na
Igreja Católica Romana, a devoção religiosa estava normalmente
acompanhada da rejeição dos assuntos mundanos, incluindo a ocupação econômica.
Ele define o espírito do capitalismo como as idéias e hábitos que favorecem, de forma
ética, a procura racional de ganho econômico. Weber afirma que tal espírito não é
limitado à cultura ocidental, mas que indivíduos noutras culturas não tinham podido por
si só estabelecer a nova ordem econômica do capitalismo.
Após definir o espírito do capitalismo, Weber argumenta que há vários motivos para
procurar as suas origens nas idéias religiosas da Reforma Protestante. Muitos
observadores já tinham comentado a afinidade entre o protestantismo e o
desenvolvimento do espírito comercial.
Weber mostrou que certos tipos de Protestantismo (em especial o Calvinismo)
favoreciam o comportamento econômico racional e que a vida terrena (em contraste
com a vida "eterna") recebeu um significado espiritual e moral positivo. O Calvinismo
trouxe a idéia de que as habilidades humanas (música, comércio, etc.) deveriam ser
percebidas como dádiva divina e por isso incentivadas. Este resultado não era o fim
daquelas idéias religiosas, mas antes um subproduto ou efeito lateral. A lógica inerente
7
8. destas novas doutrinas teológicas e as deduções que se lhe podem retirar, direta ou
indiretamente, encorajam o planejamento e a abnegação ascética em prol do ganho
econômico.
Em conclusão, o estudo da ética protestante, de acordo com Weber, explorava
meramente uma fase da emancipação da magia, o desencanto do mundo, uma
característica que Weber considerava como uma peculiaridade que distingue a cultura
ocidental.
O livro “A ética protestante e o Espírito do Capitalismo”, se origina da união de dois
longos artigos publicados pelo autor nos anos de 1904 e 1905, sendo que no artigo
intitulado “Espírito do Capitalismo”, o autor retrata suas observações quanto ao fato de
em sua maioria, os homens de negocio, os grandes capitalistas, os operários de alto
nível e o pessoal especializado do período pertencer à religião protestante (calvinista),
e através do isolamento de suas características em comum e estabelece um “tipo ideal
de conduta religiosa”, que consiste na elaboração limite de algo, vazio a realidade
concreta. Com a publicação da Ética Protestante, o criador da obra literária expõe suas
observações visando explicar a existência de algo em quem professa o protestantismo,
em particular a doutrina protestante de linha calvinista, que se distingue por santificar a
vida diária em contraposição à contemplação do divino, condição que favorece o
espírito capitalista moderno, notoriamente o alemão, ou seja, o autor busca idealizar,
identificar, o tipo ideal de conduta religiosa, em oposição ao conceito pregado pela
Igreja Católica, que na época por meio do conceito da piedade popular e da espera da
recompensa na vida após a morte; e a mensagem protestante de linha luterana, que
acredita que o homem já nasce predestinado a salvação, condutas que repugnavam a
obtenção do lucro e que deste modo iam de encontro ao ideal burguês.
Max Weber defende o estabelecimento de um raciocínio lógico capitalista, que o
mesmo denomina racionalismo; sendo esta leitura realizada através da comparação da
Alemanha do período com outros países civilizados do planeta em condição de
desenvolvimento semelhante, ou seja, com existência do capitalismo e de empresas
capitalistas, sendo identificada na primeira uma estrutura social, política e ideológica
ímpar, que pode se ditar como a condição ideal para o surgimento do capitalismo
moderno, que defende a paixão pelo lucro como demonstração de prosperidade, fé e
salvação. Neste contexto o autor expõe através do emprego do método e da pesquisa
científica uma das várias facetas do capitalismo, o capitalismo ocidental apresentado
em sua obra científica como a principal característica do Sistema Capitalista a
organização capitalista racional do trabalho livre, a separação dos negócios da moradia
da família e a implementação da contabilidade racional; da qual se origina a classe
burguesa ocidental ligada estreitamente à divisão do trabalho.
CONTEXTO HISTÓRICO E MÉTODO COMPREENSIVO
Weber sistematiza sua metodologia sociológica partindo da perspectiva de que o
caráter particular e específico de cada formação social e histórica deve ser respeitado.
Suas formulações podem ser vistas como produtos de seu contexto, visto que somente
ao início do século XIX a Alemanha passava pelo seu processo de industrialização —
tardiamente quando comparado à expansão urbana e formação da burguesia industrial
8
9. na Inglaterra e na França ainda no século XVIII; onde floresceram o Positivismo, e o
Evolucionismo, resultando em uma metodologia sociológica voltada aos anseios da
sociedade industrial, e à ela adaptada.
