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PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Luísa Nóbrega
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra
no panorama da literatura brasileira para
jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus
alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, consi-
derando as características do gênero a que
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e qual-
quer texto, inscreve-se, necessariamente, em
um gênero socialmente construído e tem,
portanto, uma relação com a exteriorida-
de que determina as leituras possíveis. O
espaço da interpretação é regulado tanto
pela organização do próprio texto quanto
pela memória interdiscursiva, que é social,
histórica e cultural. Em lugar de pensar que
a cada texto corresponde uma única leitura,
é preferível pensar que há tensão entre uma
leitura unívoca e outra dialógica.
Um texto sempre se relaciona com outros
produzidos antes ou depois dele: não há como
ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvo-
re — a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
Deus fez crescer do solo toda
espécie de árvores formosas de ver
e boas de comer, e a árvore da vida
no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. (…)
E Deus deu ao homem este manda-
mento: “Podes comer de todas as
árvores do jardim. Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não
comerás, porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o
desejo de conhecer, tão caro ao ser
humano…
Há o tempo das escrituras e o tempo da
memória, e a leitura está no meio, no inter-
valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-
riência humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada.
A compreensão de um texto resulta do res-
gate de muitos outros discursos por meio da
memória. É preciso que os acontecimentos ou
os saberes saiam do limbo e interajam com as
palavras. Mas a memória não funciona como
o disco rígido de um computador em que
se salvam arquivos; é um espaço movediço,
cheio de conflitos e deslocamentos.
Empregar estratégias de leitura e des-
cobrir quais são as mais adequadas para
uma determinada situação constituem um
processo que, inicialmente, se produz como
atividade externa. Depois, no plano das rela-
ções interpessoais e, progressivamente, como
resultado de uma série de experiências, se
transforma em um processo interno.
Somente com uma rica convivência com ob-
jetos culturais — em ações socioculturalmente
determinadas e abertas à multiplicidade dos
modos de ler, presentes nas diversas situações
comunicativas — é que a leitura se converte em
uma experiência significativa para os alunos.
Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu-
nidade de leitores que discute os textos lidos,
troca impressões e apresenta sugestões para
novas leituras.
Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-
mar a escola numa comunidade de leitores é
o horizonte que vislumbramos.
Depende de nós.
Enigmas e adivinhas convidam à decifra-
ção: “trouxeste a chave?”.
Encaremos o desafio: trata-se de uma
árvore bem frondosa, que tem doze galhos,
que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-
tro sementes: cada verso introduz uma nova
informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa?
Quantas frutas tem cada galho? Quantas
sementes tem cada fruta? A resposta a cada
uma dessas questões não revela o enigma. Se
for familiarizado com charadas, o leitor sabe
que nem sempre uma árvore é uma árvore,
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a
árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-
-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com
as possibilidades ocultas nas sementes.
O que é, o que é?
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
deixar escapar o sentido que se insinua nas
ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
mesmo tempo que se alonga num percurso
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em
flores, que escondem frutos, que protegem
sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que
se desdobram em meses, que se aceleram em
dias, que escorrem em horas.
Gênero:
Palavras-chave:
Áreas envolvidas:
Temas transversais:
Público-alvo:
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê
dependem, e muito, de nossas experiências
anteriores em relação à temática explorada
pelo texto, bem como de nossa familiaridade
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhe-
cimentos prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito.
• Explicitação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa, etc.
• Explicitação dos conteúdos da obra a partir
dos indicadores observados.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orienta-
dores para a leitura, focalizando aspectos
que auxiliem a construção dos sentidos do
texto pelo leitor.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identificação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
• Apreciação de recursos expressivos empre-
gados pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir melhor
compreensão e interpretação da obra, indican-
do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos
relacionados aos conteúdos das diversas áreas
curriculares, bem como a reflexão a respeito
de temas que permitam a inserção do aluno no
debate de questões contemporâneas.
pertence, analisando a temática, a perspec-
tiva com que é abordada, sua organização
estrutural e certos recursos expressivos em-
pregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá iden-
tificar os conteúdos das diferentes áreas do
conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
recursos linguísticos que poderão ser explo-
rados para ampliar a competência leitora e
escritora dos alunos.
QUADRO-SÍNTESE
O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
propostas; sugestão de leitor presumido para
a obra em questão.
✦ nas tramas do texto
• Compreensão global do texto a partir de
reprodução oral ou escrita do que foi lido ou
de respostas a questões formuladas pelo pro-
fessor em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos em-
pregados na obra.
• Identificação e avaliação dos pontos de
vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
• Produção de outros textos verbais ou ainda
de trabalhos que contemplem as diferentes lin-
guagensartísticas:teatro,música,artesplásticas,
etc.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
obra analisada, tanto em relação à temática
como à estrutura composicional.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham
alguma relação com a temática ou estrutura
da obra analisada.
✦ nos enredos do real
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de
informações complementares numa dimen-
são interdisciplinar.
DICAS DE LEITURA
Sugestões de outros livros relacionados de
alguma maneira ao que está sendo lido, esti-
mulando o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
◗ leitura de desafio.
Indicação de título que se imagina além do
grau de autonomia do leitor virtual da obra
analisada, com a finalidade de ampliar o
horizonte de expectativas do aluno-leitor,
encaminhando-o para a literatura adulta.
__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA
2 3 4
Leitor crítico — 8o
e 9o
anos do Ensino Fundamental
tradução e adaptação
WALCYR CARRASCO
Os miseráveis
de VICTOR HUGO
Os miseráveis Parte Comum.indd 1 7/16/12 4:42 PM
PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Luísa Nóbrega
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra
no panorama da literatura brasileira para
jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus
alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, consi-
derando as características do gênero a que
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e qual-
quer texto, inscreve-se, necessariamente, em
um gênero socialmente construído e tem,
portanto, uma relação com a exteriorida-
de que determina as leituras possíveis. O
espaço da interpretação é regulado tanto
pela organização do próprio texto quanto
pela memória interdiscursiva, que é social,
histórica e cultural. Em lugar de pensar que
a cada texto corresponde uma única leitura,
é preferível pensar que há tensão entre uma
leitura unívoca e outra dialógica.
Um texto sempre se relaciona com outros
produzidos antes ou depois dele: não há como
ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvo-
re — a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
Deus fez crescer do solo toda
espécie de árvores formosas de ver
e boas de comer, e a árvore da vida
no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. (…)
E Deus deu ao homem este manda-
mento: “Podes comer de todas as
árvores do jardim. Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não
comerás, porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o
desejo de conhecer, tão caro ao ser
humano…
Há o tempo das escrituras e o tempo da
memória, e a leitura está no meio, no inter-
valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-
riência humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada.
A compreensão de um texto resulta do res-
gate de muitos outros discursos por meio da
memória. É preciso que os acontecimentos ou
os saberes saiam do limbo e interajam com as
palavras. Mas a memória não funciona como
o disco rígido de um computador em que
se salvam arquivos; é um espaço movediço,
cheio de conflitos e deslocamentos.
Empregar estratégias de leitura e des-
cobrir quais são as mais adequadas para
uma determinada situação constituem um
processo que, inicialmente, se produz como
atividade externa. Depois, no plano das rela-
ções interpessoais e, progressivamente, como
resultado de uma série de experiências, se
transforma em um processo interno.
Somente com uma rica convivência com ob-
jetos culturais — em ações socioculturalmente
determinadas e abertas à multiplicidade dos
modos de ler, presentes nas diversas situações
comunicativas — é que a leitura se converte em
uma experiência significativa para os alunos.
Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu-
nidade de leitores que discute os textos lidos,
troca impressões e apresenta sugestões para
novas leituras.
Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-
mar a escola numa comunidade de leitores é
o horizonte que vislumbramos.
Depende de nós.
Enigmas e adivinhas convidam à decifra-
ção: “trouxeste a chave?”.
Encaremos o desafio: trata-se de uma
árvore bem frondosa, que tem doze galhos,
que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-
tro sementes: cada verso introduz uma nova
informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa?
Quantas frutas tem cada galho? Quantas
sementes tem cada fruta? A resposta a cada
uma dessas questões não revela o enigma. Se
for familiarizado com charadas, o leitor sabe
que nem sempre uma árvore é uma árvore,
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a
árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-
-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com
as possibilidades ocultas nas sementes.
O que é, o que é?
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
deixar escapar o sentido que se insinua nas
ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
mesmo tempo que se alonga num percurso
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em
flores, que escondem frutos, que protegem
sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que
se desdobram em meses, que se aceleram em
dias, que escorrem em horas.
Gênero:
Palavras-chave:
Áreas envolvidas:
Temas transversais:
Público-alvo:
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê
dependem, e muito, de nossas experiências
anteriores em relação à temática explorada
pelo texto, bem como de nossa familiaridade
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhe-
cimentos prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito.
• Explicitação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa, etc.
• Explicitação dos conteúdos da obra a partir
dos indicadores observados.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orienta-
dores para a leitura, focalizando aspectos
que auxiliem a construção dos sentidos do
texto pelo leitor.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identificação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
• Apreciação de recursos expressivos empre-
gados pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir melhor
compreensão e interpretação da obra, indican-
do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos
relacionados aos conteúdos das diversas áreas
curriculares, bem como a reflexão a respeito
de temas que permitam a inserção do aluno no
debate de questões contemporâneas.
pertence, analisando a temática, a perspec-
tiva com que é abordada, sua organização
estrutural e certos recursos expressivos em-
pregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá iden-
tificar os conteúdos das diferentes áreas do
conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
recursos linguísticos que poderão ser explo-
rados para ampliar a competência leitora e
escritora dos alunos.
QUADRO-SÍNTESE
O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
propostas; sugestão de leitor presumido para
a obra em questão.
✦ nas tramas do texto
• Compreensão global do texto a partir de
reprodução oral ou escrita do que foi lido ou
de respostas a questões formuladas pelo pro-
fessor em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos em-
pregados na obra.
• Identificação e avaliação dos pontos de
vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
• Produção de outros textos verbais ou ainda
de trabalhos que contemplem as diferentes lin-
guagensartísticas:teatro,música,artesplásticas,
etc.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
obra analisada, tanto em relação à temática
como à estrutura composicional.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham
alguma relação com a temática ou estrutura
da obra analisada.
✦ nos enredos do real
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de
informações complementares numa dimen-
são interdisciplinar.
DICAS DE LEITURA
Sugestões de outros livros relacionados de
alguma maneira ao que está sendo lido, esti-
mulando o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
◗ leitura de desafio.
Indicação de título que se imagina além do
grau de autonomia do leitor virtual da obra
analisada, com a finalidade de ampliar o
horizonte de expectativas do aluno-leitor,
encaminhando-o para a literatura adulta.
__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA
2 3 4
Leitor crítico — 8o
e 9o
anos do Ensino Fundamental
tradução e adaptação
WALCYR CARRASCO
Os miseráveis
de VICTOR HUGO
Os miseráveis Parte Comum.indd 1 7/16/12 4:42 PM
PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Luísa Nóbrega
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra
no panorama da literatura brasileira para
jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus
alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, consi-
derando as características do gênero a que
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e qual-
quer texto, inscreve-se, necessariamente, em
um gênero socialmente construído e tem,
portanto, uma relação com a exteriorida-
de que determina as leituras possíveis. O
espaço da interpretação é regulado tanto
pela organização do próprio texto quanto
pela memória interdiscursiva, que é social,
histórica e cultural. Em lugar de pensar que
a cada texto corresponde uma única leitura,
é preferível pensar que há tensão entre uma
leitura unívoca e outra dialógica.
Um texto sempre se relaciona com outros
produzidos antes ou depois dele: não há como
ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvo-
re — a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
Deus fez crescer do solo toda
espécie de árvores formosas de ver
e boas de comer, e a árvore da vida
no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. (…)
E Deus deu ao homem este manda-
mento: “Podes comer de todas as
árvores do jardim. Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não
comerás, porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o
desejo de conhecer, tão caro ao ser
humano…
Há o tempo das escrituras e o tempo da
memória, e a leitura está no meio, no inter-
valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-
riência humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada.
A compreensão de um texto resulta do res-
gate de muitos outros discursos por meio da
memória. É preciso que os acontecimentos ou
os saberes saiam do limbo e interajam com as
palavras. Mas a memória não funciona como
o disco rígido de um computador em que
se salvam arquivos; é um espaço movediço,
cheio de conflitos e deslocamentos.
Empregar estratégias de leitura e des-
cobrir quais são as mais adequadas para
uma determinada situação constituem um
processo que, inicialmente, se produz como
atividade externa. Depois, no plano das rela-
ções interpessoais e, progressivamente, como
resultado de uma série de experiências, se
transforma em um processo interno.
Somente com uma rica convivência com ob-
jetos culturais — em ações socioculturalmente
determinadas e abertas à multiplicidade dos
modos de ler, presentes nas diversas situações
comunicativas — é que a leitura se converte em
uma experiência significativa para os alunos.
Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu-
nidade de leitores que discute os textos lidos,
troca impressões e apresenta sugestões para
novas leituras.
Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-
mar a escola numa comunidade de leitores é
o horizonte que vislumbramos.
Depende de nós.
Enigmas e adivinhas convidam à decifra-
ção: “trouxeste a chave?”.
Encaremos o desafio: trata-se de uma
árvore bem frondosa, que tem doze galhos,
que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-
tro sementes: cada verso introduz uma nova
informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa?
Quantas frutas tem cada galho? Quantas
sementes tem cada fruta? A resposta a cada
uma dessas questões não revela o enigma. Se
for familiarizado com charadas, o leitor sabe
que nem sempre uma árvore é uma árvore,
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a
árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-
-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com
as possibilidades ocultas nas sementes.
O que é, o que é?
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
deixar escapar o sentido que se insinua nas
ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
mesmo tempo que se alonga num percurso
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em
flores, que escondem frutos, que protegem
sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que
se desdobram em meses, que se aceleram em
dias, que escorrem em horas.
Gênero:
Palavras-chave:
Áreas envolvidas:
Temas transversais:
Público-alvo:
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê
dependem, e muito, de nossas experiências
anteriores em relação à temática explorada
pelo texto, bem como de nossa familiaridade
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhe-
cimentos prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito.
• Explicitação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa, etc.
• Explicitação dos conteúdos da obra a partir
dos indicadores observados.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orienta-
dores para a leitura, focalizando aspectos
que auxiliem a construção dos sentidos do
texto pelo leitor.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identificação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
• Apreciação de recursos expressivos empre-
gados pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir melhor
compreensão e interpretação da obra, indican-
do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos
relacionados aos conteúdos das diversas áreas
curriculares, bem como a reflexão a respeito
de temas que permitam a inserção do aluno no
debate de questões contemporâneas.
pertence, analisando a temática, a perspec-
tiva com que é abordada, sua organização
estrutural e certos recursos expressivos em-
pregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá iden-
tificar os conteúdos das diferentes áreas do
conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
recursos linguísticos que poderão ser explo-
rados para ampliar a competência leitora e
escritora dos alunos.
