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Questões fechadas sobre

Clara dos Anjos, de Lima Barreto
Manoel Neves
TEXTO

revisional de literatura
Dona	
  Margarida	
  tocou	
  a	
  campainha	
  com	
  decisão	
  e	
  subiu	
  a	
  pequena	
  escada	
  que	
  dava	
  acesso	
  à	
  
casa.	
   Disse	
   à	
   criada	
   que	
   desejava	
   falar	
   à	
   dona	
   da	
   casa.	
   Dona	
   Salus=ana,	
   que	
   esperava	
   tudo,	
  
menos	
   aquela	
   visita	
   portadora	
   de	
   semelhante	
   mensagem,	
   não	
   tardou	
   mandar	
   entrar	
   as	
   duas	
  
mulheres.	
   Ambas	
   estavam	
   bem	
   ves=das	
   e	
   nada	
   denunciava	
   o	
   que	
   as	
   trazia	
   ali.	
   […]	
   A	
   mãe	
   de	
  
Cassi,	
  depois	
  de	
  ouvi-­‐la,	
  pensou	
  um	
  pouco	
  e	
  disse	
  com	
  um	
  ar	
  um	
  tanto	
  irônico:	
  
–	
  Que	
  é	
  que	
  a	
  senhora	
  quer	
  que	
  eu	
  faça?	
  […]	
  
–	
  Que	
  se	
  case	
  comigo.	
  
Dona	
   Salus=ana	
   ficou	
   lívida;	
   a	
   intervenção	
   da	
   mula=nha	
   a	
   exasperou.	
   Olhou-­‐a	
   cheia	
   de	
  
malvadez	
  e	
  indignação,	
  demorando	
  o	
  olhar	
  propositadamente.	
  Por	
  fim,	
  expectorou:	
  
–	
  Que	
  é	
  que	
  você	
  diz,	
  sua	
  negra?	
  […]	
  
Na	
  rua,	
  Clara	
  pensou	
  em	
  tudo	
  aquilo,	
  naquela	
  dolorosa	
  cena	
  que	
  =nha	
  presenciado	
  e	
  no	
  vexame	
  
que	
   sofrera.	
   Agora	
   é	
   que	
   =nha	
   a	
   noção	
   exata	
   da	
   sua	
   situação	
   na	
   sociedade.	
   Fora	
   preciso	
   ser	
  
ofendida	
  irremediavelmente	
  nos	
  seus	
  melindres	
  de	
  solteira,	
  ouvir	
  os	
  desaforos	
  da	
  mãe	
  do	
  seu	
  
algoz,	
   para	
   se	
   convencer	
   de	
   que	
   ela	
   não	
   era	
   uma	
   moça	
   como	
   as	
   outras;	
   era	
   muito	
   menos	
   no	
  
conceito	
  de	
  todos.	
  […]	
  
TEXTO

revisional de literatura
A	
  educação	
  que	
  recebera,	
  de	
  mimos	
  e	
  vigilâncias,	
  era	
  errônea.	
  Ela	
  devia	
  ter	
  aprendido	
  da	
  boca	
  
de	
  seus	
  pais	
  que	
  a	
  sua	
  hones=dade	
  de	
  moça	
  e	
  de	
  mulher	
  =nha	
  todos	
  por	
  inimigos,	
  mas	
  isto	
  ao	
  
vivo,	
   com	
   exemplos,	
   claramente…	
   O	
   bonde	
   vinha	
   cheio.	
   Olhou	
   todos	
   aqueles	
   homens	
   e	
  
mulheres…	
  Não	
  haveria	
  um	
  talvez,	
  entre	
  toda	
  aquela	
  gente	
  de	
  ambos	
  os	
  sexos,	
  que	
  não	
  fosse	
  
indiferente	
  à	
  sua	
  desgraça…	
  Ora,	
  uma	
  mula=nha,	
  filha	
  de	
  um	
  carteiro!	
  O	
  que	
  era	
  preciso,	
  tanto	
  
a	
   ela	
   como	
   às	
   suas	
   iguais,	
   era	
   educar	
   o	
   caráter,	
   reves=r-­‐se	
   de	
   vontade	
   […]	
   e	
   bater-­‐se	
   contra	
  
todos	
   os	
   que	
   se	
   opusessem,	
   por	
   este	
   ou	
   aquele	
   modo,	
   contra	
   a	
   elevação	
   dela,	
   social	
   ou	
  
moralmente.	
   Nada	
   a	
   fazia	
   inferior	
   às	
   outras,	
   senão	
   o	
   conceito	
   geral	
   e	
   a	
   covardia	
   com	
   que	
   elas	
   o	
  
admi=am…	
  
Chegaram	
   em	
   casa;	
   Joaquim	
   ainda	
   não	
   =nha	
   vindo.	
   Dona	
   Margarida	
   relatou	
   a	
   entrevista,	
   por	
  
entre	
  choro	
  e	
  os	
  soluços	
  da	
  filha	
  e	
  da	
  mãe.	
  
