Aqui disponho a estruturação crítica da obra de Maquiavel, O Príncipe, separando-o por capítulos e discutindo ponto a ponto dos temas por ele trabalhado.
2. O Príncipe - Maquiavel
• Biografia:
Niccolò Macchiavelli, nasceu em 3 de maio de 1469, filho de
advogado e poetisa amadora;
Educado em uma ambiente culto e relativamente abastado;
Cresceu na cidade italiana de Florença.
3. O Príncipe - Maquiavel
• Biografia:
Maquiavel consagra-se com a obra O Príncipe, um tratado de como
se deve comportar “o poderoso” para se manter por um longo
período no poder.
Maquiavel se apoiou nas questões de Platão que, condenava a
pleonexia.
Desejo insaciável de mais poder, riqueza e prazer, que atraí várias pessoas.
4. O Príncipe - Maquiavel
• Biografia:
Comenta frequentemente a obsessão pelo poder que cega o
homens e os leva às ruína;
Está atento ao descompasso entre o que se diz e o que se faz
ou ao que se é: Demonstra que o discurso engana;
O discurso engana quem está no poder, quem o formula.
5. O Príncipe - Maquiavel
• Biografia:
▫ Escreve para o Príncipe sobre o Príncipe;
▫ Ensina como sobreviver na selva humana;
▫ Maquiavel foi o compositor de grandes questões e
observações;
▫ Compreende o modus governantes, para ter controle do
poder;
▫ Maquiavel morre em 21 de junho de 1527, pobre e despojado
dos cargos públicos, ao choro de poucos amigos.
7. O Príncipe - Maquiavel
• Cenário:
▫ Renascimento – Fim do Século XV, florescendo no primeiro
quarto do Século XVI.
1. Visa livrar-se das disciplinas intelectuais da Idade Média;
2. O conhecimento não é mais transmitido pelo poder cristão, mas
estudado diretamente na fonte pelos humanistas;
3. Desmistificação dos poderes: Temporal e Espiritual.
8. O príncipe - Maquiavel
• Cenário:
▫ Âmbito Temporal: afirmam-se os grandes Estados monárquicos unificados:
França, Inglaterra e Espanha;
▫ Pretensões rivais ou conciliadas do Papa e do Imperador, são considerados
ridículas;
▫ Homem autossuficiente: o homem é o deus para o homem, exercendo seu
próprio poder criador sobre uma natureza expurgada de raízes religiosas.;
▫ Era das “Contemplações” Era das “Técnicas”.
10. O Príncipe – A Obra
• A Obra:
Título: De Principatibus – Il Principe – O Príncipe
Propõe investigar qual a essência dos principados, de quantas
espécies podem ser, como são conquistados, conservados e
por que se perdem.
11. O Príncipe – A Obra
• A Obra:
▫ Objetivo Geral: Como manter o Poder (e não como fazer o
bem); Busca a razão da política e do Poder – Doença;
▫ A obra não inicia com uma digressão sobre a natureza
humana, a moral, Deus, o bem ou o mal, mas, diretamente
com a natureza dos regimes políticos.
12. O Príncipe – A Obra
• A Obra:
▫ Autonomia das esferas política e social;
▫ O Pressuposto não são as virtudes do cidadão;
▫ Objeto: O que é Soberania? De quantas espécies são? Como
ela é adquirida? Como ela é conservada? Como ela é perdida?
13. O Príncipe – A Obra
• Teses centrais da obra:
1. Não existe Poder sem um Estado Nacional Forte;
2. O verdadeiro Deus da política não é religioso nem moral: é a
correlação de forças;
3. Maquiavel é um autor materialista;
4. O Política é uma disciplina positiva e não normativa;
5. Não há qualquer sentido da História.
14. O Príncipe – A Obra
• Capítulo I: Classificação dos tipos de Estado.
• Capítulos II a XI: Como cada um dos tipos de Estado pode ser
adquirido, conservado e eventualmente perdido.
• Capítulos XII a XIV: Questão Militar: combate às tropas mercenárias.
• Capítulos XV a XXIII: Como o Príncipe comporta-se com relação aos
súditos e amigos.
• Capítulos XXIV a XXVI: Manifesto pela liberação da Itália.
