O Príncipe de Maquiavel discute como governar diferentes tipos de estado, incluindo principados hereditários, novos e conquistados. Ele argumenta que um príncipe deve ser capaz de dobrar o destino e superar adversidades para manter o poder, usando meios como força militar, astúcia política e simulação quando necessário.
O Príncipe de Maquiavel e o exercício do poder político
1. Maquiavel – O Príncipe (1513)
Dedicatória: ofereço “conhecimento dos atos dos grandes homens...”
Cap. 1 – Tipo de Estado
Estado
República
Principados (Monarquia)
Hereditários
Novos (fundados ou “anexados”)
Cap. 2 – Objetivo: mostrar como principados podem ser governados e preservados.
Principados hereditários: fácil conservação, fácil (o príncipe) ser benquisto – manter o que funciona.
Cap. 3 – Principados mistos (conquistados ou união com antigos)
Dificuldade: “os homens trocam, com boa vontade, de senhor acreditando melhorar...”
Por isso o novo príncipe não deve esquecer-se de demonstrar sua força.
Estados conquistados de cultura próxima – regras: aniquilar a linhagem do antigo príncipe, não mudar
leis nem impostos.
Estados conquistados de cultura distinta – o novo príncipe deve: habitar a província; organizar
colônias; defender os mais fracos e debilitar os mais fortes (“os homens devem ser mimados ou
exterminados”)
Regras gerais: é preciso sempre se antecipar aos problemas;
Exemplo romano: “prover o presente e antecipar o futuro.”
“A guerra é inevitável...”, pois “o desejo de conquistar é natural”.
Cap. 4 – Principados “cuja memória se mantém” – o príncipe pode ser auxiliado por ministros ou nobres
(barões) – ex. Turquia e França. Há mais unidade de comando no primeiro, por isso é mais difícil
conquista-lo. Porém, uma vez conquistado, é fácil conservá-lo. Já na França, é fácil entrar, mas conservar
o poder é muito trabalhoso.
Cap. 5 – Como manter territórios em que antes havia liberdade.
Devastar;
Habitar o território;
Permitir a manutenção das leis e arrecadar tributos.
Nas cidades acostumadas com a liberdade é preciso apoio dos cidadãos. Mas, “na verdade, a garantia
mais segura da posse é a ruína”, pois povo acostumado à liberdade nãoaceita novos senhores
facilmente. É por isso que Maquiavel sustenta que é mais difícil conquistar e conservar o poder em
uma república.
Cap. 6 – “Caminham os homens, em geral, por estradas já trilhadas. Aquele que é prudente, desse modo,
deve escolher os caminhos já percorridos pelos grandes homens, e copiá-los...”
Mérito e boa fortuna virtù e fortuna.Aspecto essencial no trabalho de Maquiavel: a capacidade do
príncipe (governante) em dobrar o destino, superar as adversidades.
Homens meritórios podem conquistar um principado com dificuldade, mas preservam-o com
facilidade.
Cap. 7 – Os principados conquistados pela boa fortuna (sorte/destino) são mais difíceis de manter.
“...os Estados, quando surgem de súbito, assim como as coisas da natureza que evoluem muito
rapidamente, não podem ter nem raízes nem membros simétricos, e aniquilam-se quando advém o
primeiro golpe da adversidade..”
2. César Bórgia (duque Valentino e filho do papa Alexandre VI) – venceu pela força e pela astúcia. Um
exemplo do exercício do poder sem os parâmetros religiosos (diante das adversidades, fez o que
era preciso ser feito para se manter no poder: usou aliados estrangeiros, mentiu, matou,
disseminou o medo para, depois, aparentar piedade, enfim, um político sem parâmetros religiosos
em suas ações).
Cap. 18 – usos da palavra; verdade/mentira na luta política
“...dois modos há de combater: um, pelas leis; outro, pela força”... é por isso que o governante “deve
saber empregar adequadamente o animal e o homem.”
Em relação ao aspecto animal é preciso ter as qualidades da raposa e do leão. É preciso saber
conhecer as armadilhas e atemorizar os inimigos.
Trata-se de uma metáfora para justificar o uso da mentira ou outro ardil similar: “...um
príncipe prudente não pode nem deve manter a palavra dada quando isso lhe é nocivo e
quando aquilo que a determinou não exista mais. Fossem os homens todos bons, esse
preceito [mentir ou não manter uma palavra dada] seria mau. Mas, uma vez que são
pérfidos e que não a manteriam [a palavra dada] a teu respeito, também não te vejas
obrigado a cumpri-la para com eles.”
Nesse sentido, o governante precisa saber ser um bom simulador e dissimulador.
Sempre que preciso o governante precisa saber esconder seus defeitos e fingir ter
as qualidades que se esperam dele. Por isso é possível pensar que Maquiavel já
anunciava algo muito comum atualmente, como o papel desempenhado pelos
marqueteiros na construção de propagandas políticas.