QUADRO-SÍNTESE
O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
propostas; sugestão de leitor presumido para
a obra em questão.
✦ nas tramas do texto
• Compreensão global do texto a partir de
reprodução oral ou escrita do que foi lido ou
de respostas a questões formuladas pelo pro-
fessor em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos em-
pregados na obra.
• Identificação e avaliação dos pontos de
vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
• Produção de outros textos verbais ou ainda
de trabalhos que contemplem as diferentes lin-
guagensartísticas:teatro,música,artesplásticas,
etc.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
obra analisada, tanto em relação à temática
como à estrutura composicional.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham
alguma relação com a temática ou estrutura
da obra analisada.
✦ nos enredos do real
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de
informações complementares numa dimen-
são interdisciplinar.
DICAS DE LEITURA
Sugestões de outros livros relacionados de
alguma maneira ao que está sendo lido, esti-
mulando o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
◗ leitura de desafio.
Indicação de título que se imagina além do
grau de autonomia do leitor virtual da obra
analisada, com a finalidade de ampliar o
horizonte de expectativas do aluno-leitor,
encaminhando-o para a literatura adulta.
__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA
2 3 4
Leitor crítico — 8o
e 9o
anos do Ensino Fundamental
tradução e adaptação
WALCYR CARRASCO
Os miseráveis
de VICTOR HUGO
Os miseráveis Parte Comum.indd 1 7/16/12 4:42 PM
PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Luísa Nóbrega
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra
no panorama da literatura brasileira para
jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus
alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, consi-
derando as características do gênero a que
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e qual-
quer texto, inscreve-se, necessariamente, em
um gênero socialmente construído e tem,
portanto, uma relação com a exteriorida-
de que determina as leituras possíveis. O
espaço da interpretação é regulado tanto
pela organização do próprio texto quanto
pela memória interdiscursiva, que é social,
histórica e cultural. Em lugar de pensar que
a cada texto corresponde uma única leitura,
é preferível pensar que há tensão entre uma
leitura unívoca e outra dialógica.
Um texto sempre se relaciona com outros
produzidos antes ou depois dele: não há como
ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvo-
re — a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
Deus fez crescer do solo toda
espécie de árvores formosas de ver
e boas de comer, e a árvore da vida
no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. (…)
E Deus deu ao homem este manda-
mento: “Podes comer de todas as
árvores do jardim. Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não
comerás, porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o
desejo de conhecer, tão caro ao ser
humano…
Há o tempo das escrituras e o tempo da
memória, e a leitura está no meio, no inter-
valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-
riência humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada.
A compreensão de um texto resulta do res-
gate de muitos outros discursos por meio da
memória. É preciso que os acontecimentos ou
os saberes saiam do limbo e interajam com as
palavras. Mas a memória não funciona como
o disco rígido de um computador em que
se salvam arquivos; é um espaço movediço,
cheio de conflitos e deslocamentos.
Empregar estratégias de leitura e des-
cobrir quais são as mais adequadas para
uma determinada situação constituem um
processo que, inicialmente, se produz como
atividade externa. Depois, no plano das rela-
ções interpessoais e, progressivamente, como
resultado de uma série de experiências, se
transforma em um processo interno.
Somente com uma rica convivência com ob-
jetos culturais — em ações socioculturalmente
determinadas e abertas à multiplicidade dos
modos de ler, presentes nas diversas situações
comunicativas — é que a leitura se converte em
uma experiência significativa para os alunos.
Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu-
nidade de leitores que discute os textos lidos,
troca impressões e apresenta sugestões para
novas leituras.
Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-
mar a escola numa comunidade de leitores é
o horizonte que vislumbramos.
Depende de nós.
Enigmas e adivinhas convidam à decifra-
ção: “trouxeste a chave?”.
Encaremos o desafio: trata-se de uma
árvore bem frondosa, que tem doze galhos,
que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-
tro sementes: cada verso introduz uma nova
informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa?
Quantas frutas tem cada galho? Quantas
sementes tem cada fruta? A resposta a cada
uma dessas questões não revela o enigma. Se
for familiarizado com charadas, o leitor sabe
que nem sempre uma árvore é uma árvore,
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a
árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-
-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com
as possibilidades ocultas nas sementes.
O que é, o que é?
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
deixar escapar o sentido que se insinua nas
ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
mesmo tempo que se alonga num percurso
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em
flores, que escondem frutos, que protegem
sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que
se desdobram em meses, que se aceleram em
dias, que escorrem em horas.
Gênero:
Palavras-chave:
Áreas envolvidas:
Temas transversais:
Público-alvo:
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê
dependem, e muito, de nossas experiências
anteriores em relação à temática explorada
pelo texto, bem como de nossa familiaridade
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhe-
cimentos prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito.
• Explicitação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa, etc.
• Explicitação dos conteúdos da obra a partir
dos indicadores observados.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orienta-
dores para a leitura, focalizando aspectos
que auxiliem a construção dos sentidos do
texto pelo leitor.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identificação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
• Apreciação de recursos expressivos empre-
gados pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir melhor
compreensão e interpretação da obra, indican-
do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos
relacionados aos conteúdos das diversas áreas
curriculares, bem como a reflexão a respeito
de temas que permitam a inserção do aluno no
debate de questões contemporâneas.
pertence, analisando a temática, a perspec-
tiva com que é abordada, sua organização
estrutural e certos recursos expressivos em-
pregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá iden-
tificar os conteúdos das diferentes áreas do
conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
recursos linguísticos que poderão ser explo-
rados para ampliar a competência leitora e
escritora dos alunos.
QUADRO-SÍNTESE
O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
propostas; sugestão de leitor presumido para
a obra em questão.
✦ nas tramas do texto
• Compreensão global do texto a partir de
reprodução oral ou escrita do que foi lido ou
de respostas a questões formuladas pelo pro-
fessor em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos em-
pregados na obra.
• Identificação e avaliação dos pontos de
vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
• Produção de outros textos verbais ou ainda
de trabalhos que contemplem as diferentes lin-
guagensartísticas:teatro,música,artesplásticas,
etc.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
obra analisada, tanto em relação à temática
como à estrutura composicional.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham
alguma relação com a temática ou estrutura
da obra analisada.
✦ nos enredos do real
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de
informações complementares numa dimen-
são interdisciplinar.
DICAS DE LEITURA
Sugestões de outros livros relacionados de
alguma maneira ao que está sendo lido, esti-
mulando o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
◗ leitura de desafio.
Indicação de título que se imagina além do
grau de autonomia do leitor virtual da obra
analisada, com a finalidade de ampliar o
horizonte de expectativas do aluno-leitor,
encaminhando-o para a literatura adulta.
__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA
2 3 4
Leitor crítico — 8o
e 9o
anos do Ensino Fundamental
tradução e adaptação
WALCYR CARRASCO
Os miseráveis
de VICTOR HUGO
Os miseráveis Parte Comum.indd 1 7/16/12 4:42 PM
Gênero: romance.
Palavras-chave: sistema carcerário, preconceito,
abandono, miséria.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, História,
Artes.
Tema transversal: ética.
Público-alvo: leitor crítico – 8o
e 9o
anos do Ensino
Fundamental.
5 6 7
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Victor Hugo nasceu em Besançon, França, em
1802. Considerado um dos maiores nomes da
literatura mundial, foi o porta-voz do movimen-
to romântico e grande dramaturgo, ensaísta e
poeta. Apaixonado, generoso, dedicado exaus-
tivamente à arte de escrever, deixou uma obra
colossal ao falecer em 1885. Entre seus livros que
mais se destacam estão: O Corcunda de Notre-
-Dame, Os trabalhadores do mar e Cromwell. Em
Os Miseráveis, o autor trata das questões morais e
das injustiças sociais com tal maestria, que ainda
hoje é um dos romances mais lidos e adaptados
para o cinema e para o teatro.
UM POUCO SOBRE
O TRADUTOR E ADAPTADOR
Walcyr Carrasco nasceu em Bernardino de Campos
(SP), em 1951, e foi criado em Marília. Depois de
cursar jornalismo na USP, trabalhou em redações
de jornais, escrevendo desde textos para coluna
social até reportagens esportivas. É autor das
peças de teatro O terceiro beijo, Uma cama en-
tre nós, Batom e Êxtase, sendo que esta última
conquistou o prêmio Shell de Teatro, um dos mais
importantes do país. Muitos de seus livros infan-
tojuvenis já receberam a menção de “Altamente
recomendável” da Fundação Nacional do Livro In-
fantil e Juvenil. Entre suas obras publicadas, estão:
Irmão negro, O garoto da novela, A corrente da
vida, O menino narigudo, Estrelas tortas, O anjo
linguarudo, Mordidas que podem ser beijos, Em
busca de um sonho e A palavra não dita (todos
pela Moderna). Também escreveu minisséries e
novelas de sucesso, como Xica da Silva, O Cravo
e a Rosa, Chocolate com pimenta, Alma gêmea,
Sete Pecados, Caras & Bocas e Morde & Assopra.
Também se dedica às traduções e adaptações.
Além dos livros, Walcyr Carrasco é apaixonado por
bichos, por culinária e por artes plásticas.
É membro da Academia Paulista de Letras, onde
recebeu o título de Imortal.
RESENHA
Em 2012, centenário do célebre clássico de Victor
Hugo, Walcyr Carrasco relança sua adaptação
de Os miseráveis, que busca apresentar o texto
romântico francês ao jovem leitor brasileiro
contemporâneo. Walcyr apresenta-nos a Jean
Valjean, o homem misterioso, que, endurecido
após passar dezenove anos na prisão por ter
furtado um simples pão, transforma-se em um
homem honesto, caridoso e íntegro ao presenciar
um gesto absolutamente altruísta de um bispo a
quem havia roubado.
Sempre solitário, o antigo malfeitor assume uma
identidade falsa e torna-se um riquíssimo e justo
dono de fábrica, prefeito da cidade, aclamado
por suas boas ações. Justamente quando assu-
me o compromisso de resgatar a filha de uma
desventurada e sofrida ex-funcionária, Fantine,
é reconhecido pelo inspetor Javert, homem
obsessivo que irá persegui-lo implacavelmente.
Acaba por ser preso, porém consegue fugir e
finalmente resgatar Cosette, a filha de Fantine,
que era brutalmente maltratada por um casal de
estalajadeiros inescrupulosos. Faz dela sua filha
adotiva, ao lado da qual passa viver incógnito em
Paris. A menina cresce, torna-se uma bela jovem
e acaba se apaixonando por Marius, jovem de
origem nobre que decide apoiar a causa repu-
blicana e por pouco não morre lutando em uma
insurreição popular.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Trata-se de uma bela e competente adaptação de
um dos maiores best-sellers da história da litera-
tura, que até hoje conta com um sem-número de
adaptações. Embora a crítica social apresentada
pelo romance seja, em alguma medida, idealiza-
da, a obra continua confrontando o leitor com
questões ainda absolutamente urgentes e per-
tinentes, como a do questionamento do sistema
carcerário e da dificuldade que o ex-presidiário
encontra para reinserir-se na sociedade.
QUADRO-SÍNTESE
pesquisadora comenta que talvez não se devesse
acreditar tanto assim na mídia?
5. Traga para ler com a turma o poema Poesia e
Mendicidade, de Castro Alves, em que o poeta
brasileiro cita a obra de Victor Hugo. Ajude-os a
interpretá-lo, estimulando-os a pesquisar quem
são os autores aos quais o poema faz referência,
como Homero e Dante.
6. Instigue-os a pesquisar um pouco a respeito
da vida e obra de Victor Hugo e Castro Alves.
Ambos, o europeu e o brasileiro, são vozes do
movimento romântico. Explique aos alunos o
que foi o Romantismo: suas principais palavras
de ordem e opções formais.
Durante a leitura
1. Diga a seus alunos que atentem para as notas
de rodapé, que ajudam a situar os leitores no
entrecruzamento entre o enredo do livro e a
história da França.
2. Na apresentação, Marisa Lajolo comenta como
Walcyr Carrasco preserva recursos que Victor
Hugo explora no livro: o narrador que se dirige
diretamente ao leitor, a narrativa não linear, com
flashbacks, e a exploração de múltiplas narrativas.
Recomende a seus alunos que observem os saltos
de tempo, muitas vezes significativos, que sepa-
ram os acontecimentos do enredo.
3. Peça a eles que notem, ainda, os recursos de
mistério e suspense que o autor utiliza para que
o leitor se mantenha preso à narrativa.
4. Solicite que prestem atenção em como muitos
dos personagens, em diferentes momentos, assu-
mem identidades fictícias e disfarces.
Depois da leitura
1. Leia com a classe o texto final de Walcyr Carras-
co, em que revela os aspectos que mais lhe tocam
na obra de Victor Hugo. Um deles é a transforma-
ção do protagonista. Proponha que seus alunos
rememorem a obra e procurem lembrar-se quais
personagens transformam-se, física, social ou
psicologicamente, e quais se mantêm irredutíveis.
O que motiva as mudanças em cada caso?
2. Ainda no texto final, Carrasco comenta: “Misé-
ria, fome, prisões arbitrárias, tudo isso ainda faz
parte da nossa realidade. Quando leio os jornais,
encontro histórias tão próximas às dos persona-
gens!”. Organize, no período em que a turma
estiver lendo o livro, um mural com notícias e
reportagens que remetam aos temas do romance.
3. Estimule seus alunos a consultar a tabela que
acompanha o livro, em que é possível encontrar
uma interessante e extensiva cronologia do lan-
çamento do livro e de suas repercussões. Sugira
que tentem localizar em bibliotecas algumas das
adaptações mencionadas a fim de comparar o
estilo de cada adaptador.
4. A obra de Victor Hugo apresenta uma forte
crítica ao sistema carcerário: Jean Valijean é preso
após roubar um simples pão, se torna realmente
um criminoso endurecido apenas depois de passar
pelo ambiente brutal da prisão e, ao sair, antes
de adotar uma identidade falsa, não consegue
sequer uma hospedagem, quanto menos um
emprego. Embora a obra tenha sido escrita na
França do século XIX, muitas dessas críticas são
extremamente pertinentes ao sistema carcerário
brasileiro atual. Proponha que seus alunos reali-
zem uma pesquisa a respeito das condições en-
contradas pelos egressos do nosso sistema penal,
atentando para os altos índices de reincidência
dos antigos presos, por volta dos 90%. Em segui-
da, discuta com eles: em que medida a prisão é
um espaço que contribui para a sociabilização do
preso, em que medida esse sistema contribui para
o aumento da criminalidade e para o isolamento
social dessas pessoas?
5. Sugira a leitura do mangá autobiográfico Na
prisão, publicado pela editora Conrad do Brasil,
em que Kazuichi Hanawa relata o tempo em que
esteve preso, em 1994, quando foi detido por
porte ilegal de armas.