15. O Príncipe – A Obra
Capítulo I: Classificação dos tipos
de Estado
16. O Príncipe – Principais ideias
• Capítulo I: De quantas espécies são os principados e de que
modos são adquiridos
Índice das matérias: Repúblicas X Principados, Hereditário X
Novo, Totalmente Novo X Parcialmente Novo, O costume de
viver X Viver Livre, Adquiridos pelas armas dos outros X
adquiridos por armas próprias, adquiridos pela virtude X
adquiridos pela fortuna.
17. O Príncipe – Principais ideias
Estados
• “Todos os Estados, todos os domínios que tiveram e têm
autoridade sobre os homens foram e são ou repúblicas ou
principados”.
Repúblicas
Estado Hereditários
Principados Novos Inteiramente
Novos
Membros anexados
18. O Príncipe – Principais ideias
• Principados:
Maquiavel não atribui tamanho interesse a esses regimes
hereditários;
1. Demasiados estáveis;
2. Demasiado Fáceis;
3. Basta o Príncipe não ultrapassar em absoluto os limites
estabelecidos pelos antepassados e contemporizar com os
acontecimentos.
19. O Príncipe – Principais ideias
• Principados:
As verdadeiras dificuldades, tanto para aquisição quanto para
conservação, encontram-se nos Principados Novos.
• Dos Principados Novos:
1. Formados a partir de uma outra espécie de governo (Inteiramente
Novos);
2. Adquiridos de recente data e acrescentados a um principado
hereditário (Mistos). Expl.: Nápoles ao Estado de Espanha: o
principado novo e o Estado hereditário formam um novo corpo.
20. O Príncipe – A Obra
Capítulo II a XI: Como cada um dos
tipos de Estado pode ser adquirido,
conservado e eventualmente perdido
21. O Príncipe – Capítulos II a XI
• Capítulo II: Dos Principados hereditários;
• Capítulo III: Dos Principados Mistos;
• Capítulo IV: Por que razão o reino de Dario não se rebelou após a morte de
Alexandre;
• Capítulo V: De que modo governar cidades ou principados que antes viviam sob
leis próprias;
• Capítulo VI: Dos Principados Novos;
• Capítulo VII: Dos que chegam ao principado pelo crime;
• Capítulo VIII: Do principado civil;
• Capítulo IX: Como se deve medir a força dos principados;
• Capítulo X: Dos principados eclesiásticos;
• Capítulo XI: Dos principados eclesiásticos.
22. O Príncipe – Principais ideias
▫ Começa a tratar dos Príncipes;
O Príncipe deve ser INTELIGENTE: tem muito a aprender e
ponderar;
▫ Maquiavel mostra a facilidade de conservação do poder nos Estados
hereditários do que nos novos;
Basta, pois continuar a forma de governar dos antepassados, um governo
firme e conhecido; não é necessário por parte do príncipe conhecimento
profundo sobre o governo, basta que ninguém o questione e leve a público
seu possível fracasso governamental.
23. O Príncipe – Principais ideias
▫ Maquiavel retrata a pessoa do Príncipe;
▫ “Tens como inimigos todos os que ofendeste”;
O príncipe deve ter o cuidado de não ofender senão aos impotentes, se
possível. E, se é obrigado a ofender poderosos, capazes de represálias, que
ao menos seja radical na ofensa.
▫ Denota pela primeira vez na obra a expressão Príncipe Novo:
Prevê problemas especiais;
O príncipe deverá, antes de tudo, agradar;
Faz comparação com o príncipe “natural”.
24. O príncipe – Principais ideias
▫ “O desejo de conquistar é sem dúvida algo de ordinário e
natural, e todo aquele que se entrega a tal desejo quando
possui os meios para realizá-lo, é antes louvado que
censurado, mas formar o desígnio sem poder executá-lo é
incorrer na censura e cometer um erro”.
25. O Príncipe – Principais ideias
• Ter forças suficientes, tanto para conquistar, como para
conservar: Triunfo do mais forte.
“A guerra, as instituições e as regras que lhe dizem respeito são o único
objeto a que um príncipe deve consagrar seus pensamentos e aplicar-se, o único
que lhe convém como ofício; eis o verdadeiro ofício de todo governante. E,
graças a ela, não só os que nasceram príncipes podem manter-se, mas também
os que nasceram simples particulares podem, muitas vezes, tornar-se príncipes.
