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ESTUDO INTRODUTÓRIO À OBRA DE JOANNA DE ÂNGELIS
“Conhece-te a ti mesmo”
“O progresso geral é a resultante de todos os progressos individuais; mas, o
progresso individual não consiste apenas no desenvolvimento da inteligência, na
aquisição de alguns conhecimentos. Nisso mais não há do que uma parte do
progresso, que não conduz necessariamente ao bem, pois que há homens que
usam mal do seu saber. O progresso consiste, sobretudo, no melhoramento
moral, na depuração do Espírito, na extirpação dos maus germens que em nós
existem.” (Allan Kardec – Obras póstumas)
Coordenação: Marlon Reikdal
Contato: coord.joannadeangelis@gmail.com
Curitiba/PR – 2017 (versão revisada)
INTRODUÇÃO
POR QUE UM PROGRAMA DE ESTUDOS?
Estudar os textos de Joanna de Ângelis é um desafio para todos.
A abordagem da Doutrina Espírita pelo viés psicológico, apresentada por um Espírito de tão elevado
gabarito moral e intelectual exige um investimento a mais dos estudantes do Espiritismo, principalmente para
aqueles que não têm intimidade com a totalidade da obra e um mínimo de conhecimento de Psicologia.
A Série Psicológica de Joanna de Ângelis hoje se encontra consolidada em 16 volumes, publicados entre
1989 e 2011.1
Existem inúmeros caminhos para estudar esses livros. O principal dificultador que identificamos decorre
do fato da mentora espiritual não se deter em explicar e referenciar bibliograficamente autores e conceitos
psicológicos. Sem entender os conceitos parece-nos impraticável apreender a mensagem em sua profundidade.
Joanna de Ângelis se utiliza de uma conceituação complexa da Psicologia Analítica, como ego, persona,
sombra, anima, animus, inconsciente, self, individuação, são utilizados, esperando que o leitor atento e
interessado se aproprie deles para absorver os ensinamentos doutrinários que nos oferece.
Com esse intuito estabelecemos um programa de introdução ao estudo da Série Psicológica, visando,
facilitar o estudo das obras específicas da mentora.
Mas é preciso esclarecer que pelo fato de um coordenador seguir esse programa de estudos não lhe
habilita para coordenar a tarefa. Cada instituição deve ter seus cuidados e estabelecer os critérios para que um
voluntário possa assumir a tarefa de coordenar um grupo de estudos, independente do viés psicológico ou não.
Nossa intenção com a criação desse programa foi apenas facilitar o trabalho dos coordenadores, mas
não os habilita – aqueles que não o são – para a tarefa. Colocamo-nos a disposição para esclarecimentos e
orientações, sempre que estiverem ao nosso alcance, pois a finalidade é subsidiar estudos de qualidade em
torno da Série Psicológica de Joanna de Ângelis. Mas não oferecemos nenhuma formação ou qualificação para a
tarefa de coordenação de estudos em geral.2
Também não é um estudo substitutivo, de qualquer outro estudo que já exista na Casa Espírita. Acaba
por se tornar uma introdução dos estudos das obras de Joanna de Ângelis – sendo essa a nossa meta. Apenas
fizemos essa introdução para facilitar o entendimento dos conceitos que se encontram ao longo de toda a série.
1
Jesus e a atualidade (1989); O homem integral (1990); Plenitude (1990); Momentos de saúde e de consciência (1992); O
ser consciente (1993); Autodescobrimento: uma busca interior (1995); Desperte e seja feliz (1996); Vida: desafios e soluções
(1997); Amor, imbatível amor (1998); O despertar do espírito (2000); Jesus e o evangelho à luz da psicologia profunda
(2000); Triunfo pessoal (2002); Conflitos existenciais (2005); Encontro com a paz e a saúde (2007); Em busca da verdade
(2009); Psicologia da gratidão (2011).
2
Sugerimos que os interessados procurem nosso canal no You Tube, onde, aos poucos, temos incluído vídeos sobre a
questão da coordenação de estudos com viés psicológico: https://www.youtube.com/user/marlonreikdalblog
Os coordenadores que já tem intimidade com a Série Psicológica e com os conceitos junguianos não
encontrarão aqui qualquer novidade, e por isso será desnecessária a utilização desse trabalho. A intenção é
oferecer suporte apenas para aqueles grupos e, em especial, para os coordenadores, que ainda não transitam
com facilidade pelas obras de Joanna de Ângelis, para que, depois de vencida essa etapa, se dediquem com mais
segurança ao estudo específico da coleção.
Não se propõe a ser um curso de Psicologia, pois se assim fosse, não deveria estar no Centro Espírita.
Com a temática “Conhece-te a ti mesmo”, ao longo de dois anos, pretende-se, além de trabalhar os
conceitos psicológicos, estimular os participantes a olharem para si mesmos, caminhando para a transformação
moral, objetivo último da Doutrina Espírita.3
Pretende-se também entrelaçar os conceitos doutrinários
apresentados por Kardec, aos estudos psicológicos, explicitando essa incrível conexão já prevista pelo
codificador desde os primórdios do Espiritismo, quando subtitulou a Revista Espírita de “jornal de estudos
psicológicos”.
O primeiro ano baseia-se nas noções primordiais de quem somos e das dimensões que nos compõe:
material, psicológica, social e espiritual. O segundo ano aprofunda os conceitos psicológicos que darão base
para as interpretações doutrinárias. Mas não deve ser visto como um estudo conceitual, afinal, seu principal
objetivo é que os temas ego, persona, sombra, anima, animus e self façam parte consciente da vida dos sujeitos,
transformando-os para melhor.
É uma singela proposta que visa facilitar a direcionamento dos coordenadores de estudo, com sugestões
temáticas, metodológicas e bibliográficas. Não deve ser seguido como uma tarefa a ser reproduzida sem
critérios ou reflexão. São direcionamentos, facilitadores, permitindo ao coordenador vislumbrar de modo
didático como trabalhar temas complexos, trazendo os ensinamentos doutrinários para o cotidiano.
REQUISITOS PARA COORDENAR OS ESTUDOS
Equivocadamente, muitas pessoas acreditam que para coordenar um estudo com viés psicológico é
necessário ter formação em Psicologia. Isso ocorre pela falta de entendimento do verdadeiro foco de um grupo
de estudo espírita, que é unicamente o Espiritismo.
Se a finalidade é o estudo e a divulgação do Espiritismo, então, o principal requisito é o conhecimento
do Espiritismo, acima de qualquer outro elemento, aliado ao perfil de coordenação de estudos.
Não é um espaço especial para psicólogos. Menos ainda para aqueles que gostariam de ser e não
puderam, desejando “se sentirem um pouco terapeutas” ministrando “aulas de Psicologia” ou fazendo
“psicoterapia de grupo” no Centro Espírita. Isso é um grande engano.
3
Allan Kardec – O Livros dos espíritos, conclusão, item V.
A Psicologia enquanto prática é uma profissão que pode ser buscada por todos que a desejem, mas sem
o objetivo de encontrar uma brecha nos estudos psicológicos de Joanna de Ângelis para “exercer essa questão
mal resolvida”.
Todos que estão à frente de um grupo de estudos na Casa Espírita devem ter como objetivo promover o
conhecimento e a vivência doutrinária. A abordagem psicológica que Joanna de Ângelis propõe é apenas um
viés dentro do Espiritismo, e jamais pode ser confundida com a prática dessa profissão no Centro Espírita.
Outro grande equívoco é pensar que um psicólogo, por ter significativo conhecimento da Psicologia
Analítica, pode assumir um grupo de estudos na Casa Espírita apenas por sua habilitação profissional. Um ótimo
psicólogo está habilitado a praticar a psicoterapia ou a dar aulas de Psicologia, e apenas um ótimo espírita está
habilitado a coordenar um grupo de estudos sobre Espiritismo.
Mesmo sendo coordenado por um psicólogo, esse profissional jamais deve se colocar como tal. Sua
função ali não é fazer qualquer tipo de diagnóstico, orientação ou intervenção psicoterapêutica – seria um
desrespeito à sua profissão e à Casa Espírita.
Ao detectar que um frequentador da Casa Espírita precisa de psicoterapia, sugere-se que procure esse
tipo de serviço, assim como se faz para alguém com queixa habitual de dor de cabeça, durante o Diálogo
Fraterno, que consulte um neurologista.
Nesse intuito, aqui se encontram algumas sugestões de pré-requisitos para coordenar esse estudo:
a) Conhecimento doutrinário: os estudos psicológicos de Joanna de Ângelis são um viés da Doutrina
Espírita. Na prática não há grandes diferenciações, pois o que se deve estudar em todos os grupos
de uma instituição kardecista é o Espiritismo. Alguns estudam num viés filosófico, outros,
pedagógico, médico ou psicológico. Mas todos estudam a Doutrina Espírita, e por isso, não há como
coordenar qualquer grupo de estudos sem sólido conhecimento doutrinário. Se a Psicologia é um
enfoque pelo qual se analisa a Doutrina, não há como coordenar um estudo sem intimidade com os
ensinamentos espíritas, sob o risco de termos apenas um grupo de Psicologia. O foco, o objeto e a
finalidade são a divulgação e a vivência doutrinária. Todos precisam beber dessa fonte para
conseguir analisá-la por essas diferentes facetas, e apresentá-la aos estudantes do Espiritismo com
muito comprometimento. Se a leitura do Pentateuco Espírita já é um requisito difícil de ser atendido
por muitos, imagine o estudo sério e dedicado. O movimento espírita é carente de pessoas que
realmente estudem Allan Kardec, que entendam e tenham habilidade para transitar pelos seus
fundamentos, explorando-os e aplicando-os à vida com precisão. Seria uma irresponsabilidade
debruçar-se sobre qualquer viés, sem antes absorver a essência da Doutrina de maneira clara. Não
há como pensar que alguém tome a frente de um grupo de estudos da Doutrina Espírita sem
conhecimento solidificado dessa Doutrina.
b) Experiência em coordenação de grupos de estudos: Coordenar adequadamente um grupo de
estudos é uma das tarefas mais complexas, pois não se constitui em simples exposição doutrinária.
O coordenador precisa ter conhecimento significativo do conteúdo exposto, atentar-se ao processo
grupal, mediar relações, motivar pessoas e acima de tudo, apresentar a Doutrina de modo
encantador para que as pessoas se modifiquem interiormente. Além de tudo isso, ainda é preciso
considerar que possam surgir outros entraves como pessoas que tumultuam o grupo, falam demais
ou quase não deixam espaço para os colegas e coordenador; temos os exaltados, os críticos, os
pessimistas, os inibidos entre tantas figuras que precisam ser manejadas adequadamente para não
serem excluídas, por também precisarem da Doutrina em suas vidas. Por isso, orienta-se que, para
coordenar um grupo de estudos com viés psicológico, é ideal que o almejante tenha experiência em
coordenação de grupos de estudos de um modo geral, transitando confortavelmente pelos
conceitos espíritas e pela didática, para que, a partir daí possa empreender um desafio maior que é
o de coordenar um grupo de estudos com um viés específico. Que pelo menos um dos
coordenadores consiga bem desempenhar a tarefa em grupos básicos ou de obras quaisquer, para
depois se aventurar na coordenação de estudos com vieses específicos, como o psicológico.
c) Conhecimento específico: Se em um extremo estão os que creem que é preciso uma habilitação
profissional em Psicologia para coordenar grupos de estudo das obras de Joanna de Ângelis, em
outro extremo, também equivocados, estão aqueles que se aventuram à tarefa sem noções básicas
e conhecimentos específicos das abordagens psicológicas – em especial, da Psicologia Analítica de C.
G. Jung.4
Uma pessoa que esteja à frente de um grupo de estudos que se utiliza dos conceitos
psicológicos junguianos, precisa ter um mínimo conhecimento sobre Psicologia Analítica, assim
como aquela que diante de um grupo com viés filosófico necessita de conhecimento em Filosofia,
para bem realizar a tarefa. Não há obrigatoriedade da presença de um psicólogo, nem se
recomenda que assim aconteça, conforme já exposto. Mas há sim, a necessidade de
comprometimento com o estudo básico da Psicologia, por parte dos coordenadores, no sentido de
entenderem minimamente os conceitos, sem deturpar a Psicologia e, principalmente, a própria
Doutrina dos espíritos.
ESPIRITISMO E PSICOLOGIA
4
Foi com intuito de facilitar o acesso e a compreensão de determinados conceitos psicológicos que o Núcleo de Estudos Psicológicos
Joanna de Ângelis, do qual fazemos parte, publicou, junto com Divaldo Pereira Franco e Joanna de Ângelis, até o momento, duas obras:
Refletindo a alma: a psicologia espírita de Joanna de Ângelis (2011) e Espelhos da alma: uma jornada terapêutica (2014), conciliando os
textos fundamentais do Espiritismo, com as obras de Joanna de Ângelis e importantes referências da Psicologia. Sugerimos que todo
coordenador de estudos das obras de Joanna de Ângelis estude esses dois livros. Além disso, de modo independente, os membros do
Núcleo produziram vídeos que se encontram disponíveis no You Tube e podem ser acessados consultando pelos nomes dos integrantes:
Cláudio e Iris Sinoti, Gelson Luiz Roberto e Marlon Reikdal.
Muito antes dos dias atuais, Allan Kardec já se mostrava um grande estudioso da psique. Por isso,
querer separar o Espiritismo da Psicologia é tentar formalizar uma Doutrina sem alma, uma religião sem nexo
causal nem teológico, uma ciência sem objeto.
Kardec foi explícito nesse sentido, desde o início de suas pesquisas. Sabemos que já na primeira
publicação da Revista Espírita estava sacramentada essa união, e o que mais admiramos no trabalho codificado
por ele foi a sua capacidade de aprofundamento a respeito do homem integral. Fez isso antes mesmo da
Psicologia estabelecer suas bases científicas e adentrar a sociedade como hoje a conhecemos, vários anos antes
do pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939) e Carl Gustav Jung (1875-1961) – o grande desbravador do
inconsciente coletivo.
Todavia, para que essa mensagem se realize em seu potencial transformador, merece atenção e
cuidados.
Para bem compreendermos essa perspectiva precisamos delimitar o enfoque da codificação. Allan
Kardec chama-nos a atenção para a arte de manejar os caracteres. Estabelece categoricamente a diferença
entre o desenvolvimento intelectual e o moral, mostrando-nos que a dimensão intelectual, sem a completude
moral do processo educacional é vazia.
Podemos discursar perfeitamente sobre o perdão, apresentando teorias e orientações que exigem
raciocínio e domínio da oratória. Somos capazes de aconselhar e dirigir a existência dos outros. Porém, vivenciar
esses conhecimentos em profundidade, sem máscaras ou escamoteamentos, é diferente – essa é a dimensão
psicológica essencialmente, o mundo dos sentimentos e das emoções.
É justamente nesse contexto que Joanna de Ângelis foi buscar na Psicologia a alavanca para impulsionar
esse progresso. Divaldo P. Franco conta que a mentora espiritual se dedicou aos estudos da Psicologia, da
Psicanálise e da Psiquiatria por mais de 50 anos no plano espiritual superior, para que nos trouxesse esse
material que vem ganhando cada vez mais espaço no Movimento Espírita em todo o mundo.
As obras de Joanna de Ângelis exigem pesquisas complementares, principalmente das Ciências
Humanas, muito além de vocabulário da Língua Portuguesa. Ao longo de seus trabalhos, a mentora
progressivamente se aprofunda nas questões psicológicas e psiquiátricas, exigindo assim do leitor um estudo
particularizado.
Sua escrita é densa e complexa. Mas nos perguntamos: O que esperar de um Espírito de tamanha
nobreza moral, que conheceu e colaborou com Jesus, desde as primeiras horas? Qual o vocabulário de uma
alma de tão grande estatura intelectual e moral que quando reencarnada foi considerada uma das maiores
poetisas da língua hispânica, além de se desenvolver nas áreas de Teologia moral, Medicina, Astronomia e
Direito Canônico.
Em vez de reclamações ou queixas pela complexidade de seus estudos, deveríamos tecer
agradecimentos a um espírito deste patamar evolutivo que se destina a zelar por nós, e nos orientar, mesmo em
meio à nossa ignorância e pequenez, e disso absorvermos o que há de melhor para vivermos a Doutrina em sua
plenitude.
Para darmos maior dimensão à importância do encontro entre Espiritismo e Psicologia, tomamos como
exemplo a análise da “Parábola do Filho Pródigo” ou a “Parábola dos Dois Filhos”, como também é conhecida. O
evangelho de Jesus é um norte para a humanidade que almeja a felicidade, e essa parábola nos faz pensar sobre
nossas escolhas, as buscas exteriores, sobre os prazeres imediatos e principalmente sobre o Pai amoroso e bom
que temos. Mas essa mesma passagem, interpretada pelo viés psicológico e espírita, oferecido por Joanna de
Ângelis, na obra Em busca da verdade, ganha amplitude inigualável.
Qualquer um que se detenha sobre a obra perceberá o quanto os conceitos psicológicos como persona,
sombra, ego e Self nos possibilitam um olhar mais profundo sobre a parábola, fazendo-nos perceber dimensões
do comportamento humano, pouco compreendidas até então. E mais, permite-nos enxergar as atitudes de cada
personagem por um ângulo diferenciado, menos literal, mais dinâmico e, por consequência, mais fácil de ser
pessoalmente refletidos.
Mas, não pretendemos “psicologizar” a religião nem converter a Psicologia. O que a mentora espiritual
nos ensina é a fazer da Psicologia, em especial a de C. G. Jung, instrumento útil para melhor compreensão do
Espiritismo.
Não é uma comunhão entre Espiritismo e Psicologia, mas sim, a utilização das Ciências Psicológicas e das
demais Ciências, para bem mais compreendermos os fenômenos humanos que o Espiritismo estuda.
A Psicologia é mais uma ferramenta que permite realizar o trabalho com maior precisão, profundidade e
acerto. Na Casa Espírita realizamos um estudo da conduta humana, abordando os temas que fazem parte de
nosso cotidiano. Os conceitos psicológicos servem para instrumentalizar a análise a respeito do
comportamento, mostrando habilmente “como fazer” mudanças verdadeiras para melhor.
As leituras psicológicas vem ganhando cada vez mais espaço nos meios leigos, por ser de grande valia na
compreensão de quem somos e de como nos transformamos. Superados os dias de imposição e repressão
(social, religiosa, sexual, política, etc.) é preciso saber como lidar com os conteúdos que antes eram
simplesmente rejeitados pela consciência.
A Psicologia sempre este embutida nos estudos espíritas. Joanna de Ângelis explicitou isso, formalizando
através de seus estudos e do uso dos conceitos psicológicos, como instrumentos para nossa compreensão.
Exemplificamos isso com a construção de uma casa. Sozinho e com poucas ferramentas é possível
construí-las, mas certamente exigirá mais empenho, mais tempo e oferecerá nível maior de dificuldade. Quando
o construtor tem auxílio de outros, mais instrumentos como o andaime, a betoneira, as serras e demais
maquinarias, ele chegará a resultados parecidos com o demonstrado no primeiro exemplo, contudo de forma
eficiente, mais rápida, e muito provável, consiga realizar uma construção maior e mais segura.
A Psicologia pode ser vista dessa forma. Não é o aspecto essencial, mas contribui para que a Doutrina
alcance seus objetivos de forma mais efetiva, auxiliando num processo que já estava estabelecido
anteriormente pelo Codificador.
A meta do Espiritismo é conduzir a Humanidade na senda da evolução, numa mudança efetiva de
comportamento, e por isso devemos estar profundamente conectados aos estudos psicológicos, afinal, não há
comportamento que não passe pela psique. Destrinchar esse processo é trabalho da Psicologia, então, podemos
aproveitar desse desenvolvimento científico para instrumentalizar a conquista das bases doutrinárias. Servem
para compreendermos o comportamento humano, da criança ao idoso, em suas dimensões de saúde e doença
mental, bem como as relações e seus entraves, seu processo de desenvolvimento moral, favorecendo-nos a
evolução espiritual.
O encontro entre Psicologia e Espiritismo é um convite para o Movimento Espírita iniciar novos tempos,
de mais qualificação e aperfeiçoamento na sua forma de trabalho, mas também para mais qualidade em termos
teóricos, compreendendo o ser humano e a Doutrina Espírita por vieses ainda não estabelecidos, pautados na
dimensão do homem integral.
Dizemos que os estudos de cunho psicológico sempre estiveram nas instituições espíritas, a começar por
O livro dos espíritos, aprofundando em O evangelho segundo o espiritismo, passando pelos estudos
introdutórios e diversos temas sistematizados como a mediunidade, a obsessão, sem esquecermos as obras de
Emmanuel que se mostra um grande conhecedor da alma humana, além de André Luiz, Manoel P. de Miranda, e
tantos outros. São todos estudos doutrinários que já trazem em si a dimensão psicológica por se pautarem na
compreensão da alma humana, seu funcionamento e transformação.
Entretanto, o trabalho que Joanna de Ângelis desenvolveu até o presente momento é de deixar muitos
professores de Psicologia estupefatos pela forma como se apropriou dos estudos da psique e entrelaçou-os à
proposta evangélica. As palavras da mentora espiritual são precisas ao desbravar a alma humana, e por isso a
temos por peça fundamental nesse quebra-cabeça da vida, em busca da plenitude do ser.
Quando a questionamos sobre essa interface entre Psicologia e Espiritismo, denominada para nós
espíritas de Psicologia Espírita, e os cuidados que precisamos ter, obtivemos a seguinte resposta:
O estudo do Espiritismo, de alguma forma, é também do conhecimento psicológico,
porquanto diz respeito à transformação moral do indivíduo para melhor, para tornar-se
vencedor das paixões primárias em favor das emoções superiores da vida. Os estudos da
Psicologia Espírita constituem uma contribuição para mais amplo entendimento da
codificação kardequiana, por aprofundar a sonda do esclarecimento nos conflitos que
vicejam em todas as criaturas, auxiliando-as com métodos eficazes para solucioná-los,
não atribuindo todas as ocorrências perturbadoras às influências espirituais negativas,
mas, sim aos próprios demônios, aqueles que as acompanham através das sucessivas
reencarnações e formam o ego perverso ou sonhador, dinâmico ou preguiçoso, alegre ou
angustiado... Inevitavelmente, à medida que o ser estuda e se estuda, melhora-se,
realizando uma autopsicoterapia, por eleger o bem em vez da perturbação e dos
sentimentos inferiores.
5
GRUPO DE ESTUDOS versus PSICOTERAPIA DE GRUPO
5
Joanna de Ângelis – Espelhos da Alma, p. 117.
No meio espírita existe o receio, por parte de certas pessoas, de que os grupos de estudos se
transformem em grupos de psicoterapia. Em geral, essa preocupação se dá pelo desconhecimento das
características desses dois tipos de atividades. Crê-se equivocadamente que qualquer reunião de pessoas que
falem de suas vidas seja psicoterapia.
Parte desse problema se dá porque os grupos de estudos da Doutrina Espírita têm um caráter
terapêutico. Mas é necessário diferenciar uma atividade com resultados terapêuticos de uma psicoterapia
enquanto prática profissional.
Dizer que os grupos de estudos doutrinários têm um caráter terapêutico não os iguala a um grupo de
psicoterapia, porque são caminhos, técnicas e objetivos completamente diferentes. As atividades da Casa
Espírita auxiliam efetivamente as pessoas a viverem melhor, a administrarem seus problemas sob uma ótica
diferenciada – a espiritual –, a aceitarem suas dores com mais consciência e resignação, a terem fé no futuro,
entre tantos outros benefícios. E isso não se dá apenas nos grupos de estudo, mas também no Diálogo Fraterno,
na exposição evangélica, na evangelização etc.
Os grupos de estudos que tenham cunho terapêutico devem assim ser classificados, porque produzem
uma mudança positiva na vida de seus participantes. Se não transformassem o homem para melhor, não
haveria sentido de existirem. E, todas as atividades de uma Casa Espírita precisam convergir para esse mesmo
fim, levando o homem a viver melhor consigo, com o seu próximo e com Deus.