Num	
   dado	
   momento,	
   Clara	
   ergueu-­‐se	
   da	
   cadeira	
   em	
   que	
   se	
   sentara	
   e	
   abraçou	
   muito	
  
fortemente	
  sua	
  mãe,	
  com	
  um	
  grade	
  acento	
  de	
  desespero:	
  
–	
  Mamãe!	
  Mamãe!	
  
–	
  Que	
  é	
  minha	
  filha?	
  
–	
  Nós	
  não	
  somos	
  nada	
  nesta	
  vida.	
  
BARRETO,	
  Lima.	
  Clara	
  dos	
  Anjos.	
  Belo	
  Horizonte:	
  Ita=aia,	
  2001.	
  
QUESTÃO 01

revisional de literatura
O	
   fragmento	
   transcrito	
   anteriormente	
   traz	
   os	
   momentos	
   finais	
   do	
   romance	
   Clara	
   dos	
   Anjos.	
   De	
  
sua	
  leitura,	
  só	
  não	
  é	
  possível	
  depreender	
  que	
  
a)	
  a	
  cena	
  transforma	
  o	
  modo	
  como	
  a	
  personagem	
  percebe	
  a	
  si	
  e	
  à	
  sua	
  condição	
  na	
  sociedade.	
  
b)	
  o	
  romance	
  denuncia	
  três	
  modalidades	
  de	
  preconceito:	
  racial,	
  social	
  e	
  de	
  gênero.	
  
c)	
  a	
  perspec=va	
  adotada	
  pelo	
  narrador	
  é	
  distanciada,	
  obje=va	
  e	
  totalmente	
  imparcial.	
  
d)	
  o	
  espaço	
  ocupado	
  pelas	
  personagens	
  é	
  também	
  um	
  indicador	
  da	
  exclusão	
  que	
  sofrem.	
  
SOLUÇÃO COMENTADA
revisional de literatura

A	
   análise	
   feita	
   pelo	
   narrador	
   não	
   é	
   distanciada.	
   Da	
   leitura	
   da	
   obra,	
   depreende-­‐se	
   que	
   as	
  
denúncias	
  são	
  feitas	
  a	
  par=r	
  da	
  perspec=va	
  da	
  protagonista.	
  Assinale-­‐se,	
  pois,	
  a	
  letra	
  “c”.	
  
QUESTÃO 02

revisional de literatura
Da	
   leitura	
   do	
   fragmento	
   acima,	
   é	
   possível	
   inferir	
   que	
   a	
   postura	
   adotada	
   pelo	
   enunciador	
   do	
  
romance	
  só	
  não	
  pode	
  ser	
  considerada.	
  
a)	
  al=va.	
  
b)	
  subserviente.	
  
c)	
  engajada.	
  
d)	
  panfletária.	
  
SOLUÇÃO COMENTADA
revisional de literatura

O	
   discurso	
   do	
   narrador	
   de	
   Clara	
   dos	
   Anjos	
   não	
   é	
   subserviente,	
   na	
   medida	
   em	
   que	
   ele	
   não	
   se	
  
curva	
  ao	
  espírito	
  da	
  época.	
  Ao	
  contrário,	
  sua	
  narra=va	
  é	
  fortemente	
  engajada	
  na	
  denúncia	
  tanto	
  
do	
  preconceito	
  racial,	
  quanto	
  do	
  social.	
  Assinale-­‐se,	
  portanto,	
  a	
  alterna=va	
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Questões fechadas sobre clara dos anjos