Pode-se dizer que enquanto Comte se valia de dos preceitos das chamadas ciências
"naturais", como a Biologia, Física e Matemática, em outras palavras como exemplo:
darwinismo, mecanicismo e racionalismo; na Alemanha a Sociologia estaria sob
influências de outras correntes, que visavam anseios menos expansionistas, e lançando
mão das ciências humanas, tal como a Antropologia.
Uma dessas correntes filosóficas é o Historicismo, que após Hegel foi bastante influente
na Alemanha, especialmente dentro de seu Idealismo, e mais tarde presente também
em Marx e seu Materialismo histórico-dialético. Portanto, o Historicismo como outras
escolas filosóficas germânicas, propunham um contexto ao que Weber, para elaborar o
tipo ideal como instrumento de seu método, preconizava a preocupação com o estudo
das evidências particulares e compreensão das mesmas, em oposição à generalização
e comparação presentes em Comte e Durkheim, próprias da sociologia positivista.
Para Weber, o historiador, ou o sociólogo, jamais trabalha com a totalidade dos fatos
históricos, baseando-se na coleta de dados e no esforço interpretativo das fontes, lida,
portanto, com dados esparsos e fragmentários. Propondo para essa análise o método
compreensivo, isto é, um esforço interpretativo do passado e de sua repercussão nas
características peculiares das sociedades contemporâneas.
Neste âmbito, o tipo ideal surge como forma de compreender a realidade, mas sem de
fato corresponder à ela, já que a realidade, não seria possível de ser alcançada em sua
totalidade. Igualmente não seria alcançada a neutralidade total e objetiva do cientista,
pois este é guiado pelos seus sentimentos, por suas escolhas subjetivas e seus
valores.
WEBER - O PENSADOR
Max Weber enquanto pensador moderno conseguiu extravasar as margens apertadas
da racionalidade moderna entre a razão, o sentido e a paixão.
“O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o
impossível.”
“Somente quem tem a vocação da política terá certeza de não desmoronar quando o mundo,
do seu ponto de vista, for demasiado estúpido ou demasiado mesquinho para o que ele deseja
oferecer. Somente quem, frente a todas as dificuldades, pode dizer "Apesar de tudo!"além a
vocação para a política.”.
“Há atos humanos que, considerados isoladamente, são impregnados pela nossa sensibilidade
valorativa com as cores mais deslumbrantes, mas que, pelas conseqüências a que dão origem,
acaba fundindo-se na cinzenta infinidade do historicamente indiferente, ou que antes, como
geralmente sucede, entrecruzando-se com outros eventos do destino histórico, acabam
mudando tanto na dimensão como na natureza do seu sentido, até tornar-se irreconhecíveis.”
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10. “A ética da convicção e a ética da responsabilidade não se contrapõem, mas se completam e,
juntas, formam o homem autêntico, ou seja, um homem que pode aspirar a "vocação política".”
“Poder é toda chance, seja ela qual for, de impor a própria vontade numa relação social,
mesmo contra a relutância dos outros.”
“A idade não é decisiva; o que é decisivo é a inflexibilidade em ver as realidades da vida, e a
capacidade de enfrentar essas realidades e corresponder a elas interiormente. Por mais que a
vida tenha um sentido, só conhece o combate eterno que os deuses travam entre si, ou,
evitando a metáfora, só conhece a incompatibilidade dos pontos de vista últimos possíveis, a
impossibilidade de regular os seus conflitos e, portanto, a necessidade de se decidir a favor de
um ou de outro.”
“A ciência é uma "vocação" alicerçada na especialização e posta a serviço de uma tomada de
consciência de nós mesmos e do conhecimento das relações objetivas. A ciência não é produto
de revelações, tampouco é graça que um profeta ou um visionário houvesse recebido para
assegurar a salvação das almas.”
“Aprendamos à lição! Com base no fervor e na espera somente, nada se fez até agora. Carece
agir de outra forma, entregar-se ao trabalho e responder às exigências de cada dia - tanto
no campo da vida comum, quanto no campo da vocação.”
SÍNTESE
Max Weber nasceu e teve sua formação intelectual no período em que as primeiras
disputas sobre a metodologia das ciências sociais começavam a surgir na Europa,
sobretudo em seu país, a Alemanha. Filho de uma família da alta classe média, Weber
encontrou em sua casa uma atmosfera intelectualmente estimulante.