Já a psicoterapia é um trabalho diferente, em especial, desenvolvido por psicólogos. Só pode ser
realizada por pessoas formadas em uma instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), e
sua prática profissional é regida e orientada por um conselho de classe – nesse caso, o Conselho Federal de
Psicologia (CFP) e suas regionais. Essa instituição a qual todas as práticas profissionais dos psicólogos estão
submetidas estabelece que, ao profissional é vetado induzir convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas,
religiosas, de orientação sexual ou qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções
profissionais.6
Ao querermos atender outra dimensão e deixarmos de falar de Espiritismo, certamente não estaremos
fazendo uma troca com saldo positivo para a Doutrina, afinal o psicólogo não falará do Espiritismo em nosso
lugar.
Além disso, é importante ressaltar que a psicoterapia é um trabalho que ocorre dentro de um contexto
específico, o qual precisa ser considerado para que seus resultados sejam alcançados. Entre eles, lembramos a
questão do contrato de trabalho, do ambiente, do pagamento, da continuidade, do vínculo transferencial e
contratransferencial, das supervisões.
Existem ainda outros importantes elementos de diferenciação entre um grupo de estudo e um grupo de
psicoterapia: o foco, o embasamento teórico e a intervenção.
6
Código de Ética do Psicólogo - Artigo 2, item b.
a) Foco
O foco de um grupo de estudo é a Doutrina Espírita. O foco de um grupo de psicoterapia é a experiência
de vida dos seus participantes. Os dois podem proporcionar uma vida mais saudável a seus membros. Mas,
enquanto o grupo de estudos parte dos conteúdos doutrinários, para levar o sujeito a refletir sobre sua vida e
modificá-la dentro de suas possibilidades, a psicoterapia parte das vivências e dos elementos pessoais do
terapeutizando naquele momento.
Superficialmente, essas duas abordagens parecem até próximas, mas na prática, são completamente
diferentes.
Nos grupos de estudos temos um programa a seguir, com temas específicos, didaticamente construídos
e orientados para cada encontro, com bibliografia a ser aprofundada pelo coordenador e pelos participantes.
Além disso, temos um objetivo muito claro: estudar aquele conteúdo de modo que seus integrantes consigam
estudar a si mesmos, e transformar suas vidas para melhor a partir do que estejam aprendendo. Já em um
grupo de psicoterapia, o profissional sempre terá como foco o que os pacientes desejarem para aquela sessão,
seus conteúdos, suas vivências. A partir daí, dará início ao trabalho de análise, fazendo-os pensar sobre esse ou
aquele aspecto que estão evidenciando, favorecendo a tomada de consciência de seus padrões de
funcionamento e de suas posturas geradoras de sofrimento. Nessa situação, não se utiliza de uma Doutrina
religiosa que se preocupa em oferecer diretrizes para a conduta humana, e sim, da análise do próprio
comportamento em si, em que cada sujeito é visto como único. Não é uma mera conversa, nem um grupo de
desabafo ou de simples aconselhamentos. O analista utiliza-se de técnicas específicas, posturas, olhares e
análises que diferem de um diálogo cotidiano. Há uma vasta bibliografia de diferentes linhas de abordagens
psicológicas, estabelecendo práticas e condutas profissionais que fazem de um encontro grupal, uma
psicoterapia de grupo.
b) Embasamento teórico
Embora em um grupo de estudos de autodescobrimento possamos estudar conceitos junguianos como
persona ou sombra, é um estudo doutrinário com o objetivo de se compreender o ser humano e,
consequentemente, estimulá-lo à vivência do Espiritismo. Não estudamos as teorias psicológicas por si, como
em um curso de Psicologia.
Nós espíritas, aprendemos com Joanna de Ângelis a utilizar a Psicologia como auxílio para analisarmos
melhor as nossas vidas, e nos trabalharmos interiormente. Se conceitos psicológicos como ego e Self são
utilizados para análise doutrinária, precisamos entendê-los como instrumentos para desdobrar o entendimento
que já está posto pela Doutrina Espírita. Por isso precisamos estudar muito a Doutrina e divulga-la, para que
cada membro do grupo, por meio de um trabalho pessoal, conecte o que está estudando com a sua própria
vida, repensando suas atitudes para um comportamento mais saudável.
Na psicoterapia a teoria psicológica não é apresentada para seus participantes, tão pouco se faz
necessário que a entendam ou estudem. O conhecimento é a base da qual se utiliza o psicólogo para
compreender o funcionamento das pessoas, e para intervir de modo específico nesse funcionamento,
auxiliando no processo de tomada de consciência. Isso está diretamente ligado ao que chamamos de tipo de
intervenção ou manejo.
c) Intervenção
Em um grupo de estudos não fazemos intervenções psicológicas. Os participantes podem até falar de
suas vidas, mas ouvi-los não determinará o caráter da prática profissional. Como não temos uma avaliação
precisa do sujeito [diagnóstico], não sabemos da situação atual e temos consciência de que aquilo que a pessoa
fala é apenas uma versão de toda a história ou problema, é necessário se abster de qualquer comentário
específico ou aconselhamento.
Se nosso objetivo é apresentar a Doutrina para que os participantes reflitam sobre sua própria vida,
cabe ao coordenador restringir-se aos conceitos doutrinários e esclarecer aqueles que não estão conseguindo
compreender bem o tema estudado. Também acreditamos ser tarefa do coordenador proporcionar reflexões
através de uma boa didática de vivências pedagógicas, para que os participantes consigam extrapolar os
conceitos doutrinários para suas próprias vidas.
Em um grupo de estudos acerca do perdão, por exemplo, jamais o coordenador do estudo poderá
analisar o comportamento do participante para lhe dizer o que ele deve fazer para perdoar identificando suas
resistências ou mecanismos de defesa, para favorecer seu desenvolvimento emocional. Ele não é habilitado
tecnicamente para isso, e mesmo que fosse não seria o local, o momento, o enfoque e a proposta, incorrendo
em falta ética.
É preciso compreender que se um psicólogo faz algum tipo de intervenção, ou mesmo um
aconselhamento, seja na psicoterapia individual ou em grupo, ele não a faz aleatoriamente, por “achismo” ou
suposição. Em geral, o psicólogo já realizou uma análise da personalidade do sujeito, que tecnicamente
chamamos de diagnóstico para, a partir disso, saber se posicionar frente àquele caso.
Existem muitas formas de diagnósticos, seja através da estrutura da personalidade, dos mitos, tipos
psicológicos junguianos, sintomas clínicos, forma de funcionamento. Independente da linha teórica e da linha
prática a qual se apoia, toda atitude de um psicólogo frente a seu paciente está fundamentada em um
diagnóstico específico.
A partir desse diagnóstico ele define a forma de se relacionar com seu paciente, o que falar ou não falar,
como direcioná-lo e auxiliá-lo, pois, cada pessoa é única, e o que pode dar certo para uma não necessariamente
dará para outra. É preciso fazer uma análise do momento de vida, da constituição egoica, dos mecanismos de
defesa, entre tantos outros detalhes que precisam ser analisados, para que então o psicólogo possa se
posicionar com segurança. As perguntas que se faz, as posturas que se têm, se “acelera” ou “freia”, se
“esquenta” ou “esfria”, são pautadas nisso. Para algumas pessoas perguntamos: “O que você está sentindo”? E
para outras: “O que você está pensando”?
Cada pergunta, questionamento, confronto, orientação ou sugestão está fundamentada numa
compreensão psicológica do sujeito. Uma pessoa com transtorno de personalidade, outra com perfil ansioso,
outra histérica e uma que seja psicótica, serão manejadas de maneira completamente diferente – e isso,
somente um profissional habilitado, em um ambiente e com contrato específico, deve fazer.
E quando os participantes falam de suas vidas?
Muitos coordenadores de grupos de estudos espíritas têm receio de que seus participantes adentrem
questões pessoais e falem de suas vidas. Isso é uma questão específica e que não tem a ver com os grupos de
estudo das obras de Joanna de Ângelis, e sim, das características e necessidades do próprio ser humano. Está
mais ligado à demanda das pessoas, à didática, ao vínculo do grupo com o coordenador e à sua postura de
acolhimento, do que ao tema propriamente dito.
A Doutrina Espírita veio para nossas vidas, para o cotidiano, para a superação pessoal. Isso já está
estabelecido desde o início por Kardec. É natural e saudável que ao estudar a Doutrina, as pessoas desejem falar
de suas vidas, fazendo essas conexões que são importantíssimas para que o Espiritismo cumpra com seu papel
de regenerador de nossa sociedade.
Problema seria um grupo de estudos em que as pessoas falam da vida dos demais, tentam
responsabilizar a sociedade, os problemas do mundo, com vãs filosofias ou pensamentos vazios, sem se
enxergar como parte desse mundo. Perda de tempo seria estar numa palestra ou grupo de estudo, pensando
que o marido ou o filho deveriam estar ali, ou fazer o evangelho no lar e analisar a vida dos outros sem perceber
sua própria relação com o tema.
Se a Doutrina veio para mudar nossas vidas – posturas, relações e comportamentos –, é mais que
natural querermos falar desses temas ou assuntos no grupo de estudo.
É preciso pensar que certas pessoas têm o grupo como único espaço para falarem de si e refletirem sob
a ótica espiritual. Muitos vivem em contextos em que a espiritualidade não é aceita, em famílias com diferenças
religiosas. Outros estão presos às rotinas adoecidas, estressantes, onde não há momento para pensar sobre a
própria vida, senão aquele – no grupo de estudos, uma vez por semana.
Atualmente, é enorme o número de pessoas que não desliga o celular um minuto sequer, não consegue
ficar em silêncio, não se desvincula dos problemas, e muitos desses, quando estão no grupo de estudos na Casa
Espírita conseguem, mesmo que por pouco tempo, conectarem-se consigo mesmos.
Por isso, reforçamos que devemos incentivar este “olhar para dentro”, sem medo, tendo a certeza de
que estamos contribuindo para um mundo melhor.
A partir desses aspectos analisados até aqui, podemos afirmar categoricamente que todos os grupos
espíritas deveriam criar espaços para as pessoas falem de si e se analisem. Não está aí o problema, mas sim na
forma como lidamos com essa situação no grupo.
Por isso, queremos ressaltar e refletir acerca de dois aspectos importantes, quando nos referimos às
pessoas que falam de suas vidas: a postura do coordenador e os conteúdos trazidos pelos participantes.
A postura do coordenador: É um grande equívoco o coordenador desejar ou aceitar o desejo dos
participantes de fazer do grupo de estudos uma pseudopsicoterapia grupal. As pessoas podem
compartilhar seus insights, seus pensamentos, suas reflexões. Já dissemos que o fato de falarem de suas
vidas não transforma um grupo de estudo em uma psicoterapia em grupo. O elemento principal está ligado
ao manejo do coordenador. Vejamos um exemplo concreto: se estamos estudando sobre a cólera e
questionamos quando os participantes sentem cólera, essa reflexão será muito oportuna. O pensamento
de Joanna de Ângelis poderá acrescentar, dizendo que não precisamos nos envergonhar de sentir a raiva,7
pois se não tivermos consciência de nós, o corpo sinalizará essa conduta. Inúmeras pessoas têm adoecido
fisicamente por não perceberem suas emoções. Pensar sobre elas poderá auxiliar em muito as pessoas a
viverem melhor. Talvez os participantes compartilhem aquilo que lhes deixa com raiva, ou o que fazem
quando estão coléricos. É natural e positivo que isso aconteça em um ambiente religioso, conduzido por
uma moralidade, e pode ser muito produtivo, à medida que as pessoas consigam refletir sobre si ao invés
de perderem tempo “cuidando” da vida alheia. Estamos no grupo de estudo para nos trabalharmos
interiormente, e não para sermos experts no julgamento de nossos irmãos. Se o texto analisado nos leva a
essas reflexões, isso é algo maravilhoso. A Doutrina está cumprindo com seu objetivo através de nosso
trabalho. Se a partir do compartilhamento de alguém, outro conseguir tomar consciência de si será ainda
mais belo, pois a experiência de uns estará ajudando a outros. Isso é Espiritismo em ação, efetivamente
mudando vidas. Mas se o coordenador, a partir daqueles conteúdos, desejar se intrometer na vida do
participante, dizendo o que ele deve fazer e como deve agir, “tentando” fazer um aconselhamento, aí
teremos um equívoco. Lembremos que o grupo de estudo é focado no conteúdo doutrinário. Quando
alguém nos traz um elemento de sua vida ou mesmo uma pergunta sobre como deveria agir, como
coordenadores, sempre deveremos questionar: “E o que o texto está nos dizendo sobre isso que você
traz?”. Caso o texto não diga nada, falaremos absolutamente nada, pois nossa função ali é de porta-voz da
Doutrina, e não de oráculo ou guru dos participantes.
Os conteúdos trazidos pelos participantes: Ressaltamos aqui três situações específicas. A primeira é quando
alguém fala de conteúdos da sua vida que não estão ligados ao tema. A segunda refere-se às pessoas que
falam demais no grupo. E a última, quando algum participante deseja revelar situações de sua intimidade.
7
Joanna de Ângelis – Autodescobrimento: uma busca interior, cap. 10.
 Se alguém nos traz depoimentos de sua vida que não estejam ligados ao tema, devemos ouvir em
uma primeira vez, afinal é bem possível que aquela pessoa precise desabafar naquele momento. Jesus
anunciou: “Venha a mim todos os que estão aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei”. Não
precisaremos nesse primeiro momento interrompê-la. Mais do que isso, precisamos estimular o
acolhimento e a compreensão por parte do grupo, pois qualquer um de nós poderia estar naquela
situação difícil, precisando de alguém que nos ouvisse. Mesmo que o conteúdo do dia fique um tanto
comprometido, mesmo que alguns participantes não se interessem pela vida dos outros, ouvir é uma
grande caridade a ser praticada, sob o risco de agirmos de forma contrária a tudo aquilo que a
Doutrina nos ensina. Contudo, se aquela mesma pessoa quiser utilizar-se de mais de uma
oportunidade para desabafar sobre o mesmo assunto, ou sempre tiver um assunto novo, mantendo a
postura, precisaremos sim, desta vez, delicadamente intervir. Neste caso, já não estamos diante de
uma catarse necessária, mas sim, de uma problemática psicológica que o grupo não poderá auxiliar.
Certamente que, como coordenadores, precisaremos de muito tato para estimular essa pessoa a
procurar uma ajuda profissional. Seu comportamento evidencia que algo precisa ser elaborado dentro
dela, e um psicólogo será necessário nesse caso. Entretanto, seja na primeira ou na segunda situação,
jamais o coordenador ou outro participante deverá emitir sugestões ou conselhos, sob o risco de ser
leviano e irresponsável – sem uma boa avaliação não há como fazer uma boa intervenção.
 Na situação em que temos no grupo pessoas que falam demais de suas vidas, embora elas possam
estar dentro do tema, sempre fazem uso da palavra atrapalhando o andamento do tema. Precisamos
conversar individualmente com o participante, auxiliando-o a perceber seu comportamento e
gentilmente pedir que coopere, avaliando melhor quando é imprescindível a sua contribuição pessoal.
Isso é muito importante principalmente para evitar que os demais participantes criem um sentimento
negativo em relação à determinada pessoa. É responsabilidade do coordenador a proteção emocional
de todos os participantes. Deixar uma pessoa inadequada atuar no grupo, desgovernadamente, seria
permitir a exposição dessa pessoa aos demais. E se não conseguimos abordá-la depois, é provável que
estejamos mais preocupados com nossa imagem do que com o bem-estar do grupo e do participante.
 E além dessas duas situações, há aquela em que precisamos refletir sobre os limites dos
compartilhamentos e reflexões no grupo. Existem pessoas que não têm um “filtro” para essa avaliação
e, falam de suas vidas como se estivessem conversando com o amigo mais íntimo. Pior ainda, quando
essas pessoas se expõem sem ao menos conhecer o grupo. Quando a pessoa é nova no grupo e
começa a falar sobre intimidades de sua vida, sem qualquer dúvida, deveremos interromper
gentilmente e encaminhá-la para o setor de Diálogo Fraterno, afirmando que estamos fazendo isso
pelo seu próprio bem. Se aquele já é um participante mais antigo do grupo, precisamos ajudá-lo a se
preservar, sob o risco de mais à frente se sentir envergonhado por ter se exposto demais, e não querer
voltar para a atividade. Mas nessas situações, será sempre importante fazer um questionamento:
“Qual é o limite para se falar no grupo?”. Não existe regra definitiva pois dependerá do vínculo grupal,
da postura do coordenador e da afetividade entre os participantes. Vivemos situações em que alguns
grupos da Casa Espírita são mais fortes que muitos vínculos afetivos em seus próprios lares. Esse limite
que separa o adequado do inadequado a se compartilhar no grupo é muito sutil. Como
coordenadores, se em geral não falamos e não conhecemos nossas emoções, certamente ouvir
alguém falar de sua raiva nos parecerá constrangedor, como se isso precisasse ficar “guardado a sete
chaves”, e por ser nossa postura interna, certamente reprimiremos os participantes. Isso acontece
regularmente. Certos coordenadores não desejam pensar ou analisar sua própria vida, sejam emoções
e sentimentos, seus problemas ou dificuldades, e em vez de assumirem sua limitação, tentam impô-la
ao grupo. Então, silenciar o outro, nesse caso, não será nada mais que uma tentativa de silenciar o seu
próprio mundo interior – mas isso não dará certo por muito tempo. Quando vemos colegas no grupo
relatando, por exemplo, os motivos que lhes deixam com raiva, isso pode nos incomodar. Repercutirá
em nós porque certamente seremos impelidos a enxergar as nossas próprias raivas. Daí, muitas vezes,
preferirmos ficar apenas na teoria a abrirmos espaço para que as pessoas falem de suas vidas. Mas
como a Doutrina poderá nos mudar em profundidade, verdadeiramente, se não conseguirmos “olhar
para dentro”? Corremos o risco de fazer apenas mudanças superficiais, construir personas de espíritas
equilibrados e bem resolvidos, sem qualquer consonância com a profundidade de nossa alma. Como
cada participante vai levar para sua vida e aproveitar a experiência, é uma questão pessoal que não
depende prioritariamente do coordenador. Mas, podemos e devemos estimular as pessoas a
pensarem em suas próprias vidas a partir do que estamos estudando. O coordenador e os
participantes precisam estar dispostos a se autoconhecerem...
O COORDENADOR DE ESTUDOS E O DESENVOLVIMENTO DO GRUPO
A habilidade de desenvolvimento grupal por parte do coordenador não é imprescindível para a
condução de um grupo, contudo, quando presente e bem aplicada, produz melhores resultados em termos de
aprendizagem.
Muito se tem pesquisado sobre as dinâmicas interpessoais. Mas, o interessante é o quanto Allan Kardec
e Joanna de Ângelis já discorreram sobre essa temática indicando características definidoras de um
funcionamento grupal adequado: grupos que se tornem familiares, como campo para emotividade superior e
amadurecimento do amor.
Allan Kardec, ao dissertar sobre “as sociedades propriamente ditas” em O livro dos médiuns, ressalta:
(...) no interesse dos estudos e por bem da causa mesma, as reuniões espíritas devem
tender antes à multiplicação de pequenos grupos, do que à constituição de grandes
aglomerações. Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando
observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita que um dia
consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da
fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã.
8
Percebemos com este apontamento que o eminente professor estava preocupado com a união das
pessoas que estudam a Doutrina Espírita, com a continuidade e o fortalecimento dos vínculos afetivos desses,
abandonando assim os cultos exteriores e de postura passiva, como meros ouvintes. Os frequentadores das
sociedades espíritas, por meio dos grupos pequenos, quando bem orientados, conseguem alcançar o diálogo, a
vivência produtiva e internalizadora de conceitos, que são as grandes molas para o progresso moral.
Joanna de Ângelis em seu livro O desperta do espírito faz a seguinte colocação:
O ser humano necessita do calor afetivo de outrem, mediante cuja conquista amplia o
seu campo de emotividade superior, desenvolvendo sentimentos que dormem e são
aquecidos pelo relacionamento mútuo, que enseja amadurecimento e amor.
9
Temos, quando em grupo, a grande oportunidade de exercitar esse calor afetivo que gera condições de
aprendizado prático para os conceitos de caridade, de tolerância, de compreensão, bem como, do
desenvolvimento do sentimento de amor fraterno através dos laços de amizade, gerando assim um ambiente
favorável para o crescimento espiritual de todos e a expansão real da Doutrina.
Entre inúmeros teóricos da dinâmica dos grupos, ressaltamos Will Schutz, renomado estudioso
americano que se debruçou sobre os processos que envolvem as relações interpessoais e estabeleceu que todos
os grupos passam por três fases distintas e interdependentes: Inclusão, controle e afeição.
A primeira fase é o momento em que o participante chega ao grupo e tem a necessidade de se sentir
parte, de ser considerado pelos demais, encontrando ali o seu espaço.
A segunda fase, a do controle, é quando o membro do grupo conhece a competência, a capacidade, as
necessidades do outro; reconhece de forma espontânea as atribuições de poder; conhece as condutas do grupo;
troca experiências, participa das vivências e percebe os espaços estabelecidos.
A última é o momento em que seus membros são capazes de expressar e buscar integração emocional;
manifestam apoio, afeto, hostilidade, ciúme, irritação e outros sentimentos, elegendo aqueles que deseja
estarem próximos daqueles que pretende permaneçam distantes.
Essa teoria dos grupos é muito mais complexa do que pudemos expressar nesses três breves parágrafos.
Contudo, queremos nos deter um pouco mais na primeira etapa, porque aí o coordenador de estudos tem uma
importante função, e da sua habilidade em exercê-la dependerá, muitas vezes, a permanência dos participantes
no grupo.
8
KARDEC – O livro dos médiuns, cap. XXIX, item 334.
9
FRANCO – O despertar do Espírito, cap. 7: Relacionamentos humanos.
O momento inicial é aquele em que o “candidato a membro” deseja se sentir parte do grupo, tem
necessidade de se sentir considerado pelos outros; ainda não é espontâneo; ainda não sabe o nome dos demais
e o grupo não se conhece bem.
Dizemos que nesse momento as pessoas apresentam comportamentos de desconfiança, isolamento,
mudez, dificuldade em se expressar, busca de conhecidos, formação de “panelinhas”, tudo por medo de se
exporem, de não serem aceitas, de errarem, de serem criticadas etc.
Em geral, nesse primeiro momento, os participantes estão mais focados no atendimento de suas
expectativas, na aceitação por parte do grupo, no sucesso que farão e se serão capazes de enfrentar o grupo, do
que no conteúdo em si.
Por isso, nesses primeiros encontros, como fazemos em sala de aula, sugerimos que o coordenador
precise investir certo tempo na integração dos seus membros, visando ao contato para o conhecimento e
fortalecimento dos vínculos. É necessário desenvolver a autoconfiança, a integração e a aproximação das
pessoas, a confiança no grupo e o sentimento de aceitação mútua.
Um importante papel do coordenador, mais que deter-se no conteúdo, deve ser o de criar um ambiente
que favoreça a aprendizagem, através do sentimento grupal que será desenvolvido. Para isso, o coordenador
precisa promover as apresentações, estabelecer um clima descontraído e até lúdico em alguns momentos,
quebrar a barreira da desconfiança, esclarecer objetivos, conteúdos e funcionamento, levantar expectativas
para identificação dos participantes, resumindo: estimular o sentimento de pertencimento.
Para uma análise conteudista, pode parecer perda de tempo, porém, os resultados frente ao número de
evasão das instituições espíritas revelam que, investir no desenvolvimento do grupo favorece o aprendizado,
fortalece o grupo e por isso, representa apenas acréscimos.
Trabalhando dessa forma, em pouco tempo, o coordenador perceberá a diferença de funcionamento e
interação do grupo, pelo clima participativo, de abertura e de confiança.
Também podemos verificar o crescimento grupal a partir de alguns sinais, como a intercomunicação
afetiva; a liberdade de expressão de todos, dentro de cada perfil; a responsabilidade nas leituras, nos estudos,
na participação e no interesse; a abertura para novas ideias e novos membros; o grupo livre de fofoca; a
resolução democrática de conflitos e de problemas; a habilidade grupal para momentos emocionais sensíveis.