6. Sugira que seus alunos selecionem, individu-
almente, uma passagem da narrativa que lhe
tenha parecido significativa e procurem no texto
original de Victor Hugo o capítulo corresponden-
te, lendo-o e atentando para as diferenças entre
o original e a reescritura. Que passagens foram
omitidas, que outras foram mantidas por Walcyr
Carrasco?
7. Assista com a turma a duas adaptações cine-
matográficas diferentes da obra: uma de 1935,
dirigida por Richard Boleslawski, distribuída pela
Vintage Films, e outra de 1998, com direção de
Billie August, distribuída pela Sony Pictures. De
que maneira cada uma delas reconta a narrativa?
Quais as principais diferenças de tom entre elas?
Que passagens são privilegiadas e deixadas de
lado em cada uma?
8. No link <http://letras.terra.com.br/les-misera-
bles>. Acesso em: 29 jun. 2012) é possível encon-
trar letras originais e traduções de músicas do
musical Les miserables, além de ainda ouvi-las e,
ocasionalmente, ver cenas da montagem. Esti-
mule seus alunos a navegar pelo site ouvindo as
canções, procurando reconhecer a que passagem
do livro elas se referem. De que maneira a fala
dos personagens se modifica ao ser transformada
em canção?
9. Leia com a classe a transcriação feita por
Klévisson Viana, publicada pela editora Nova
Alexandria, em que Os miseráveis é transposto
Leitor crítico — 8o
e 9o
anos do Ensino Fundamental
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
Antes da leitura
1. Revele à turma o título do livro. Que diferentes
acepções existem para a palavra “miserável”?
2. Leia com eles a cuidadosa e esclarecedora apre-
sentação de Marisa Lajolo. Veja se ela acrescenta
algo a sua compreensão do título.
3. Marisa Lajolo menciona a “revolução burguesa
em 1879”, também conhecida como Revolução
Francesa. Estimule os alunos a realizar uma pes-
quisa detalhada sobre o assunto.
4. Ainda na apresentação, Marisa escreve:
“Numa das passagens de maior suspense do
livro, uma das personagens defende a tese de
que jornais contam sempre a verdade: não são
provas manuscritas, que podem ser forjadas. Mas
provas impressas! ‘Tirou um pacote do bolso.
Eram dois jornais amarelados pelo tempo’ (ca-
pítulo 21, p. 201).
Talvez o leitor do século XXI não acredite (e tal-
vez nem deva acreditar!) tanto no que escrevem
os jornais.”
Discuta um pouco a respeito do tema com seus
alunos. De que maneira eles se relacionam com
o conteúdo veiculado nos jornais? Por que a
tradução e adaptação
WALCYR CARRASCO
Os miseráveis
de VICTOR HUGO
para a linguagem absolutamente brasileira da
literatura de cordel.
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
O Corcunda de Notre-Dame. São Paulo: Leya.
O último dia de um condenado. São Paulo: Estação
Liberdade.
Os trabalhadores do mar. São Paulo: Martin Claret.
◗ de Walcyr Carrasco, tradutor e adaptador
Dom Quixote. São Paulo: Moderna.
A Dama das Camélias. São Paulo: Moderna.
A volta ao mundo em 80 dias. São Paulo: Moderna.
Vinte mil léguas submarinas. São Paulo: Moderna.
Viagem ao centro da Terra. São Paulo: Moderna.
Enc Os miseráveis.indd 1 7/16/12 4:41 PM
Gênero: romance.
Palavras-chave: sistema carcerário, preconceito,
abandono, miséria.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, História,
Artes.
Tema transversal: ética.
Público-alvo: leitor crítico – 8o
e 9o
anos do Ensino
Fundamental.
5 6 7
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Victor Hugo nasceu em Besançon, França, em
1802. Considerado um dos maiores nomes da
literatura mundial, foi o porta-voz do movimen-
to romântico e grande dramaturgo, ensaísta e
poeta. Apaixonado, generoso, dedicado exaus-
tivamente à arte de escrever, deixou uma obra
colossal ao falecer em 1885. Entre seus livros que
mais se destacam estão: O Corcunda de Notre-
-Dame, Os trabalhadores do mar e Cromwell. Em
Os Miseráveis, o autor trata das questões morais e
das injustiças sociais com tal maestria, que ainda
hoje é um dos romances mais lidos e adaptados
para o cinema e para o teatro.
UM POUCO SOBRE
O TRADUTOR E ADAPTADOR
Walcyr Carrasco nasceu em Bernardino de Campos
(SP), em 1951, e foi criado em Marília. Depois de
cursar jornalismo na USP, trabalhou em redações
de jornais, escrevendo desde textos para coluna
social até reportagens esportivas. É autor das
peças de teatro O terceiro beijo, Uma cama en-
tre nós, Batom e Êxtase, sendo que esta última
conquistou o prêmio Shell de Teatro, um dos mais
importantes do país. Muitos de seus livros infan-
tojuvenis já receberam a menção de “Altamente
recomendável” da Fundação Nacional do Livro In-
fantil e Juvenil. Entre suas obras publicadas, estão:
Irmão negro, O garoto da novela, A corrente da
vida, O menino narigudo, Estrelas tortas, O anjo
linguarudo, Mordidas que podem ser beijos, Em
busca de um sonho e A palavra não dita (todos
pela Moderna). Também escreveu minisséries e
novelas de sucesso, como Xica da Silva, O Cravo
e a Rosa, Chocolate com pimenta, Alma gêmea,
Sete Pecados, Caras & Bocas e Morde & Assopra.
Também se dedica às traduções e adaptações.
Além dos livros, Walcyr Carrasco é apaixonado por
bichos, por culinária e por artes plásticas.
É membro da Academia Paulista de Letras, onde
recebeu o título de Imortal.
RESENHA
Em 2012, centenário do célebre clássico de Victor
Hugo, Walcyr Carrasco relança sua adaptação
de Os miseráveis, que busca apresentar o texto
romântico francês ao jovem leitor brasileiro
contemporâneo. Walcyr apresenta-nos a Jean
Valjean, o homem misterioso, que, endurecido
após passar dezenove anos na prisão por ter
furtado um simples pão, transforma-se em um
homem honesto, caridoso e íntegro ao presenciar
um gesto absolutamente altruísta de um bispo a
quem havia roubado.
Sempre solitário, o antigo malfeitor assume uma
identidade falsa e torna-se um riquíssimo e justo
dono de fábrica, prefeito da cidade, aclamado
por suas boas ações. Justamente quando assu-
me o compromisso de resgatar a filha de uma
desventurada e sofrida ex-funcionária, Fantine,
é reconhecido pelo inspetor Javert, homem
obsessivo que irá persegui-lo implacavelmente.
Acaba por ser preso, porém consegue fugir e
finalmente resgatar Cosette, a filha de Fantine,
que era brutalmente maltratada por um casal de
estalajadeiros inescrupulosos. Faz dela sua filha
adotiva, ao lado da qual passa viver incógnito em
Paris. A menina cresce, torna-se uma bela jovem
e acaba se apaixonando por Marius, jovem de
origem nobre que decide apoiar a causa repu-
blicana e por pouco não morre lutando em uma
insurreição popular.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Trata-se de uma bela e competente adaptação de
um dos maiores best-sellers da história da litera-
tura, que até hoje conta com um sem-número de
adaptações. Embora a crítica social apresentada
pelo romance seja, em alguma medida, idealiza-
da, a obra continua confrontando o leitor com
questões ainda absolutamente urgentes e per-
tinentes, como a do questionamento do sistema
carcerário e da dificuldade que o ex-presidiário
encontra para reinserir-se na sociedade.
QUADRO-SÍNTESE
pesquisadora comenta que talvez não se devesse
acreditar tanto assim na mídia?
5. Traga para ler com a turma o poema Poesia e
Mendicidade, de Castro Alves, em que o poeta
brasileiro cita a obra de Victor Hugo. Ajude-os a
interpretá-lo, estimulando-os a pesquisar quem
são os autores aos quais o poema faz referência,
como Homero e Dante.
6. Instigue-os a pesquisar um pouco a respeito
da vida e obra de Victor Hugo e Castro Alves.
Ambos, o europeu e o brasileiro, são vozes do
movimento romântico. Explique aos alunos o
que foi o Romantismo: suas principais palavras
de ordem e opções formais.
Durante a leitura
1. Diga a seus alunos que atentem para as notas
de rodapé, que ajudam a situar os leitores no
entrecruzamento entre o enredo do livro e a
história da França.
2. Na apresentação, Marisa Lajolo comenta como
Walcyr Carrasco preserva recursos que Victor
Hugo explora no livro: o narrador que se dirige
diretamente ao leitor, a narrativa não linear, com
flashbacks, e a exploração de múltiplas narrativas.
Recomende a seus alunos que observem os saltos
de tempo, muitas vezes significativos, que sepa-
ram os acontecimentos do enredo.
3. Peça a eles que notem, ainda, os recursos de
mistério e suspense que o autor utiliza para que
o leitor se mantenha preso à narrativa.
4. Solicite que prestem atenção em como muitos
dos personagens, em diferentes momentos, assu-
mem identidades fictícias e disfarces.
Depois da leitura
1. Leia com a classe o texto final de Walcyr Carras-
co, em que revela os aspectos que mais lhe tocam
na obra de Victor Hugo. Um deles é a transforma-
ção do protagonista. Proponha que seus alunos
rememorem a obra e procurem lembrar-se quais
personagens transformam-se, física, social ou
psicologicamente, e quais se mantêm irredutíveis.
O que motiva as mudanças em cada caso?
2. Ainda no texto final, Carrasco comenta: “Misé-
ria, fome, prisões arbitrárias, tudo isso ainda faz
parte da nossa realidade. Quando leio os jornais,
encontro histórias tão próximas às dos persona-
gens!”. Organize, no período em que a turma
estiver lendo o livro, um mural com notícias e
reportagens que remetam aos temas do romance.
3. Estimule seus alunos a consultar a tabela que
acompanha o livro, em que é possível encontrar
uma interessante e extensiva cronologia do lan-
çamento do livro e de suas repercussões. Sugira
que tentem localizar em bibliotecas algumas das
adaptações mencionadas a fim de comparar o
estilo de cada adaptador.
4. A obra de Victor Hugo apresenta uma forte
crítica ao sistema carcerário: Jean Valijean é preso
após roubar um simples pão, se torna realmente
um criminoso endurecido apenas depois de passar
pelo ambiente brutal da prisão e, ao sair, antes
de adotar uma identidade falsa, não consegue
sequer uma hospedagem, quanto menos um
emprego. Embora a obra tenha sido escrita na
França do século XIX, muitas dessas críticas são
extremamente pertinentes ao sistema carcerário
brasileiro atual. Proponha que seus alunos reali-
zem uma pesquisa a respeito das condições en-
contradas pelos egressos do nosso sistema penal,
atentando para os altos índices de reincidência
dos antigos presos, por volta dos 90%. Em segui-
da, discuta com eles: em que medida a prisão é
um espaço que contribui para a sociabilização do
preso, em que medida esse sistema contribui para
o aumento da criminalidade e para o isolamento
social dessas pessoas?
5. Sugira a leitura do mangá autobiográfico Na
prisão, publicado pela editora Conrad do Brasil,
em que Kazuichi Hanawa relata o tempo em que
esteve preso, em 1994, quando foi detido por
porte ilegal de armas.
6. Sugira que seus alunos selecionem, individu-
almente, uma passagem da narrativa que lhe
tenha parecido significativa e procurem no texto
original de Victor Hugo o capítulo corresponden-
te, lendo-o e atentando para as diferenças entre
o original e a reescritura. Que passagens foram
omitidas, que outras foram mantidas por Walcyr
Carrasco?
7. Assista com a turma a duas adaptações cine-
matográficas diferentes da obra: uma de 1935,
dirigida por Richard Boleslawski, distribuída pela
Vintage Films, e outra de 1998, com direção de
Billie August, distribuída pela Sony Pictures. De
que maneira cada uma delas reconta a narrativa?
Quais as principais diferenças de tom entre elas?
Que passagens são privilegiadas e deixadas de
lado em cada uma?
8. No link <http://letras.terra.com.br/les-misera-
bles>. Acesso em: 29 jun. 2012) é possível encon-
trar letras originais e traduções de músicas do
musical Les miserables, além de ainda ouvi-las e,
ocasionalmente, ver cenas da montagem. Esti-
mule seus alunos a navegar pelo site ouvindo as
canções, procurando reconhecer a que passagem
do livro elas se referem. De que maneira a fala
dos personagens se modifica ao ser transformada
em canção?
9. Leia com a classe a transcriação feita por
Klévisson Viana, publicada pela editora Nova
Alexandria, em que Os miseráveis é transposto
Leitor crítico — 8o
e 9o
anos do Ensino Fundamental
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
Antes da leitura
1. Revele à turma o título do livro. Que diferentes
acepções existem para a palavra “miserável”?
2. Leia com eles a cuidadosa e esclarecedora apre-
sentação de Marisa Lajolo. Veja se ela acrescenta
algo a sua compreensão do título.
3. Marisa Lajolo menciona a “revolução burguesa
em 1879”, também conhecida como Revolução
Francesa. Estimule os alunos a realizar uma pes-
quisa detalhada sobre o assunto.
4. Ainda na apresentação, Marisa escreve:
“Numa das passagens de maior suspense do
livro, uma das personagens defende a tese de
que jornais contam sempre a verdade: não são
provas manuscritas, que podem ser forjadas. Mas
provas impressas! ‘Tirou um pacote do bolso.
Eram dois jornais amarelados pelo tempo’ (ca-
pítulo 21, p. 201).
Talvez o leitor do século XXI não acredite (e tal-
vez nem deva acreditar!) tanto no que escrevem
os jornais.”
Discuta um pouco a respeito do tema com seus
alunos. De que maneira eles se relacionam com
o conteúdo veiculado nos jornais? Por que a
tradução e adaptação
WALCYR CARRASCO
Os miseráveis
de VICTOR HUGO
para a linguagem absolutamente brasileira da
literatura de cordel.
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
O Corcunda de Notre-Dame. São Paulo: Leya.
O último dia de um condenado. São Paulo: Estação
Liberdade.
Os trabalhadores do mar. São Paulo: Martin Claret.
◗ de Walcyr Carrasco, tradutor e adaptador
Dom Quixote. São Paulo: Moderna.
A Dama das Camélias. São Paulo: Moderna.
A volta ao mundo em 80 dias. São Paulo: Moderna.
Vinte mil léguas submarinas. São Paulo: Moderna.
Viagem ao centro da Terra. São Paulo: Moderna.
Enc Os miseráveis.indd 1 7/16/12 4:41 PM
Gênero: romance.
Palavras-chave: sistema carcerário, preconceito,
abandono, miséria.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, História,
Artes.