Foi por haverem negligenciado as armas, preferindo-lhes as doçuras da
indolência, que se tem visto soberanos perderem os seus Estados. Desprezar a
arte da guerra é o primeiro passo para a ruína: possuí-la perfeitamente, eis o
meio de levar-se ao poder”.
26. O Príncipe – Principais ideias
“Os principais fundamentos que têm todos os Estados [...] são as
boas leis e as boas armas”.
Não pode haver boas leis onde não há boas armas;
Mas o que chama Maquiavel boas armas?
1. Boas armas, boas tropas são apenas as que são próprias ao príncipe,
composta de seus cidadãos, de seus súditos, de suas criaturas.
2. Boas tropas: apenas as tropas NACIONAIS.
27. O Príncipe – Principais ideias
4 maneiras para se conquistar o poder, às quais poderão
corresponder diferentes modos de conservar ou perder.
1) Conquista-se pela própria Virtu (por meio de suas próprias armas);
2) Pela fortuna e pelas armas alheias;
3) Por meio de perversidades (velhacarias);
4) Pelo consentimento dos concidadãos.
28. O Príncipe – Principais ideias
Maquiavel irá se interessar, sobretudo, pelos dois primeiros
modos;
Fortuna X Virtu (discutida profundamente no Capítulo XXV)
Energia, vigor, princípios, talento
Sorte (habilidade fora do ser)
29. O Príncipe – Principais ideias
• 1) Os que se tornam príncipes pela própria “virtu” (pelas
próprias armas):
Difícil para se radicar, mas, fácil de se conservar;
Dificuldade: estabelecer novas instituições:
1. Empreendimento obrigatório para fundar o novo regime;
2. Alicerçar a segurança do novo príncipe;
3. Repleto de perigos e incertezas.
30. O príncipe – Principais ideias
“Aquele que se dedica a tal empreendimento tem por inimigos
todos quantos se beneficiavam das instituições antigas, e só acha
tíbios defensores naqueles para quem seriam úteis as novas”.
Tíbios: possuem medo de perder os “favores” gerados no antigo
poder;
Constante ataque entre os que se beneficiam do antigo poder e a
constante defesa dos que atuam no novo poder.
31. O Príncipe – Principais ideias
O Príncipe necessita de meios hábeis para constranger tais
perigos:
“A força é justa quando necessária”
“Todos os profetas armados venceram, desarmados arruinaram-se”.
“Que os povos são naturalmente inconstantes e que, se é fácil persuadi-los
de alguma coisa, é difícil consolidá-los em tal persuasão: portanto, é
preciso dispor as coisas de tal maneira que, ao não crerem mais, seja
possível obrigá-los a crer pela força”.
32. O Príncipe – Principais ideias
“Mas quando os fundadores, sabendo apoiar-se na força,
conservadora das crenças, conseguiram atravessar esses obstáculos
e superar essas dificuldades extremas, quando começaram a ser
venerados e a se libertarem dos invejosos de sua classe,
permaneceram poderosos, tranqüilos, honrados e felizes”.
33. O Príncipe – Principais ideias
• 2) Quanto aos principados novos, conquistados com as armas
alheias, isto é, pela fortuna:
Fácil de se conquistar:
1. Dependem de vontade alheia;
2. Nenhuma dificuldade detém o novo príncipe.
Difícil de se conservar:
1. Dependem da vontade e da fortuna dos que criaram – variáveis;
2. Não possuem forças nem preparo para o poder.
34. O Príncipe – Principais ideias
“A menos que um homem seja dotado de grande espírito e de
grande valor, é pouco provável que, tendo vivido sempre como
simples particular, saiba comandar”.
Estados subitamente formados carecem de raízes profundas e
correm o risco de desmoronarem à primeira tempestade.
“A menos que o Príncipe favorecido pela fortuna se ache dotado
desse grande espírito e desse grande valor, e que saiba preparar-se
imediatamente para conservar o que a fortuna lhe colocou nas
mãos”.