Criamos um sentimento de grupo, para que a partir daí, possamos aprender juntos.
ESTUDOS INTRODUTÓRIOS À OBRA DE JOANNA DE ÂNGELIS
“Conhece-te a ti mesmo”
ANO 1
Conforme achamos oportuno, em alguns encontros, fizemos sugestões de textos e atividades que possam
estimular a aprendizagem dos participantes. Não nos detivemos no método de trabalho, compreendendo que
cada coordenador, conforme suas possibilidades, perfil e interesses, poderá trabalhar como lhe aprouver.
Esse trabalho não é uma apostila a ser reproduzida fielmente, e sim, um estímulo para aquele coordenador que
não encontrou referências para trabalhar o tema, ou ideias para trazer o conteúdo para o cotidiano dos
participantes.
1º Encontro
Tema Expectativas e acolhimento
Objetivos Levantar a motivação de cada participantes para estar no grupo;
Levantar as expectativas de cada participantes para o estudo;
Fazer o acolhimento de todos, entrelaçando suas falas com a proposta do grupo;
Apresentar a proposta do estudo (não necessariamente o programa), mas abordando os
temas e os conceitos que serão estudados.
2º Encontro
Tema Espiritismo e Psicologia (I)
Subtema Kardec e a Psicologia
Objetivos Perceber que a proposta de Allan Kardec estava baseada no pensamento da Psicologia
enquanto ciência, mas que não se propõe a ser um estudo de Psicologia e sim, de Espiritismo.
Sugestão Analisar o texto “Psicologia e Espiritismo” na introdução desse programa.
Conseguir com isso, mostrar que não é um estudo de Psicologia, e sim de Espiritismo. Mas
que a Psicologia vem nos instrumentalizar no processo de autodescobrimento e de
transformação moral. O olhar psicológico já estava embutido nos textos de Kardec. O que
Joanna de Ângelis fez foi formalizar isso, explicitando textos e contextos com maior
aplicabilidade no nosso cotidiano.
Caso haja tempo, sugerimos que seja realizada uma atividade de integração, permitindo que
os participantes se conheçam melhor, para fortalecer seus vínculos. É preciso que a atividade
seja muito bem escolhida para evitar qualquer tipo de constrangimento aos participantes. A
atividade deve favorecendo o grupo se conhecer.
Bibliografia OBSERVAÇÃO: Quando sugerimos um texto como esse: “Psicologia e Espiritismo”, não
citaremos aqui as referências que foram utilizadas, pressupondo que o coordenador buscará
direto na fonte. Da mesma forma, quando citarmos capítulos das obras do Núcleo de Estudos
Psicológicos Joanna de Ângelis, ou vídeos, acreditamos que não seja necessário repetir as
referências.
3º Encontro
Tema Espiritismo e Psicologia (II)
Subtema Grupo de estudo ou grupo de psicoterapia?
Objetivos Refletir sobre a conduta do grupo e dos coordenadores dos estudos referente à dimensão
psicológica para estabelecer contrato de trabalho.
Sugestão Analisar o texto “Grupo de estudos versus Psicoterapia de grupo”, na introdução desse
programa.
Estabelecer os combinados com o grupo.
Se houver tempo, poderá ser realizado mais uma atividade de integração para que os
participantes do grupo se conheçam. Essa etapa não deve ser desconsiderada. Se o grupo
não conseguir criar um bom vínculo, muito do processo de aprendizagem ficará
comprometido.
Observações Embora façamos uma sugestão de combinados (anexo), sugerimos que cada grupo tenha
liberdade para estabelecer os seus próprios combinados, que surgirão naturalmente na
medida em que o texto for analisado e que os participantes emitirem suas opiniões. É preciso
incluir as situações específicas e deixar claro como o coordenador e o grupo agirão quando
alguém não seguir qualquer um dos combinados. Por exemplo, “Como agiremos quando
alguém estiver dando palpite na vida do outro?”
Também é importante combinar se estará aberto para pessoas novas ou não, e até quando. E
se sim, como o grupo acolherá essas pessoas (para que não fique apenas a cargo dos
coordenadores).
Quanto ao cartaz com as imagens dos combinados, sugerimos que fique a vista, em todos os
encontros, estimulando o grupo a cuidar com suas posturas, e sempre que alguém estiver
esquecendo, facilmente ser lembrado.
4º Encontro
Tema Divaldo Pereira Franco e Joanna de Ângelis
Objetivos Conhecer a biografia do médium baiano e da autora espiritual
Sugestão Para facilitar o acesso às informações mais importantes, sugerimos:
- Biografia de Divaldo P. Franco (anexo que elaboramos).
- Capítulo “Joanna de Ângelis: uma breve apresentação”, de César Braga Said.
Reforçamos que o ideal é que os coordenadores leiam os três livros que utilizamos para fazer
a síntese da vida de Divaldo, e o livro “Joanna e Jesus: uma história de amor” também de
César Braga Said.
Bibliografia Ana Landi – Divaldo Franco: a trajetória de um dos maiores médiuns de todos os tempos.
César Said – Joanna de Ângelis: uma breve descrição. In: Refletindo a Alma: a psicologia
espírita de Joanna de Ângelis.
César Said – Joanna e Jesus: uma história de amor.
Suely Schubert – O semeador de estrelas.
Iris Sinoti – A jornada numinosa de Divaldo Franco: a vida, a obra e o ideário do maior
médium e comunicador espírita da atualidade.
5º Encontro
Tema Estrutura da Psique
Objetivos Proporcionar as primeiras noções da estrutura da psique
Sugestão Vídeoaula “A Série Psicológica de Joanna de Ângelis”, de Cláudio e Iris Sinoti, Módulo I, Aula 2
- A estrutura da Psique I
Observações Esses temas serão aprofundados no segundo ano, mas como já estão implícitos em toda a
obra, achamos por melhor trazê-los desde o início.
Bibliografia Sugerimos que paralelo a vídeo os participantes tenham acesso ao seguinte texto:
Sinoti – A psicologia Analítica de Carl Gustav Jung. In: Refletindo a Alma.
6º Encontro
Tema Estrutura da Psique (II)
Objetivos Proporcionar as primeiras noções da estrutura da psique
Sugestão Vídeo “Série Psicológica de Joanna de Ângelis”, de Cláudio e Iris Sinoti, Módulo I, Aula 3 - A
estrutura da Psique II
Observações Idem ao 5º encontro
Bibliografia Idem ao 5º encontro
7º Encontro
Tema Estrutura da Psique (III)
Objetivos Proporcionar as primeiras noções da estrutura da psique
Sugestão Vídeo “Série Psicológica de Joanna de Ângelis”, de Cláudio e Iris Sinoti, Módulo I, Aula 2 - A
estrutura da Psique III
Observações Idem ao 5º encontro
Bibliografia Idem ao 5º encontro
8º Encontro
Tema A Importância do “Conhece-te a ti mesmo”
Subtema Conhece-te a ti mesmo ao longo da história ocidental
Objetivos Construir com os participantes a noção de que o autodescobrimento não é uma proposta que
surgiu na atualidade, posto faz parte da história da humanidade, antes mesmo de Cristo, em
incontáveis convites para que o homem olhe para si próprio.
Sugestão Embora, em diferentes momentos e locais, o convite de olhar para dentro de si mantém-se
presente. Porque conhecer-se é tão importante?
- Templo de Delfos ou Templo do deus grego Apolo (COMPLEMENTO A);
- Sócrates (COMPLEMENTO B)
- Jesus Cristo (COMPLEMENTO C)
- Kardec (COMPLEMENTO D)
- Joanna de Ângelis (COMPLEMENTO E)
- Carl Gustav Jung (COMPLEMENTO F)
Complementos A: “Delfos também é conhecido como o templo do deus Apolo. Na mitologia grega, ele é a divindade do
“Conhece-te a ti mesmo” e do “Nada em demasia”, e por isso seu nascimento representa novo tempo,
uma necessidade da época, do surgimento da consciência. Deus solar, fiel representante de Zeus, ao
matar a grande serpente que dominava o templo, simboliza a libertação da hipertrofia das forças
naturais, pois a serpente, segundo Jung, representa também a natureza terrena do ser humano da qual
não tem consciência.” (Marlon Reikdal – Cultivo das emoções, p. 54)
B: “A proposta de conhecer-se a si mesmo, como fundamento para uma vida mais plena, data dos
tempos antigos. Embora Sócrates não seja o autor da frase “Conhece-te a ti mesmo” ele a imortalizou.
O grande filósofo ateniense deparou-se com a expressão ao visitar o Santuário de Delfos. No pórtico do
grande templo estava escrito: “Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”.
Estudos históricos especulam que a data de fundação do templo está entre 1100 a.C. e 750 a.C., e que a
inscrição é de 650 a.C., atribuída aos Sete Sábios.VI O sítio arqueológico de Delfos hoje é considerado
patrimônio mundial pela Unesco. O autoconhecimento é o fundamento da filosofia socrática e tem
grande influência no pensamento atual. O filósofo ensinou a humanidade a questionar, muito mais que
se preocupar com respostas, que geralmente são superficiais. Por meio de novas perguntas, chega-se a
descobertas mais profundas e verdadeiras a respeito de nós mesmos. A questão essencial é: “Quem sou
eu”? (Marlon Reikdal – Cultivo das emoções, p. 54)
C: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32)
D: “Qual o meio prático mais eficaz que o homem tem de se melhorar nesta vida e de resistir ao
arrastamento do mal? Resposta: Um sábio da Antiguidade vos disse: Conhece-te a ti mesmo.” (Allan
Kardec – O Livro dos Espíritos, questão 919).
E: “O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu autodescobrimento” (Joanna de Ângelis –
O homem integral, p. 20).
F: “Não saias, é no interior que habita a verdade” (Carl Gustav Jung, Adágio alquimista citado por
Jung na obra “Memórias, Sonhos e Reflexões”, p. 89).
Observações Sugere-se para os coordenadores a apresentação “Marlon Reikdal – Dimensões do
autodescobrimento para o bem viver”, da Associação Médico-Espírita do Rio Grande do Sul,
disponível no You Tube (https://www.youtube.com/watch?v=tmSkhcqAqYQ)
Bibliografia Allan Kardec - O Livro dos Espíritos.
C. G. Jung - Memórias, sonhos e reflexões.
Joanna de Ângelis - O homem integral.
João - O novo testamento.
Marlon Reikdal - Cultivo das emoções: um caminho para a transformação moral
9º Encontro
Tema A prática do “Conhece-te a ti mesmo”
Subtema Análise diária proposta por Santo Agostinho
Objetivos Estimular o hábito da autoavaliação diária conforme ensina Santo Agostinho a Allan Kardec
Sugestão Analisar a resposta que Santo Agostinho dá ao questionamento de Allan Kardec na questão
919a, de “O Livro dos Espíritos”.
Sugestão: anexo “Exame de consciência” para estimular o grupo a realizar a análise diária. O
essencial é que os participantes assimilem o processo de questionarem a si mesmos sem
justificativa de suas próprias atitudes. Talvez o material escrito tenha valor para que os
participantes levem para casa as perguntas, estimulando-os a fazer todos os dias as mesmas
questões, embora não haja a necessidade de respostas por escrito.
Complementos A: “A necessidade, portanto, do autodescobrimento, em uma panorâmica racional, torna-se inadiável,
a fim de favorecer a recuperação quando em estado de desarmonia, ou o crescimento, se portador de
valores intrínsecos latentes. Enquanto não se conscientize das próprias possibilidades, o indivíduo
aturde-se em conflitos de natureza destrutiva, ou foge espetacularmente para estados depressivos,
mergulhando em psicoses de vária ordem, que o dominam e inviabilizam a sua evolução, pelo menos
momentaneamente. O autodescobrimento faculta-lhe identificar os limites e as dependências, as
aspirações verdadeiras e as falsas, os embustes do ego e as imposturas da ilusão.” (Joanna de Ângelis
– Autodescobrimento: uma busca interior, pp. 8-9).
B: “Quando o indivíduo avança no rumo do conhecer-se a si mesmo, deve criar o hábito da reflexão
antes de dormir, fazendo revisão mental dos seus atos do dia, a fim de corrigir aqueles que não
correspondem aos seus anseios de elevação, aprimorando-se naqueloutros que o auxiliam na ascese
moral. Surge, então, dessa autoanálise, uma conclusão benéfica: se alguém ofendeu a outrem, dando-se
conta, logo surja a oportunidade pede-lhe desculpas, mas se foi vítima de qualquer injunção ou pessoa,
automaticamente desculpa. Algumas pessoas asseveram que receiam desculpar-se, porque o outro, não,
poucas vezes, nesse momento, reagem, dando lugar a gravames piores. Essa conduta negativa, porém,
do outro não deve tornar-se problema para o saudável, porque a ação injuriosa e descortês pertence
àquele que a realiza, não lhe dando maior valor. O que importa é a consciência de libertação de
qualquer tipo de culpa, de remorso, concedendo ao outro o direito de ser como se encontra, mas
impondo-se melhora sempre e sem cessar.” (Joanna de Ângelis – Espelhos da Alma, pp. 23-24).
Observações Os coordenadores precisarão retomar, de tempos em tempos, a proposta de Santo
Agostinho, lembrando aos participantes e os estimulando a incorporarem em suas rotinas o
exame de consciência para que percebam os benefícios do processo desta prática.
Sugerir no encontro anterior, que os participantes que tragam “O Livro dos Espíritos” para
que possam acompanhar a leitura, incentivando assim o contato dos participantes com a
obra kardequiana.
Bibliografia Allan Kardec - O Livro dos Espíritos.
Joanna de Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior.
Joanna de Ângelis - Espelhos da Alma.
10º Encontro
Tema Quem sou eu? (I)
Objetivos Refletir sobre as diferentes dimensões de quem somos
Sugestão Aproveitar o ambiente de tranquilidade da abertura das atividades, após oração, estimular o
relaxamento, e conduzido por música suave, levar os participantes a se perguntarem
interiormente: “Quem sou eu?”. Estimular para que consigam se questionar cada vez mais
profundamente quem são, e permitir que surjam as respostas em sua mente. Sugerir que
cada uma registre suas respostas. Após o registro, abrir para que alguns participantes que se
sintam à vontade possam falar de suas respostas.
A maioria das respostas pode ser classificada em uma dessas dimensões: material,
psicológica, social ou transpessoal (bio-psico-sócio-espiritual).
Estimular os participantes a classificar quais foram as suas respostas e qual delas mais
prevaleceu. O ideal é que o participante consiga contemplar um pouco de cada uma delas,
pois esse somatório é o que nos define atualmente, nem apenas uma ou outra.
a) Material: distinções ligadas a gênero (homem ou mulher), estado civil (solteiro, casado,
separado), características físicas, comprometimentos corporais, condição econômica, doenças
congênitas ou adquiridas, questões de sexualidade (heterossexual, homossexual, transexual),
etc.
b) Psicológica: Respostas referentes ao funcionamento psicológico, ações e reações,
características emocionais. Características como: inquieto, ansioso, animado, depressivo,
medroso, exigente, amoroso, indiferente, estudioso, trabalhador, responsável, viciado em
baralho, maledicente, caridoso, fiel, estranho, legal, companheiro, etc...
c) Social: brasileiro, paranaense, do interior, rico, classe média, profissão, religião, etc. A
dimensão social influencia muito mais do que imaginamos nossa personalidade, pois cada
aspecto social implica em um valor ou desvalor, em sentimento de importância, exigências,
obrigatoriedades, protocolos. Somos influenciados por inúmeros aspectos com a profissão,
classe social, cidade, estado e país, raça, religião. Em geral, quando fazemos parte do grupo
supostamente normal, não percebemos o quanto isso nos afeta.
d) Transpessoal: espírito imortal, espírito em evolução, criação divina. Embora pouco nos fale
em termos de autodescobrimento para os aspectos da transformação moral, porque não nos
diferencia uns dos outros, muitos participantes respondem nessa dimensão. É importante
reconhecer efetivamente essa dimensão, pois entender que somos espíritos imortais, de
passagem pela Terra faz toda a diferença.
O objetivo desse encontro é auxiliar as pessoas a entenderem que não há uma única resposta
para a questão “quem sou eu?”, afinal, existem diferentes ângulos pelos quais
podemos/devemos nos identificar. Todos fazem parte da nossa atual constituição. Dessa
forma, nenhum deles está certo ou errado, nem melhor ou pior. A finalidade é que os
participantes vão aprendendo a se definir a partir dessas diferentes dimensões.
Todos os encontros seguintes serão para facilitar os participantes a se conhecerem nesses
diferentes âmbitos.
11º Encontro
Tema Quem sou eu? (II)
Subtema A escala evolutiva
Objetivos Compreender o nível evolutivo em que nos encontramos na Terra (levar os participantes a
compreensão de que todas as dimensões que nos compõe – material, psicológica, social e
transpessoal – estão submetidas ao nível evolutivo que nos encontramos. Por isso, é muito
importante, além de compreendê-lo, senti-lo verdadeiramente em nós).
Sugestão Primeiro, compreender que, segundo O Livro dos Espíritos, o que caracteriza o nível evolutivo
de determinado planeta são os espíritos que nele habitam.
Segundo, aceitar o grau de inferioridade do planeta Terra.
Basear-se nos seguintes textos para alcançar o objetivo proposta:
- O Evangelho segundo o Espiritismo:
- Cap. III – item 3, 4 e 5: “Diferentes categorias de mundos habitados”
- Cap. III – item 6 e 7: “Destinação da Terra. Causa das misérias humanas”
- O Livro dos Espíritos, nota explicativa da questão 188 (Segundo os Espíritos, de todos os globos
que compõe o nosso sistema solar, a Terra é daqueles cujos habitantes são menos adiantados, física e
moralmente. Marte lhe seria ainda inferior, e Júpiter muito superior, em todos os sentidos. O Sol não
seria mundo habitado por seres corpóreos, mas local de reunião dos Espíritos Superiores, os quais de
lá irradiam seus pensamentos para os outros mundos, que eles dirigem por intermédio de Espíritos
menos elevados, transmitindo-os a estes por meio do fluído universal. Do ponto de vista de sua
constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis, ao que parecem, estariam em
condições idênticas.).
Complemento Para facilitar às reflexões para os coordenadores a respeito desse tópico, sugerimos o vídeo
“1.1 – Emoções e Espiritismo”, disponível no You Tube
https://www.youtube.com/watch?v=uTgYgBc5nxo e o capítulo 1 “O contexto e o convite da
jornada”, do livro Espelhos da Alma
Bibliografia Allan Kardec - O Livro dos Espíritos.
Allan Kardec - O Evangelho segundo o Espiritismo.
Marlon Reikdal – O contexto e o convite da jornada. In: Espelhos da Alma
12º Encontro
Tema Quem sou eu? (III)
Subtema Nós e a escala evolutiva
Objetivos Auxiliar os participantes a identificarem seu próprio nível inferior de adiantamento moral.
Sugestão Retomar os ensinamentos kardequianos afirmando que o mal predomina na Terra, e por
consequência, habita nos homens que povoam a Terra. Então, “porque não enxergamos esse
mal predominar em nós?”.
Reflexão: Por orgulho? Pela falta de conhecimento interior? Porque somos missionários?
Porque Deus errou de nos colocar na Terra? Ressaltamos duas questões: não identificamos o
mal porque ele não foi posto a prova e porque negamos.
Não ter sido colocado a prova justifica porque ele não aparece. Como será que reagiremos
em situações de extrema dor, sofrimento, dificuldade ou desafios?
A negação do mal que existe dentro de nós pode ser muito bem compreendida através do
trecho evangélico conhecido como “A negação de Pedro” Mateus 26: 33-35, aprofundado no
texto de mesmo título na obra Boa Nova, do Espírito Humberto de Campos, psicografado por
Francisco C. Xavier, onde Jesus fala a Pedro que o homem é mais frágil do que perverso. Ou
seja, o mal habita em nós. Não nos satisfazemos com isso, mas na hora da provação, ele
tende a aparecer e deixamos de lado tudo aquilo que aprendemos ou sabemos ser correto,
pela nossa fragilidade moral.
Bibliografia
adotada
Allan Kardec - O Livro dos Espíritos.
Allan Kardec - O Evangelho segundo o Espiritismo.
Humberto de Campos - Boa Nova.
Mateus - Novo Testamento.
13º Encontro
Tema Dimensão MATERIAL do ser humano (I)
Subtema Planejamento reencarnatório da dimensão material
Objetivos Compreender que a dimensão material, embora passageira, influencia na concepção de
“quem sou eu”, e por isso, precisa ser conhecida.
Sugestão A cada nova dimensão, retomar com os participantes o que colocaram sobre ela naquele
primeiro encontro “Quem sou eu?”, pedindo para que analisem e complementem suas
respostas, a medida que vão percebendo e aprofundando a concepção de si mesmos.
Sugestão: análise do capítulo 7 de Os mensageiros, do Espírito André Luiz, psicografado por
Francisco C. Xavier, para que os participantes reflitam sobre suas condições materiais e como
fazem parte de um planejamento reencarnatório.
Sugestão: Fazer vivência com os participantes, como se ainda estivessem no plano espiritual,
antes da atual reencarnação, e estabelecendo as condições atuais, pensando em que cada
uma dessas condições favoreceria a sua evolução, ou seja, questionando “O que Deus quer
de mim quando me oferece essas condições?”
Bibliografia André Luiz - Os mensageiros.
14º Encontro
Tema Dimensão MATERIAL do ser humano (II)
Subtema Objetivo da reencarnação
Objetivos Analisar a importância da reencarnação no processo de evolução
Sugestão Por que reencarnamos? Pode-se aproveitar a questão 330a de O Livro dos Espíritos para
problematizar que a reencarnação é uma necessidade da vida espiritual. Mas por quê? Não
poderia o espírito evoluir no plano espiritual? Questão 132, O Livro dos Espíritos, estabelecer
que o objetivo da encarnação é o melhoramento progressivo do homem, fazê-lo chegar à
perfeição. Destacar os regimes de “provação”, “expiação” e “missão” aos quais todos os
espíritos reencarnados na Terra podem estar submetidos. Para complementar esses itens,
sugere-se as questões 575 e 871 de O Livro dos Espíritos e o capítulo 3 do livro Plenitude,
onde a mentora define e explica com detalhes a questão da provação e da expiação.
Estimular os participantes a questionarem “Qual o objetivo da minha reencarnação?”,
pensando no regime atual – Auxiliar cada um a enquadrar dentro da proposta kardequiana
que é “evoluir”, evitando pender para questões externas.
Bibliografia Kardec – O Livro dos Espíritos.
Ângelis - Plenitude.
Cerqueira Filho - Saúde Espiritual.
15º Encontro
Tema Dimensão MATERIAL do ser humano (III)
Subtema O corpo como dimensão material
Objetivos Refletir sobre a importância do corpo físico que temos.
Sugestão Levar os participantes a repensar a postura que muitas vezes alimentamos, de repressão,
rejeição e negação do corpo, como se ele fosse a causa do mal que habita em nós. Encontrar
o equilíbrio entre valorizá-lo sem que o coloquemos como meta primordial da vida.
Importantes referências:
- Os mensageiros, cap. 49 quando aborda o corpo como máquina divina admirável –
administrada pela mente
- Missionários da Luz, cap. 12 que trata da importância do corpo, provações para a
reencarnação, planejamento reencarnatório.
- Amor, Imbatível amor, cap. 1, item 1: O desejo e o prazer, onde aborda o prazer como força
propulsora e a derrocada que ocorre quando vivemos unicamente em função do material.
Bibliografia André Luiz - Os mensageiros.
André Luiz – Missionários da luz.
Joanna de Ângelis – Amor, Imbatível Amor
16º Encontro
Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (I)
Subtema Definição de personalidade
Objetivos Auxiliar os participantes a compreenderem a personalidade enquanto algo construído a cada
reencarnação, para adaptação e sobrevivência emocional às situações atuais.