Tema transversal: ética.
Público-alvo: leitor crítico – 8o
e 9o
anos do Ensino
Fundamental.
5 6 7
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Victor Hugo nasceu em Besançon, França, em
1802. Considerado um dos maiores nomes da
literatura mundial, foi o porta-voz do movimen-
to romântico e grande dramaturgo, ensaísta e
poeta. Apaixonado, generoso, dedicado exaus-
tivamente à arte de escrever, deixou uma obra
colossal ao falecer em 1885. Entre seus livros que
mais se destacam estão: O Corcunda de Notre-
-Dame, Os trabalhadores do mar e Cromwell. Em
Os Miseráveis, o autor trata das questões morais e
das injustiças sociais com tal maestria, que ainda
hoje é um dos romances mais lidos e adaptados
para o cinema e para o teatro.
UM POUCO SOBRE
O TRADUTOR E ADAPTADOR
Walcyr Carrasco nasceu em Bernardino de Campos
(SP), em 1951, e foi criado em Marília. Depois de
cursar jornalismo na USP, trabalhou em redações
de jornais, escrevendo desde textos para coluna
social até reportagens esportivas. É autor das
peças de teatro O terceiro beijo, Uma cama en-
tre nós, Batom e Êxtase, sendo que esta última
conquistou o prêmio Shell de Teatro, um dos mais
importantes do país. Muitos de seus livros infan-
tojuvenis já receberam a menção de “Altamente
recomendável” da Fundação Nacional do Livro In-
fantil e Juvenil. Entre suas obras publicadas, estão:
Irmão negro, O garoto da novela, A corrente da
vida, O menino narigudo, Estrelas tortas, O anjo
linguarudo, Mordidas que podem ser beijos, Em
busca de um sonho e A palavra não dita (todos
pela Moderna). Também escreveu minisséries e
novelas de sucesso, como Xica da Silva, O Cravo
e a Rosa, Chocolate com pimenta, Alma gêmea,
Sete Pecados, Caras & Bocas e Morde & Assopra.
Também se dedica às traduções e adaptações.
Além dos livros, Walcyr Carrasco é apaixonado por
bichos, por culinária e por artes plásticas.
É membro da Academia Paulista de Letras, onde
recebeu o título de Imortal.
RESENHA
Em 2012, centenário do célebre clássico de Victor
Hugo, Walcyr Carrasco relança sua adaptação
de Os miseráveis, que busca apresentar o texto
romântico francês ao jovem leitor brasileiro
contemporâneo. Walcyr apresenta-nos a Jean
Valjean, o homem misterioso, que, endurecido
após passar dezenove anos na prisão por ter
furtado um simples pão, transforma-se em um
homem honesto, caridoso e íntegro ao presenciar
um gesto absolutamente altruísta de um bispo a
quem havia roubado.
Sempre solitário, o antigo malfeitor assume uma
identidade falsa e torna-se um riquíssimo e justo
dono de fábrica, prefeito da cidade, aclamado
por suas boas ações. Justamente quando assu-
me o compromisso de resgatar a filha de uma
desventurada e sofrida ex-funcionária, Fantine,
é reconhecido pelo inspetor Javert, homem
obsessivo que irá persegui-lo implacavelmente.
Acaba por ser preso, porém consegue fugir e
finalmente resgatar Cosette, a filha de Fantine,
que era brutalmente maltratada por um casal de
estalajadeiros inescrupulosos. Faz dela sua filha
adotiva, ao lado da qual passa viver incógnito em
Paris. A menina cresce, torna-se uma bela jovem
e acaba se apaixonando por Marius, jovem de
origem nobre que decide apoiar a causa repu-
blicana e por pouco não morre lutando em uma
insurreição popular.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Trata-se de uma bela e competente adaptação de
um dos maiores best-sellers da história da litera-
tura, que até hoje conta com um sem-número de
adaptações. Embora a crítica social apresentada
pelo romance seja, em alguma medida, idealiza-
da, a obra continua confrontando o leitor com
questões ainda absolutamente urgentes e per-
tinentes, como a do questionamento do sistema
carcerário e da dificuldade que o ex-presidiário
encontra para reinserir-se na sociedade.
QUADRO-SÍNTESE
pesquisadora comenta que talvez não se devesse
acreditar tanto assim na mídia?
5. Traga para ler com a turma o poema Poesia e
Mendicidade, de Castro Alves, em que o poeta
brasileiro cita a obra de Victor Hugo. Ajude-os a
interpretá-lo, estimulando-os a pesquisar quem
são os autores aos quais o poema faz referência,
como Homero e Dante.
6. Instigue-os a pesquisar um pouco a respeito
da vida e obra de Victor Hugo e Castro Alves.
Ambos, o europeu e o brasileiro, são vozes do
movimento romântico. Explique aos alunos o
que foi o Romantismo: suas principais palavras
de ordem e opções formais.
Durante a leitura
1. Diga a seus alunos que atentem para as notas
de rodapé, que ajudam a situar os leitores no
entrecruzamento entre o enredo do livro e a
história da França.
2. Na apresentação, Marisa Lajolo comenta como
Walcyr Carrasco preserva recursos que Victor
Hugo explora no livro: o narrador que se dirige
diretamente ao leitor, a narrativa não linear, com
flashbacks, e a exploração de múltiplas narrativas.
Recomende a seus alunos que observem os saltos
de tempo, muitas vezes significativos, que sepa-
ram os acontecimentos do enredo.
3. Peça a eles que notem, ainda, os recursos de
mistério e suspense que o autor utiliza para que
o leitor se mantenha preso à narrativa.
4. Solicite que prestem atenção em como muitos
dos personagens, em diferentes momentos, assu-
mem identidades fictícias e disfarces.
Depois da leitura
1. Leia com a classe o texto final de Walcyr Carras-
co, em que revela os aspectos que mais lhe tocam
na obra de Victor Hugo. Um deles é a transforma-
ção do protagonista. Proponha que seus alunos
rememorem a obra e procurem lembrar-se quais
personagens transformam-se, física, social ou
psicologicamente, e quais se mantêm irredutíveis.
O que motiva as mudanças em cada caso?
2. Ainda no texto final, Carrasco comenta: “Misé-
ria, fome, prisões arbitrárias, tudo isso ainda faz
parte da nossa realidade. Quando leio os jornais,
encontro histórias tão próximas às dos persona-
gens!”. Organize, no período em que a turma
estiver lendo o livro, um mural com notícias e
reportagens que remetam aos temas do romance.
3. Estimule seus alunos a consultar a tabela que
acompanha o livro, em que é possível encontrar
uma interessante e extensiva cronologia do lan-
çamento do livro e de suas repercussões. Sugira
que tentem localizar em bibliotecas algumas das
adaptações mencionadas a fim de comparar o
estilo de cada adaptador.
4. A obra de Victor Hugo apresenta uma forte
crítica ao sistema carcerário: Jean Valijean é preso
após roubar um simples pão, se torna realmente
um criminoso endurecido apenas depois de passar
pelo ambiente brutal da prisão e, ao sair, antes
de adotar uma identidade falsa, não consegue
sequer uma hospedagem, quanto menos um
emprego. Embora a obra tenha sido escrita na
França do século XIX, muitas dessas críticas são
extremamente pertinentes ao sistema carcerário
brasileiro atual. Proponha que seus alunos reali-
zem uma pesquisa a respeito das condições en-
contradas pelos egressos do nosso sistema penal,
atentando para os altos índices de reincidência
dos antigos presos, por volta dos 90%. Em segui-
da, discuta com eles: em que medida a prisão é
um espaço que contribui para a sociabilização do
preso, em que medida esse sistema contribui para
o aumento da criminalidade e para o isolamento
social dessas pessoas?
5. Sugira a leitura do mangá autobiográfico Na
prisão, publicado pela editora Conrad do Brasil,
em que Kazuichi Hanawa relata o tempo em que
esteve preso, em 1994, quando foi detido por
porte ilegal de armas.
6. Sugira que seus alunos selecionem, individu-
almente, uma passagem da narrativa que lhe
tenha parecido significativa e procurem no texto
original de Victor Hugo o capítulo corresponden-
te, lendo-o e atentando para as diferenças entre
o original e a reescritura. Que passagens foram
omitidas, que outras foram mantidas por Walcyr
Carrasco?
7. Assista com a turma a duas adaptações cine-
matográficas diferentes da obra: uma de 1935,
dirigida por Richard Boleslawski, distribuída pela
Vintage Films, e outra de 1998, com direção de
Billie August, distribuída pela Sony Pictures. De
que maneira cada uma delas reconta a narrativa?
Quais as principais diferenças de tom entre elas?
Que passagens são privilegiadas e deixadas de
lado em cada uma?
8. No link <http://letras.terra.com.br/les-misera-
bles>. Acesso em: 29 jun. 2012) é possível encon-
trar letras originais e traduções de músicas do
musical Les miserables, além de ainda ouvi-las e,
ocasionalmente, ver cenas da montagem. Esti-
mule seus alunos a navegar pelo site ouvindo as
canções, procurando reconhecer a que passagem
do livro elas se referem. De que maneira a fala
dos personagens se modifica ao ser transformada
em canção?
9. Leia com a classe a transcriação feita por
Klévisson Viana, publicada pela editora Nova
Alexandria, em que Os miseráveis é transposto
Leitor crítico — 8o
e 9o
anos do Ensino Fundamental
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
Antes da leitura
1. Revele à turma o título do livro. Que diferentes
acepções existem para a palavra “miserável”?
2. Leia com eles a cuidadosa e esclarecedora apre-
sentação de Marisa Lajolo. Veja se ela acrescenta
algo a sua compreensão do título.
3. Marisa Lajolo menciona a “revolução burguesa
em 1879”, também conhecida como Revolução
Francesa. Estimule os alunos a realizar uma pes-
quisa detalhada sobre o assunto.
4. Ainda na apresentação, Marisa escreve:
“Numa das passagens de maior suspense do
livro, uma das personagens defende a tese de
que jornais contam sempre a verdade: não são
provas manuscritas, que podem ser forjadas. Mas
provas impressas! ‘Tirou um pacote do bolso.
Eram dois jornais amarelados pelo tempo’ (ca-
pítulo 21, p. 201).
Talvez o leitor do século XXI não acredite (e tal-
vez nem deva acreditar!) tanto no que escrevem
os jornais.”
Discuta um pouco a respeito do tema com seus
alunos. De que maneira eles se relacionam com
o conteúdo veiculado nos jornais? Por que a
tradução e adaptação
WALCYR CARRASCO
Os miseráveis
de VICTOR HUGO
para a linguagem absolutamente brasileira da
literatura de cordel.
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
O Corcunda de Notre-Dame. São Paulo: Leya.
O último dia de um condenado. São Paulo: Estação
Liberdade.
Os trabalhadores do mar. São Paulo: Martin Claret.
◗ de Walcyr Carrasco, tradutor e adaptador
Dom Quixote. São Paulo: Moderna.
A Dama das Camélias. São Paulo: Moderna.
A volta ao mundo em 80 dias. São Paulo: Moderna.
Vinte mil léguas submarinas. São Paulo: Moderna.
Viagem ao centro da Terra. São Paulo: Moderna.
Enc Os miseráveis.indd 1 7/16/12 4:41 PM
Gênero: romance.
Palavras-chave: sistema carcerário, preconceito,
abandono, miséria.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, História,
Artes.
Tema transversal: ética.
Público-alvo: leitor crítico – 8o
e 9o
anos do Ensino
Fundamental.
5 6 7
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Victor Hugo nasceu em Besançon, França, em
1802. Considerado um dos maiores nomes da
literatura mundial, foi o porta-voz do movimen-
to romântico e grande dramaturgo, ensaísta e
poeta. Apaixonado, generoso, dedicado exaus-
tivamente à arte de escrever, deixou uma obra
colossal ao falecer em 1885. Entre seus livros que
mais se destacam estão: O Corcunda de Notre-
-Dame, Os trabalhadores do mar e Cromwell. Em
Os Miseráveis, o autor trata das questões morais e
das injustiças sociais com tal maestria, que ainda
hoje é um dos romances mais lidos e adaptados
para o cinema e para o teatro.
UM POUCO SOBRE
O TRADUTOR E ADAPTADOR
Walcyr Carrasco nasceu em Bernardino de Campos
(SP), em 1951, e foi criado em Marília. Depois de
cursar jornalismo na USP, trabalhou em redações
de jornais, escrevendo desde textos para coluna
social até reportagens esportivas. É autor das
peças de teatro O terceiro beijo, Uma cama en-
tre nós, Batom e Êxtase, sendo que esta última
conquistou o prêmio Shell de Teatro, um dos mais
importantes do país. Muitos de seus livros infan-
tojuvenis já receberam a menção de “Altamente
recomendável” da Fundação Nacional do Livro In-
fantil e Juvenil. Entre suas obras publicadas, estão:
Irmão negro, O garoto da novela, A corrente da
vida, O menino narigudo, Estrelas tortas, O anjo
linguarudo, Mordidas que podem ser beijos, Em
busca de um sonho e A palavra não dita (todos
pela Moderna). Também escreveu minisséries e
novelas de sucesso, como Xica da Silva, O Cravo
e a Rosa, Chocolate com pimenta, Alma gêmea,
Sete Pecados, Caras & Bocas e Morde & Assopra.
Também se dedica às traduções e adaptações.
Além dos livros, Walcyr Carrasco é apaixonado por
bichos, por culinária e por artes plásticas.
É membro da Academia Paulista de Letras, onde
recebeu o título de Imortal.
RESENHA
Em 2012, centenário do célebre clássico de Victor
Hugo, Walcyr Carrasco relança sua adaptação
de Os miseráveis, que busca apresentar o texto
romântico francês ao jovem leitor brasileiro
contemporâneo. Walcyr apresenta-nos a Jean
Valjean, o homem misterioso, que, endurecido
após passar dezenove anos na prisão por ter
furtado um simples pão, transforma-se em um
homem honesto, caridoso e íntegro ao presenciar
um gesto absolutamente altruísta de um bispo a
quem havia roubado.
Sempre solitário, o antigo malfeitor assume uma
identidade falsa e torna-se um riquíssimo e justo
dono de fábrica, prefeito da cidade, aclamado
por suas boas ações. Justamente quando assu-
me o compromisso de resgatar a filha de uma
desventurada e sofrida ex-funcionária, Fantine,
é reconhecido pelo inspetor Javert, homem
obsessivo que irá persegui-lo implacavelmente.