35. O príncipe – Principais ideias
• 3) Conquistados por meio de perversidade (velhacaria)
Maquiavel deprecia essa categoria de conquista:
1. Não exigem nem muita virtu;
2. Nem esplêndidas intervenções de fortuna.
Explos.: 1 – Siciliano Agátocles (simples filho de oleiro, consegue
elevar-se à dignidade de rei de Siracusa); 2 – Oliverotto (se torna
senhor de Fermo, massacrando seu tio materno e os distintos
cidadãos da cidade, por ele convidados a um banquete).
36. O Príncipe – Principais ideias
O interesse essencial de Maquiavel é discutir a Moral, acerca do
bom e do mau emprego da crueldade;
Crueldades bem praticadas X Crueldades mal praticadas
Crueldades Bem praticadas:
São as que se cometem todas ao mesmo tempo, no início do reinado, a fim de
prover à segurança do novo príncipe.
Crueldades Mal praticadas: “Conservar a faca na mão”
São as que se arrastam, se renovam e, pouco numerosas no princípio, se
multiplicam com o tempo em vez de cessarem.
37. O príncipe – Principais ideias
“A tal respeito, é preciso observar que os homens devem ser ou
acariciados ou esmagados; eles se vingam das injúrias leves; não o
podem fazer quando muito grandes; donde se conclui que,
tratando-se de ofender um homem, deve-se fazê-lo de tal maneira
que não se possa temer vingança”.
Maquiavel chama de Remédios Heroicos.
38. O Príncipe – Principais ideias
• 4) A conquista de um principado pelo favor dos concidadãos
Exige alguma fortuna e alguma virtu, mas, nem toda a fortuna e
nem toda a virtu;
Ora é o povo, ora são os grandes que constituem o Príncipe;
Ascende a este principado ou pelo favor do povo ou pelo favor
dos grandes.
39. O príncipe – Principais ideias
Não quer ser comandado nem oprimido
Grandes Príncipe Povo
Comandar e oprimir
40. O Príncipe – principais ideias
“Assim é que o povo constitui um príncipe quando, incapaz de
resistir aos Grandes, coloca toda sua esperança no poder de um
simples particular que haverá de defendê-lo”.
“E também os Grandes, que se sentem incapazes de resistir ao
povo, recorrem ao crédito, à ascendência de um deles,
constituindo-o príncipe a fim de poderem, à sombra de sua
autoridade, continuar a satisfazer seus desejos ambiciosos”.
41. O Príncipe – Principais ideias
Príncipe alçado pelos Grandes:
Julgam seus iguais;
Encontra-se mais dificuldade em manter-se;
Deverá fazer tudo para se reconciliar quanto antes com o povo;
Não terá então amparo mais fiel.
Príncipe alçado pelo povo: Preferência de Maquiavel
O povo é fácil de satisfazer;
Não pedem para oprimir;
Pedem apenas para não serem oprimidos.
42. O Príncipe – Principais ideias
Maquiavel pouco se interessa pelos principados eclesiásticos:
(não compreende, julgando-o enfraquecedor, estranho à virtu)
Conquista-se pela fortuna ou pela virtu, mas, para se conservá-lo não
se precisa de fortuna nem de virtu;
Poder advindo do tradicionalismo religiosos;
Basta o poder das antigas instituições religiosas:
Substitui o bom governo, a dedicação dos súditos, a habilidade, o valor;
“É Deus que os eleva e os conserva”
43. O Príncipe – Principais ideias
• Distinção entre os Estados a conquistar:
1. Principado Despótico;
2. Principado Aristocrático;
3. República.
44. O Príncipe – Principais ideias
• Principados Despóticos:
Governado por um príncipe de quem todos são escravos;
Difícil de conquistar: todos os súditos comprimem-se em redor do
príncipe, e deles nada tem a esperar o estrangeiro;
Fácil conservar: basta extinguir a raça do príncipe, para que não
reste mais ninguém que exerça ascendência sobre o povo; esse povo,
acostumado por definição à obediência, é incapaz de escolher por si
um novo príncipe e de retomar as armas.
45. O príncipe – Principais ideias
• Principado Aristocrático:
Governado por um príncipe assistido pelos Grandes, que conservam
seu poder, não devido ao favor do príncipe, mas em função de sua
própria antiguidade;
Fácil de conquistar: sempre se encontram grandes descontentes,
prontos a abrir caminho ao estrangeiro, facilitando-lhe a vitória;
Difícil de conservar: não é possível, nem satisfazer todos os Grandes,
nem extingui-los de todo: O novo Príncipe perderá essa frágil
conquista “assim que se apresentar a oportunidade”.