Weber recebeu excelente educação secundária em línguas, história e literatura
clássica. Em 1882, começou os estudos superiores em Heidelberg; continuando-os em
Göttingen e Berlim, em cujas universidades se dedicaram simultaneamente à
economia, à história, à filosofia e ao direito. Concluído o curso, trabalhou na
Universidade de Berlim, na qual idade de livre-docente, ao mesmo tempo em que servia
como assessor do governo. Em 1893, casou-se e; no ano seguinte, tornou-se professor
de economia na Universidade de Freiburg, da qual se transferiu para a de Heidelberg,
em 1896. Dois anos depois, sofreu sérias perturbações nervosas que o levaram a
deixar os trabalhos docentes, só voltando à atividade em 1903, na qualidade de co-
editor do Arquivo de Ciências Sociais (Archiv tür Sozialwissenschatt), publicação
extremamente importante no desenvolvimento do estudo sociológico na Alemanha. A
partir dessa época, Weber somente deu aulas particulares, salvo em algumas ocasiões,
em que proferiu conferências nas universidades de Viena e Munique, nos anos que
precederam sua morte, em 1920.
10
11. A sociologia weberiana concebe a sociedade como um eterno fluir, um conjunto
inesgotável de acontecimentos que aparecem e desaparecem, estando sempre
em movimento devido a um elemento básico: a ação social que implica uma
concepção do homem como indivíduo ativo a partir de um processo de conexão
valorativa do homem visando o real.
Seria pautada no processo de gênese e formação (e não através de estágios de
evolução), daí a importância da pesquisa histórica para a comparação e compreensão
das sociedades.
Busca a caracterização e compreensão do mundo ocidental moderno em face dos
períodos anteriores, uma vez que as peculiaridades de cada período revelariam as
causas de suas diferenças em relação a este mundo, pautado pela racionalização.
A partir de então a realidade não pode ser apreendida em sua totalidade já que o real
modifica-se a cada momento de acordo com as diferentes maneiras pelas quais os
homens se relacionam significativamente uns com os outros. Exatamente pelo fato da
apreensão da realidade ser fragmentária a ciência também o é. A construção do saber
científico é fragmentário, especializado, sendo a ciência definida por Weber como
vocação especializada.
Weber contribuiu para a sociedade alemã com a chamada Sociologia da Ação ou
Sociologia Compreensiva, que se fundamentou no idealismo. A busca da análise
histórica e da compreensão qualitativa para a compreensão dos processos históricos e
sociais.
Suas principais obras foram “A sociedade e economia” e ”Ética protestante e o espírito
do capitalismo” estes tratam da sociedade da época, mostrando o comportamento, o
modo de pensar, o sistema capitalista.
A obra de Weber, complexa e profunda, constitui um momento da compreensão dos
fenômenos históricos e sociais e, ao mesmo tempo, da reflexão sobre o método das
ciências histórico-sociais. Para Weber, o "espírito do povo" é produto de inumeráveis
variáveis culturais e não o fundamento real de todos os fenômenos culturais de um
povo.
As soluções encontradas por Weber para os intrincados problemas metodológicos que
ocuparam a atenção dos cientistas sociais do começo do século XX permitiram-lhe
lançar novas luzes sobre vários problemas sociais e históricos, e fazer contribuições
extremamente importantes para as ciências sociais. Foram seus estudos sobre a
sociologia da religião, mais exatamente suas interpretações sobre as relações entre as
idéias e atitudes religiosas, por um lado, e as atividades e organização econômica
correspondentes, por outro.
A primeira idéia que ocorreu a Weber na elaboração dessa teoria foi a de que, para
conhecer corretamente a causa ou causas do surgimento do capitalismo, era
necessário fazer um estudo comparativo entre as várias sociedades do mundo
ocidental e as outras civilizações, principalmente as do Oriente, onde nada de
semelhante ao capitalismo ocidental tinha aparecido. Depois de exaustivas análises
nesse sentido, Weber foi conduzido à tese de que a explicação para o fato deveria ser
encontrada na íntima vinculação do capitalismo com o protestantismo: “Qualquer
observação da estatística ocupacional de um país de composição religiosa mista traz à
luz, com notável freqüência, um fenômeno que já tem provocado repetidas discussões
11
12. na imprensa e literatura católicas e em congressos católicos na Alemanha: o fato de os
líderes do mundo dos negócios e proprietários do capital, assim como os níveis mais
altos de mão-de-obra qualificada, principalmente o pessoal técnica e comercialmente
especializado das modernas empresas, serem preponderantemente protestantes”.
Dentro das coordenadas metodológicas que se opunham à assimilação das ciências
sociais aos quadros teóricos das ciências naturais, Weber concebe o objeto da
sociologia como, fundamentalmente, "a captação da relação de sentido" da ação
humana.
Weber aborda os fatos de forma a não ser possível propriamente explicá-lo como
resultado de um relacionamento de causas e efeitos, mas compreendê-lo como fato
carregado de sentido, isto é, como algo que aponta para outros fatos e somente em
função dos quais poderia ser conhecido em toda a sua amplitude.