Acaba por ser preso, porém consegue fugir e
finalmente resgatar Cosette, a filha de Fantine,
que era brutalmente maltratada por um casal de
estalajadeiros inescrupulosos. Faz dela sua filha
adotiva, ao lado da qual passa viver incógnito em
Paris. A menina cresce, torna-se uma bela jovem
e acaba se apaixonando por Marius, jovem de
origem nobre que decide apoiar a causa repu-
blicana e por pouco não morre lutando em uma
insurreição popular.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Trata-se de uma bela e competente adaptação de
um dos maiores best-sellers da história da litera-
tura, que até hoje conta com um sem-número de
adaptações. Embora a crítica social apresentada
pelo romance seja, em alguma medida, idealiza-
da, a obra continua confrontando o leitor com
questões ainda absolutamente urgentes e per-
tinentes, como a do questionamento do sistema
carcerário e da dificuldade que o ex-presidiário
encontra para reinserir-se na sociedade.
QUADRO-SÍNTESE
pesquisadora comenta que talvez não se devesse
acreditar tanto assim na mídia?
5. Traga para ler com a turma o poema Poesia e
Mendicidade, de Castro Alves, em que o poeta
brasileiro cita a obra de Victor Hugo. Ajude-os a
interpretá-lo, estimulando-os a pesquisar quem
são os autores aos quais o poema faz referência,
como Homero e Dante.
6. Instigue-os a pesquisar um pouco a respeito
da vida e obra de Victor Hugo e Castro Alves.
Ambos, o europeu e o brasileiro, são vozes do
movimento romântico. Explique aos alunos o
que foi o Romantismo: suas principais palavras
de ordem e opções formais.
Durante a leitura
1. Diga a seus alunos que atentem para as notas
de rodapé, que ajudam a situar os leitores no
entrecruzamento entre o enredo do livro e a
história da França.
2. Na apresentação, Marisa Lajolo comenta como
Walcyr Carrasco preserva recursos que Victor
Hugo explora no livro: o narrador que se dirige
diretamente ao leitor, a narrativa não linear, com
flashbacks, e a exploração de múltiplas narrativas.
Recomende a seus alunos que observem os saltos
de tempo, muitas vezes significativos, que sepa-
ram os acontecimentos do enredo.
3. Peça a eles que notem, ainda, os recursos de
mistério e suspense que o autor utiliza para que
o leitor se mantenha preso à narrativa.
4. Solicite que prestem atenção em como muitos
dos personagens, em diferentes momentos, assu-
mem identidades fictícias e disfarces.
Depois da leitura
1. Leia com a classe o texto final de Walcyr Carras-
co, em que revela os aspectos que mais lhe tocam
na obra de Victor Hugo. Um deles é a transforma-
ção do protagonista. Proponha que seus alunos
rememorem a obra e procurem lembrar-se quais
personagens transformam-se, física, social ou
psicologicamente, e quais se mantêm irredutíveis.
O que motiva as mudanças em cada caso?
2. Ainda no texto final, Carrasco comenta: “Misé-
ria, fome, prisões arbitrárias, tudo isso ainda faz
parte da nossa realidade. Quando leio os jornais,
encontro histórias tão próximas às dos persona-
gens!”. Organize, no período em que a turma
estiver lendo o livro, um mural com notícias e
reportagens que remetam aos temas do romance.
3. Estimule seus alunos a consultar a tabela que
acompanha o livro, em que é possível encontrar
uma interessante e extensiva cronologia do lan-
çamento do livro e de suas repercussões. Sugira
que tentem localizar em bibliotecas algumas das
adaptações mencionadas a fim de comparar o
estilo de cada adaptador.
4. A obra de Victor Hugo apresenta uma forte
crítica ao sistema carcerário: Jean Valijean é preso
após roubar um simples pão, se torna realmente
um criminoso endurecido apenas depois de passar
pelo ambiente brutal da prisão e, ao sair, antes
de adotar uma identidade falsa, não consegue
sequer uma hospedagem, quanto menos um
emprego. Embora a obra tenha sido escrita na
França do século XIX, muitas dessas críticas são
extremamente pertinentes ao sistema carcerário
brasileiro atual. Proponha que seus alunos reali-
zem uma pesquisa a respeito das condições en-
contradas pelos egressos do nosso sistema penal,
atentando para os altos índices de reincidência
dos antigos presos, por volta dos 90%. Em segui-
da, discuta com eles: em que medida a prisão é
um espaço que contribui para a sociabilização do
preso, em que medida esse sistema contribui para
o aumento da criminalidade e para o isolamento
social dessas pessoas?
5. Sugira a leitura do mangá autobiográfico Na
prisão, publicado pela editora Conrad do Brasil,
em que Kazuichi Hanawa relata o tempo em que
esteve preso, em 1994, quando foi detido por
porte ilegal de armas.
6. Sugira que seus alunos selecionem, individu-
almente, uma passagem da narrativa que lhe
tenha parecido significativa e procurem no texto
original de Victor Hugo o capítulo corresponden-
te, lendo-o e atentando para as diferenças entre
o original e a reescritura. Que passagens foram
omitidas, que outras foram mantidas por Walcyr
Carrasco?
7. Assista com a turma a duas adaptações cine-
matográficas diferentes da obra: uma de 1935,
dirigida por Richard Boleslawski, distribuída pela
Vintage Films, e outra de 1998, com direção de
Billie August, distribuída pela Sony Pictures. De
que maneira cada uma delas reconta a narrativa?
Quais as principais diferenças de tom entre elas?
Que passagens são privilegiadas e deixadas de
lado em cada uma?
8. No link <http://letras.terra.com.br/les-misera-
bles>. Acesso em: 29 jun. 2012) é possível encon-
trar letras originais e traduções de músicas do
musical Les miserables, além de ainda ouvi-las e,
ocasionalmente, ver cenas da montagem. Esti-
mule seus alunos a navegar pelo site ouvindo as
canções, procurando reconhecer a que passagem
do livro elas se referem. De que maneira a fala
dos personagens se modifica ao ser transformada
em canção?
9. Leia com a classe a transcriação feita por
Klévisson Viana, publicada pela editora Nova
Alexandria, em que Os miseráveis é transposto
Leitor crítico — 8o
e 9o
anos do Ensino Fundamental
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
Antes da leitura
1. Revele à turma o título do livro. Que diferentes
acepções existem para a palavra “miserável”?
2. Leia com eles a cuidadosa e esclarecedora apre-
sentação de Marisa Lajolo. Veja se ela acrescenta
algo a sua compreensão do título.
3. Marisa Lajolo menciona a “revolução burguesa
em 1879”, também conhecida como Revolução
Francesa. Estimule os alunos a realizar uma pes-
quisa detalhada sobre o assunto.
4. Ainda na apresentação, Marisa escreve:
“Numa das passagens de maior suspense do
livro, uma das personagens defende a tese de
que jornais contam sempre a verdade: não são
provas manuscritas, que podem ser forjadas. Mas
provas impressas! ‘Tirou um pacote do bolso.
Eram dois jornais amarelados pelo tempo’ (ca-
pítulo 21, p. 201).
Talvez o leitor do século XXI não acredite (e tal-
vez nem deva acreditar!) tanto no que escrevem
os jornais.”
Discuta um pouco a respeito do tema com seus
alunos. De que maneira eles se relacionam com
o conteúdo veiculado nos jornais? Por que a
tradução e adaptação
WALCYR CARRASCO
Os miseráveis
de VICTOR HUGO
para a linguagem absolutamente brasileira da
literatura de cordel.
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
O Corcunda de Notre-Dame. São Paulo: Leya.
O último dia de um condenado. São Paulo: Estação
Liberdade.
Os trabalhadores do mar. São Paulo: Martin Claret.
◗ de Walcyr Carrasco, tradutor e adaptador
Dom Quixote. São Paulo: Moderna.
A Dama das Camélias. São Paulo: Moderna.
A volta ao mundo em 80 dias. São Paulo: Moderna.
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  • 1. PROJETO DE LEITURA Coordenação: Maria José Nóbrega Elaboração: Luísa Nóbrega DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos. RESENHA Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Apontamos alguns aspectos da obra, consi- derando as características do gênero a que O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1 Alegórica árvore do tempo… A adivinha que lemos, como todo e qual- quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida- de que determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica. Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva. Retornemos à sombra da frondosa árvo- re — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores: Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda- mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2 Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser humano… Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter- valo, no diálogo. Prática enraizada na expe- riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada. A compreensão de um texto resulta do res- gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos. Empregar estratégias de leitura e des- cobrir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das rela- ções interpessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno. Somente com uma rica convivência com ob- jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu- nidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras. Trilhar novas veredas é o desafio; transfor- mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos. Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à decifra- ção: “trouxeste a chave?”. Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua- tro sementes: cada verso introduz uma nova informação que se encaixa na anterior. Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece- -nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes. O que é, o que é? Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali. Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras. “Decifra-me ou te devoro.” Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas. Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe- cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto. • Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados. b) durante a leitura São apresentados alguns objetivos orienta- dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor. • Leitura global do texto. • Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre- gados pelo autor. c) depois da leitura São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican- do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. pertence, analisando a temática, a perspec- tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em- pregados pelo autor. Com esses elementos, o professor irá iden- tificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos linguísticos que poderão ser explo- rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos. QUADRO-SÍNTESE O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. ✦ nas tramas do texto • Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro- fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos em- pregados na obra. • Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor. • Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin- guagensartísticas:teatro,música,artesplásticas, etc. ✦ nas telas do cinema • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional. ✦ nas ondas do som • Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada. ✦ nos enredos do real • Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen- são interdisciplinar. DICAS DE LEITURA Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti- mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais: ◗ do mesmo autor; ◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio. Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. __________ 1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17. Árvores e tempo de leitura MARIA JOSÉ NÓBREGA 2 3 4 Leitor crítico — 8o e 9o anos do Ensino Fundamental tradução e adaptação WALCYR CARRASCO Os miseráveis de VICTOR HUGO Os miseráveis Parte Comum.indd 1 7/16/12 4:42 PM
  • 2. PROJETO DE LEITURA Coordenação: Maria José Nóbrega Elaboração: Luísa Nóbrega DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos. RESENHA Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Apontamos alguns aspectos da obra, consi- derando as características do gênero a que O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1 Alegórica árvore do tempo… A adivinha que lemos, como todo e qual- quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida- de que determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica. Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva. Retornemos à sombra da frondosa árvo- re — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores: Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda- mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2 Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser humano… Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter- valo, no diálogo. Prática enraizada na expe- riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada. A compreensão de um texto resulta do res- gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos. Empregar estratégias de leitura e des- cobrir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das rela- ções interpessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno. Somente com uma rica convivência com ob- jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu- nidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras. Trilhar novas veredas é o desafio; transfor- mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos. Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à decifra- ção: “trouxeste a chave?”. Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua- tro sementes: cada verso introduz uma nova informação que se encaixa na anterior. Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece- -nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes. O que é, o que é? Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali. Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras. “Decifra-me ou te devoro.” Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas. 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As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe- cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto. • Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados. b) durante a leitura São apresentados alguns objetivos orienta- dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor. • Leitura global do texto. • Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre- gados pelo autor. c) depois da leitura São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican- do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. pertence, analisando a temática, a perspec- tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em- pregados pelo autor. Com esses elementos, o professor irá iden- tificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos linguísticos que poderão ser explo- rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos. QUADRO-SÍNTESE O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. ✦ nas tramas do texto • Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro- fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos em- pregados na obra. • Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor. • Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin- guagensartísticas:teatro,música,artesplásticas, etc. ✦ nas telas do cinema • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional. ✦ nas ondas do som • Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada. ✦ nos enredos do real • Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen- são interdisciplinar. DICAS DE LEITURA Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti- mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais: ◗ do mesmo autor; ◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio. Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. __________ 1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17. Árvores e tempo de leitura MARIA JOSÉ NÓBREGA 2 3 4 Leitor crítico — 8o e 9o anos do Ensino Fundamental tradução e adaptação WALCYR CARRASCO Os miseráveis de VICTOR HUGO Os miseráveis Parte Comum.indd 1 7/16/12 4:42 PM