46. O Príncipe – Principais ideias
• República: Absolutamente seguro para o novo Príncipe
Vive livre sob suas próprias leis;
Estado extraordinariamente difícil de conquistar;
Existe um princípio de vida bem mais ativo, um ódio bem mais
profundo, um desejo de vingança bem mais ardente, que não deixa,
nem pode deixar um momento em repouso a lembrança da antiga
liberdade.
Meios para domar a indomável liberdade republicana:
O Príncipe residir pessoalmente na região, reprimindo as desordens;
Governar o país pelas próprias leis dos cidadãos, reservando-se o
pagamento de um tributo;
Destruir, aniquilar a antiga e incurável República.
47. O Príncipe – Principais ideias
Renova-se o governo para se aproximar de uma “perfeita”
governabilidade.
Destruir (edificar novas cidades,
desfazer as velhas, renovar as leis)
Três maneiras de conservar um
Estado que vive sob suas Residir (Conhecê-lo, conviver no
próprias Leis
(República)
espaço por suas próprias Leis)
Deixá-lo viver por suas próprias Leis
48. O Príncipe – A Obra
Capítulos XII a XIV: Questão
Militar: combate às tropas
mercenárias
49. O Príncipe – Capítulos XII a XIV
Capítulo XII: De quantas espécies são as milícias, e dos soldados
mercenários;
Capítulo XIII: Dos soldados auxiliares, mistos e próprios;
Capítulo XIV: O que compete a um príncipe acerca da milícia.
50. O Príncipe – Principais ideias
“Os soldados comprados ou tomados de empréstimo não têm outro amor
nem outra razão que os segure em campo a não ser um pouco de soldo,
que não é suficiente para fazer com que queiram morrer por ti”.
Não se pode pagar um homem para fazer o que o faria o amante da
pátria.
“Ninguém vai lutar e morrer pela pátria, nem nobres, nem padres, nem
capitães, nem soldados comprados, pedidos ou tomados de empréstimo.
Ninguém, exceto os próprios patriotas”.
51. O príncipe – Principais ideias
O Estado, tendo por base as armas mercenárias está indefeso frente os
exércitos estrangeiros;
O Príncipe deve possuir uma formação para o comando militar;
“São raros os casos em que não se pode contar com a experiência”.
Recomenda exércitos de campo e caçadas no terreno de batalha:
Estruturação militar na experiência.
52. O Príncipe – A Obra
Capítulos XV a XXIII: Como o
Príncipe comporta-se com relação
aos súditos e amigos.
53. O Príncipe – Capítulos XV a XXIII
Capítulo XV: Daquelas coisas pelas quais os homens, e especialmente os
príncipes, são louvados ou vituperados;
Capítulo XVI: Da liberdade e da parcimônia;
Capítulo XVII: Da crueldade e da piedade; se é melhor ser amado que
temido, ou antes temido que amado;
Capítulo XVIII: De que modo os príncipes devem manter a fé da palavra
dada;
Capítulo XIV: De como se deva evitar o ser desprezado e odiado;
Capítulo XX: Se as fortalezas e muitas outras coisas que a cada dia são
feitas pelos príncipes são úteis ou não;
Capítulo XXI: O que convém a um príncipe para ser estimado;
Capítulo XXII: Dos secretários que os príncipes têm junto de si;
Capítulo XXIII: Como se afastam os aduladores.
54. O Príncipe – Principais ideias
Capítulos mais célebres da obra;
Constituem a essência do “maquiavelismo”;
Maquiavel traça o retrato de corpo inteiro de seu príncipe novo;
Como deve esse príncipe proceder em relação a seus amigos e
súditos? Quais os deveres do Príncipe?
55. O Príncipe – Principais ideias
O Príncipe vive no centro do perigo, sendo acompanhado por dois
receios:
1. Interior de seus Estados e o comportamento de seus súditos;
2. O exterior e os desígnios das potências circundantes.
Infinita distinção entre: a maneira pela qual se vive X o modo
como se deveria viver.