Sugestão Definição de personalidade
a) “Qualidade ou condição de ser uma pessoa; aspecto visível que compõe o caráter individual e
moral de uma pessoa, segundo a percepção alheia; aquilo que diferencia alguém de todos os
demais; aspecto que alguém assume e projeta em público” (Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa)
b) “Conjunto de características psíquicas e formas de comportamento que, em sua integração,
constituem o núcleo irredutível de um indivíduo que permanece tal na multiplicidade e
diversidade das situações ambientais em que se exprime e atua. O conceito adquire destaque
na história da psicologia nos anos 30, quando caem em desuso os conceitos de temperamento
e de caráter, embora grandes áreas psicológicas e psicopatológicas continuem a usar os
termos ‘caráter’ e ‘personalidade’ como sinônimos.” (Dicionário de Psicologia – Galimberti)
c) “Em permanente representação dos conteúdos mentais, e dominada pela imposição das leis e
costumes de cada época e cultura, a personalidade representa a aparência para ser conhecida
(...) A personalidade é transitória e assinala etapas reencarnacionistas, definidoras de
experiências nos sexos, na cultura, na inteligência, na arte e no relacionamento interpessoal.
(...) Cada pessoa reencarna com as características herdadas das experiências anteriores e
submete-se aos condicionamentos de cada fase, por ela transitando com os seus sinais
tipificadores.
Assimilar todos os condicionamentos e exteriorizar uma personalidade consentânea com o ser
real, eis o desafio da terapia transpessoal (...). (Joanna de Ângelis – O ser consciente, p. 40).
Reflexão: Na perspectiva espírita a personalidade é transitória, ou seja, muda a cada
reencarnação, devido à influência das fases da vida, somadas às experiências anteriores, num
processo de construção que nunca termina.
Sugestão: Pedir para que os membros definam sua própria personalidade, a partir das
seguintes questões:
 Como você se enxerga?
 O que lhe torna único, diferente dos demais?
 Quais são os aspectos negativos da sua personalidade?
 Quais são os aspectos positivos da sua personalidade?
Ao final do encontro, convencê-los a pedirem para algumas pessoas de seu convívio
responderem as mesmas questões. Combinar com os participantes que eles trarão as
respostas para o próximo encontro, sem ler, para fazerem a leitura e análise todos juntos.
Sugestão: vídeo “6.0 – Personalidade e Espiritismo – Marlon Reikdal – Estudos aprofundados
em Joanna de Ângelis”, disponível no You Tube: www.youtube.com/watch?v=NUScdB3PduM
Bibliografia Ângelis – O ser consciente.
Galimberti – Dicionário de Psicologia.
Houaiss – Dicionário Houaiss da língua portuguesa.
17º Encontro
Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (II)
Subtema Análise da personalidade
Objetivos Confrontar a noção que tenho da minha própria personalidade com a das pessoas a minha
volta.
Sugestão Retomar a proposta do encontro anterior, abrindo espaço para que os participantes leiam as
respostas e façam o confronto entre o que descreveram de si e o que os familiares e amigos
descreveram.
Reflexão: para aprofundar a análise pessoal, vale a pena fazer os seguintes questionamentos:
- Você consegue avaliar para quem você pediu que respondesse?
 Para os amigos ou familiares que mais facilitam sua vida, ou para os mais carrascos?
 Consegue pensar porque pediu para essas e não para outras pessoas?
 Em geral, você deseja que as pessoas te facilitem ou te confrontem?
- O olhar do outro não é uma verdade absoluta sobre mim, mas tente refletir... sem justificar...
 Comparação entre a imagem que faço a meu respeito e a imagem que os outros fazem de mim.
 Existem aspectos negativos que eu não identifico e que os outros apontam?
 Existem aspectos positivos que eu não identifico e que os outros apontam?
- Características positivas: Existem pessoas que não conseguem aceitar suas características positivas, e
outras que não as querem. As primeiras são movidas pelo complexo de inferioridade que obscurece
suas vistas. As últimas, por uma falsa humildade, iludidas que estão se rebaixando para um dia serem
elevadas. Há aquelas que acreditam que somente pessoas inferiores são merecedoras de atenção e de
carinho. E ainda existem as que por medo de serem diminuídas (humilhadas), querem acreditarem-se
menores para evitar o sofrimento do egocentrismo atacado.
- Características negativas: Da mesma maneira existem pessoas que não conseguem aceitar suas
características negativas, movidas pelo complexo de superioridade, pelo narcisismo, pelo
egocentrismo. Algumas têm certeza da sua superioridade, mas apenas não alardeiam, vivendo isolados
intimamente. Outras têm medo de se descobrir menor do que são. No fundo não se amam, e por isso,
acreditam que ninguém será capaz de amá-las também. Escondem-se tentando lançar-se ao céu. Muitas
fortalezas se mostram assim para esconder suas fragilidades... De si e dos outros...
Observações Caso o coordenador deseje intensificar a análise, ainda pode pedir para eles descreverem o
que supõe que outros dois tipos de pessoas descreveriam a nosso respeito:
- Nossos inimigos;
- Os espíritos que conseguem ler até nossos pensamentos mais íntimos.
18º Encontro
Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (III)
Subtema Infância
Objetivos Analisar quais aspectos da minha infância marcaram a minha personalidade e influenciam no
que sou hoje.
Sugestão A partir de afirmativas falando sobre a importância da infância, levar os participantes a
refletirem sobre sua própria vida, identificando os elementos ou situações que mais
marcaram aquela fase, por nos mantermos presos a eles, sem extrair o aprendizado
necessário.
Muitos textos de Joanna de Ângelis abordam a questão do ambiente doméstico e a influência
do comportamento dos pais nos filhos, além de todas as feridas que vivemos nessa ase:
“É na infância que se fixam em profundidade os acontecimentos, aliás, desde antes, na vida
intrauterina, quando o ser faz-se participante do futuro grupo familiar, no qual renascerá. As
impressões de aceitação como de rejeição se lhe insculpirão em profundidade, abençoando-o com o
amor e a segurança ou dilacerando-lhe o sistema emocional, que passará a sofrer os efeitos
inconscientes da animosidade de que foi objeto. Da mesma forma, os acontecimentos à sua volta,
direcionados ou não à sua pessoa, exercerão preponderante influência na formação da sua
personalidade, tornando-a jovial, extrovertida ou conflitada, depressiva, insegura, em razão do
ambiente que lhe plasmou o comportamento.” (Joanna de Ângelis – Amor, imbatível amor, cap. 4, item:
feridas e cicatrizes na infância).
“No período infantil, por isso mesmo, instalam-se os pródromos dos futuros conflitos que aturdem a
criatura humana nas diferentes etapas de desenvolvimento psicológico, se a verdadeira afetividade e
respeito pelo ser em formação não se fizerem presentes” (Joanna de Ângelis – O Despertar do Espírito,
cap. 6 – introdução do capítulo).
“Quando a infância se fez caracterizar por problemas e desafios não solucionados, as dificuldades se
transferem no inconsciente do indivíduo para todos os diferentes períodos da vida. Torna-se-lhe difícil
o amadurecimento psicológico, procurando permanente refúgio no período infantil, que prossegue
desafiador. A necessidade de autopunição das pequenas travessuras, das irresponsabilidades, das
mentiras ou outros quaisquer mecanismos de evasão da realidade, por meios nem sempre ideais. Em
casos que tais, surgem os criminosos, que havendo sido crianças maltratadas, sentem necessidade de
punir a sociedade pelo que lhes ocorreu, tornando-se, dessa forma, bandidos. É necessário,
inicialmente, redescobrir a criança que permanece no imo e avaliar o seu estado de crescimento, suas
necessidades, seus anseios. Se permanecerem os jogos e despreocupações, a transferência de
responsabilidade para os outros e a culpa sempre dos outros, impõe-se a psicoterapia de urgência, a
fim de auxiliar no crescimento e na libertação dos traumas daquela fase. Não é desejo estabelecer que
a criança seja retirada do cenário existencial, porém que ocupe o seu verdadeiro lugar no alicerce do
inconsciente, a fim de que não perturbe a pessoa da atualidade. É mesmo válida a presença da criança
que existe em todos os indivíduos, tornando a existência apetecível e sonhadora, dentro dos limites da
normalidade que deve prevalecer a quaisquer condicionamentos de tempo e lugar.” (Joanna de Ângelis
– Vida: desafios e soluções, p. 69).
“Certamente, o passado influencia o presente, e quanto mais seja conscientizado e eliminado de forma
coerente e lúcida tanto melhor para a planificação do futuro. (...) Necessário, portanto, penetrar-se
mentalmente, a fim de avaliar as impressões infantis arquivadas, as pessoas-modelo gravadas, os
choques não absorvidos, os fantasmas criados pela imaginação e os medos cultivados pela fantasia
lúdica (...)” (Joanna de Ângelis – Autodescobrimento, pp. 95-96).
“Herdeiro das próprias realizações, o Eu superior renasce em conjunturas sociais, econômicas,
orgânicas e psíquicas a que faz jus ante os Soberanos Códigos da Divina Justiça, em face do
comportamento vivenciado nas reencarnações anteriores.” (Joanna de Ângelis – O Despertar do
Espírito, cap. 6 – introdução do capítulo).
Sugestão: Cláudio Sinoti “O desenvolvimento da personalidade e as etapas da vida”,
entrelaçando textos da mentora espiritual com outros de Psicologia.
Bibliografia Joanna de Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior.
Joanna de Ângelis – Vida: desafios e soluções.
Joanna de Angelis – Amor, imbatível amor.
Joanna de Ângelis – Despertar do Espírito.
Cláudio Sinoti – O desenvolvimento da personalidade e as etapas da vida. In: Espelhos da
Alma.
19º Encontro
Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (IV)
Subtema Adolescência e juventude
Objetivos Analisar quais aspectos da minha adolescência e juventude marcaram a minha personalidade
e influenciaram no que sou hoje.
Sugestão A partir de afirmativas dessa fase da vida, levar os participantes a refletirem sobre sua
própria adolescência e juventude, identificando elementos ou situações que marcaram
aquela fase. Estimular a pensar as decisões que tomaram e como influenciaram na vida atual.
Quais eram os amigos, os grupos que se vincularam, as pessoas que idealizavam e os
objetivos que definiam para a vida.
Reflexão: O foco não é criar um ambiente de lamentação, pensando no não aproveitamento
da vida, e sim, na conscientização de que tudo foi importante para que eu construísse o que
sou hoje, mesmo os erros e equívocos, pois através deles percebemos melhor a vida e
mudamos certas atitudes.
Sugestão:
- Capítulo 6, item “Juventude e velhice”, do livro Vida: desafios e soluções.
- Capítulo 14 “Respeito à juventude”, do livro Libertação do sofrimento.
Sugestão: Cláudio Sinoti “O desenvolvimento da personalidade e as etapas da vida”,
entrelaçando textos da mentora espiritual com outros de Psicologia.
Bibliografia Joanna de Ângelis - Vida: desafios e soluções.
Joanna de Ângelis – Libertação do sofrimento.
Cláudio Sinoti – O desenvolvimento da personalidade e as etapas da vida. In: Espelhos da
Alma.
20º Encontro
Tema Dimensão Psicológica (III)
Subtema O inconsciente em nossas vidas
Objetivos Estimular os participantes a intuir que existe algo desconhecido de si mesmos e que
influencia suas atitudes mais do que imaginam.
Sugestão Sugestão: analisar o anexo “O inconsciente”
Reflexão: identificar que o inconsciente influencia muito mais o nosso comportamento do
que gostaríamos ou desejaríamos; e que, em geral, os problemas psíquicos são fruto desse
desconhecido em nós.
Complementos Além das referências sugeridas para desenvolver o encontro, acrescenta-se:
“Somente após o autoconhecimento é possível conhecer-se o próximo, entender-lhe as dificuldades e os
padecimentos, desculpá-lo das agressões e até mesmo amá-lo. Sendo difícil ao indivíduo vencer os
hábitos doentios e produzir a própria transformação moral para melhor, compreende também quanto
deve ser problemático para outrem fazer o mesmo. Essa reflexão do autoconhecimento condu-lo à
tolerância em relação ao próximo, respeito e consideração a si mesmo, num esforço de fraternidade
legítima em favor de todos.” (Joanna de Ângelis – Espelhos da Alma, p. 23).
Observações O texto do anexo “O inconsciente” não deve ser reenviado ou compartilhado. O material é
inédito, de direitos autorais reservados. Ainda está em fase de formatação para impressão, e
antes disso, sua divulgação, em qualquer forma ou meio, incorre em grave questão ética para
o autor.
Ao trabalhar o anexo, sugere-se que sejam abordadas as noção de consciente e inconsciente,
de repressão e de sintoma, mas que não seja abordado, as noções de ego, superego e id, que
serão trabalhadas no ano seguinte, com mais profundidade e sentido.
Bibliografia Além das referências contidas no texto “O inconsciente”
Joanna de Ângelis - Espelhos da Alma.
21º Encontro
Tema Dimensão Psicológica (IV)
Subtema O desconhecido nos influencia mais do que imaginamos
Objetivos Compreender que os problemas e sintomas de nossa vida estão diretamente ligados aos
conteúdos inconscientes.
Sugestão Deixamos esse segundo encontro menos direcionado para caso haja necessidade de
continuar com o texto “O inconsciente”.
Sugerimos ainda problematizar: “Como posso assumir que existe algo em mim mesmo que
desconheço?”
Apresentar aos participantes a noção de que muitos estudos já foram realizados em torno
desse desconhecimento de nós mesmos, fundamentado cientificamente principalmente a
partir de Sigmund Freud, que inaugurou a noção de inconsciente na Psicologia. Além dele,
inúmeros outros autores partiram desse conhecimento e aprofundaram suas bases.
Atualmente Joanna de Ângelis toma por referência a noção de inconsciente (COMPLEMENTO
A) como base de muitos comportamentos, em especial, os problemáticos (COMPLEMENTO
B), reconhecendo assim os prejuízos desse desconhecimento de si.
Complementos A: “É muito difícil dissociar-se o inconsciente das diferentes manifestações da vida humana, porquanto
ele está a ditar, de forma poderosa, as realizações que constituem os impulsos e atavismos
existenciais.” (Joanna de Ângelis – Vida: desafios e soluções, p. 92).
B: “Porque se desconhece, vitimado por heranças ancestrais – de outras reencarnações –, de
castrações domésticas, de fobias que prevalecem da infância, pela falta de amadurecimento psicológico
e outros, o indivíduo permanece fragilizado, suscetível aos estímulos negativos, por falta de autoestima,
do autorrespeito, dominado pelos complexos de inferioridade e pela timidez, refugiando-se na
insegurança e padecendo aflições perfeitamente superáveis, que lhe cumpre ultrapassar mediante
cuidadoso programa de discernimento dos objetivos da vida e pelo empenho de vivenciá-lo.” (Joanna
de Ângelis – Autodescobrimento: uma busca interior, pp. 9-10).
Bibliografia Joanna de Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior.
Joanna de Ângelis – Vida: desafios e soluções.
Marlon Reikdal - Freud e a estrutura psíquica: descobrindo o inconsciente. In: Refletindo a
alma.
22º Encontro
Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (V)
Subtema Complexos e condicionamentos
Objetivos Compreender que certos comportamentos são fruto de condicionamentos INCONSCIENTES,
influenciando o comportamento humano mais do que o imaginado e o desejado.
Sugestão Levar o grupo a perceber que além dos eventos específicos de cada fase da vida, existem
muitos outros elementos que influenciam em nossa personalidade. Realizar exposição
dialogada a partir do texto “Computação cerebral” (capítulo 7, de Autodescobrimento: uma
busca interior), que evidencia o quanto os arquivos inconscientes ditam nosso
comportamento.
Reflexão: Perceberem que nossas atitudes são muito mais determinadas pelas aquisições
inconscientes que elaboram padrões de comportamento social e moral sem a participação
consciente, do que pelo simples desejo de agir dessa ou daquela forma. Pouco adianta dizer
para as pessoas ou para nós mesmos como devemos ser, como se o comportamento
dependesse de uma simples ordem do intelecto. Entendemos que precisamos nos trabalhar
em profundidade, frente a esses condicionamentos, criando novos hábitos ao longo da
jornada terrena.
Frase importante que trata dos condicionamentos inconscientes: “Toda vez que se fixam no
inconsciente, determinadas crenças e condutas passam a constituir-se como princípios organizadores,
que se encarregam de ressurgir automaticamente, caracterizando o indivíduo. Esses princípios são
dominantes na existência humana que sempre vai acumulando experiências responsáveis pela formação
da personalidade. (...) Conflitos existenciais permanecem fixados no inconsciente, em decorrência dos
conceitos acumulados, atormentando as suas vítimas que, nem sequer, dão-se conta de como surgiram
essas aflições que as infelicitam. Insatisfações infantis, frustrações emocionais, medos recalcados,
ansiedades malconduzidas tornam a existência do adulto um largo sofrimento, que poderá ser diluído
mediante a renovação de propósitos e a conquista de novas ideais estimuladoras ao bem. As vezes um
conceitos infeliz instala-se no inconsciente e passa a comandar a existência do ser impondo-lhe
situações afligentes desnecessárias.” (Joanna de Ângelis – O amor como solução, cap. 3).
Para a compreensão da noção de complexos, sugerimos:
- Vida: desafios e soluções, cap. 2 - item: Conflitos Pessoais
- Triunfo Pessoal, cap. 4 – item: Complexo de inferioridade
- “4,2 – Complexos e Espiritismo – Marlon Reikdal”, disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=H5mD8B9jvWI
- Vídeoaula “A série psicológica de Joanna de Ângelis” – Módulo IV – Aula 2 – Conhecendo os
complexos.
Bibliografia Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior.
Ângelis - Amor como solução.
23º Encontro
Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (VI)
Subtema O pensamento, força viva e atuante.
Objetivos Refletir sobre o pensamento como uma força viva, atuante e criadora que mantém e direcionamento a
vida psicológica
Sugestão Analisar os seguintes textos:
Drama de Bretanha cap. VIII, p. 100 (COMPLEMENTO I);
Ação e Reação, cap. IV, p. 56 (COMPLEMENTO II);
Libertação cap. VI, p. 83 e 84 (COMPLEMENTO III);
A partir da leitura, explorar com o grupo as informações contidas nos textos no que tange ao
pensamento tais como: o pensamento como força viva que reflete imagens, sua onda de formas
criadoras, mecanismo de intercâmbio com os desencarnados e encarnados, orientando-os nas
conclusões sobre as consequências desses conhecimentos para o crescimento do espírito, assim como
buscar formas de tornar esse intercâmbio favorável e auxiliador.
Observações Seria importante que o coordenador pudesse fazer uma leitura do livro Pensamento e Vontade, de
Ernesto Bozzano no que tange aos itens a serem trabalhados nos dois encontros visando esclarecê-los,
aos participantes, criando assim uma consciência clara e profunda sobre a importância do
pensamento.
Complemento I) (...) “O exame das vibrações pessoais, no mundo espiritual, é um acontecimento natural. Sabe-se que
alguém sofre, pois que chora, o pranto é vibração dolorosa, tão angustiosa que comunica o observador
a amargura deprimente, e sabe-se por quem alguém sofre e chora, porque o pensamento do sofredor
reflete as imagens que o torturam, focaliza as cenas e o drama todo no qual se debate, revela-se, seja o
observador espiritual de elevada categoria ou de inferior condição na hierarquia da vida invisível.
Trata-se, pois, esse fenômeno, de um fato natural, uma lei de natureza comum à vida do Espírito. Daí
porque todas as crenças religiosas, espiritualistas, a moral, o senso, a razão, o sentimento e até a
terapêutica recomendam ao homem cuidado com os próprios pensamentos, pois, além de mil outros
inconvenientes sempre desagradáveis, os pensamentos mal dirigidos podem atrair um obsessor ou a
este pistas desfavoráveis ao próximo.”
II) (...) “Imaginemos agora o pensamento, força viva e atuante, cuja velocidade supera a da luz. Emitido
por nós, volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos a viver, de maneira espontânea, em sua
onda de formas criadoras, que naturalmente se nos fixam no espírito quando alimentadas pelo
combustível de nossos desejos ou de nossa atenção. Daí a necessidade imperiosa de nos situarmos nos
ideais mais nobres e nos propósitos mais puros da vida, porque energias atraem energias da mesma
natureza, e quando estacionários nas viciações ou na sombra, as forças mentais que exteriorizamos
retornam ao nosso espírito, reanimadas e intensificadas pelos elementos que com elas se harmonizam,
engrossando dessa forma, as grades da prisão em que nos detemos irrefletidamente, convertendo-se-
nos a alma num mundo fechado, em que as vozes e os quadros de nossos próprios pensamentos,
acrescidos pelas sugestões daqueles que se ajustam ao nosso modo de ser, nos impõem reiteradas
alucinações, anulando-nos, de modo temporário, os sentidos sutis”.
III) (...) “De manhazinha, na esfera da crosta, essa pobre mulher, vacilante na fé, incapaz de apreciar a
felicidade que o Senhor lhe concedeu num casamento digno e tranquilo, despertará no corpo, de alma
desconfiada e abatida. Oscilando entre o “crer” e o “não crer” não saberá polarizar a mente na
confiança com que deve enfrentar as dificuldades do caminho e aguardar as manifestações
santificantes do Alto (...)”.
(...) “Como libertar-se de tal inimiga – perguntou Elói interessado. – Mantendo-se num padrão de
firmeza superior, com suficiente disposição para o bem. Com esse esforço nobre e contínuo, melhoraria
intensivamente os seus princípios mentais, afeiçoando-os às fontes sublimes da vida (...) passaria a
emitir raios transformadores e construtivos, em benefício de si mesma e das entidades que se lhe
aproximam do caminho. (...)”.
Bibliografia André Luiz - Ação e Reação.
André Luiz – Libertação.
Ernesto Bozzano - Pensamento e vontade.
Ivone Pereira - Drama de Bretanha.
24º Encontro
Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (VII)
Subtema Reciclando o inconsciente
Objetivos Despertar nos participantes o papel ativo de reciclagem de condicionamentos negativos que
influem no comportamento humano de modo INCONSCIENTE
Sugestão Analisar o item “Reciclagem do subconsciente”, do capítulo 7 da obra Autodescobrimento:
uma busca interior, para descrever a importância dessa atitude de reorganização interior.
A: “Embora sejam fundamentais para os fenômenos automáticos da conduta, quando não se renovam
[os princípios organizadores da personalidade] através do conhecimento e vivências enriquecedoras,
transformam-se em morbidez e impedimentos ao avanço intelecto-moral.” (Joanna de Ângelis – O amor
como solução, p. 29).
B: “É imperiosa, periodicamente, uma atitude enérgica, equivalente, em relação aos depósitos do
subconsciente, em favor da autorrealização. Retirar o entulho do subconsciente torna-se fundamental
para uma existência saudável. (...) Libertando-se dos substratos anestesiantes e perturbadores, deve-se
reciclar o subconsciente, preenchendo os espaços com novos elementos portadores de campos de
irradiação equilibrada, estimuladora, para avançar na conquista do ser profundo, interior. Quando o
indivíduo quer, ele pode realizar, dependendo dos investimentos que aplica para consegui-lo. O
empenho bem direcionado pelo pensamento objetivo, claro, sem conflito, logra criar futuros
condicionamentos através das mensagens que arquiva, restabelecendo no subconsciente o banco de
dados que responderá mais tarde com as informações corretas do que lhe seja solicitado. (...) A
renovação psíquica e emocional deve ser uma atividade constante e natural, qual ocorre na área dos
fenômenos e necessidades fisiológicas, como a alimentação, o repouso, a higiene, a reprodução, em que
os automatismos subsconscientes são acionados e atendidos. Da mesma forma, na área psicológica são
necessários novos automatismos que possam propelir o ser para os patamares mais elevados e
plenificadores, que o estão aguardando.” (Joanna de Ângelis – Autodescobrimento, pp. 95-97).
Sugestão: estimular os participantes a elaborarem um plano de ação, estabelecendo as
atitudes que acreditam serem alavancas desse processo de reciclagem, visando o cotidiano e
os recursos que estão ao nosso alcance.