  • 3. PROJETO DE LEITURA Coordenação: Maria José Nóbrega Elaboração: Luísa Nóbrega DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos. RESENHA Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Apontamos alguns aspectos da obra, consi- derando as características do gênero a que O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1 Alegórica árvore do tempo… A adivinha que lemos, como todo e qual- quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida- de que determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica. Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva. Retornemos à sombra da frondosa árvo- re — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores: Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda- mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2 Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser humano… Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter- valo, no diálogo. Prática enraizada na expe- riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada. A compreensão de um texto resulta do res- gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos. Empregar estratégias de leitura e des- cobrir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das rela- ções interpessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno. Somente com uma rica convivência com ob- jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu- nidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras. Trilhar novas veredas é o desafio; transfor- mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos. Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à decifra- ção: “trouxeste a chave?”. Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua- tro sementes: cada verso introduz uma nova informação que se encaixa na anterior. Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece- -nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes. O que é, o que é? Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali. Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras. “Decifra-me ou te devoro.” Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas. Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe- cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto. • Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados. b) durante a leitura São apresentados alguns objetivos orienta- dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor. • Leitura global do texto. • Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre- gados pelo autor. c) depois da leitura São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican- do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. pertence, analisando a temática, a perspec- tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em- pregados pelo autor. Com esses elementos, o professor irá iden- tificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos linguísticos que poderão ser explo- rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos. QUADRO-SÍNTESE O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. ✦ nas tramas do texto • Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro- fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos em- pregados na obra. • Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor. • Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin- guagensartísticas:teatro,música,artesplásticas, etc. ✦ nas telas do cinema • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional. ✦ nas ondas do som • Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada. ✦ nos enredos do real • Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen- são interdisciplinar. DICAS DE LEITURA Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti- mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais: ◗ do mesmo autor; ◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio. Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. __________ 1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17. Árvores e tempo de leitura MARIA JOSÉ NÓBREGA 2 3 4 Leitor crítico — 8o e 9o anos do Ensino Fundamental tradução e adaptação WALCYR CARRASCO Os miseráveis de VICTOR HUGO Os miseráveis Parte Comum.indd 1 7/16/12 4:42 PM
  • 4. PROJETO DE LEITURA Coordenação: Maria José Nóbrega Elaboração: Luísa Nóbrega DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos. RESENHA Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Apontamos alguns aspectos da obra, consi- derando as características do gênero a que O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1 Alegórica árvore do tempo… A adivinha que lemos, como todo e qual- quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida- de que determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica. Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva. Retornemos à sombra da frondosa árvo- re — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores: Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda- mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2 Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser humano… Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter- valo, no diálogo. Prática enraizada na expe- riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada. A compreensão de um texto resulta do res- gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos. Empregar estratégias de leitura e des- cobrir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das rela- ções interpessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno. Somente com uma rica convivência com ob- jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu- nidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras. Trilhar novas veredas é o desafio; transfor- mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos. Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à decifra- ção: “trouxeste a chave?”. Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua- tro sementes: cada verso introduz uma nova informação que se encaixa na anterior. Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece- -nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes. O que é, o que é? Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali. Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras. “Decifra-me ou te devoro.” Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas. Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe- cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto. • Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados. b) durante a leitura São apresentados alguns objetivos orienta- dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor. • Leitura global do texto. • Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre- gados pelo autor. c) depois da leitura São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican- do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. pertence, analisando a temática, a perspec- tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em- pregados pelo autor. Com esses elementos, o professor irá iden- tificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos linguísticos que poderão ser explo- rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos. QUADRO-SÍNTESE O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. ✦ nas tramas do texto • Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro- fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos em- pregados na obra. • Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor. • Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin- guagensartísticas:teatro,música,artesplásticas, etc. ✦ nas telas do cinema • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional. ✦ nas ondas do som • Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada. ✦ nos enredos do real • Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen- são interdisciplinar. DICAS DE LEITURA Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti- mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais: ◗ do mesmo autor; ◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio. Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. __________ 1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17. Árvores e tempo de leitura MARIA JOSÉ NÓBREGA 2 3 4 Leitor crítico — 8o e 9o anos do Ensino Fundamental tradução e adaptação WALCYR CARRASCO Os miseráveis de VICTOR HUGO Os miseráveis Parte Comum.indd 1 7/16/12 4:42 PM
  • 5. Gênero: romance. Palavras-chave: sistema carcerário, preconceito, abandono, miséria. Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, História, Artes. Tema transversal: ética. Público-alvo: leitor crítico – 8o e 9o anos do Ensino Fundamental. 5 6 7 UM POUCO SOBRE O AUTOR Victor Hugo nasceu em Besançon, França, em 1802. Considerado um dos maiores nomes da literatura mundial, foi o porta-voz do movimen- to romântico e grande dramaturgo, ensaísta e poeta. Apaixonado, generoso, dedicado exaus- tivamente à arte de escrever, deixou uma obra colossal ao falecer em 1885. Entre seus livros que mais se destacam estão: O Corcunda de Notre- -Dame, Os trabalhadores do mar e Cromwell. Em Os Miseráveis, o autor trata das questões morais e das injustiças sociais com tal maestria, que ainda hoje é um dos romances mais lidos e adaptados para o cinema e para o teatro. UM POUCO SOBRE O TRADUTOR E ADAPTADOR Walcyr Carrasco nasceu em Bernardino de Campos (SP), em 1951, e foi criado em Marília. Depois de cursar jornalismo na USP, trabalhou em redações de jornais, escrevendo desde textos para coluna social até reportagens esportivas. É autor das peças de teatro O terceiro beijo, Uma cama en- tre nós, Batom e Êxtase, sendo que esta última conquistou o prêmio Shell de Teatro, um dos mais importantes do país. Muitos de seus livros infan- tojuvenis já receberam a menção de “Altamente recomendável” da Fundação Nacional do Livro In- fantil e Juvenil. Entre suas obras publicadas, estão: Irmão negro, O garoto da novela, A corrente da vida, O menino narigudo, Estrelas tortas, O anjo linguarudo, Mordidas que podem ser beijos, Em busca de um sonho e A palavra não dita (todos pela Moderna). Também escreveu minisséries e novelas de sucesso, como Xica da Silva, O Cravo e a Rosa, Chocolate com pimenta, Alma gêmea, Sete Pecados, Caras & Bocas e Morde & Assopra. Também se dedica às traduções e adaptações. Além dos livros, Walcyr Carrasco é apaixonado por bichos, por culinária e por artes plásticas. É membro da Academia Paulista de Letras, onde recebeu o título de Imortal. RESENHA Em 2012, centenário do célebre clássico de Victor Hugo, Walcyr Carrasco relança sua adaptação de Os miseráveis, que busca apresentar o texto romântico francês ao jovem leitor brasileiro contemporâneo. Walcyr apresenta-nos a Jean Valjean, o homem misterioso, que, endurecido após passar dezenove anos na prisão por ter furtado um simples pão, transforma-se em um homem honesto, caridoso e íntegro ao presenciar um gesto absolutamente altruísta de um bispo a quem havia roubado. Sempre solitário, o antigo malfeitor assume uma identidade falsa e torna-se um riquíssimo e justo dono de fábrica, prefeito da cidade, aclamado por suas boas ações. Justamente quando assu- me o compromisso de resgatar a filha de uma desventurada e sofrida ex-funcionária, Fantine, é reconhecido pelo inspetor Javert, homem obsessivo que irá persegui-lo implacavelmente. Acaba por ser preso, porém consegue fugir e finalmente resgatar Cosette, a filha de Fantine, que era brutalmente maltratada por um casal de estalajadeiros inescrupulosos. Faz dela sua filha adotiva, ao lado da qual passa viver incógnito em Paris. A menina cresce, torna-se uma bela jovem e acaba se apaixonando por Marius, jovem de origem nobre que decide apoiar a causa repu- blicana e por pouco não morre lutando em uma insurreição popular. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Trata-se de uma bela e competente adaptação de um dos maiores best-sellers da história da litera- tura, que até hoje conta com um sem-número de adaptações. Embora a crítica social apresentada pelo romance seja, em alguma medida, idealiza- da, a obra continua confrontando o leitor com questões ainda absolutamente urgentes e per- tinentes, como a do questionamento do sistema carcerário e da dificuldade que o ex-presidiário encontra para reinserir-se na sociedade. QUADRO-SÍNTESE pesquisadora comenta que talvez não se devesse acreditar tanto assim na mídia? 5. Traga para ler com a turma o poema Poesia e Mendicidade, de Castro Alves, em que o poeta brasileiro cita a obra de Victor Hugo. Ajude-os a interpretá-lo, estimulando-os a pesquisar quem são os autores aos quais o poema faz referência, como Homero e Dante. 6. Instigue-os a pesquisar um pouco a respeito da vida e obra de Victor Hugo e Castro Alves. Ambos, o europeu e o brasileiro, são vozes do movimento romântico. Explique aos alunos o que foi o Romantismo: suas principais palavras de ordem e opções formais. Durante a leitura 1. Diga a seus alunos que atentem para as notas de rodapé, que ajudam a situar os leitores no entrecruzamento entre o enredo do livro e a história da França. 2. Na apresentação, Marisa Lajolo comenta como Walcyr Carrasco preserva recursos que Victor Hugo explora no livro: o narrador que se dirige diretamente ao leitor, a narrativa não linear, com flashbacks, e a exploração de múltiplas narrativas. Recomende a seus alunos que observem os saltos de tempo, muitas vezes significativos, que sepa- ram os acontecimentos do enredo. 3. Peça a eles que notem, ainda, os recursos de mistério e suspense que o autor utiliza para que o leitor se mantenha preso à narrativa. 4. Solicite que prestem atenção em como muitos dos personagens, em diferentes momentos, assu- mem identidades fictícias e disfarces. Depois da leitura 1. Leia com a classe o texto final de Walcyr Carras- co, em que revela os aspectos que mais lhe tocam na obra de Victor Hugo. Um deles é a transforma- ção do protagonista. Proponha que seus alunos rememorem a obra e procurem lembrar-se quais personagens transformam-se, física, social ou psicologicamente, e quais se mantêm irredutíveis. O que motiva as mudanças em cada caso? 2. Ainda no texto final, Carrasco comenta: “Misé- ria, fome, prisões arbitrárias, tudo isso ainda faz parte da nossa realidade. Quando leio os jornais, encontro histórias tão próximas às dos persona- gens!”. Organize, no período em que a turma estiver lendo o livro, um mural com notícias e reportagens que remetam aos temas do romance. 3. Estimule seus alunos a consultar a tabela que acompanha o livro, em que é possível encontrar uma interessante e extensiva cronologia do lan- çamento do livro e de suas repercussões. Sugira que tentem localizar em bibliotecas algumas das adaptações mencionadas a fim de comparar o estilo de cada adaptador. 4. A obra de Victor Hugo apresenta uma forte crítica ao sistema carcerário: Jean Valijean é preso após roubar um simples pão, se torna realmente um criminoso endurecido apenas depois de passar pelo ambiente brutal da prisão e, ao sair, antes de adotar uma identidade falsa, não consegue sequer uma hospedagem, quanto menos um emprego. Embora a obra tenha sido escrita na França do século XIX, muitas dessas críticas são extremamente pertinentes ao sistema carcerário brasileiro atual. Proponha que seus alunos reali- zem uma pesquisa a respeito das condições en- contradas pelos egressos do nosso sistema penal, atentando para os altos índices de reincidência dos antigos presos, por volta dos 90%. Em segui- da, discuta com eles: em que medida a prisão é um espaço que contribui para a sociabilização do preso, em que medida esse sistema contribui para o aumento da criminalidade e para o isolamento social dessas pessoas? 5. Sugira a leitura do mangá autobiográfico Na prisão, publicado pela editora Conrad do Brasil, em que Kazuichi Hanawa relata o tempo em que esteve preso, em 1994, quando foi detido por porte ilegal de armas. 6. Sugira que seus alunos selecionem, individu- almente, uma passagem da narrativa que lhe tenha parecido significativa e procurem no texto original de Victor Hugo o capítulo corresponden- te, lendo-o e atentando para as diferenças entre o original e a reescritura. Que passagens foram omitidas, que outras foram mantidas por Walcyr Carrasco? 7. Assista com a turma a duas adaptações cine- matográficas diferentes da obra: uma de 1935, dirigida por Richard Boleslawski, distribuída pela Vintage Films, e outra de 1998, com direção de Billie August, distribuída pela Sony Pictures. De que maneira cada uma delas reconta a narrativa? Quais as principais diferenças de tom entre elas? Que passagens são privilegiadas e deixadas de lado em cada uma? 8. No link <http://letras.terra.com.br/les-misera- bles>. Acesso em: 29 jun. 2012) é possível encon- trar letras originais e traduções de músicas do musical Les miserables, além de ainda ouvi-las e, ocasionalmente, ver cenas da montagem. Esti- mule seus alunos a navegar pelo site ouvindo as canções, procurando reconhecer a que passagem do livro elas se referem. De que maneira a fala dos personagens se modifica ao ser transformada em canção? 9. Leia com a classe a transcriação feita por Klévisson Viana, publicada pela editora Nova Alexandria, em que Os miseráveis é transposto Leitor crítico — 8o e 9o anos do Ensino Fundamental PROPOSTAS DE ATIVIDADES Antes da leitura 1. Revele à turma o título do livro. Que diferentes acepções existem para a palavra “miserável”? 2. Leia com eles a cuidadosa e esclarecedora apre- sentação de Marisa Lajolo. Veja se ela acrescenta algo a sua compreensão do título. 3. Marisa Lajolo menciona a “revolução burguesa em 1879”, também conhecida como Revolução Francesa. Estimule os alunos a realizar uma pes- quisa detalhada sobre o assunto. 4. Ainda na apresentação, Marisa escreve: “Numa das passagens de maior suspense do livro, uma das personagens defende a tese de que jornais contam sempre a verdade: não são provas manuscritas, que podem ser forjadas. Mas provas impressas! ‘Tirou um pacote do bolso. Eram dois jornais amarelados pelo tempo’ (ca- pítulo 21, p. 201). Talvez o leitor do século XXI não acredite (e tal- vez nem deva acreditar!) tanto no que escrevem os jornais.” Discuta um pouco a respeito do tema com seus alunos. De que maneira eles se relacionam com o conteúdo veiculado nos jornais? Por que a tradução e adaptação WALCYR CARRASCO Os miseráveis de VICTOR HUGO para a linguagem absolutamente brasileira da literatura de cordel. DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor O Corcunda de Notre-Dame. São Paulo: Leya. O último dia de um condenado. São Paulo: Estação Liberdade. Os trabalhadores do mar. São Paulo: Martin Claret. ◗ de Walcyr Carrasco, tradutor e adaptador Dom Quixote. São Paulo: Moderna. A Dama das Camélias. São Paulo: Moderna. A volta ao mundo em 80 dias. São Paulo: Moderna. Vinte mil léguas submarinas. São Paulo: Moderna. Viagem ao centro da Terra. São Paulo: Moderna. Enc Os miseráveis.indd 1 7/16/12 4:41 PM