56. O Príncipe – Principais ideias
O Príncipe que quer manter-se como tal deve, aprender a ser ou
não ser bom conforme necessidade;
“Que haveria de mais desejável do que um príncipe que reunisse
todas as boas qualidades, fosse generoso, benfazejo, compassivo,
fiel à sua palavra, firme e corajoso, indulgente, casto, franco,
grave e religioso? Isto, porém, é praticamente impossível, a
condição humana não comporta”.
57. O Príncipe – Principais ideias
Saber distinguir perfeitamente o bem e o mal;
Preferirá o bem, mas recusa fechar os olhos ante o que julga ser a
necessidade do Estado;
Ante o que julga serem as servidões da condição humana;
Para um Príncipe, seria bom ter a reputação de liberal, generoso,
mas, deve evitar usar da clemência inoportunamente.
58. O Príncipe – Principais ideias
“Mais vale ser amado que temido, ou temido que amado?”
Melhor consistiria em ser amado e temido, mas é difícil;
É mais seguro ser temido. Por quê?
1. Os homens são geralmente ingratos, inconstantes, dissimulados, trêmulos
em face dos perigos e ávidos de lucro; enquanto lhes fazeis bem, são
dedicados; oferecem-lhe o sangue, os bens, a vida, os filhos, enquanto o
perigo só se apresenta remotamente, mas quando este se aproxima, bem
depressa se esquivam;
2. Os homens receiam muito menos ofender aquele que se faz amar do que
aquele que se faz temer;
3. O vínculo do amor, rompem-se ao sabor do próprio interesse, enquanto o
temor sustenta-se por um medo do castigo, que jamais os abandona.
59. O Príncipe – Principais ideias
Temor X Ódio
O ódio é grave ao Príncipe e ao Estado;
Toda fortaleza conquistada por um príncipe odiado não se salvará das
conjurações dos súditos;
Para evitar o ódio: “Quintessência do maquiavelismo”
O Príncipe deve ser fiel à palavra;
Atentar-se aos bens dos súditos;
Atentar-se a honra das mulheres;
Agir sempre francamente.
60. O Príncipe – Principais ideias
Homem X Animal: O mito de Quíron e Aquiles.
É necessário a um Príncipe, agir tanto como animal quanto como homem;
É próprio do homem combater pelas leis, regularmente, com lealdade e
fidelidade;
É próprio do animal combater pela força e pela astúcia.
O Príncipe perfeito necessita possuir ambas as naturezas:
Leão X Raposa
Leão: atemorizar os lobos;
Raposa: reconhecer as armadilhas.
61. O Príncipe – Principais ideias
“Se os homens fossem todos bons, não seria necessário este preceito, mas
como são maus, e como não observariam a sua palavra para contigo,
tampouco estás obrigado a observá-la para com eles”.
O Príncipe deve possuir a virtude do parecer, do fazer crer, da
hipocrisia, a onipotência do resultado;
Os homens julgam mais pelos olhos do que pelas mãos
“Todo o mundo, vê o que pareceis, poucos conhecem a fundo o que sois, e
esta minoria não ousará elevar-se contra a opinião da maioria, sustentada
ainda pela majestade do poder soberano”.
62. O Príncipe – Principais ideias
“[...],todos os meios que tiver empregado serão julgados dignos e
louvados por todo o mundo; o vulgar é sempre seduzido pela
aparência e pelo êxito; e não é o vulgar que faz o mundo?”
Basta ao Príncipe seguir certas regras:
Jamais deve tornar poderoso outro príncipe: estaria trabalhando para sua
própria ruína;
Demonstrar-se francamente amigo ou inimigo: demonstrar-se claramente
pró ou contra tal ou qual Estados;
Deve sempre aconselhar-se quando necessário: por vontade própria e não de
terceiros, pois, por vontade alheia deixaria dominar-se facilmente.
63. O príncipe – Principais ideias
Seguindo os Príncipes a tudo que se precede, estará mais seguro que um
príncipe antigo;
Achar-se-á estabelecido com mais firmeza;
Quando julgado virtuoso, conquistam-lhe e prendem-lhe muito mais os
corações do que com os antigos de linhagem, pois, os homens
impressionam-se muito mais com o presente do que com o passado;
Dupla glória:
Ter fundado um Estado novo;
Ter consolidado com boas armas, boas leis, bons aliados e bons exemplos.