  • 1. Questões fechadas sobre Clara dos Anjos, de Lima Barreto Manoel Neves
  • 2. TEXTO revisional de literatura Dona  Margarida  tocou  a  campainha  com  decisão  e  subiu  a  pequena  escada  que  dava  acesso  à   casa.   Disse   à   criada   que   desejava   falar   à   dona   da   casa.   Dona   Salus=ana,   que   esperava   tudo,   menos   aquela   visita   portadora   de   semelhante   mensagem,   não   tardou   mandar   entrar   as   duas   mulheres.   Ambas   estavam   bem   ves=das   e   nada   denunciava   o   que   as   trazia   ali.   […]   A   mãe   de   Cassi,  depois  de  ouvi-­‐la,  pensou  um  pouco  e  disse  com  um  ar  um  tanto  irônico:   –  Que  é  que  a  senhora  quer  que  eu  faça?  […]   –  Que  se  case  comigo.   Dona   Salus=ana   ficou   lívida;   a   intervenção   da   mula=nha   a   exasperou.   Olhou-­‐a   cheia   de   malvadez  e  indignação,  demorando  o  olhar  propositadamente.  Por  fim,  expectorou:   –  Que  é  que  você  diz,  sua  negra?  […]   Na  rua,  Clara  pensou  em  tudo  aquilo,  naquela  dolorosa  cena  que  =nha  presenciado  e  no  vexame   que   sofrera.   Agora   é   que   =nha   a   noção   exata   da   sua   situação   na   sociedade.   Fora   preciso   ser   ofendida  irremediavelmente  nos  seus  melindres  de  solteira,  ouvir  os  desaforos  da  mãe  do  seu   algoz,   para   se   convencer   de   que   ela   não   era   uma   moça   como   as   outras;   era   muito   menos   no   conceito  de  todos.  […]  
  • 3. TEXTO revisional de literatura A  educação  que  recebera,  de  mimos  e  vigilâncias,  era  errônea.  Ela  devia  ter  aprendido  da  boca   de  seus  pais  que  a  sua  hones=dade  de  moça  e  de  mulher  =nha  todos  por  inimigos,  mas  isto  ao   vivo,   com   exemplos,   claramente…   O   bonde   vinha   cheio.   Olhou   todos   aqueles   homens   e   mulheres…  Não  haveria  um  talvez,  entre  toda  aquela  gente  de  ambos  os  sexos,  que  não  fosse   indiferente  à  sua  desgraça…  Ora,  uma  mula=nha,  filha  de  um  carteiro!  O  que  era  preciso,  tanto   a   ela   como   às   suas   iguais,   era   educar   o   caráter,   reves=r-­‐se   de   vontade   […]   e   bater-­‐se   contra   todos   os   que   se   opusessem,   por   este   ou   aquele   modo,   contra   a   elevação   dela,   social   ou   moralmente.   Nada   a   fazia   inferior   às   outras,   senão   o   conceito   geral   e   a   covardia   com   que   elas   o   admi=am…   Chegaram   em   casa;   Joaquim   ainda   não   =nha   vindo.   Dona   Margarida   relatou   a   entrevista,   por   entre  choro  e  os  soluços  da  filha  e  da  mãe.   Num   dado   momento,   Clara   ergueu-­‐se   da   cadeira   em   que   se   sentara   e   abraçou   muito   fortemente  sua  mãe,  com  um  grade  acento  de  desespero:   –  Mamãe!  Mamãe!   –  Que  é  minha  filha?   –  Nós  não  somos  nada  nesta  vida.   BARRETO,  Lima.  Clara  dos  Anjos.  Belo  Horizonte:  Ita=aia,  2001.  
  • 4. QUESTÃO 01 revisional de literatura O   fragmento   transcrito   anteriormente   traz   os   momentos   finais   do   romance   Clara   dos   Anjos.   De   sua  leitura,  só  não  é  possível  depreender  que   a)  a  cena  transforma  o  modo  como  a  personagem  percebe  a  si  e  à  sua  condição  na  sociedade.   b)  o  romance  denuncia  três  modalidades  de  preconceito:  racial,  social  e  de  gênero.   c)  a  perspec=va  adotada  pelo  narrador  é  distanciada,  obje=va  e  totalmente  imparcial.   d)  o  espaço  ocupado  pelas  personagens  é  também  um  indicador  da  exclusão  que  sofrem.  
  • 5. SOLUÇÃO COMENTADA revisional de literatura A   análise   feita   pelo   narrador   não   é   distanciada.   Da   leitura   da   obra,   depreende-­‐se   que   as   denúncias  são  feitas  a  par=r  da  perspec=va  da  protagonista.  Assinale-­‐se,  pois,  a  letra  “c”.  
  • 6. QUESTÃO 02 revisional de literatura Da   leitura   do   fragmento   acima,   é   possível   inferir   que   a   postura   adotada   pelo   enunciador   do   romance  só  não  pode  ser  considerada.   a)  al=va.   b)  subserviente.   c)  engajada.   d)  panfletária.  
  • 7. SOLUÇÃO COMENTADA revisional de literatura O   discurso   do   narrador   de   Clara   dos   Anjos   não   é   subserviente,   na   medida   em   que   ele   não   se   curva  ao  espírito  da  época.  Ao  contrário,  sua  narra=va  é  fortemente  engajada  na  denúncia  tanto   do  preconceito  racial,  quanto  do  social.  Assinale-­‐se,  portanto,  a  alterna=va  “c”.