Observações Joanna de Ângelis define o subconsciente como a parte do inconsciente que aflora a
consciência (Autodescobrimento: uma busca interior, p. 61). Então, sugerimos que o termo
subsconsciente seja compreendido como o inconsciente, visando evitar confusões teóricas.
Bibliografia Joanna de Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior.
Joanna de Ângelis - Amor como solução.
25º Encontro
Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (VIII)
Subtema Reciclando o inconsciente através da visualização terapêutica
Objetivos Apresentar a visualização terapêutica como recurso para a reciclagem do inconsciente
Sugestão Enfocar a visualização terapêutica como recursos para a reciclagem do inconsciente, fazendo
um exercício de visualização (sugestão em Vida: desafios e soluções, cap. 11).
“Utilizando-se de autossugestão, dos recursos mnemônicos positivos, da visualização e da prece,
reabastece-se de valores que, hoje arquivados, irão estimular os centros do desenvolvimento psíquico e
moral, que ressumarão no futuro como sensações de paz, de claridade mental, de impulsos generosos,
de atitudes equilibradas.” (Joanna de Ângelis – Autodescobrimento, p. 97).
Bibliografia Joanna de Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior.
Joanna de Ângelis - Vida: desafios e soluções.
Gelson Luiz Roberto – A imaginação criadora e as técnicas terapêuticas de Joanna de Ângelis.
In: Refletindo a Alma.
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  • 1. ESTUDO INTRODUTÓRIO À OBRA DE JOANNA DE ÂNGELIS “Conhece-te a ti mesmo” “O progresso geral é a resultante de todos os progressos individuais; mas, o progresso individual não consiste apenas no desenvolvimento da inteligência, na aquisição de alguns conhecimentos. Nisso mais não há do que uma parte do progresso, que não conduz necessariamente ao bem, pois que há homens que usam mal do seu saber. O progresso consiste, sobretudo, no melhoramento moral, na depuração do Espírito, na extirpação dos maus germens que em nós existem.” (Allan Kardec – Obras póstumas) Coordenação: Marlon Reikdal Contato: coord.joannadeangelis@gmail.com Curitiba/PR – 2017 (versão revisada)
  • 2. INTRODUÇÃO POR QUE UM PROGRAMA DE ESTUDOS? Estudar os textos de Joanna de Ângelis é um desafio para todos. A abordagem da Doutrina Espírita pelo viés psicológico, apresentada por um Espírito de tão elevado gabarito moral e intelectual exige um investimento a mais dos estudantes do Espiritismo, principalmente para aqueles que não têm intimidade com a totalidade da obra e um mínimo de conhecimento de Psicologia. A Série Psicológica de Joanna de Ângelis hoje se encontra consolidada em 16 volumes, publicados entre 1989 e 2011.1 Existem inúmeros caminhos para estudar esses livros. O principal dificultador que identificamos decorre do fato da mentora espiritual não se deter em explicar e referenciar bibliograficamente autores e conceitos psicológicos. Sem entender os conceitos parece-nos impraticável apreender a mensagem em sua profundidade. Joanna de Ângelis se utiliza de uma conceituação complexa da Psicologia Analítica, como ego, persona, sombra, anima, animus, inconsciente, self, individuação, são utilizados, esperando que o leitor atento e interessado se aproprie deles para absorver os ensinamentos doutrinários que nos oferece. Com esse intuito estabelecemos um programa de introdução ao estudo da Série Psicológica, visando, facilitar o estudo das obras específicas da mentora. Mas é preciso esclarecer que pelo fato de um coordenador seguir esse programa de estudos não lhe habilita para coordenar a tarefa. Cada instituição deve ter seus cuidados e estabelecer os critérios para que um voluntário possa assumir a tarefa de coordenar um grupo de estudos, independente do viés psicológico ou não. Nossa intenção com a criação desse programa foi apenas facilitar o trabalho dos coordenadores, mas não os habilita – aqueles que não o são – para a tarefa. Colocamo-nos a disposição para esclarecimentos e orientações, sempre que estiverem ao nosso alcance, pois a finalidade é subsidiar estudos de qualidade em torno da Série Psicológica de Joanna de Ângelis. Mas não oferecemos nenhuma formação ou qualificação para a tarefa de coordenação de estudos em geral.2 Também não é um estudo substitutivo, de qualquer outro estudo que já exista na Casa Espírita. Acaba por se tornar uma introdução dos estudos das obras de Joanna de Ângelis – sendo essa a nossa meta. Apenas fizemos essa introdução para facilitar o entendimento dos conceitos que se encontram ao longo de toda a série. 1 Jesus e a atualidade (1989); O homem integral (1990); Plenitude (1990); Momentos de saúde e de consciência (1992); O ser consciente (1993); Autodescobrimento: uma busca interior (1995); Desperte e seja feliz (1996); Vida: desafios e soluções (1997); Amor, imbatível amor (1998); O despertar do espírito (2000); Jesus e o evangelho à luz da psicologia profunda (2000); Triunfo pessoal (2002); Conflitos existenciais (2005); Encontro com a paz e a saúde (2007); Em busca da verdade (2009); Psicologia da gratidão (2011). 2 Sugerimos que os interessados procurem nosso canal no You Tube, onde, aos poucos, temos incluído vídeos sobre a questão da coordenação de estudos com viés psicológico: https://www.youtube.com/user/marlonreikdalblog
  • 3. Os coordenadores que já tem intimidade com a Série Psicológica e com os conceitos junguianos não encontrarão aqui qualquer novidade, e por isso será desnecessária a utilização desse trabalho. A intenção é oferecer suporte apenas para aqueles grupos e, em especial, para os coordenadores, que ainda não transitam com facilidade pelas obras de Joanna de Ângelis, para que, depois de vencida essa etapa, se dediquem com mais segurança ao estudo específico da coleção. Não se propõe a ser um curso de Psicologia, pois se assim fosse, não deveria estar no Centro Espírita. Com a temática “Conhece-te a ti mesmo”, ao longo de dois anos, pretende-se, além de trabalhar os conceitos psicológicos, estimular os participantes a olharem para si mesmos, caminhando para a transformação moral, objetivo último da Doutrina Espírita.3 Pretende-se também entrelaçar os conceitos doutrinários apresentados por Kardec, aos estudos psicológicos, explicitando essa incrível conexão já prevista pelo codificador desde os primórdios do Espiritismo, quando subtitulou a Revista Espírita de “jornal de estudos psicológicos”. O primeiro ano baseia-se nas noções primordiais de quem somos e das dimensões que nos compõe: material, psicológica, social e espiritual. O segundo ano aprofunda os conceitos psicológicos que darão base para as interpretações doutrinárias. Mas não deve ser visto como um estudo conceitual, afinal, seu principal objetivo é que os temas ego, persona, sombra, anima, animus e self façam parte consciente da vida dos sujeitos, transformando-os para melhor. É uma singela proposta que visa facilitar a direcionamento dos coordenadores de estudo, com sugestões temáticas, metodológicas e bibliográficas. Não deve ser seguido como uma tarefa a ser reproduzida sem critérios ou reflexão. São direcionamentos, facilitadores, permitindo ao coordenador vislumbrar de modo didático como trabalhar temas complexos, trazendo os ensinamentos doutrinários para o cotidiano. REQUISITOS PARA COORDENAR OS ESTUDOS Equivocadamente, muitas pessoas acreditam que para coordenar um estudo com viés psicológico é necessário ter formação em Psicologia. Isso ocorre pela falta de entendimento do verdadeiro foco de um grupo de estudo espírita, que é unicamente o Espiritismo. Se a finalidade é o estudo e a divulgação do Espiritismo, então, o principal requisito é o conhecimento do Espiritismo, acima de qualquer outro elemento, aliado ao perfil de coordenação de estudos. Não é um espaço especial para psicólogos. Menos ainda para aqueles que gostariam de ser e não puderam, desejando “se sentirem um pouco terapeutas” ministrando “aulas de Psicologia” ou fazendo “psicoterapia de grupo” no Centro Espírita. Isso é um grande engano. 3 Allan Kardec – O Livros dos espíritos, conclusão, item V.
  • 4. A Psicologia enquanto prática é uma profissão que pode ser buscada por todos que a desejem, mas sem o objetivo de encontrar uma brecha nos estudos psicológicos de Joanna de Ângelis para “exercer essa questão mal resolvida”. Todos que estão à frente de um grupo de estudos na Casa Espírita devem ter como objetivo promover o conhecimento e a vivência doutrinária. A abordagem psicológica que Joanna de Ângelis propõe é apenas um viés dentro do Espiritismo, e jamais pode ser confundida com a prática dessa profissão no Centro Espírita. Outro grande equívoco é pensar que um psicólogo, por ter significativo conhecimento da Psicologia Analítica, pode assumir um grupo de estudos na Casa Espírita apenas por sua habilitação profissional. Um ótimo psicólogo está habilitado a praticar a psicoterapia ou a dar aulas de Psicologia, e apenas um ótimo espírita está habilitado a coordenar um grupo de estudos sobre Espiritismo. Mesmo sendo coordenado por um psicólogo, esse profissional jamais deve se colocar como tal. Sua função ali não é fazer qualquer tipo de diagnóstico, orientação ou intervenção psicoterapêutica – seria um desrespeito à sua profissão e à Casa Espírita. Ao detectar que um frequentador da Casa Espírita precisa de psicoterapia, sugere-se que procure esse tipo de serviço, assim como se faz para alguém com queixa habitual de dor de cabeça, durante o Diálogo Fraterno, que consulte um neurologista. Nesse intuito, aqui se encontram algumas sugestões de pré-requisitos para coordenar esse estudo: a) Conhecimento doutrinário: os estudos psicológicos de Joanna de Ângelis são um viés da Doutrina Espírita. Na prática não há grandes diferenciações, pois o que se deve estudar em todos os grupos de uma instituição kardecista é o Espiritismo. Alguns estudam num viés filosófico, outros, pedagógico, médico ou psicológico. Mas todos estudam a Doutrina Espírita, e por isso, não há como coordenar qualquer grupo de estudos sem sólido conhecimento doutrinário. Se a Psicologia é um enfoque pelo qual se analisa a Doutrina, não há como coordenar um estudo sem intimidade com os ensinamentos espíritas, sob o risco de termos apenas um grupo de Psicologia. O foco, o objeto e a finalidade são a divulgação e a vivência doutrinária. Todos precisam beber dessa fonte para conseguir analisá-la por essas diferentes facetas, e apresentá-la aos estudantes do Espiritismo com muito comprometimento. Se a leitura do Pentateuco Espírita já é um requisito difícil de ser atendido por muitos, imagine o estudo sério e dedicado. O movimento espírita é carente de pessoas que realmente estudem Allan Kardec, que entendam e tenham habilidade para transitar pelos seus fundamentos, explorando-os e aplicando-os à vida com precisão. Seria uma irresponsabilidade debruçar-se sobre qualquer viés, sem antes absorver a essência da Doutrina de maneira clara. Não há como pensar que alguém tome a frente de um grupo de estudos da Doutrina Espírita sem conhecimento solidificado dessa Doutrina.
  • 5. b) Experiência em coordenação de grupos de estudos: Coordenar adequadamente um grupo de estudos é uma das tarefas mais complexas, pois não se constitui em simples exposição doutrinária. O coordenador precisa ter conhecimento significativo do conteúdo exposto, atentar-se ao processo grupal, mediar relações, motivar pessoas e acima de tudo, apresentar a Doutrina de modo encantador para que as pessoas se modifiquem interiormente. Além de tudo isso, ainda é preciso considerar que possam surgir outros entraves como pessoas que tumultuam o grupo, falam demais ou quase não deixam espaço para os colegas e coordenador; temos os exaltados, os críticos, os pessimistas, os inibidos entre tantas figuras que precisam ser manejadas adequadamente para não serem excluídas, por também precisarem da Doutrina em suas vidas. Por isso, orienta-se que, para coordenar um grupo de estudos com viés psicológico, é ideal que o almejante tenha experiência em coordenação de grupos de estudos de um modo geral, transitando confortavelmente pelos conceitos espíritas e pela didática, para que, a partir daí possa empreender um desafio maior que é o de coordenar um grupo de estudos com um viés específico. Que pelo menos um dos coordenadores consiga bem desempenhar a tarefa em grupos básicos ou de obras quaisquer, para depois se aventurar na coordenação de estudos com vieses específicos, como o psicológico. c) Conhecimento específico: Se em um extremo estão os que creem que é preciso uma habilitação profissional em Psicologia para coordenar grupos de estudo das obras de Joanna de Ângelis, em outro extremo, também equivocados, estão aqueles que se aventuram à tarefa sem noções básicas e conhecimentos específicos das abordagens psicológicas – em especial, da Psicologia Analítica de C. G. Jung.4 Uma pessoa que esteja à frente de um grupo de estudos que se utiliza dos conceitos psicológicos junguianos, precisa ter um mínimo conhecimento sobre Psicologia Analítica, assim como aquela que diante de um grupo com viés filosófico necessita de conhecimento em Filosofia, para bem realizar a tarefa. Não há obrigatoriedade da presença de um psicólogo, nem se recomenda que assim aconteça, conforme já exposto. Mas há sim, a necessidade de comprometimento com o estudo básico da Psicologia, por parte dos coordenadores, no sentido de entenderem minimamente os conceitos, sem deturpar a Psicologia e, principalmente, a própria Doutrina dos espíritos. ESPIRITISMO E PSICOLOGIA 4 Foi com intuito de facilitar o acesso e a compreensão de determinados conceitos psicológicos que o Núcleo de Estudos Psicológicos Joanna de Ângelis, do qual fazemos parte, publicou, junto com Divaldo Pereira Franco e Joanna de Ângelis, até o momento, duas obras: Refletindo a alma: a psicologia espírita de Joanna de Ângelis (2011) e Espelhos da alma: uma jornada terapêutica (2014), conciliando os textos fundamentais do Espiritismo, com as obras de Joanna de Ângelis e importantes referências da Psicologia. Sugerimos que todo coordenador de estudos das obras de Joanna de Ângelis estude esses dois livros. Além disso, de modo independente, os membros do Núcleo produziram vídeos que se encontram disponíveis no You Tube e podem ser acessados consultando pelos nomes dos integrantes: Cláudio e Iris Sinoti, Gelson Luiz Roberto e Marlon Reikdal.
  • 6. Muito antes dos dias atuais, Allan Kardec já se mostrava um grande estudioso da psique. Por isso, querer separar o Espiritismo da Psicologia é tentar formalizar uma Doutrina sem alma, uma religião sem nexo causal nem teológico, uma ciência sem objeto. Kardec foi explícito nesse sentido, desde o início de suas pesquisas. Sabemos que já na primeira publicação da Revista Espírita estava sacramentada essa união, e o que mais admiramos no trabalho codificado por ele foi a sua capacidade de aprofundamento a respeito do homem integral. Fez isso antes mesmo da Psicologia estabelecer suas bases científicas e adentrar a sociedade como hoje a conhecemos, vários anos antes do pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939) e Carl Gustav Jung (1875-1961) – o grande desbravador do inconsciente coletivo. Todavia, para que essa mensagem se realize em seu potencial transformador, merece atenção e cuidados. Para bem compreendermos essa perspectiva precisamos delimitar o enfoque da codificação. Allan Kardec chama-nos a atenção para a arte de manejar os caracteres. Estabelece categoricamente a diferença entre o desenvolvimento intelectual e o moral, mostrando-nos que a dimensão intelectual, sem a completude moral do processo educacional é vazia. Podemos discursar perfeitamente sobre o perdão, apresentando teorias e orientações que exigem raciocínio e domínio da oratória. Somos capazes de aconselhar e dirigir a existência dos outros. Porém, vivenciar esses conhecimentos em profundidade, sem máscaras ou escamoteamentos, é diferente – essa é a dimensão psicológica essencialmente, o mundo dos sentimentos e das emoções. É justamente nesse contexto que Joanna de Ângelis foi buscar na Psicologia a alavanca para impulsionar esse progresso. Divaldo P. Franco conta que a mentora espiritual se dedicou aos estudos da Psicologia, da Psicanálise e da Psiquiatria por mais de 50 anos no plano espiritual superior, para que nos trouxesse esse material que vem ganhando cada vez mais espaço no Movimento Espírita em todo o mundo. As obras de Joanna de Ângelis exigem pesquisas complementares, principalmente das Ciências Humanas, muito além de vocabulário da Língua Portuguesa. Ao longo de seus trabalhos, a mentora progressivamente se aprofunda nas questões psicológicas e psiquiátricas, exigindo assim do leitor um estudo particularizado. Sua escrita é densa e complexa. Mas nos perguntamos: O que esperar de um Espírito de tamanha nobreza moral, que conheceu e colaborou com Jesus, desde as primeiras horas? Qual o vocabulário de uma alma de tão grande estatura intelectual e moral que quando reencarnada foi considerada uma das maiores poetisas da língua hispânica, além de se desenvolver nas áreas de Teologia moral, Medicina, Astronomia e Direito Canônico. Em vez de reclamações ou queixas pela complexidade de seus estudos, deveríamos tecer agradecimentos a um espírito deste patamar evolutivo que se destina a zelar por nós, e nos orientar, mesmo em meio à nossa ignorância e pequenez, e disso absorvermos o que há de melhor para vivermos a Doutrina em sua plenitude.
  • 7. Para darmos maior dimensão à importância do encontro entre Espiritismo e Psicologia, tomamos como exemplo a análise da “Parábola do Filho Pródigo” ou a “Parábola dos Dois Filhos”, como também é conhecida. O evangelho de Jesus é um norte para a humanidade que almeja a felicidade, e essa parábola nos faz pensar sobre nossas escolhas, as buscas exteriores, sobre os prazeres imediatos e principalmente sobre o Pai amoroso e bom que temos. Mas essa mesma passagem, interpretada pelo viés psicológico e espírita, oferecido por Joanna de Ângelis, na obra Em busca da verdade, ganha amplitude inigualável. Qualquer um que se detenha sobre a obra perceberá o quanto os conceitos psicológicos como persona, sombra, ego e Self nos possibilitam um olhar mais profundo sobre a parábola, fazendo-nos perceber dimensões do comportamento humano, pouco compreendidas até então. E mais, permite-nos enxergar as atitudes de cada personagem por um ângulo diferenciado, menos literal, mais dinâmico e, por consequência, mais fácil de ser pessoalmente refletidos. Mas, não pretendemos “psicologizar” a religião nem converter a Psicologia. O que a mentora espiritual nos ensina é a fazer da Psicologia, em especial a de C. G. Jung, instrumento útil para melhor compreensão do Espiritismo. Não é uma comunhão entre Espiritismo e Psicologia, mas sim, a utilização das Ciências Psicológicas e das demais Ciências, para bem mais compreendermos os fenômenos humanos que o Espiritismo estuda. A Psicologia é mais uma ferramenta que permite realizar o trabalho com maior precisão, profundidade e acerto. Na Casa Espírita realizamos um estudo da conduta humana, abordando os temas que fazem parte de nosso cotidiano. Os conceitos psicológicos servem para instrumentalizar a análise a respeito do comportamento, mostrando habilmente “como fazer” mudanças verdadeiras para melhor. As leituras psicológicas vem ganhando cada vez mais espaço nos meios leigos, por ser de grande valia na compreensão de quem somos e de como nos transformamos. Superados os dias de imposição e repressão (social, religiosa, sexual, política, etc.) é preciso saber como lidar com os conteúdos que antes eram simplesmente rejeitados pela consciência. A Psicologia sempre este embutida nos estudos espíritas. Joanna de Ângelis explicitou isso, formalizando através de seus estudos e do uso dos conceitos psicológicos, como instrumentos para nossa compreensão. Exemplificamos isso com a construção de uma casa. Sozinho e com poucas ferramentas é possível construí-las, mas certamente exigirá mais empenho, mais tempo e oferecerá nível maior de dificuldade. Quando o construtor tem auxílio de outros, mais instrumentos como o andaime, a betoneira, as serras e demais maquinarias, ele chegará a resultados parecidos com o demonstrado no primeiro exemplo, contudo de forma eficiente, mais rápida, e muito provável, consiga realizar uma construção maior e mais segura. A Psicologia pode ser vista dessa forma. Não é o aspecto essencial, mas contribui para que a Doutrina alcance seus objetivos de forma mais efetiva, auxiliando num processo que já estava estabelecido anteriormente pelo Codificador. A meta do Espiritismo é conduzir a Humanidade na senda da evolução, numa mudança efetiva de comportamento, e por isso devemos estar profundamente conectados aos estudos psicológicos, afinal, não há
  • 8. comportamento que não passe pela psique. Destrinchar esse processo é trabalho da Psicologia, então, podemos aproveitar desse desenvolvimento científico para instrumentalizar a conquista das bases doutrinárias. Servem para compreendermos o comportamento humano, da criança ao idoso, em suas dimensões de saúde e doença mental, bem como as relações e seus entraves, seu processo de desenvolvimento moral, favorecendo-nos a evolução espiritual. O encontro entre Psicologia e Espiritismo é um convite para o Movimento Espírita iniciar novos tempos, de mais qualificação e aperfeiçoamento na sua forma de trabalho, mas também para mais qualidade em termos teóricos, compreendendo o ser humano e a Doutrina Espírita por vieses ainda não estabelecidos, pautados na dimensão do homem integral. Dizemos que os estudos de cunho psicológico sempre estiveram nas instituições espíritas, a começar por O livro dos espíritos, aprofundando em O evangelho segundo o espiritismo, passando pelos estudos introdutórios e diversos temas sistematizados como a mediunidade, a obsessão, sem esquecermos as obras de Emmanuel que se mostra um grande conhecedor da alma humana, além de André Luiz, Manoel P. de Miranda, e tantos outros. São todos estudos doutrinários que já trazem em si a dimensão psicológica por se pautarem na compreensão da alma humana, seu funcionamento e transformação. Entretanto, o trabalho que Joanna de Ângelis desenvolveu até o presente momento é de deixar muitos professores de Psicologia estupefatos pela forma como se apropriou dos estudos da psique e entrelaçou-os à proposta evangélica. As palavras da mentora espiritual são precisas ao desbravar a alma humana, e por isso a temos por peça fundamental nesse quebra-cabeça da vida, em busca da plenitude do ser. Quando a questionamos sobre essa interface entre Psicologia e Espiritismo, denominada para nós espíritas de Psicologia Espírita, e os cuidados que precisamos ter, obtivemos a seguinte resposta: O estudo do Espiritismo, de alguma forma, é também do conhecimento psicológico, porquanto diz respeito à transformação moral do indivíduo para melhor, para tornar-se vencedor das paixões primárias em favor das emoções superiores da vida. Os estudos da Psicologia Espírita constituem uma contribuição para mais amplo entendimento da codificação kardequiana, por aprofundar a sonda do esclarecimento nos conflitos que vicejam em todas as criaturas, auxiliando-as com métodos eficazes para solucioná-los, não atribuindo todas as ocorrências perturbadoras às influências espirituais negativas, mas, sim aos próprios demônios, aqueles que as acompanham através das sucessivas reencarnações e formam o ego perverso ou sonhador, dinâmico ou preguiçoso, alegre ou angustiado... Inevitavelmente, à medida que o ser estuda e se estuda, melhora-se, realizando uma autopsicoterapia, por eleger o bem em vez da perturbação e dos sentimentos inferiores. 5 GRUPO DE ESTUDOS versus PSICOTERAPIA DE GRUPO 5 Joanna de Ângelis – Espelhos da Alma, p. 117.