  • 6. Gênero: romance. Palavras-chave: sistema carcerário, preconceito, abandono, miséria. Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, História, Artes. Tema transversal: ética. Público-alvo: leitor crítico – 8o e 9o anos do Ensino Fundamental. 5 6 7 UM POUCO SOBRE O AUTOR Victor Hugo nasceu em Besançon, França, em 1802. Considerado um dos maiores nomes da literatura mundial, foi o porta-voz do movimen- to romântico e grande dramaturgo, ensaísta e poeta. Apaixonado, generoso, dedicado exaus- tivamente à arte de escrever, deixou uma obra colossal ao falecer em 1885. Entre seus livros que mais se destacam estão: O Corcunda de Notre- -Dame, Os trabalhadores do mar e Cromwell. Em Os Miseráveis, o autor trata das questões morais e das injustiças sociais com tal maestria, que ainda hoje é um dos romances mais lidos e adaptados para o cinema e para o teatro. UM POUCO SOBRE O TRADUTOR E ADAPTADOR Walcyr Carrasco nasceu em Bernardino de Campos (SP), em 1951, e foi criado em Marília. Depois de cursar jornalismo na USP, trabalhou em redações de jornais, escrevendo desde textos para coluna social até reportagens esportivas. É autor das peças de teatro O terceiro beijo, Uma cama en- tre nós, Batom e Êxtase, sendo que esta última conquistou o prêmio Shell de Teatro, um dos mais importantes do país. Muitos de seus livros infan- tojuvenis já receberam a menção de “Altamente recomendável” da Fundação Nacional do Livro In- fantil e Juvenil. Entre suas obras publicadas, estão: Irmão negro, O garoto da novela, A corrente da vida, O menino narigudo, Estrelas tortas, O anjo linguarudo, Mordidas que podem ser beijos, Em busca de um sonho e A palavra não dita (todos pela Moderna). Também escreveu minisséries e novelas de sucesso, como Xica da Silva, O Cravo e a Rosa, Chocolate com pimenta, Alma gêmea, Sete Pecados, Caras & Bocas e Morde & Assopra. Também se dedica às traduções e adaptações. Além dos livros, Walcyr Carrasco é apaixonado por bichos, por culinária e por artes plásticas. É membro da Academia Paulista de Letras, onde recebeu o título de Imortal. RESENHA Em 2012, centenário do célebre clássico de Victor Hugo, Walcyr Carrasco relança sua adaptação de Os miseráveis, que busca apresentar o texto romântico francês ao jovem leitor brasileiro contemporâneo. Walcyr apresenta-nos a Jean Valjean, o homem misterioso, que, endurecido após passar dezenove anos na prisão por ter furtado um simples pão, transforma-se em um homem honesto, caridoso e íntegro ao presenciar um gesto absolutamente altruísta de um bispo a quem havia roubado. Sempre solitário, o antigo malfeitor assume uma identidade falsa e torna-se um riquíssimo e justo dono de fábrica, prefeito da cidade, aclamado por suas boas ações. Justamente quando assu- me o compromisso de resgatar a filha de uma desventurada e sofrida ex-funcionária, Fantine, é reconhecido pelo inspetor Javert, homem obsessivo que irá persegui-lo implacavelmente. Acaba por ser preso, porém consegue fugir e finalmente resgatar Cosette, a filha de Fantine, que era brutalmente maltratada por um casal de estalajadeiros inescrupulosos. Faz dela sua filha adotiva, ao lado da qual passa viver incógnito em Paris. A menina cresce, torna-se uma bela jovem e acaba se apaixonando por Marius, jovem de origem nobre que decide apoiar a causa repu- blicana e por pouco não morre lutando em uma insurreição popular. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Trata-se de uma bela e competente adaptação de um dos maiores best-sellers da história da litera- tura, que até hoje conta com um sem-número de adaptações. Embora a crítica social apresentada pelo romance seja, em alguma medida, idealiza- da, a obra continua confrontando o leitor com questões ainda absolutamente urgentes e per- tinentes, como a do questionamento do sistema carcerário e da dificuldade que o ex-presidiário encontra para reinserir-se na sociedade. QUADRO-SÍNTESE pesquisadora comenta que talvez não se devesse acreditar tanto assim na mídia? 5. Traga para ler com a turma o poema Poesia e Mendicidade, de Castro Alves, em que o poeta brasileiro cita a obra de Victor Hugo. Ajude-os a interpretá-lo, estimulando-os a pesquisar quem são os autores aos quais o poema faz referência, como Homero e Dante. 6. Instigue-os a pesquisar um pouco a respeito da vida e obra de Victor Hugo e Castro Alves. Ambos, o europeu e o brasileiro, são vozes do movimento romântico. Explique aos alunos o que foi o Romantismo: suas principais palavras de ordem e opções formais. Durante a leitura 1. Diga a seus alunos que atentem para as notas de rodapé, que ajudam a situar os leitores no entrecruzamento entre o enredo do livro e a história da França. 2. Na apresentação, Marisa Lajolo comenta como Walcyr Carrasco preserva recursos que Victor Hugo explora no livro: o narrador que se dirige diretamente ao leitor, a narrativa não linear, com flashbacks, e a exploração de múltiplas narrativas. Recomende a seus alunos que observem os saltos de tempo, muitas vezes significativos, que sepa- ram os acontecimentos do enredo. 3. Peça a eles que notem, ainda, os recursos de mistério e suspense que o autor utiliza para que o leitor se mantenha preso à narrativa. 4. Solicite que prestem atenção em como muitos dos personagens, em diferentes momentos, assu- mem identidades fictícias e disfarces. Depois da leitura 1. Leia com a classe o texto final de Walcyr Carras- co, em que revela os aspectos que mais lhe tocam na obra de Victor Hugo. Um deles é a transforma- ção do protagonista. Proponha que seus alunos rememorem a obra e procurem lembrar-se quais personagens transformam-se, física, social ou psicologicamente, e quais se mantêm irredutíveis. O que motiva as mudanças em cada caso? 2. Ainda no texto final, Carrasco comenta: “Misé- ria, fome, prisões arbitrárias, tudo isso ainda faz parte da nossa realidade. Quando leio os jornais, encontro histórias tão próximas às dos persona- gens!”. Organize, no período em que a turma estiver lendo o livro, um mural com notícias e reportagens que remetam aos temas do romance. 3. Estimule seus alunos a consultar a tabela que acompanha o livro, em que é possível encontrar uma interessante e extensiva cronologia do lan- çamento do livro e de suas repercussões. Sugira que tentem localizar em bibliotecas algumas das adaptações mencionadas a fim de comparar o estilo de cada adaptador. 4. A obra de Victor Hugo apresenta uma forte crítica ao sistema carcerário: Jean Valijean é preso após roubar um simples pão, se torna realmente um criminoso endurecido apenas depois de passar pelo ambiente brutal da prisão e, ao sair, antes de adotar uma identidade falsa, não consegue sequer uma hospedagem, quanto menos um emprego. Embora a obra tenha sido escrita na França do século XIX, muitas dessas críticas são extremamente pertinentes ao sistema carcerário brasileiro atual. Proponha que seus alunos reali- zem uma pesquisa a respeito das condições en- contradas pelos egressos do nosso sistema penal, atentando para os altos índices de reincidência dos antigos presos, por volta dos 90%. Em segui- da, discuta com eles: em que medida a prisão é um espaço que contribui para a sociabilização do preso, em que medida esse sistema contribui para o aumento da criminalidade e para o isolamento social dessas pessoas? 5. Sugira a leitura do mangá autobiográfico Na prisão, publicado pela editora Conrad do Brasil, em que Kazuichi Hanawa relata o tempo em que esteve preso, em 1994, quando foi detido por porte ilegal de armas. 6. Sugira que seus alunos selecionem, individu- almente, uma passagem da narrativa que lhe tenha parecido significativa e procurem no texto original de Victor Hugo o capítulo corresponden- te, lendo-o e atentando para as diferenças entre o original e a reescritura. Que passagens foram omitidas, que outras foram mantidas por Walcyr Carrasco? 7. Assista com a turma a duas adaptações cine- matográficas diferentes da obra: uma de 1935, dirigida por Richard Boleslawski, distribuída pela Vintage Films, e outra de 1998, com direção de Billie August, distribuída pela Sony Pictures. De que maneira cada uma delas reconta a narrativa? Quais as principais diferenças de tom entre elas? Que passagens são privilegiadas e deixadas de lado em cada uma? 8. No link <http://letras.terra.com.br/les-misera- bles>. Acesso em: 29 jun. 2012) é possível encon- trar letras originais e traduções de músicas do musical Les miserables, além de ainda ouvi-las e, ocasionalmente, ver cenas da montagem. Esti- mule seus alunos a navegar pelo site ouvindo as canções, procurando reconhecer a que passagem do livro elas se referem. De que maneira a fala dos personagens se modifica ao ser transformada em canção? 9. Leia com a classe a transcriação feita por Klévisson Viana, publicada pela editora Nova Alexandria, em que Os miseráveis é transposto Leitor crítico — 8o e 9o anos do Ensino Fundamental PROPOSTAS DE ATIVIDADES Antes da leitura 1. Revele à turma o título do livro. Que diferentes acepções existem para a palavra “miserável”? 2. Leia com eles a cuidadosa e esclarecedora apre- sentação de Marisa Lajolo. Veja se ela acrescenta algo a sua compreensão do título. 3. Marisa Lajolo menciona a “revolução burguesa em 1879”, também conhecida como Revolução Francesa. Estimule os alunos a realizar uma pes- quisa detalhada sobre o assunto. 4. Ainda na apresentação, Marisa escreve: “Numa das passagens de maior suspense do livro, uma das personagens defende a tese de que jornais contam sempre a verdade: não são provas manuscritas, que podem ser forjadas. Mas provas impressas! ‘Tirou um pacote do bolso. Eram dois jornais amarelados pelo tempo’ (ca- pítulo 21, p. 201). Talvez o leitor do século XXI não acredite (e tal- vez nem deva acreditar!) tanto no que escrevem os jornais.” Discuta um pouco a respeito do tema com seus alunos. De que maneira eles se relacionam com o conteúdo veiculado nos jornais? Por que a tradução e adaptação WALCYR CARRASCO Os miseráveis de VICTOR HUGO para a linguagem absolutamente brasileira da literatura de cordel. DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor O Corcunda de Notre-Dame. São Paulo: Leya. O último dia de um condenado. São Paulo: Estação Liberdade. Os trabalhadores do mar. São Paulo: Martin Claret. ◗ de Walcyr Carrasco, tradutor e adaptador Dom Quixote. São Paulo: Moderna. A Dama das Camélias. São Paulo: Moderna. A volta ao mundo em 80 dias. São Paulo: Moderna. Vinte mil léguas submarinas. São Paulo: Moderna. Viagem ao centro da Terra. São Paulo: Moderna. Enc Os miseráveis.indd 1 7/16/12 4:41 PM
  • 7. Gênero: romance. Palavras-chave: sistema carcerário, preconceito, abandono, miséria. Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, História, Artes. Tema transversal: ética. Público-alvo: leitor crítico – 8o e 9o anos do Ensino Fundamental. 5 6 7 UM POUCO SOBRE O AUTOR Victor Hugo nasceu em Besançon, França, em 1802. Considerado um dos maiores nomes da literatura mundial, foi o porta-voz do movimen- to romântico e grande dramaturgo, ensaísta e poeta. Apaixonado, generoso, dedicado exaus- tivamente à arte de escrever, deixou uma obra colossal ao falecer em 1885. Entre seus livros que mais se destacam estão: O Corcunda de Notre- -Dame, Os trabalhadores do mar e Cromwell. Em Os Miseráveis, o autor trata das questões morais e das injustiças sociais com tal maestria, que ainda hoje é um dos romances mais lidos e adaptados para o cinema e para o teatro. UM POUCO SOBRE O TRADUTOR E ADAPTADOR Walcyr Carrasco nasceu em Bernardino de Campos (SP), em 1951, e foi criado em Marília. Depois de cursar jornalismo na USP, trabalhou em redações de jornais, escrevendo desde textos para coluna social até reportagens esportivas. É autor das peças de teatro O terceiro beijo, Uma cama en- tre nós, Batom e Êxtase, sendo que esta última conquistou o prêmio Shell de Teatro, um dos mais importantes do país. Muitos de seus livros infan- tojuvenis já receberam a menção de “Altamente recomendável” da Fundação Nacional do Livro In- fantil e Juvenil. Entre suas obras publicadas, estão: Irmão negro, O garoto da novela, A corrente da vida, O menino narigudo, Estrelas tortas, O anjo linguarudo, Mordidas que podem ser beijos, Em busca de um sonho e A palavra não dita (todos pela Moderna). Também escreveu minisséries e novelas de sucesso, como Xica da Silva, O Cravo e a Rosa, Chocolate com pimenta, Alma gêmea, Sete Pecados, Caras & Bocas e Morde & Assopra. Também se dedica às traduções e adaptações. Além dos livros, Walcyr Carrasco é apaixonado por bichos, por culinária e por artes plásticas. É membro da Academia Paulista de Letras, onde recebeu o título de Imortal. RESENHA Em 2012, centenário do célebre clássico de Victor Hugo, Walcyr Carrasco relança sua adaptação de Os miseráveis, que busca apresentar o texto romântico francês ao jovem leitor brasileiro contemporâneo. Walcyr apresenta-nos a Jean Valjean, o homem misterioso, que, endurecido após passar dezenove anos na prisão por ter furtado um simples pão, transforma-se em um homem honesto, caridoso e íntegro ao presenciar um gesto absolutamente altruísta de um bispo a quem havia roubado. Sempre solitário, o antigo malfeitor assume uma identidade falsa e torna-se um riquíssimo e justo dono de fábrica, prefeito da cidade, aclamado por suas boas ações. Justamente quando assu- me o compromisso de resgatar a filha de uma desventurada e sofrida ex-funcionária, Fantine, é reconhecido pelo inspetor Javert, homem obsessivo que irá persegui-lo implacavelmente. Acaba por ser preso, porém consegue fugir e finalmente resgatar Cosette, a filha de Fantine, que era brutalmente maltratada por um casal de estalajadeiros inescrupulosos. Faz dela sua filha adotiva, ao lado da qual passa viver incógnito em Paris. A menina cresce, torna-se uma bela jovem e acaba se apaixonando por Marius, jovem de origem nobre que decide apoiar a causa repu- blicana e por pouco não morre lutando em uma insurreição popular. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Trata-se de uma bela e competente adaptação de um dos maiores best-sellers da história da litera- tura, que até hoje conta com um sem-número de adaptações. Embora a crítica social apresentada pelo romance seja, em alguma medida, idealiza- da, a obra continua confrontando o leitor com questões ainda absolutamente urgentes e per- tinentes, como a do questionamento do sistema carcerário e da dificuldade que o ex-presidiário encontra para reinserir-se na sociedade. QUADRO-SÍNTESE pesquisadora comenta que talvez não se devesse acreditar tanto assim na mídia? 5. Traga para ler com a turma o poema Poesia e Mendicidade, de Castro Alves, em que o poeta brasileiro cita a obra de Victor Hugo. Ajude-os a interpretá-lo, estimulando-os a pesquisar quem são os autores aos quais o poema faz referência, como Homero e Dante. 