O método compreensivo, defendido por Weber, consiste em entender o sentido que as
ações de um indivíduo contêm e não apenas o aspecto exterior dessas mesmas ações.
Segundo Weber, a captação desses sentidos contidos nas ações humanas não poderia
ser realizada por meio, exclusivamente, dos procedimentos metodológicos das ciências
naturais, embora a rigorosa observação dos fatos seja essencial para o cientista social.
As leis sociais, para Weber, estabelecem relações causais em termos de regras de
probabilidades, segundo as quais a determinados processos devem seguir-se, ou
ocorrer simultaneamente. Essas leis referem-se a construções de “comportamento com
sentido” e servem para explicar processos particulares. Para que isso seja possível;
Weber defende a utilização dos chamados “tipos ideais”, que representam o primeiro
nível de generalização de conceitos abstratos e, correspondendo às exigências lógicas
da prova, estão intimamente ligados à realidade concreta particular.
O conceito de tipo ideal corresponde, no pensamento weberiano, a um processo de
conceituação que abstrai de fenômenos concretos o que existe de particular,
constituindo assim um conceito individualizante ou, nas palavras do próprio Weber, um
“conceito histórico concreto”.
O tipo ideal, segundo Weber, expõe como se desenvolveria uma forma particular de
ação social se o fizesse racionalmente em direção a um fim e se fosse orientada de
forma a atingir um e somente um fim. Assim, o tipo ideal não descreveria um curso
concreto de ação, mas um curso de ação “objetivamente possível”.
Desse modo, o tipo ideal não constitui nem uma hipótese nem uma proposição e,
assim, não pode ser falso nem verdadeiro, mas válido ou não-válido, de acordo com
sua utilidade para a compreensão significativa dos acontecimentos estudados pelo
investigador.
No que se refere à aplicação do tipo ideal no tratamento da realidade, ela se dá de dois
modos. O primeiro é um processo de contraste conceituai que permite simplesmente
apreender os fatos segundo sua maior ou menor aproximação ao tipo ideal. O segundo
consiste na formulação de hipóteses explicativas.
Para Weber, uma ação é racional quando cumpre duas condições. Em primeiro lugar,
uma ação é racional na medida em que é orientada para um objetivo claramente
formulado, ou para um conjunto de valores, também claramente formulados e
12
13. logicamente consistentes. Em segundo lugar, uma ação é racional quando os meios
escolhidos para se atingir o objetivo são os mais adequados.
De acordo com o vocabulário weberiano, são quatro os tipos de ação que cumpre
distinguir claramente: ação racional em relação a fins, ação racional em relação a
valores, ação afetiva e ação tradicional.
Esta última, baseada no hábito, está na fronteira do que pode ser considerado como
ação e faz Weber chamar a atenção para o problema de fluidez dos limites, isto é, para
a virtual impossibilidade de se encontrarem “ações puras”. Em outros termos, segundo
Weber, muito raramente a ação social orienta-se exclusivamente conforme um ou outro
dos quatro tipos. Seriam tipos puramente conceituais, construídos para fins de análise
sociológica; na maior parte dos casos, os quatro tipos de ação encontram-se
misturados.
Para Weber, as singularidades históricas resultam de combinações específicas de
fatores gerais que, se isolados, são quantificáveis, de tal modo que os mesmos
elementos podem ser vistos numa série de outras combinações singulares. Tudo aquilo
que se afirma de uma ação concreta, seus graus de adequação de sentido, sua
explicação compreensiva e causal, seriam hipóteses suscetíveis de verificação.
ANÁLISE GERAL
(começa aqui CLARINHA)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WEBER, Max. Sociologia. São Paulo: Ed. Atlas, 1979. Cap. 3: A "objetividade" do
conhecimento nas Ciências Sociais;
WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Martin Claret, 2003.
WEBER, Max. Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Ed.Cultrix, 2000.
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito capitalista. São Paulo: Martin Claret,
2003.
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito capitalista. São Paulo: Companhia
das Letras, 2004.
WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Ed. Guanabara: Rio de Janeiro, 1981.
COSTA, Cristina. “Sociologia alemã: a contribuição de Max Weber”, in: Sociologia –
Introdução à ciência da sociedade. (2a
ed). São Paulo: Moderna, 2001 (pp. 70-77).
13
14. FERREIRA, Delson. Manual de sociologia: dos clássicos à sociedade da
Informação. São Paulo: Atlas, 2001.
* Trabalho de pesquisa obtido em: http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%A3o_social
Síntese, conclusão de debate e análise geral: desenvolvido pelos alunos da turma 1º B de
Administração Geral do período noturno da FABAVI – Faculdade Batista de Vitória, mediante
apresentação em sala de aula sob orientação do Profº Flávio Valdir Kirts.
14