  • 9. No meio espírita existe o receio, por parte de certas pessoas, de que os grupos de estudos se transformem em grupos de psicoterapia. Em geral, essa preocupação se dá pelo desconhecimento das características desses dois tipos de atividades. Crê-se equivocadamente que qualquer reunião de pessoas que falem de suas vidas seja psicoterapia. Parte desse problema se dá porque os grupos de estudos da Doutrina Espírita têm um caráter terapêutico. Mas é necessário diferenciar uma atividade com resultados terapêuticos de uma psicoterapia enquanto prática profissional. Dizer que os grupos de estudos doutrinários têm um caráter terapêutico não os iguala a um grupo de psicoterapia, porque são caminhos, técnicas e objetivos completamente diferentes. As atividades da Casa Espírita auxiliam efetivamente as pessoas a viverem melhor, a administrarem seus problemas sob uma ótica diferenciada – a espiritual –, a aceitarem suas dores com mais consciência e resignação, a terem fé no futuro, entre tantos outros benefícios. E isso não se dá apenas nos grupos de estudo, mas também no Diálogo Fraterno, na exposição evangélica, na evangelização etc. Os grupos de estudos que tenham cunho terapêutico devem assim ser classificados, porque produzem uma mudança positiva na vida de seus participantes. Se não transformassem o homem para melhor, não haveria sentido de existirem. E, todas as atividades de uma Casa Espírita precisam convergir para esse mesmo fim, levando o homem a viver melhor consigo, com o seu próximo e com Deus. Já a psicoterapia é um trabalho diferente, em especial, desenvolvido por psicólogos. Só pode ser realizada por pessoas formadas em uma instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), e sua prática profissional é regida e orientada por um conselho de classe – nesse caso, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e suas regionais. Essa instituição a qual todas as práticas profissionais dos psicólogos estão submetidas estabelece que, ao profissional é vetado induzir convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais.6 Ao querermos atender outra dimensão e deixarmos de falar de Espiritismo, certamente não estaremos fazendo uma troca com saldo positivo para a Doutrina, afinal o psicólogo não falará do Espiritismo em nosso lugar. Além disso, é importante ressaltar que a psicoterapia é um trabalho que ocorre dentro de um contexto específico, o qual precisa ser considerado para que seus resultados sejam alcançados. Entre eles, lembramos a questão do contrato de trabalho, do ambiente, do pagamento, da continuidade, do vínculo transferencial e contratransferencial, das supervisões. Existem ainda outros importantes elementos de diferenciação entre um grupo de estudo e um grupo de psicoterapia: o foco, o embasamento teórico e a intervenção. 6 Código de Ética do Psicólogo - Artigo 2, item b.
  • 10. a) Foco O foco de um grupo de estudo é a Doutrina Espírita. O foco de um grupo de psicoterapia é a experiência de vida dos seus participantes. Os dois podem proporcionar uma vida mais saudável a seus membros. Mas, enquanto o grupo de estudos parte dos conteúdos doutrinários, para levar o sujeito a refletir sobre sua vida e modificá-la dentro de suas possibilidades, a psicoterapia parte das vivências e dos elementos pessoais do terapeutizando naquele momento. Superficialmente, essas duas abordagens parecem até próximas, mas na prática, são completamente diferentes. Nos grupos de estudos temos um programa a seguir, com temas específicos, didaticamente construídos e orientados para cada encontro, com bibliografia a ser aprofundada pelo coordenador e pelos participantes. Além disso, temos um objetivo muito claro: estudar aquele conteúdo de modo que seus integrantes consigam estudar a si mesmos, e transformar suas vidas para melhor a partir do que estejam aprendendo. Já em um grupo de psicoterapia, o profissional sempre terá como foco o que os pacientes desejarem para aquela sessão, seus conteúdos, suas vivências. A partir daí, dará início ao trabalho de análise, fazendo-os pensar sobre esse ou aquele aspecto que estão evidenciando, favorecendo a tomada de consciência de seus padrões de funcionamento e de suas posturas geradoras de sofrimento. Nessa situação, não se utiliza de uma Doutrina religiosa que se preocupa em oferecer diretrizes para a conduta humana, e sim, da análise do próprio comportamento em si, em que cada sujeito é visto como único. Não é uma mera conversa, nem um grupo de desabafo ou de simples aconselhamentos. O analista utiliza-se de técnicas específicas, posturas, olhares e análises que diferem de um diálogo cotidiano. Há uma vasta bibliografia de diferentes linhas de abordagens psicológicas, estabelecendo práticas e condutas profissionais que fazem de um encontro grupal, uma psicoterapia de grupo. b) Embasamento teórico Embora em um grupo de estudos de autodescobrimento possamos estudar conceitos junguianos como persona ou sombra, é um estudo doutrinário com o objetivo de se compreender o ser humano e, consequentemente, estimulá-lo à vivência do Espiritismo. Não estudamos as teorias psicológicas por si, como em um curso de Psicologia. Nós espíritas, aprendemos com Joanna de Ângelis a utilizar a Psicologia como auxílio para analisarmos melhor as nossas vidas, e nos trabalharmos interiormente. Se conceitos psicológicos como ego e Self são utilizados para análise doutrinária, precisamos entendê-los como instrumentos para desdobrar o entendimento que já está posto pela Doutrina Espírita. Por isso precisamos estudar muito a Doutrina e divulga-la, para que cada membro do grupo, por meio de um trabalho pessoal, conecte o que está estudando com a sua própria vida, repensando suas atitudes para um comportamento mais saudável.
  • 11. Na psicoterapia a teoria psicológica não é apresentada para seus participantes, tão pouco se faz necessário que a entendam ou estudem. O conhecimento é a base da qual se utiliza o psicólogo para compreender o funcionamento das pessoas, e para intervir de modo específico nesse funcionamento, auxiliando no processo de tomada de consciência. Isso está diretamente ligado ao que chamamos de tipo de intervenção ou manejo. c) Intervenção Em um grupo de estudos não fazemos intervenções psicológicas. Os participantes podem até falar de suas vidas, mas ouvi-los não determinará o caráter da prática profissional. Como não temos uma avaliação precisa do sujeito [diagnóstico], não sabemos da situação atual e temos consciência de que aquilo que a pessoa fala é apenas uma versão de toda a história ou problema, é necessário se abster de qualquer comentário específico ou aconselhamento. Se nosso objetivo é apresentar a Doutrina para que os participantes reflitam sobre sua própria vida, cabe ao coordenador restringir-se aos conceitos doutrinários e esclarecer aqueles que não estão conseguindo compreender bem o tema estudado. Também acreditamos ser tarefa do coordenador proporcionar reflexões através de uma boa didática de vivências pedagógicas, para que os participantes consigam extrapolar os conceitos doutrinários para suas próprias vidas. Em um grupo de estudos acerca do perdão, por exemplo, jamais o coordenador do estudo poderá analisar o comportamento do participante para lhe dizer o que ele deve fazer para perdoar identificando suas resistências ou mecanismos de defesa, para favorecer seu desenvolvimento emocional. Ele não é habilitado tecnicamente para isso, e mesmo que fosse não seria o local, o momento, o enfoque e a proposta, incorrendo em falta ética. É preciso compreender que se um psicólogo faz algum tipo de intervenção, ou mesmo um aconselhamento, seja na psicoterapia individual ou em grupo, ele não a faz aleatoriamente, por “achismo” ou suposição. Em geral, o psicólogo já realizou uma análise da personalidade do sujeito, que tecnicamente chamamos de diagnóstico para, a partir disso, saber se posicionar frente àquele caso. Existem muitas formas de diagnósticos, seja através da estrutura da personalidade, dos mitos, tipos psicológicos junguianos, sintomas clínicos, forma de funcionamento. Independente da linha teórica e da linha prática a qual se apoia, toda atitude de um psicólogo frente a seu paciente está fundamentada em um diagnóstico específico. A partir desse diagnóstico ele define a forma de se relacionar com seu paciente, o que falar ou não falar, como direcioná-lo e auxiliá-lo, pois, cada pessoa é única, e o que pode dar certo para uma não necessariamente dará para outra. É preciso fazer uma análise do momento de vida, da constituição egoica, dos mecanismos de defesa, entre tantos outros detalhes que precisam ser analisados, para que então o psicólogo possa se posicionar com segurança. As perguntas que se faz, as posturas que se têm, se “acelera” ou “freia”, se
  • 12. “esquenta” ou “esfria”, são pautadas nisso. Para algumas pessoas perguntamos: “O que você está sentindo”? E para outras: “O que você está pensando”? Cada pergunta, questionamento, confronto, orientação ou sugestão está fundamentada numa compreensão psicológica do sujeito. Uma pessoa com transtorno de personalidade, outra com perfil ansioso, outra histérica e uma que seja psicótica, serão manejadas de maneira completamente diferente – e isso, somente um profissional habilitado, em um ambiente e com contrato específico, deve fazer. E quando os participantes falam de suas vidas? Muitos coordenadores de grupos de estudos espíritas têm receio de que seus participantes adentrem questões pessoais e falem de suas vidas. Isso é uma questão específica e que não tem a ver com os grupos de estudo das obras de Joanna de Ângelis, e sim, das características e necessidades do próprio ser humano. Está mais ligado à demanda das pessoas, à didática, ao vínculo do grupo com o coordenador e à sua postura de acolhimento, do que ao tema propriamente dito. A Doutrina Espírita veio para nossas vidas, para o cotidiano, para a superação pessoal. Isso já está estabelecido desde o início por Kardec. É natural e saudável que ao estudar a Doutrina, as pessoas desejem falar de suas vidas, fazendo essas conexões que são importantíssimas para que o Espiritismo cumpra com seu papel de regenerador de nossa sociedade. Problema seria um grupo de estudos em que as pessoas falam da vida dos demais, tentam responsabilizar a sociedade, os problemas do mundo, com vãs filosofias ou pensamentos vazios, sem se enxergar como parte desse mundo. Perda de tempo seria estar numa palestra ou grupo de estudo, pensando que o marido ou o filho deveriam estar ali, ou fazer o evangelho no lar e analisar a vida dos outros sem perceber sua própria relação com o tema. Se a Doutrina veio para mudar nossas vidas – posturas, relações e comportamentos –, é mais que natural querermos falar desses temas ou assuntos no grupo de estudo. É preciso pensar que certas pessoas têm o grupo como único espaço para falarem de si e refletirem sob a ótica espiritual. Muitos vivem em contextos em que a espiritualidade não é aceita, em famílias com diferenças religiosas. Outros estão presos às rotinas adoecidas, estressantes, onde não há momento para pensar sobre a própria vida, senão aquele – no grupo de estudos, uma vez por semana. Atualmente, é enorme o número de pessoas que não desliga o celular um minuto sequer, não consegue ficar em silêncio, não se desvincula dos problemas, e muitos desses, quando estão no grupo de estudos na Casa Espírita conseguem, mesmo que por pouco tempo, conectarem-se consigo mesmos. Por isso, reforçamos que devemos incentivar este “olhar para dentro”, sem medo, tendo a certeza de que estamos contribuindo para um mundo melhor.
  • 13. A partir desses aspectos analisados até aqui, podemos afirmar categoricamente que todos os grupos espíritas deveriam criar espaços para as pessoas falem de si e se analisem. Não está aí o problema, mas sim na forma como lidamos com essa situação no grupo. Por isso, queremos ressaltar e refletir acerca de dois aspectos importantes, quando nos referimos às pessoas que falam de suas vidas: a postura do coordenador e os conteúdos trazidos pelos participantes. A postura do coordenador: É um grande equívoco o coordenador desejar ou aceitar o desejo dos participantes de fazer do grupo de estudos uma pseudopsicoterapia grupal. As pessoas podem compartilhar seus insights, seus pensamentos, suas reflexões. Já dissemos que o fato de falarem de suas vidas não transforma um grupo de estudo em uma psicoterapia em grupo. O elemento principal está ligado ao manejo do coordenador. Vejamos um exemplo concreto: se estamos estudando sobre a cólera e questionamos quando os participantes sentem cólera, essa reflexão será muito oportuna. O pensamento de Joanna de Ângelis poderá acrescentar, dizendo que não precisamos nos envergonhar de sentir a raiva,7 pois se não tivermos consciência de nós, o corpo sinalizará essa conduta. Inúmeras pessoas têm adoecido fisicamente por não perceberem suas emoções. Pensar sobre elas poderá auxiliar em muito as pessoas a viverem melhor. Talvez os participantes compartilhem aquilo que lhes deixa com raiva, ou o que fazem quando estão coléricos. É natural e positivo que isso aconteça em um ambiente religioso, conduzido por uma moralidade, e pode ser muito produtivo, à medida que as pessoas consigam refletir sobre si ao invés de perderem tempo “cuidando” da vida alheia. Estamos no grupo de estudo para nos trabalharmos interiormente, e não para sermos experts no julgamento de nossos irmãos. Se o texto analisado nos leva a essas reflexões, isso é algo maravilhoso. A Doutrina está cumprindo com seu objetivo através de nosso trabalho. Se a partir do compartilhamento de alguém, outro conseguir tomar consciência de si será ainda mais belo, pois a experiência de uns estará ajudando a outros. Isso é Espiritismo em ação, efetivamente mudando vidas. Mas se o coordenador, a partir daqueles conteúdos, desejar se intrometer na vida do participante, dizendo o que ele deve fazer e como deve agir, “tentando” fazer um aconselhamento, aí teremos um equívoco. Lembremos que o grupo de estudo é focado no conteúdo doutrinário. Quando alguém nos traz um elemento de sua vida ou mesmo uma pergunta sobre como deveria agir, como coordenadores, sempre deveremos questionar: “E o que o texto está nos dizendo sobre isso que você traz?”. Caso o texto não diga nada, falaremos absolutamente nada, pois nossa função ali é de porta-voz da Doutrina, e não de oráculo ou guru dos participantes. Os conteúdos trazidos pelos participantes: Ressaltamos aqui três situações específicas. A primeira é quando alguém fala de conteúdos da sua vida que não estão ligados ao tema. A segunda refere-se às pessoas que falam demais no grupo. E a última, quando algum participante deseja revelar situações de sua intimidade. 7 Joanna de Ângelis – Autodescobrimento: uma busca interior, cap. 10.
  • 14.  Se alguém nos traz depoimentos de sua vida que não estejam ligados ao tema, devemos ouvir em uma primeira vez, afinal é bem possível que aquela pessoa precise desabafar naquele momento. Jesus anunciou: “Venha a mim todos os que estão aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei”. Não precisaremos nesse primeiro momento interrompê-la. Mais do que isso, precisamos estimular o acolhimento e a compreensão por parte do grupo, pois qualquer um de nós poderia estar naquela situação difícil, precisando de alguém que nos ouvisse. Mesmo que o conteúdo do dia fique um tanto comprometido, mesmo que alguns participantes não se interessem pela vida dos outros, ouvir é uma grande caridade a ser praticada, sob o risco de agirmos de forma contrária a tudo aquilo que a Doutrina nos ensina. Contudo, se aquela mesma pessoa quiser utilizar-se de mais de uma oportunidade para desabafar sobre o mesmo assunto, ou sempre tiver um assunto novo, mantendo a postura, precisaremos sim, desta vez, delicadamente intervir. Neste caso, já não estamos diante de uma catarse necessária, mas sim, de uma problemática psicológica que o grupo não poderá auxiliar. Certamente que, como coordenadores, precisaremos de muito tato para estimular essa pessoa a procurar uma ajuda profissional. Seu comportamento evidencia que algo precisa ser elaborado dentro dela, e um psicólogo será necessário nesse caso. Entretanto, seja na primeira ou na segunda situação, jamais o coordenador ou outro participante deverá emitir sugestões ou conselhos, sob o risco de ser leviano e irresponsável – sem uma boa avaliação não há como fazer uma boa intervenção.  Na situação em que temos no grupo pessoas que falam demais de suas vidas, embora elas possam estar dentro do tema, sempre fazem uso da palavra atrapalhando o andamento do tema. Precisamos conversar individualmente com o participante, auxiliando-o a perceber seu comportamento e gentilmente pedir que coopere, avaliando melhor quando é imprescindível a sua contribuição pessoal. Isso é muito importante principalmente para evitar que os demais participantes criem um sentimento negativo em relação à determinada pessoa. É responsabilidade do coordenador a proteção emocional de todos os participantes. Deixar uma pessoa inadequada atuar no grupo, desgovernadamente, seria permitir a exposição dessa pessoa aos demais. E se não conseguimos abordá-la depois, é provável que estejamos mais preocupados com nossa imagem do que com o bem-estar do grupo e do participante.  E além dessas duas situações, há aquela em que precisamos refletir sobre os limites dos compartilhamentos e reflexões no grupo. Existem pessoas que não têm um “filtro” para essa avaliação e, falam de suas vidas como se estivessem conversando com o amigo mais íntimo. Pior ainda, quando essas pessoas se expõem sem ao menos conhecer o grupo. Quando a pessoa é nova no grupo e começa a falar sobre intimidades de sua vida, sem qualquer dúvida, deveremos interromper gentilmente e encaminhá-la para o setor de Diálogo Fraterno, afirmando que estamos fazendo isso pelo seu próprio bem. Se aquele já é um participante mais antigo do grupo, precisamos ajudá-lo a se
  • 15. preservar, sob o risco de mais à frente se sentir envergonhado por ter se exposto demais, e não querer voltar para a atividade. Mas nessas situações, será sempre importante fazer um questionamento: “Qual é o limite para se falar no grupo?”. Não existe regra definitiva pois dependerá do vínculo grupal, da postura do coordenador e da afetividade entre os participantes. Vivemos situações em que alguns grupos da Casa Espírita são mais fortes que muitos vínculos afetivos em seus próprios lares. Esse limite que separa o adequado do inadequado a se compartilhar no grupo é muito sutil. Como coordenadores, se em geral não falamos e não conhecemos nossas emoções, certamente ouvir alguém falar de sua raiva nos parecerá constrangedor, como se isso precisasse ficar “guardado a sete chaves”, e por ser nossa postura interna, certamente reprimiremos os participantes. Isso acontece regularmente. Certos coordenadores não desejam pensar ou analisar sua própria vida, sejam emoções e sentimentos, seus problemas ou dificuldades, e em vez de assumirem sua limitação, tentam impô-la ao grupo. Então, silenciar o outro, nesse caso, não será nada mais que uma tentativa de silenciar o seu próprio mundo interior – mas isso não dará certo por muito tempo. Quando vemos colegas no grupo relatando, por exemplo, os motivos que lhes deixam com raiva, isso pode nos incomodar. Repercutirá em nós porque certamente seremos impelidos a enxergar as nossas próprias raivas. Daí, muitas vezes, preferirmos ficar apenas na teoria a abrirmos espaço para que as pessoas falem de suas vidas. Mas como a Doutrina poderá nos mudar em profundidade, verdadeiramente, se não conseguirmos “olhar para dentro”? Corremos o risco de fazer apenas mudanças superficiais, construir personas de espíritas equilibrados e bem resolvidos, sem qualquer consonância com a profundidade de nossa alma. Como cada participante vai levar para sua vida e aproveitar a experiência, é uma questão pessoal que não depende prioritariamente do coordenador. Mas, podemos e devemos estimular as pessoas a pensarem em suas próprias vidas a partir do que estamos estudando. O coordenador e os participantes precisam estar dispostos a se autoconhecerem... O COORDENADOR DE ESTUDOS E O DESENVOLVIMENTO DO GRUPO A habilidade de desenvolvimento grupal por parte do coordenador não é imprescindível para a condução de um grupo, contudo, quando presente e bem aplicada, produz melhores resultados em termos de aprendizagem. Muito se tem pesquisado sobre as dinâmicas interpessoais. Mas, o interessante é o quanto Allan Kardec e Joanna de Ângelis já discorreram sobre essa temática indicando características definidoras de um funcionamento grupal adequado: grupos que se tornem familiares, como campo para emotividade superior e amadurecimento do amor. Allan Kardec, ao dissertar sobre “as sociedades propriamente ditas” em O livro dos médiuns, ressalta:
  • 16. (...) no interesse dos estudos e por bem da causa mesma, as reuniões espíritas devem tender antes à multiplicação de pequenos grupos, do que à constituição de grandes aglomerações. Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã. 8 Percebemos com este apontamento que o eminente professor estava preocupado com a união das pessoas que estudam a Doutrina Espírita, com a continuidade e o fortalecimento dos vínculos afetivos desses, abandonando assim os cultos exteriores e de postura passiva, como meros ouvintes. Os frequentadores das sociedades espíritas, por meio dos grupos pequenos, quando bem orientados, conseguem alcançar o diálogo, a vivência produtiva e internalizadora de conceitos, que são as grandes molas para o progresso moral. Joanna de Ângelis em seu livro O desperta do espírito faz a seguinte colocação: O ser humano necessita do calor afetivo de outrem, mediante cuja conquista amplia o seu campo de emotividade superior, desenvolvendo sentimentos que dormem e são aquecidos pelo relacionamento mútuo, que enseja amadurecimento e amor. 9 Temos, quando em grupo, a grande oportunidade de exercitar esse calor afetivo que gera condições de aprendizado prático para os conceitos de caridade, de tolerância, de compreensão, bem como, do desenvolvimento do sentimento de amor fraterno através dos laços de amizade, gerando assim um ambiente favorável para o crescimento espiritual de todos e a expansão real da Doutrina. Entre inúmeros teóricos da dinâmica dos grupos, ressaltamos Will Schutz, renomado estudioso americano que se debruçou sobre os processos que envolvem as relações interpessoais e estabeleceu que todos os grupos passam por três fases distintas e interdependentes: Inclusão, controle e afeição. A primeira fase é o momento em que o participante chega ao grupo e tem a necessidade de se sentir parte, de ser considerado pelos demais, encontrando ali o seu espaço. A segunda fase, a do controle, é quando o membro do grupo conhece a competência, a capacidade, as necessidades do outro; reconhece de forma espontânea as atribuições de poder; conhece as condutas do grupo; troca experiências, participa das vivências e percebe os espaços estabelecidos. A última é o momento em que seus membros são capazes de expressar e buscar integração emocional; manifestam apoio, afeto, hostilidade, ciúme, irritação e outros sentimentos, elegendo aqueles que deseja estarem próximos daqueles que pretende permaneçam distantes. Essa teoria dos grupos é muito mais complexa do que pudemos expressar nesses três breves parágrafos. Contudo, queremos nos deter um pouco mais na primeira etapa, porque aí o coordenador de estudos tem uma importante função, e da sua habilidade em exercê-la dependerá, muitas vezes, a permanência dos participantes no grupo. 8 KARDEC – O livro dos médiuns, cap. XXIX, item 334. 9 FRANCO – O despertar do Espírito, cap. 7: Relacionamentos humanos.
  • 17. O momento inicial é aquele em que o “candidato a membro” deseja se sentir parte do grupo, tem necessidade de se sentir considerado pelos outros; ainda não é espontâneo; ainda não sabe o nome dos demais e o grupo não se conhece bem. Dizemos que nesse momento as pessoas apresentam comportamentos de desconfiança, isolamento, mudez, dificuldade em se expressar, busca de conhecidos, formação de “panelinhas”, tudo por medo de se exporem, de não serem aceitas, de errarem, de serem criticadas etc. Em geral, nesse primeiro momento, os participantes estão mais focados no atendimento de suas expectativas, na aceitação por parte do grupo, no sucesso que farão e se serão capazes de enfrentar o grupo, do que no conteúdo em si. Por isso, nesses primeiros encontros, como fazemos em sala de aula, sugerimos que o coordenador precise investir certo tempo na integração dos seus membros, visando ao contato para o conhecimento e fortalecimento dos vínculos. É necessário desenvolver a autoconfiança, a integração e a aproximação das pessoas, a confiança no grupo e o sentimento de aceitação mútua. Um importante papel do coordenador, mais que deter-se no conteúdo, deve ser o de criar um ambiente que favoreça a aprendizagem, através do sentimento grupal que será desenvolvido. Para isso, o coordenador precisa promover as apresentações, estabelecer um clima descontraído e até lúdico em alguns momentos, quebrar a barreira da desconfiança, esclarecer objetivos, conteúdos e funcionamento, levantar expectativas para identificação dos participantes, resumindo: estimular o sentimento de pertencimento. Para uma análise conteudista, pode parecer perda de tempo, porém, os resultados frente ao número de evasão das instituições espíritas revelam que, investir no desenvolvimento do grupo favorece o aprendizado, fortalece o grupo e por isso, representa apenas acréscimos. Trabalhando dessa forma, em pouco tempo, o coordenador perceberá a diferença de funcionamento e interação do grupo, pelo clima participativo, de abertura e de confiança. Também podemos verificar o crescimento grupal a partir de alguns sinais, como a intercomunicação afetiva; a liberdade de expressão de todos, dentro de cada perfil; a responsabilidade nas leituras, nos estudos, na participação e no interesse; a abertura para novas ideias e novos membros; o grupo livre de fofoca; a resolução democrática de conflitos e de problemas; a habilidade grupal para momentos emocionais sensíveis. Criamos um sentimento de grupo, para que a partir daí, possamos aprender juntos.