6. Instigue-os a pesquisar um pouco a respeito da vida e obra de Victor Hugo e Castro Alves. Ambos, o europeu e o brasileiro, são vozes do movimento romântico. Explique aos alunos o que foi o Romantismo: suas principais palavras de ordem e opções formais. Durante a leitura 1. Diga a seus alunos que atentem para as notas de rodapé, que ajudam a situar os leitores no entrecruzamento entre o enredo do livro e a história da França. 2. Na apresentação, Marisa Lajolo comenta como Walcyr Carrasco preserva recursos que Victor Hugo explora no livro: o narrador que se dirige diretamente ao leitor, a narrativa não linear, com flashbacks, e a exploração de múltiplas narrativas. Recomende a seus alunos que observem os saltos de tempo, muitas vezes significativos, que sepa- ram os acontecimentos do enredo. 3. Peça a eles que notem, ainda, os recursos de mistério e suspense que o autor utiliza para que o leitor se mantenha preso à narrativa. 4. Solicite que prestem atenção em como muitos dos personagens, em diferentes momentos, assu- mem identidades fictícias e disfarces. Depois da leitura 1. Leia com a classe o texto final de Walcyr Carras- co, em que revela os aspectos que mais lhe tocam na obra de Victor Hugo. Um deles é a transforma- ção do protagonista. Proponha que seus alunos rememorem a obra e procurem lembrar-se quais personagens transformam-se, física, social ou psicologicamente, e quais se mantêm irredutíveis. O que motiva as mudanças em cada caso? 2. Ainda no texto final, Carrasco comenta: “Misé- ria, fome, prisões arbitrárias, tudo isso ainda faz parte da nossa realidade. Quando leio os jornais, encontro histórias tão próximas às dos persona- gens!”. Organize, no período em que a turma estiver lendo o livro, um mural com notícias e reportagens que remetam aos temas do romance. 3. Estimule seus alunos a consultar a tabela que acompanha o livro, em que é possível encontrar uma interessante e extensiva cronologia do lan- çamento do livro e de suas repercussões. Sugira que tentem localizar em bibliotecas algumas das adaptações mencionadas a fim de comparar o estilo de cada adaptador. 4. A obra de Victor Hugo apresenta uma forte crítica ao sistema carcerário: Jean Valijean é preso após roubar um simples pão, se torna realmente um criminoso endurecido apenas depois de passar pelo ambiente brutal da prisão e, ao sair, antes de adotar uma identidade falsa, não consegue sequer uma hospedagem, quanto menos um emprego. Embora a obra tenha sido escrita na França do século XIX, muitas dessas críticas são extremamente pertinentes ao sistema carcerário brasileiro atual. Proponha que seus alunos reali- zem uma pesquisa a respeito das condições en- contradas pelos egressos do nosso sistema penal, atentando para os altos índices de reincidência dos antigos presos, por volta dos 90%. Em segui- da, discuta com eles: em que medida a prisão é um espaço que contribui para a sociabilização do preso, em que medida esse sistema contribui para o aumento da criminalidade e para o isolamento social dessas pessoas? 5. Sugira a leitura do mangá autobiográfico Na prisão, publicado pela editora Conrad do Brasil, em que Kazuichi Hanawa relata o tempo em que esteve preso, em 1994, quando foi detido por porte ilegal de armas. 6. Sugira que seus alunos selecionem, individu- almente, uma passagem da narrativa que lhe tenha parecido significativa e procurem no texto original de Victor Hugo o capítulo corresponden- te, lendo-o e atentando para as diferenças entre o original e a reescritura. Que passagens foram omitidas, que outras foram mantidas por Walcyr Carrasco? 7. Assista com a turma a duas adaptações cine- matográficas diferentes da obra: uma de 1935, dirigida por Richard Boleslawski, distribuída pela Vintage Films, e outra de 1998, com direção de Billie August, distribuída pela Sony Pictures. De que maneira cada uma delas reconta a narrativa? Quais as principais diferenças de tom entre elas? Que passagens são privilegiadas e deixadas de lado em cada uma? 8. No link <http://letras.terra.com.br/les-misera- bles>. Acesso em: 29 jun. 2012) é possível encon- trar letras originais e traduções de músicas do musical Les miserables, além de ainda ouvi-las e, ocasionalmente, ver cenas da montagem. Esti- mule seus alunos a navegar pelo site ouvindo as canções, procurando reconhecer a que passagem do livro elas se referem. De que maneira a fala dos personagens se modifica ao ser transformada em canção? 9. Leia com a classe a transcriação feita por Klévisson Viana, publicada pela editora Nova Alexandria, em que Os miseráveis é transposto Leitor crítico — 8o e 9o anos do Ensino Fundamental PROPOSTAS DE ATIVIDADES Antes da leitura 1. Revele à turma o título do livro. Que diferentes acepções existem para a palavra “miserável”? 2. Leia com eles a cuidadosa e esclarecedora apre- sentação de Marisa Lajolo. Veja se ela acrescenta algo a sua compreensão do título. 3. Marisa Lajolo menciona a “revolução burguesa em 1879”, também conhecida como Revolução Francesa. Estimule os alunos a realizar uma pes- quisa detalhada sobre o assunto. 4. Ainda na apresentação, Marisa escreve: “Numa das passagens de maior suspense do livro, uma das personagens defende a tese de que jornais contam sempre a verdade: não são provas manuscritas, que podem ser forjadas. Mas provas impressas! ‘Tirou um pacote do bolso. Eram dois jornais amarelados pelo tempo’ (ca- pítulo 21, p. 201). Talvez o leitor do século XXI não acredite (e tal- vez nem deva acreditar!) tanto no que escrevem os jornais.” Discuta um pouco a respeito do tema com seus alunos. De que maneira eles se relacionam com o conteúdo veiculado nos jornais? Por que a tradução e adaptação WALCYR CARRASCO Os miseráveis de VICTOR HUGO para a linguagem absolutamente brasileira da literatura de cordel. DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor O Corcunda de Notre-Dame. São Paulo: Leya. O último dia de um condenado. São Paulo: Estação Liberdade. Os trabalhadores do mar. São Paulo: Martin Claret. ◗ de Walcyr Carrasco, tradutor e adaptador Dom Quixote. São Paulo: Moderna. A Dama das Camélias. São Paulo: Moderna. A volta ao mundo em 80 dias. São Paulo: Moderna. Vinte mil léguas submarinas. São Paulo: Moderna. Viagem ao centro da Terra. São Paulo: Moderna. Enc Os miseráveis.indd 1 7/16/12 4:41 PM
  • 8. Gênero: romance. Palavras-chave: sistema carcerário, preconceito, abandono, miséria. Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, História, Artes. Tema transversal: ética. Público-alvo: leitor crítico – 8o e 9o anos do Ensino Fundamental. 5 6 7 UM POUCO SOBRE O AUTOR Victor Hugo nasceu em Besançon, França, em 1802. Considerado um dos maiores nomes da literatura mundial, foi o porta-voz do movimen- to romântico e grande dramaturgo, ensaísta e poeta. Apaixonado, generoso, dedicado exaus- tivamente à arte de escrever, deixou uma obra colossal ao falecer em 1885. Entre seus livros que mais se destacam estão: O Corcunda de Notre- -Dame, Os trabalhadores do mar e Cromwell. Em Os Miseráveis, o autor trata das questões morais e das injustiças sociais com tal maestria, que ainda hoje é um dos romances mais lidos e adaptados para o cinema e para o teatro. UM POUCO SOBRE O TRADUTOR E ADAPTADOR Walcyr Carrasco nasceu em Bernardino de Campos (SP), em 1951, e foi criado em Marília. Depois de cursar jornalismo na USP, trabalhou em redações de jornais, escrevendo desde textos para coluna social até reportagens esportivas. É autor das peças de teatro O terceiro beijo, Uma cama en- tre nós, Batom e Êxtase, sendo que esta última conquistou o prêmio Shell de Teatro, um dos mais importantes do país. Muitos de seus livros infan- tojuvenis já receberam a menção de “Altamente recomendável” da Fundação Nacional do Livro In- fantil e Juvenil. Entre suas obras publicadas, estão: Irmão negro, O garoto da novela, A corrente da vida, O menino narigudo, Estrelas tortas, O anjo linguarudo, Mordidas que podem ser beijos, Em busca de um sonho e A palavra não dita (todos pela Moderna). Também escreveu minisséries e novelas de sucesso, como Xica da Silva, O Cravo e a Rosa, Chocolate com pimenta, Alma gêmea, Sete Pecados, Caras & Bocas e Morde & Assopra. Também se dedica às traduções e adaptações. Além dos livros, Walcyr Carrasco é apaixonado por bichos, por culinária e por artes plásticas. É membro da Academia Paulista de Letras, onde recebeu o título de Imortal. RESENHA Em 2012, centenário do célebre clássico de Victor Hugo, Walcyr Carrasco relança sua adaptação de Os miseráveis, que busca apresentar o texto romântico francês ao jovem leitor brasileiro contemporâneo. Walcyr apresenta-nos a Jean Valjean, o homem misterioso, que, endurecido após passar dezenove anos na prisão por ter furtado um simples pão, transforma-se em um homem honesto, caridoso e íntegro ao presenciar um gesto absolutamente altruísta de um bispo a quem havia roubado. Sempre solitário, o antigo malfeitor assume uma identidade falsa e torna-se um riquíssimo e justo dono de fábrica, prefeito da cidade, aclamado por suas boas ações. Justamente quando assu- me o compromisso de resgatar a filha de uma desventurada e sofrida ex-funcionária, Fantine, é reconhecido pelo inspetor Javert, homem obsessivo que irá persegui-lo implacavelmente. Acaba por ser preso, porém consegue fugir e finalmente resgatar Cosette, a filha de Fantine, que era brutalmente maltratada por um casal de estalajadeiros inescrupulosos. Faz dela sua filha adotiva, ao lado da qual passa viver incógnito em Paris. A menina cresce, torna-se uma bela jovem e acaba se apaixonando por Marius, jovem de origem nobre que decide apoiar a causa repu- blicana e por pouco não morre lutando em uma insurreição popular. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Trata-se de uma bela e competente adaptação de um dos maiores best-sellers da história da litera- tura, que até hoje conta com um sem-número de adaptações. Embora a crítica social apresentada pelo romance seja, em alguma medida, idealiza- da, a obra continua confrontando o leitor com questões ainda absolutamente urgentes e per- tinentes, como a do questionamento do sistema carcerário e da dificuldade que o ex-presidiário encontra para reinserir-se na sociedade. QUADRO-SÍNTESE pesquisadora comenta que talvez não se devesse acreditar tanto assim na mídia? 5. Traga para ler com a turma o poema Poesia e Mendicidade, de Castro Alves, em que o poeta brasileiro cita a obra de Victor Hugo. Ajude-os a interpretá-lo, estimulando-os a pesquisar quem são os autores aos quais o poema faz referência, como Homero e Dante. 6. Instigue-os a pesquisar um pouco a respeito da vida e obra de Victor Hugo e Castro Alves. Ambos, o europeu e o brasileiro, são vozes do movimento romântico. Explique aos alunos o que foi o Romantismo: suas principais palavras de ordem e opções formais. Durante a leitura 1. Diga a seus alunos que atentem para as notas de rodapé, que ajudam a situar os leitores no entrecruzamento entre o enredo do livro e a história da França. 2. Na apresentação, Marisa Lajolo comenta como Walcyr Carrasco preserva recursos que Victor Hugo explora no livro: o narrador que se dirige diretamente ao leitor, a narrativa não linear, com flashbacks, e a exploração de múltiplas narrativas. Recomende a seus alunos que observem os saltos de tempo, muitas vezes significativos, que sepa- ram os acontecimentos do enredo. 3. Peça a eles que notem, ainda, os recursos de mistério e suspense que o autor utiliza para que o leitor se mantenha preso à narrativa. 4. Solicite que prestem atenção em como muitos dos personagens, em diferentes momentos, assu- mem identidades fictícias e disfarces. Depois da leitura 1. Leia com a classe o texto final de Walcyr Carras- co, em que revela os aspectos que mais lhe tocam na obra de Victor Hugo. Um deles é a transforma- ção do protagonista. Proponha que seus alunos rememorem a obra e procurem lembrar-se quais personagens transformam-se, física, social ou psicologicamente, e quais se mantêm irredutíveis. O que motiva as mudanças em cada caso? 2. Ainda no texto final, Carrasco comenta: “Misé- ria, fome, prisões arbitrárias, tudo isso ainda faz parte da nossa realidade. Quando leio os jornais, encontro histórias tão próximas às dos persona- gens!”. Organize, no período em que a turma estiver lendo o livro, um mural com notícias e reportagens que remetam aos temas do romance. 3. Estimule seus alunos a consultar a tabela que acompanha o livro, em que é possível encontrar uma interessante e extensiva cronologia do lan- çamento do livro e de suas repercussões. Sugira que tentem localizar em bibliotecas algumas das adaptações mencionadas a fim de comparar o estilo de cada adaptador. 4. A obra de Victor Hugo apresenta uma forte crítica ao sistema carcerário: Jean Valijean é preso após roubar um simples pão, se torna realmente um criminoso endurecido apenas depois de passar pelo ambiente brutal da prisão e, ao sair, antes de adotar uma identidade falsa, não consegue sequer uma hospedagem, quanto menos um emprego. Embora a obra tenha sido escrita na França do século XIX, muitas dessas críticas são extremamente pertinentes ao sistema carcerário brasileiro atual. Proponha que seus alunos reali- zem uma pesquisa a respeito das condições en- contradas pelos egressos do nosso sistema penal, atentando para os altos índices de reincidência dos antigos presos, por volta dos 90%. Em segui- da, discuta com eles: em que medida a prisão é um espaço que contribui para a sociabilização do preso, em que medida esse sistema contribui para o aumento da criminalidade e para o isolamento social dessas pessoas? 5. Sugira a leitura do mangá autobiográfico Na prisão, publicado pela editora Conrad do Brasil, em que Kazuichi Hanawa relata o tempo em que esteve preso, em 1994, quando foi detido por porte ilegal de armas. 6. Sugira que seus alunos selecionem, individu- almente, uma passagem da narrativa que lhe tenha parecido significativa e procurem no texto original de Victor Hugo o capítulo corresponden- te, lendo-o e atentando para as diferenças entre o original e a reescritura. Que passagens foram omitidas, que outras foram mantidas por Walcyr Carrasco? 7. Assista com a turma a duas adaptações cine- matográficas diferentes da obra: uma de 1935, dirigida por Richard Boleslawski, distribuída pela Vintage Films, e outra de 1998, com direção de Billie August, distribuída pela Sony Pictures. De que maneira cada uma delas reconta a narrativa? Quais as principais diferenças de tom entre elas? Que passagens são privilegiadas e deixadas de lado em cada uma? 8. No link <http://letras.terra.com.br/les-misera- bles>. Acesso em: 29 jun. 2012) é possível encon- trar letras originais e traduções de músicas do musical Les miserables, além de ainda ouvi-las e, ocasionalmente, ver cenas da montagem. Esti- mule seus alunos a navegar pelo site ouvindo as canções, procurando reconhecer a que passagem do livro elas se referem. De que maneira a fala dos personagens se modifica ao ser transformada em canção? 9. Leia com a classe a transcriação feita por Klévisson Viana, publicada pela editora Nova Alexandria, em que Os miseráveis é transposto Leitor crítico — 8o e 9o anos do Ensino Fundamental PROPOSTAS DE ATIVIDADES Antes da leitura 1. Revele à turma o título do livro. Que diferentes acepções existem para a palavra “miserável”? 2. Leia com eles a cuidadosa e esclarecedora apre- sentação de Marisa Lajolo. Veja se ela acrescenta algo a sua compreensão do título. 3. Marisa Lajolo menciona a “revolução burguesa em 1879”, também conhecida como Revolução Francesa. Estimule os alunos a realizar uma pes- quisa detalhada sobre o assunto. 4. Ainda na apresentação, Marisa escreve: “Numa das passagens de maior suspense do livro, uma das personagens defende a tese de que jornais contam sempre a verdade: não são provas manuscritas, que podem ser forjadas. Mas provas impressas! ‘Tirou um pacote do bolso. Eram dois jornais amarelados pelo tempo’ (ca- pítulo 21, p. 201). Talvez o leitor do século XXI não acredite (e tal- vez nem deva acreditar!) tanto no que escrevem os jornais.” Discuta um pouco a respeito do tema com seus alunos. De que maneira eles se relacionam com o conteúdo veiculado nos jornais? Por que a tradução e adaptação WALCYR CARRASCO Os miseráveis de VICTOR HUGO para a linguagem absolutamente brasileira da literatura de cordel. DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor O Corcunda de Notre-Dame. São Paulo: Leya. O último dia de um condenado. São Paulo: Estação Liberdade. Os trabalhadores do mar. São Paulo: Martin Claret. ◗ de Walcyr Carrasco, tradutor e adaptador Dom Quixote. São Paulo: Moderna. A Dama das Camélias. São Paulo: Moderna. A volta ao mundo em 80 dias. São Paulo: Moderna. Vinte mil léguas submarinas. São Paulo: Moderna. Viagem ao centro da Terra. São Paulo: Moderna. Enc Os miseráveis.indd 1 7/16/12 4:41 PM