Dupla vergonha:
Ter perdido o trono ao qual nascera;
Não possuir prudência.
64. O Príncipe – A Obra
Capítulos XXIV a XXVI: Manifesto
pela liberação da Itália.
65. O Príncipe – Capítulos XXIV a XXVI
Capítulo XXIV: Por que os Príncipes da Itália perderam seus estados;
Capítulo XXV: De quanto pode a fortuna nas coisas humanas e de que
modo se lhe deva resistir;
Capítulo XXVI: Exortação para procurar tomar a Itália e libertá-la das
mãos dos bárbaros.
66. O Príncipe – Principais ideias
Maquiavel revela o grande segredo de sua obra: A Itália;
Amor a pátria que fora dilacerada, subjugada e devastada;
Maquiavel escreve O Príncipe para salvar a Itália;
Uma Itália republicana, herdeira da República romana, pela liberdade
cívica à antiga, possuidor de um exército nacional;
A libertação da Itália sob a forma republicana.
67. O Príncipe – Principais ideias
O Príncipe deve dispor de um papel heroico: “o matador de dragões”, o
“redentor” da Itália;
Mas, quem salvará a Itália?
Os Médicis;
Por quê?
A família dos Médicis era qualificada por sua virtude hereditária, por sua
fortuna, o favor de Deus e o da Igreja, cujo trono atualmente ocupava.
“O Gênio contra a força bárbara – tomará as armas e breve será o
combate – pois o antigo valor – ainda não morreu nos corações
italianos”.
68. O Príncipe – Considerações Finais
O destino da Obra
69. O Príncipe – Considerações Finais
Loureço de Médicis, recebeu O Príncipe em manuscrito, porém, não
devotou a mínima atenção;
Maquiavel não pôde imaginar tamanha repercussão de sua obra;
Em 1531, O Príncipe é impresso, sendo considerado Inofensivo pela
igreja;
A partir de 1550, a obra ganha as sociedades, levando a rumores que
tomará conta do final do Século XVI.
70. O Príncipe – Considerações Finais
Em torno dos conflitos que encobertara o Renascimento, achar-se-ão
envolvidos Maquiavel e sua Obra;
Será considerada, a obra, escrita pelas mãos do demônio: “Old Nick”;
Maquiavel é denunciado, em 1557, pelo papa Paulo IV, e inserido na
lista do índex;
A França o difama como sendo o conselheiro de Catarina de Médicis,
inspirador de sua Corte;
Os termos “maquiavélico” e “maquiavelismo” surgem nesse período,
aderindo o verbo “maquiavelizar”.
71. O Príncipe – Considerações Finais
Nos Séculos XVI, XVII e XVIII por decorrência das sequenciais revoltas
ideológicas e religiosas, buscará entender os escritos de Maquiavel;
Rousseau, No Contrato Social, proporá que Maquiavel simulando dar
orientações aos reis, deu grandes lições aos povos, dizendo ser seu livro
o Livro dos Republicanos;
Napoleão, que domina o Século XIX, aparece a seus inimigos, como a
realização mais perfeita do Príncipe;
Quando no Século XX, O Breve Século, possuem por escopo a Obra de
Maquiavel, valendo-se Benito Mussolini, Hitler e Stalin;
72. O Príncipe – Considerações Finais
O Príncipe é, contudo, uma obra mais comentada que lida;
Cabe indagar, portanto, por quê permeou seus ensinamentos ao longo
da temporalidade? Por quê em pleno Século XXI, após cinco Séculos,
ainda discutimos a obra de Maquiavel?
1. Maquiavel apresentou cruamente o problema das relações entre a Política e
a Moral, “O Príncipe deve estar à frente da moral”;
2. Apresentou profunda cisão e irremediável separação entre Política e Moral;
3. Sua obra permanecerá em debate até o instante em que a humanidade
deixar a vontade pelo poder de lado.
73. Bibliografia
CHEVALLIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas de
Maquiavel a nossos dias. 8ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 2002.
DE GRAZIA, Sebastian. Maquiavel no inferno. São Paulo:
Companhia das Letras, 1993.
MACHIAVELLI, Nicolò. O Príncipe. 3a ed. Totalmente rev. São Paulo:
Martins Fontes, 2004.