  • 18. ESTUDOS INTRODUTÓRIOS À OBRA DE JOANNA DE ÂNGELIS “Conhece-te a ti mesmo” ANO 1 Conforme achamos oportuno, em alguns encontros, fizemos sugestões de textos e atividades que possam estimular a aprendizagem dos participantes. Não nos detivemos no método de trabalho, compreendendo que cada coordenador, conforme suas possibilidades, perfil e interesses, poderá trabalhar como lhe aprouver. Esse trabalho não é uma apostila a ser reproduzida fielmente, e sim, um estímulo para aquele coordenador que não encontrou referências para trabalhar o tema, ou ideias para trazer o conteúdo para o cotidiano dos participantes. 1º Encontro Tema Expectativas e acolhimento Objetivos Levantar a motivação de cada participantes para estar no grupo; Levantar as expectativas de cada participantes para o estudo; Fazer o acolhimento de todos, entrelaçando suas falas com a proposta do grupo; Apresentar a proposta do estudo (não necessariamente o programa), mas abordando os temas e os conceitos que serão estudados. 2º Encontro Tema Espiritismo e Psicologia (I) Subtema Kardec e a Psicologia Objetivos Perceber que a proposta de Allan Kardec estava baseada no pensamento da Psicologia enquanto ciência, mas que não se propõe a ser um estudo de Psicologia e sim, de Espiritismo. Sugestão Analisar o texto “Psicologia e Espiritismo” na introdução desse programa. Conseguir com isso, mostrar que não é um estudo de Psicologia, e sim de Espiritismo. Mas que a Psicologia vem nos instrumentalizar no processo de autodescobrimento e de transformação moral. O olhar psicológico já estava embutido nos textos de Kardec. O que Joanna de Ângelis fez foi formalizar isso, explicitando textos e contextos com maior aplicabilidade no nosso cotidiano. Caso haja tempo, sugerimos que seja realizada uma atividade de integração, permitindo que os participantes se conheçam melhor, para fortalecer seus vínculos. É preciso que a atividade seja muito bem escolhida para evitar qualquer tipo de constrangimento aos participantes. A atividade deve favorecendo o grupo se conhecer. Bibliografia OBSERVAÇÃO: Quando sugerimos um texto como esse: “Psicologia e Espiritismo”, não citaremos aqui as referências que foram utilizadas, pressupondo que o coordenador buscará direto na fonte. Da mesma forma, quando citarmos capítulos das obras do Núcleo de Estudos Psicológicos Joanna de Ângelis, ou vídeos, acreditamos que não seja necessário repetir as referências. 3º Encontro Tema Espiritismo e Psicologia (II) Subtema Grupo de estudo ou grupo de psicoterapia? Objetivos Refletir sobre a conduta do grupo e dos coordenadores dos estudos referente à dimensão psicológica para estabelecer contrato de trabalho.
  • 19. Sugestão Analisar o texto “Grupo de estudos versus Psicoterapia de grupo”, na introdução desse programa. Estabelecer os combinados com o grupo. Se houver tempo, poderá ser realizado mais uma atividade de integração para que os participantes do grupo se conheçam. Essa etapa não deve ser desconsiderada. Se o grupo não conseguir criar um bom vínculo, muito do processo de aprendizagem ficará comprometido. Observações Embora façamos uma sugestão de combinados (anexo), sugerimos que cada grupo tenha liberdade para estabelecer os seus próprios combinados, que surgirão naturalmente na medida em que o texto for analisado e que os participantes emitirem suas opiniões. É preciso incluir as situações específicas e deixar claro como o coordenador e o grupo agirão quando alguém não seguir qualquer um dos combinados. Por exemplo, “Como agiremos quando alguém estiver dando palpite na vida do outro?” Também é importante combinar se estará aberto para pessoas novas ou não, e até quando. E se sim, como o grupo acolherá essas pessoas (para que não fique apenas a cargo dos coordenadores). Quanto ao cartaz com as imagens dos combinados, sugerimos que fique a vista, em todos os encontros, estimulando o grupo a cuidar com suas posturas, e sempre que alguém estiver esquecendo, facilmente ser lembrado. 4º Encontro Tema Divaldo Pereira Franco e Joanna de Ângelis Objetivos Conhecer a biografia do médium baiano e da autora espiritual Sugestão Para facilitar o acesso às informações mais importantes, sugerimos: - Biografia de Divaldo P. Franco (anexo que elaboramos). - Capítulo “Joanna de Ângelis: uma breve apresentação”, de César Braga Said. Reforçamos que o ideal é que os coordenadores leiam os três livros que utilizamos para fazer a síntese da vida de Divaldo, e o livro “Joanna e Jesus: uma história de amor” também de César Braga Said. Bibliografia Ana Landi – Divaldo Franco: a trajetória de um dos maiores médiuns de todos os tempos. César Said – Joanna de Ângelis: uma breve descrição. In: Refletindo a Alma: a psicologia espírita de Joanna de Ângelis. César Said – Joanna e Jesus: uma história de amor. Suely Schubert – O semeador de estrelas. Iris Sinoti – A jornada numinosa de Divaldo Franco: a vida, a obra e o ideário do maior médium e comunicador espírita da atualidade. 5º Encontro Tema Estrutura da Psique Objetivos Proporcionar as primeiras noções da estrutura da psique Sugestão Vídeoaula “A Série Psicológica de Joanna de Ângelis”, de Cláudio e Iris Sinoti, Módulo I, Aula 2 - A estrutura da Psique I Observações Esses temas serão aprofundados no segundo ano, mas como já estão implícitos em toda a obra, achamos por melhor trazê-los desde o início. Bibliografia Sugerimos que paralelo a vídeo os participantes tenham acesso ao seguinte texto: Sinoti – A psicologia Analítica de Carl Gustav Jung. In: Refletindo a Alma. 6º Encontro Tema Estrutura da Psique (II) Objetivos Proporcionar as primeiras noções da estrutura da psique
  • 20. Sugestão Vídeo “Série Psicológica de Joanna de Ângelis”, de Cláudio e Iris Sinoti, Módulo I, Aula 3 - A estrutura da Psique II Observações Idem ao 5º encontro Bibliografia Idem ao 5º encontro 7º Encontro Tema Estrutura da Psique (III) Objetivos Proporcionar as primeiras noções da estrutura da psique Sugestão Vídeo “Série Psicológica de Joanna de Ângelis”, de Cláudio e Iris Sinoti, Módulo I, Aula 2 - A estrutura da Psique III Observações Idem ao 5º encontro Bibliografia Idem ao 5º encontro 8º Encontro Tema A Importância do “Conhece-te a ti mesmo” Subtema Conhece-te a ti mesmo ao longo da história ocidental Objetivos Construir com os participantes a noção de que o autodescobrimento não é uma proposta que surgiu na atualidade, posto faz parte da história da humanidade, antes mesmo de Cristo, em incontáveis convites para que o homem olhe para si próprio. Sugestão Embora, em diferentes momentos e locais, o convite de olhar para dentro de si mantém-se presente. Porque conhecer-se é tão importante? - Templo de Delfos ou Templo do deus grego Apolo (COMPLEMENTO A); - Sócrates (COMPLEMENTO B) - Jesus Cristo (COMPLEMENTO C) - Kardec (COMPLEMENTO D) - Joanna de Ângelis (COMPLEMENTO E) - Carl Gustav Jung (COMPLEMENTO F) Complementos A: “Delfos também é conhecido como o templo do deus Apolo. Na mitologia grega, ele é a divindade do “Conhece-te a ti mesmo” e do “Nada em demasia”, e por isso seu nascimento representa novo tempo, uma necessidade da época, do surgimento da consciência. Deus solar, fiel representante de Zeus, ao matar a grande serpente que dominava o templo, simboliza a libertação da hipertrofia das forças naturais, pois a serpente, segundo Jung, representa também a natureza terrena do ser humano da qual não tem consciência.” (Marlon Reikdal – Cultivo das emoções, p. 54) B: “A proposta de conhecer-se a si mesmo, como fundamento para uma vida mais plena, data dos tempos antigos. Embora Sócrates não seja o autor da frase “Conhece-te a ti mesmo” ele a imortalizou. O grande filósofo ateniense deparou-se com a expressão ao visitar o Santuário de Delfos. No pórtico do grande templo estava escrito: “Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. Estudos históricos especulam que a data de fundação do templo está entre 1100 a.C. e 750 a.C., e que a inscrição é de 650 a.C., atribuída aos Sete Sábios.VI O sítio arqueológico de Delfos hoje é considerado patrimônio mundial pela Unesco. O autoconhecimento é o fundamento da filosofia socrática e tem grande influência no pensamento atual. O filósofo ensinou a humanidade a questionar, muito mais que se preocupar com respostas, que geralmente são superficiais. Por meio de novas perguntas, chega-se a descobertas mais profundas e verdadeiras a respeito de nós mesmos. A questão essencial é: “Quem sou eu”? (Marlon Reikdal – Cultivo das emoções, p. 54) C: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32) D: “Qual o meio prático mais eficaz que o homem tem de se melhorar nesta vida e de resistir ao arrastamento do mal? Resposta: Um sábio da Antiguidade vos disse: Conhece-te a ti mesmo.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, questão 919). E: “O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu autodescobrimento” (Joanna de Ângelis – O homem integral, p. 20).
  • 21. F: “Não saias, é no interior que habita a verdade” (Carl Gustav Jung, Adágio alquimista citado por Jung na obra “Memórias, Sonhos e Reflexões”, p. 89). Observações Sugere-se para os coordenadores a apresentação “Marlon Reikdal – Dimensões do autodescobrimento para o bem viver”, da Associação Médico-Espírita do Rio Grande do Sul, disponível no You Tube (https://www.youtube.com/watch?v=tmSkhcqAqYQ) Bibliografia Allan Kardec - O Livro dos Espíritos. C. G. Jung - Memórias, sonhos e reflexões. Joanna de Ângelis - O homem integral. João - O novo testamento. Marlon Reikdal - Cultivo das emoções: um caminho para a transformação moral 9º Encontro Tema A prática do “Conhece-te a ti mesmo” Subtema Análise diária proposta por Santo Agostinho Objetivos Estimular o hábito da autoavaliação diária conforme ensina Santo Agostinho a Allan Kardec Sugestão Analisar a resposta que Santo Agostinho dá ao questionamento de Allan Kardec na questão 919a, de “O Livro dos Espíritos”. Sugestão: anexo “Exame de consciência” para estimular o grupo a realizar a análise diária. O essencial é que os participantes assimilem o processo de questionarem a si mesmos sem justificativa de suas próprias atitudes. Talvez o material escrito tenha valor para que os participantes levem para casa as perguntas, estimulando-os a fazer todos os dias as mesmas questões, embora não haja a necessidade de respostas por escrito. Complementos A: “A necessidade, portanto, do autodescobrimento, em uma panorâmica racional, torna-se inadiável, a fim de favorecer a recuperação quando em estado de desarmonia, ou o crescimento, se portador de valores intrínsecos latentes. Enquanto não se conscientize das próprias possibilidades, o indivíduo aturde-se em conflitos de natureza destrutiva, ou foge espetacularmente para estados depressivos, mergulhando em psicoses de vária ordem, que o dominam e inviabilizam a sua evolução, pelo menos momentaneamente. O autodescobrimento faculta-lhe identificar os limites e as dependências, as aspirações verdadeiras e as falsas, os embustes do ego e as imposturas da ilusão.” (Joanna de Ângelis – Autodescobrimento: uma busca interior, pp. 8-9). B: “Quando o indivíduo avança no rumo do conhecer-se a si mesmo, deve criar o hábito da reflexão antes de dormir, fazendo revisão mental dos seus atos do dia, a fim de corrigir aqueles que não correspondem aos seus anseios de elevação, aprimorando-se naqueloutros que o auxiliam na ascese moral. Surge, então, dessa autoanálise, uma conclusão benéfica: se alguém ofendeu a outrem, dando-se conta, logo surja a oportunidade pede-lhe desculpas, mas se foi vítima de qualquer injunção ou pessoa, automaticamente desculpa. Algumas pessoas asseveram que receiam desculpar-se, porque o outro, não, poucas vezes, nesse momento, reagem, dando lugar a gravames piores. Essa conduta negativa, porém, do outro não deve tornar-se problema para o saudável, porque a ação injuriosa e descortês pertence àquele que a realiza, não lhe dando maior valor. O que importa é a consciência de libertação de qualquer tipo de culpa, de remorso, concedendo ao outro o direito de ser como se encontra, mas impondo-se melhora sempre e sem cessar.” (Joanna de Ângelis – Espelhos da Alma, pp. 23-24). Observações Os coordenadores precisarão retomar, de tempos em tempos, a proposta de Santo Agostinho, lembrando aos participantes e os estimulando a incorporarem em suas rotinas o exame de consciência para que percebam os benefícios do processo desta prática. Sugerir no encontro anterior, que os participantes que tragam “O Livro dos Espíritos” para que possam acompanhar a leitura, incentivando assim o contato dos participantes com a obra kardequiana. Bibliografia Allan Kardec - O Livro dos Espíritos. Joanna de Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior. Joanna de Ângelis - Espelhos da Alma.
  • 22. 10º Encontro Tema Quem sou eu? (I) Objetivos Refletir sobre as diferentes dimensões de quem somos Sugestão Aproveitar o ambiente de tranquilidade da abertura das atividades, após oração, estimular o relaxamento, e conduzido por música suave, levar os participantes a se perguntarem interiormente: “Quem sou eu?”. Estimular para que consigam se questionar cada vez mais profundamente quem são, e permitir que surjam as respostas em sua mente. Sugerir que cada uma registre suas respostas. Após o registro, abrir para que alguns participantes que se sintam à vontade possam falar de suas respostas. A maioria das respostas pode ser classificada em uma dessas dimensões: material, psicológica, social ou transpessoal (bio-psico-sócio-espiritual). Estimular os participantes a classificar quais foram as suas respostas e qual delas mais prevaleceu. O ideal é que o participante consiga contemplar um pouco de cada uma delas, pois esse somatório é o que nos define atualmente, nem apenas uma ou outra. a) Material: distinções ligadas a gênero (homem ou mulher), estado civil (solteiro, casado, separado), características físicas, comprometimentos corporais, condição econômica, doenças congênitas ou adquiridas, questões de sexualidade (heterossexual, homossexual, transexual), etc. b) Psicológica: Respostas referentes ao funcionamento psicológico, ações e reações, características emocionais. Características como: inquieto, ansioso, animado, depressivo, medroso, exigente, amoroso, indiferente, estudioso, trabalhador, responsável, viciado em baralho, maledicente, caridoso, fiel, estranho, legal, companheiro, etc... c) Social: brasileiro, paranaense, do interior, rico, classe média, profissão, religião, etc. A dimensão social influencia muito mais do que imaginamos nossa personalidade, pois cada aspecto social implica em um valor ou desvalor, em sentimento de importância, exigências, obrigatoriedades, protocolos. Somos influenciados por inúmeros aspectos com a profissão, classe social, cidade, estado e país, raça, religião. Em geral, quando fazemos parte do grupo supostamente normal, não percebemos o quanto isso nos afeta. d) Transpessoal: espírito imortal, espírito em evolução, criação divina. Embora pouco nos fale em termos de autodescobrimento para os aspectos da transformação moral, porque não nos diferencia uns dos outros, muitos participantes respondem nessa dimensão. É importante reconhecer efetivamente essa dimensão, pois entender que somos espíritos imortais, de passagem pela Terra faz toda a diferença. O objetivo desse encontro é auxiliar as pessoas a entenderem que não há uma única resposta para a questão “quem sou eu?”, afinal, existem diferentes ângulos pelos quais podemos/devemos nos identificar. Todos fazem parte da nossa atual constituição. Dessa forma, nenhum deles está certo ou errado, nem melhor ou pior. A finalidade é que os participantes vão aprendendo a se definir a partir dessas diferentes dimensões. Todos os encontros seguintes serão para facilitar os participantes a se conhecerem nesses diferentes âmbitos. 11º Encontro Tema Quem sou eu? (II) Subtema A escala evolutiva Objetivos Compreender o nível evolutivo em que nos encontramos na Terra (levar os participantes a compreensão de que todas as dimensões que nos compõe – material, psicológica, social e transpessoal – estão submetidas ao nível evolutivo que nos encontramos. Por isso, é muito importante, além de compreendê-lo, senti-lo verdadeiramente em nós). Sugestão Primeiro, compreender que, segundo O Livro dos Espíritos, o que caracteriza o nível evolutivo de determinado planeta são os espíritos que nele habitam. Segundo, aceitar o grau de inferioridade do planeta Terra. Basear-se nos seguintes textos para alcançar o objetivo proposta:
  • 23. - O Evangelho segundo o Espiritismo: - Cap. III – item 3, 4 e 5: “Diferentes categorias de mundos habitados” - Cap. III – item 6 e 7: “Destinação da Terra. Causa das misérias humanas” - O Livro dos Espíritos, nota explicativa da questão 188 (Segundo os Espíritos, de todos os globos que compõe o nosso sistema solar, a Terra é daqueles cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente. Marte lhe seria ainda inferior, e Júpiter muito superior, em todos os sentidos. O Sol não seria mundo habitado por seres corpóreos, mas local de reunião dos Espíritos Superiores, os quais de lá irradiam seus pensamentos para os outros mundos, que eles dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados, transmitindo-os a estes por meio do fluído universal. Do ponto de vista de sua constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis, ao que parecem, estariam em condições idênticas.). Complemento Para facilitar às reflexões para os coordenadores a respeito desse tópico, sugerimos o vídeo “1.1 – Emoções e Espiritismo”, disponível no You Tube https://www.youtube.com/watch?v=uTgYgBc5nxo e o capítulo 1 “O contexto e o convite da jornada”, do livro Espelhos da Alma Bibliografia Allan Kardec - O Livro dos Espíritos. Allan Kardec - O Evangelho segundo o Espiritismo. Marlon Reikdal – O contexto e o convite da jornada. In: Espelhos da Alma 12º Encontro Tema Quem sou eu? (III) Subtema Nós e a escala evolutiva Objetivos Auxiliar os participantes a identificarem seu próprio nível inferior de adiantamento moral. Sugestão Retomar os ensinamentos kardequianos afirmando que o mal predomina na Terra, e por consequência, habita nos homens que povoam a Terra. Então, “porque não enxergamos esse mal predominar em nós?”. Reflexão: Por orgulho? Pela falta de conhecimento interior? Porque somos missionários? Porque Deus errou de nos colocar na Terra? Ressaltamos duas questões: não identificamos o mal porque ele não foi posto a prova e porque negamos. Não ter sido colocado a prova justifica porque ele não aparece. Como será que reagiremos em situações de extrema dor, sofrimento, dificuldade ou desafios? A negação do mal que existe dentro de nós pode ser muito bem compreendida através do trecho evangélico conhecido como “A negação de Pedro” Mateus 26: 33-35, aprofundado no texto de mesmo título na obra Boa Nova, do Espírito Humberto de Campos, psicografado por Francisco C. Xavier, onde Jesus fala a Pedro que o homem é mais frágil do que perverso. Ou seja, o mal habita em nós. Não nos satisfazemos com isso, mas na hora da provação, ele tende a aparecer e deixamos de lado tudo aquilo que aprendemos ou sabemos ser correto, pela nossa fragilidade moral. Bibliografia adotada Allan Kardec - O Livro dos Espíritos. Allan Kardec - O Evangelho segundo o Espiritismo. Humberto de Campos - Boa Nova. Mateus - Novo Testamento. 13º Encontro Tema Dimensão MATERIAL do ser humano (I) Subtema Planejamento reencarnatório da dimensão material Objetivos Compreender que a dimensão material, embora passageira, influencia na concepção de “quem sou eu”, e por isso, precisa ser conhecida. Sugestão A cada nova dimensão, retomar com os participantes o que colocaram sobre ela naquele primeiro encontro “Quem sou eu?”, pedindo para que analisem e complementem suas respostas, a medida que vão percebendo e aprofundando a concepção de si mesmos.
  • 24. Sugestão: análise do capítulo 7 de Os mensageiros, do Espírito André Luiz, psicografado por Francisco C. Xavier, para que os participantes reflitam sobre suas condições materiais e como fazem parte de um planejamento reencarnatório. Sugestão: Fazer vivência com os participantes, como se ainda estivessem no plano espiritual, antes da atual reencarnação, e estabelecendo as condições atuais, pensando em que cada uma dessas condições favoreceria a sua evolução, ou seja, questionando “O que Deus quer de mim quando me oferece essas condições?” Bibliografia André Luiz - Os mensageiros. 14º Encontro Tema Dimensão MATERIAL do ser humano (II) Subtema Objetivo da reencarnação Objetivos Analisar a importância da reencarnação no processo de evolução Sugestão Por que reencarnamos? Pode-se aproveitar a questão 330a de O Livro dos Espíritos para problematizar que a reencarnação é uma necessidade da vida espiritual. Mas por quê? Não poderia o espírito evoluir no plano espiritual? Questão 132, O Livro dos Espíritos, estabelecer que o objetivo da encarnação é o melhoramento progressivo do homem, fazê-lo chegar à perfeição. Destacar os regimes de “provação”, “expiação” e “missão” aos quais todos os espíritos reencarnados na Terra podem estar submetidos. Para complementar esses itens, sugere-se as questões 575 e 871 de O Livro dos Espíritos e o capítulo 3 do livro Plenitude, onde a mentora define e explica com detalhes a questão da provação e da expiação. Estimular os participantes a questionarem “Qual o objetivo da minha reencarnação?”, pensando no regime atual – Auxiliar cada um a enquadrar dentro da proposta kardequiana que é “evoluir”, evitando pender para questões externas. Bibliografia Kardec – O Livro dos Espíritos. Ângelis - Plenitude. Cerqueira Filho - Saúde Espiritual. 15º Encontro Tema Dimensão MATERIAL do ser humano (III) Subtema O corpo como dimensão material Objetivos Refletir sobre a importância do corpo físico que temos. Sugestão Levar os participantes a repensar a postura que muitas vezes alimentamos, de repressão, rejeição e negação do corpo, como se ele fosse a causa do mal que habita em nós. Encontrar o equilíbrio entre valorizá-lo sem que o coloquemos como meta primordial da vida. Importantes referências: - Os mensageiros, cap. 49 quando aborda o corpo como máquina divina admirável – administrada pela mente - Missionários da Luz, cap. 12 que trata da importância do corpo, provações para a reencarnação, planejamento reencarnatório. - Amor, Imbatível amor, cap. 1, item 1: O desejo e o prazer, onde aborda o prazer como força propulsora e a derrocada que ocorre quando vivemos unicamente em função do material. Bibliografia André Luiz - Os mensageiros. André Luiz – Missionários da luz. Joanna de Ângelis – Amor, Imbatível Amor 16º Encontro Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (I) Subtema Definição de personalidade Objetivos Auxiliar os participantes a compreenderem a personalidade enquanto algo construído a cada
  • 25. reencarnação, para adaptação e sobrevivência emocional às situações atuais. Sugestão Definição de personalidade a) “Qualidade ou condição de ser uma pessoa; aspecto visível que compõe o caráter individual e moral de uma pessoa, segundo a percepção alheia; aquilo que diferencia alguém de todos os demais; aspecto que alguém assume e projeta em público” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa) b) “Conjunto de características psíquicas e formas de comportamento que, em sua integração, constituem o núcleo irredutível de um indivíduo que permanece tal na multiplicidade e diversidade das situações ambientais em que se exprime e atua. O conceito adquire destaque na história da psicologia nos anos 30, quando caem em desuso os conceitos de temperamento e de caráter, embora grandes áreas psicológicas e psicopatológicas continuem a usar os termos ‘caráter’ e ‘personalidade’ como sinônimos.” (Dicionário de Psicologia – Galimberti) c) “Em permanente representação dos conteúdos mentais, e dominada pela imposição das leis e costumes de cada época e cultura, a personalidade representa a aparência para ser conhecida (...) A personalidade é transitória e assinala etapas reencarnacionistas, definidoras de experiências nos sexos, na cultura, na inteligência, na arte e no relacionamento interpessoal. (...) Cada pessoa reencarna com as características herdadas das experiências anteriores e submete-se aos condicionamentos de cada fase, por ela transitando com os seus sinais tipificadores. Assimilar todos os condicionamentos e exteriorizar uma personalidade consentânea com o ser real, eis o desafio da terapia transpessoal (...). (Joanna de Ângelis – O ser consciente, p. 40). Reflexão: Na perspectiva espírita a personalidade é transitória, ou seja, muda a cada reencarnação, devido à influência das fases da vida, somadas às experiências anteriores, num processo de construção que nunca termina. Sugestão: Pedir para que os membros definam sua própria personalidade, a partir das seguintes questões:  Como você se enxerga?  O que lhe torna único, diferente dos demais?  Quais são os aspectos negativos da sua personalidade?  Quais são os aspectos positivos da sua personalidade? Ao final do encontro, convencê-los a pedirem para algumas pessoas de seu convívio responderem as mesmas questões. Combinar com os participantes que eles trarão as respostas para o próximo encontro, sem ler, para fazerem a leitura e análise todos juntos. Sugestão: vídeo “6.0 – Personalidade e Espiritismo – Marlon Reikdal – Estudos aprofundados em Joanna de Ângelis”, disponível no You Tube: www.youtube.com/watch?v=NUScdB3PduM Bibliografia Ângelis – O ser consciente. Galimberti – Dicionário de Psicologia. Houaiss – Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 17º Encontro Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (II) Subtema Análise da personalidade Objetivos Confrontar a noção que tenho da minha própria personalidade com a das pessoas a minha volta. Sugestão Retomar a proposta do encontro anterior, abrindo espaço para que os participantes leiam as respostas e façam o confronto entre o que descreveram de si e o que os familiares e amigos descreveram. Reflexão: para aprofundar a análise pessoal, vale a pena fazer os seguintes questionamentos: - Você consegue avaliar para quem você pediu que respondesse?
  • 26.  Para os amigos ou familiares que mais facilitam sua vida, ou para os mais carrascos?  Consegue pensar porque pediu para essas e não para outras pessoas?  Em geral, você deseja que as pessoas te facilitem ou te confrontem? - O olhar do outro não é uma verdade absoluta sobre mim, mas tente refletir... sem justificar...  Comparação entre a imagem que faço a meu respeito e a imagem que os outros fazem de mim.  Existem aspectos negativos que eu não identifico e que os outros apontam?  Existem aspectos positivos que eu não identifico e que os outros apontam? - Características positivas: Existem pessoas que não conseguem aceitar suas características positivas, e outras que não as querem. As primeiras são movidas pelo complexo de inferioridade que obscurece suas vistas. As últimas, por uma falsa humildade, iludidas que estão se rebaixando para um dia serem elevadas. Há aquelas que acreditam que somente pessoas inferiores são merecedoras de atenção e de carinho. E ainda existem as que por medo de serem diminuídas (humilhadas), querem acreditarem-se menores para evitar o sofrimento do egocentrismo atacado. - Características negativas: Da mesma maneira existem pessoas que não conseguem aceitar suas características negativas, movidas pelo complexo de superioridade, pelo narcisismo, pelo egocentrismo. Algumas têm certeza da sua superioridade, mas apenas não alardeiam, vivendo isolados intimamente. Outras têm medo de se descobrir menor do que são. No fundo não se amam, e por isso, acreditam que ninguém será capaz de amá-las também. Escondem-se tentando lançar-se ao céu. Muitas fortalezas se mostram assim para esconder suas fragilidades... De si e dos outros... Observações Caso o coordenador deseje intensificar a análise, ainda pode pedir para eles descreverem o que supõe que outros dois tipos de pessoas descreveriam a nosso respeito: - Nossos inimigos; - Os espíritos que conseguem ler até nossos pensamentos mais íntimos. 18º Encontro Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (III) Subtema Infância Objetivos Analisar quais aspectos da minha infância marcaram a minha personalidade e influenciam no que sou hoje. Sugestão A partir de afirmativas falando sobre a importância da infância, levar os participantes a refletirem sobre sua própria vida, identificando os elementos ou situações que mais marcaram aquela fase, por nos mantermos presos a eles, sem extrair o aprendizado necessário. Muitos textos de Joanna de Ângelis abordam a questão do ambiente doméstico e a influência do comportamento dos pais nos filhos, além de todas as feridas que vivemos nessa ase: “É na infância que se fixam em profundidade os acontecimentos, aliás, desde antes, na vida intrauterina, quando o ser faz-se participante do futuro grupo familiar, no qual renascerá. As impressões de aceitação como de rejeição se lhe insculpirão em profundidade, abençoando-o com o amor e a segurança ou dilacerando-lhe o sistema emocional, que passará a sofrer os efeitos inconscientes da animosidade de que foi objeto. Da mesma forma, os acontecimentos à sua volta, direcionados ou não à sua pessoa, exercerão preponderante influência na formação da sua personalidade, tornando-a jovial, extrovertida ou conflitada, depressiva, insegura, em razão do ambiente que lhe plasmou o comportamento.” (Joanna de Ângelis – Amor, imbatível amor, cap. 4, item: feridas e cicatrizes na infância). “No período infantil, por isso mesmo, instalam-se os pródromos dos futuros conflitos que aturdem a criatura humana nas diferentes etapas de desenvolvimento psicológico, se a verdadeira afetividade e respeito pelo ser em formação não se fizerem presentes” (Joanna de Ângelis – O Despertar do Espírito, cap. 6 – introdução do capítulo). “Quando a infância se fez caracterizar por problemas e desafios não solucionados, as dificuldades se transferem no inconsciente do indivíduo para todos os diferentes períodos da vida. Torna-se-lhe difícil o amadurecimento psicológico, procurando permanente refúgio no período infantil, que prossegue
  • 27. desafiador. A necessidade de autopunição das pequenas travessuras, das irresponsabilidades, das mentiras ou outros quaisquer mecanismos de evasão da realidade, por meios nem sempre ideais. Em casos que tais, surgem os criminosos, que havendo sido crianças maltratadas, sentem necessidade de punir a sociedade pelo que lhes ocorreu, tornando-se, dessa forma, bandidos. É necessário, inicialmente, redescobrir a criança que permanece no imo e avaliar o seu estado de crescimento, suas necessidades, seus anseios. Se permanecerem os jogos e despreocupações, a transferência de responsabilidade para os outros e a culpa sempre dos outros, impõe-se a psicoterapia de urgência, a fim de auxiliar no crescimento e na libertação dos traumas daquela fase. Não é desejo estabelecer que a criança seja retirada do cenário existencial, porém que ocupe o seu verdadeiro lugar no alicerce do inconsciente, a fim de que não perturbe a pessoa da atualidade. É mesmo válida a presença da criança que existe em todos os indivíduos, tornando a existência apetecível e sonhadora, dentro dos limites da normalidade que deve prevalecer a quaisquer condicionamentos de tempo e lugar.” (Joanna de Ângelis – Vida: desafios e soluções, p. 69). “Certamente, o passado influencia o presente, e quanto mais seja conscientizado e eliminado de forma coerente e lúcida tanto melhor para a planificação do futuro. (...) Necessário, portanto, penetrar-se mentalmente, a fim de avaliar as impressões infantis arquivadas, as pessoas-modelo gravadas, os choques não absorvidos, os fantasmas criados pela imaginação e os medos cultivados pela fantasia lúdica (...)” (Joanna de Ângelis – Autodescobrimento, pp. 95-96). “Herdeiro das próprias realizações, o Eu superior renasce em conjunturas sociais, econômicas, orgânicas e psíquicas a que faz jus ante os Soberanos Códigos da Divina Justiça, em face do comportamento vivenciado nas reencarnações anteriores.” (Joanna de Ângelis – O Despertar do Espírito, cap. 6 – introdução do capítulo). Sugestão: Cláudio Sinoti “O desenvolvimento da personalidade e as etapas da vida”, entrelaçando textos da mentora espiritual com outros de Psicologia. Bibliografia Joanna de Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior. Joanna de Ângelis – Vida: desafios e soluções. Joanna de Angelis – Amor, imbatível amor. Joanna de Ângelis – Despertar do Espírito. Cláudio Sinoti – O desenvolvimento da personalidade e as etapas da vida. In: Espelhos da Alma. 19º Encontro Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (IV) Subtema Adolescência e juventude Objetivos Analisar quais aspectos da minha adolescência e juventude marcaram a minha personalidade e influenciaram no que sou hoje. Sugestão A partir de afirmativas dessa fase da vida, levar os participantes a refletirem sobre sua própria adolescência e juventude, identificando elementos ou situações que marcaram aquela fase. Estimular a pensar as decisões que tomaram e como influenciaram na vida atual. Quais eram os amigos, os grupos que se vincularam, as pessoas que idealizavam e os objetivos que definiam para a vida. Reflexão: O foco não é criar um ambiente de lamentação, pensando no não aproveitamento da vida, e sim, na conscientização de que tudo foi importante para que eu construísse o que sou hoje, mesmo os erros e equívocos, pois através deles percebemos melhor a vida e mudamos certas atitudes. Sugestão: - Capítulo 6, item “Juventude e velhice”, do livro Vida: desafios e soluções. - Capítulo 14 “Respeito à juventude”, do livro Libertação do sofrimento. Sugestão: Cláudio Sinoti “O desenvolvimento da personalidade e as etapas da vida”, entrelaçando textos da mentora espiritual com outros de Psicologia.
  • 28. Bibliografia Joanna de Ângelis - Vida: desafios e soluções. Joanna de Ângelis – Libertação do sofrimento. Cláudio Sinoti – O desenvolvimento da personalidade e as etapas da vida. In: Espelhos da Alma. 20º Encontro Tema Dimensão Psicológica (III) Subtema O inconsciente em nossas vidas Objetivos Estimular os participantes a intuir que existe algo desconhecido de si mesmos e que influencia suas atitudes mais do que imaginam. Sugestão Sugestão: analisar o anexo “O inconsciente” Reflexão: identificar que o inconsciente influencia muito mais o nosso comportamento do que gostaríamos ou desejaríamos; e que, em geral, os problemas psíquicos são fruto desse desconhecido em nós. Complementos Além das referências sugeridas para desenvolver o encontro, acrescenta-se: “Somente após o autoconhecimento é possível conhecer-se o próximo, entender-lhe as dificuldades e os padecimentos, desculpá-lo das agressões e até mesmo amá-lo. Sendo difícil ao indivíduo vencer os hábitos doentios e produzir a própria transformação moral para melhor, compreende também quanto deve ser problemático para outrem fazer o mesmo. Essa reflexão do autoconhecimento condu-lo à tolerância em relação ao próximo, respeito e consideração a si mesmo, num esforço de fraternidade legítima em favor de todos.” (Joanna de Ângelis – Espelhos da Alma, p. 23). Observações O texto do anexo “O inconsciente” não deve ser reenviado ou compartilhado. O material é inédito, de direitos autorais reservados. Ainda está em fase de formatação para impressão, e antes disso, sua divulgação, em qualquer forma ou meio, incorre em grave questão ética para o autor. Ao trabalhar o anexo, sugere-se que sejam abordadas as noção de consciente e inconsciente, de repressão e de sintoma, mas que não seja abordado, as noções de ego, superego e id, que serão trabalhadas no ano seguinte, com mais profundidade e sentido. Bibliografia Além das referências contidas no texto “O inconsciente” Joanna de Ângelis - Espelhos da Alma. 21º Encontro Tema Dimensão Psicológica (IV) Subtema O desconhecido nos influencia mais do que imaginamos Objetivos Compreender que os problemas e sintomas de nossa vida estão diretamente ligados aos conteúdos inconscientes. Sugestão Deixamos esse segundo encontro menos direcionado para caso haja necessidade de continuar com o texto “O inconsciente”. Sugerimos ainda problematizar: “Como posso assumir que existe algo em mim mesmo que desconheço?” Apresentar aos participantes a noção de que muitos estudos já foram realizados em torno desse desconhecimento de nós mesmos, fundamentado cientificamente principalmente a partir de Sigmund Freud, que inaugurou a noção de inconsciente na Psicologia. Além dele, inúmeros outros autores partiram desse conhecimento e aprofundaram suas bases. Atualmente Joanna de Ângelis toma por referência a noção de inconsciente (COMPLEMENTO A) como base de muitos comportamentos, em especial, os problemáticos (COMPLEMENTO B), reconhecendo assim os prejuízos desse desconhecimento de si. Complementos A: “É muito difícil dissociar-se o inconsciente das diferentes manifestações da vida humana, porquanto ele está a ditar, de forma poderosa, as realizações que constituem os impulsos e atavismos existenciais.” (Joanna de Ângelis – Vida: desafios e soluções, p. 92).
  • 29. B: “Porque se desconhece, vitimado por heranças ancestrais – de outras reencarnações –, de castrações domésticas, de fobias que prevalecem da infância, pela falta de amadurecimento psicológico e outros, o indivíduo permanece fragilizado, suscetível aos estímulos negativos, por falta de autoestima, do autorrespeito, dominado pelos complexos de inferioridade e pela timidez, refugiando-se na insegurança e padecendo aflições perfeitamente superáveis, que lhe cumpre ultrapassar mediante cuidadoso programa de discernimento dos objetivos da vida e pelo empenho de vivenciá-lo.” (Joanna de Ângelis – Autodescobrimento: uma busca interior, pp. 9-10). Bibliografia Joanna de Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior. Joanna de Ângelis – Vida: desafios e soluções. Marlon Reikdal - Freud e a estrutura psíquica: descobrindo o inconsciente. In: Refletindo a alma. 22º Encontro Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (V) Subtema Complexos e condicionamentos Objetivos Compreender que certos comportamentos são fruto de condicionamentos INCONSCIENTES, influenciando o comportamento humano mais do que o imaginado e o desejado. Sugestão Levar o grupo a perceber que além dos eventos específicos de cada fase da vida, existem muitos outros elementos que influenciam em nossa personalidade. Realizar exposição dialogada a partir do texto “Computação cerebral” (capítulo 7, de Autodescobrimento: uma busca interior), que evidencia o quanto os arquivos inconscientes ditam nosso comportamento. Reflexão: Perceberem que nossas atitudes são muito mais determinadas pelas aquisições inconscientes que elaboram padrões de comportamento social e moral sem a participação consciente, do que pelo simples desejo de agir dessa ou daquela forma. Pouco adianta dizer para as pessoas ou para nós mesmos como devemos ser, como se o comportamento dependesse de uma simples ordem do intelecto. Entendemos que precisamos nos trabalhar em profundidade, frente a esses condicionamentos, criando novos hábitos ao longo da jornada terrena. Frase importante que trata dos condicionamentos inconscientes: “Toda vez que se fixam no inconsciente, determinadas crenças e condutas passam a constituir-se como princípios organizadores, que se encarregam de ressurgir automaticamente, caracterizando o indivíduo. Esses princípios são dominantes na existência humana que sempre vai acumulando experiências responsáveis pela formação da personalidade. (...) Conflitos existenciais permanecem fixados no inconsciente, em decorrência dos conceitos acumulados, atormentando as suas vítimas que, nem sequer, dão-se conta de como surgiram essas aflições que as infelicitam. Insatisfações infantis, frustrações emocionais, medos recalcados, ansiedades malconduzidas tornam a existência do adulto um largo sofrimento, que poderá ser diluído mediante a renovação de propósitos e a conquista de novas ideais estimuladoras ao bem. As vezes um conceitos infeliz instala-se no inconsciente e passa a comandar a existência do ser impondo-lhe situações afligentes desnecessárias.” (Joanna de Ângelis – O amor como solução, cap. 3). Para a compreensão da noção de complexos, sugerimos: - Vida: desafios e soluções, cap. 2 - item: Conflitos Pessoais - Triunfo Pessoal, cap. 4 – item: Complexo de inferioridade - “4,2 – Complexos e Espiritismo – Marlon Reikdal”, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=H5mD8B9jvWI - Vídeoaula “A série psicológica de Joanna de Ângelis” – Módulo IV – Aula 2 – Conhecendo os complexos. Bibliografia Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior. Ângelis - Amor como solução.
  • 30. 23º Encontro Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (VI) Subtema O pensamento, força viva e atuante. Objetivos Refletir sobre o pensamento como uma força viva, atuante e criadora que mantém e direcionamento a vida psicológica Sugestão Analisar os seguintes textos: Drama de Bretanha cap. VIII, p. 100 (COMPLEMENTO I); Ação e Reação, cap. IV, p. 56 (COMPLEMENTO II); Libertação cap. VI, p. 83 e 84 (COMPLEMENTO III); A partir da leitura, explorar com o grupo as informações contidas nos textos no que tange ao pensamento tais como: o pensamento como força viva que reflete imagens, sua onda de formas criadoras, mecanismo de intercâmbio com os desencarnados e encarnados, orientando-os nas conclusões sobre as consequências desses conhecimentos para o crescimento do espírito, assim como buscar formas de tornar esse intercâmbio favorável e auxiliador. Observações Seria importante que o coordenador pudesse fazer uma leitura do livro Pensamento e Vontade, de Ernesto Bozzano no que tange aos itens a serem trabalhados nos dois encontros visando esclarecê-los, aos participantes, criando assim uma consciência clara e profunda sobre a importância do pensamento. Complemento I) (...) “O exame das vibrações pessoais, no mundo espiritual, é um acontecimento natural. Sabe-se que alguém sofre, pois que chora, o pranto é vibração dolorosa, tão angustiosa que comunica o observador a amargura deprimente, e sabe-se por quem alguém sofre e chora, porque o pensamento do sofredor reflete as imagens que o torturam, focaliza as cenas e o drama todo no qual se debate, revela-se, seja o observador espiritual de elevada categoria ou de inferior condição na hierarquia da vida invisível. Trata-se, pois, esse fenômeno, de um fato natural, uma lei de natureza comum à vida do Espírito. Daí porque todas as crenças religiosas, espiritualistas, a moral, o senso, a razão, o sentimento e até a terapêutica recomendam ao homem cuidado com os próprios pensamentos, pois, além de mil outros inconvenientes sempre desagradáveis, os pensamentos mal dirigidos podem atrair um obsessor ou a este pistas desfavoráveis ao próximo.” II) (...) “Imaginemos agora o pensamento, força viva e atuante, cuja velocidade supera a da luz. Emitido por nós, volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos a viver, de maneira espontânea, em sua onda de formas criadoras, que naturalmente se nos fixam no espírito quando alimentadas pelo combustível de nossos desejos ou de nossa atenção. Daí a necessidade imperiosa de nos situarmos nos ideais mais nobres e nos propósitos mais puros da vida, porque energias atraem energias da mesma natureza, e quando estacionários nas viciações ou na sombra, as forças mentais que exteriorizamos retornam ao nosso espírito, reanimadas e intensificadas pelos elementos que com elas se harmonizam, engrossando dessa forma, as grades da prisão em que nos detemos irrefletidamente, convertendo-se- nos a alma num mundo fechado, em que as vozes e os quadros de nossos próprios pensamentos, acrescidos pelas sugestões daqueles que se ajustam ao nosso modo de ser, nos impõem reiteradas alucinações, anulando-nos, de modo temporário, os sentidos sutis”. III) (...) “De manhazinha, na esfera da crosta, essa pobre mulher, vacilante na fé, incapaz de apreciar a felicidade que o Senhor lhe concedeu num casamento digno e tranquilo, despertará no corpo, de alma desconfiada e abatida. Oscilando entre o “crer” e o “não crer” não saberá polarizar a mente na confiança com que deve enfrentar as dificuldades do caminho e aguardar as manifestações santificantes do Alto (...)”. (...) “Como libertar-se de tal inimiga – perguntou Elói interessado. – Mantendo-se num padrão de firmeza superior, com suficiente disposição para o bem. Com esse esforço nobre e contínuo, melhoraria intensivamente os seus princípios mentais, afeiçoando-os às fontes sublimes da vida (...) passaria a emitir raios transformadores e construtivos, em benefício de si mesma e das entidades que se lhe aproximam do caminho. (...)”. Bibliografia André Luiz - Ação e Reação. André Luiz – Libertação. Ernesto Bozzano - Pensamento e vontade. Ivone Pereira - Drama de Bretanha.
  • 31. 24º Encontro Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (VII) Subtema Reciclando o inconsciente Objetivos Despertar nos participantes o papel ativo de reciclagem de condicionamentos negativos que influem no comportamento humano de modo INCONSCIENTE Sugestão Analisar o item “Reciclagem do subconsciente”, do capítulo 7 da obra Autodescobrimento: uma busca interior, para descrever a importância dessa atitude de reorganização interior. A: “Embora sejam fundamentais para os fenômenos automáticos da conduta, quando não se renovam [os princípios organizadores da personalidade] através do conhecimento e vivências enriquecedoras, transformam-se em morbidez e impedimentos ao avanço intelecto-moral.” (Joanna de Ângelis – O amor como solução, p. 29). B: “É imperiosa, periodicamente, uma atitude enérgica, equivalente, em relação aos depósitos do subconsciente, em favor da autorrealização. Retirar o entulho do subconsciente torna-se fundamental para uma existência saudável. (...) Libertando-se dos substratos anestesiantes e perturbadores, deve-se reciclar o subconsciente, preenchendo os espaços com novos elementos portadores de campos de irradiação equilibrada, estimuladora, para avançar na conquista do ser profundo, interior. Quando o indivíduo quer, ele pode realizar, dependendo dos investimentos que aplica para consegui-lo. O empenho bem direcionado pelo pensamento objetivo, claro, sem conflito, logra criar futuros condicionamentos através das mensagens que arquiva, restabelecendo no subconsciente o banco de dados que responderá mais tarde com as informações corretas do que lhe seja solicitado. (...) A renovação psíquica e emocional deve ser uma atividade constante e natural, qual ocorre na área dos fenômenos e necessidades fisiológicas, como a alimentação, o repouso, a higiene, a reprodução, em que os automatismos subsconscientes são acionados e atendidos. Da mesma forma, na área psicológica são necessários novos automatismos que possam propelir o ser para os patamares mais elevados e plenificadores, que o estão aguardando.” (Joanna de Ângelis – Autodescobrimento, pp. 95-97). Sugestão: estimular os participantes a elaborarem um plano de ação, estabelecendo as atitudes que acreditam serem alavancas desse processo de reciclagem, visando o cotidiano e os recursos que estão ao nosso alcance. Observações Joanna de Ângelis define o subconsciente como a parte do inconsciente que aflora a consciência (Autodescobrimento: uma busca interior, p. 61). Então, sugerimos que o termo subsconsciente seja compreendido como o inconsciente, visando evitar confusões teóricas. Bibliografia Joanna de Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior. Joanna de Ângelis - Amor como solução. 25º Encontro Tema Dimensão PSICOLÓGICA do ser humano (VIII) Subtema Reciclando o inconsciente através da visualização terapêutica Objetivos Apresentar a visualização terapêutica como recurso para a reciclagem do inconsciente Sugestão Enfocar a visualização terapêutica como recursos para a reciclagem do inconsciente, fazendo um exercício de visualização (sugestão em Vida: desafios e soluções, cap. 11). “Utilizando-se de autossugestão, dos recursos mnemônicos positivos, da visualização e da prece, reabastece-se de valores que, hoje arquivados, irão estimular os centros do desenvolvimento psíquico e moral, que ressumarão no futuro como sensações de paz, de claridade mental, de impulsos generosos, de atitudes equilibradas.” (Joanna de Ângelis – Autodescobrimento, p. 97). Bibliografia Joanna de Ângelis - Autodescobrimento: uma busca interior. Joanna de Ângelis - Vida: desafios e soluções. Gelson Luiz Roberto – A imaginação criadora e as técnicas terapêuticas de Joanna de Ângelis. In: Refletindo a Alma.