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Pequeno Manual de
    Instruções
       Para o meu mundo da
Perturbação do Espectro do Autismo
Dizem     que comunicar é uma das
mais importantes características do ser
humano.
As     pessoas      transmitem    muitas
emoções com olhos, pelas expressões
faciais, gestos, tons de voz e expressão
corporal.
Para    mim,    olhar alguém nos
olhos significa ser bombardeado
com demasiada informação que
não sou capaz de processar.
Estabelecer contacto visual directo
estimula demasiado o meu cérebro,
e é uma experiência dolorosa para
mim, causa-me muita ansiedade.
Olhar para outra pessoa pode
causar-me irritabilidade, dores de
cabeça, e até ataques de pânico
ou birras (meltdowns).
Por isso, muitas vezes ao falar com
outra pessoa, olhamos para um
ponto      que    transmita   menos
informação, como a boca, o
queixo ou até os ombros.
Dou     muita atenção a pormenores,
mesmo que insignificantes.
Posso descobrir detalhes que passam
despercebidos a outras pessoas, e que
para mim funcionam como “post-its”,
que me ajudam a identificar pessoas,
locais ou objectos.




     Com      essa informação, posso
     reconhecer pessoas, sítios, cheiros,
     sons, texturas, cores, formas,
     reflexos, enfim, tudo o que
     envolva os meus sentidos.
     Tenho muito boa memória.
Muito     barulho descontrola-me, e tapo
muitas vezes os ouvidos para me defender
de todas as informações que os sons
transmitem.
Apesar de conseguir identificar os sons
individualmente, não os consigo interpretar
quando são demasiados - um sítio com
muitos sons, como a rua, por exemplo -
pode ser para mim um lugar hostil e confuso.




Posso, por exemplo, recusar-me a
comer num sítio barulhento, ou
andar a pé na rua, porque tantos
sons ao mesmo tempo assustam-me
muito.
Os meus ouvidos são tão sensíveis
que às vezes ouço sons que as
outras pessoas não ouvem, e
também não gosto de sons muito
agudos      ou    muito   graves.
Também não gosto que falem alto
ou gritem comigo.
Sou  muito esquisito com
a comida…




… e posso rejeitar alimentos sólidos, texturas ou cheiros que me sejam estranhos
ou que me façam impressão.
Por outro lado, e por causa da minha perturbação sensorial,
posso sentir-me atraído e compelido a comer ou mastigar
objectos estranhos, como papel, lápis de cera, livros de
cartão, creme das fraldas, pilhas ou lâmpadas, entre outros.
Gosto muito de brincar e tenho um sentido de
humor muito peculiar.
Às vezes tenho ataques de riso sem razão
aparente – muitas vezes quando estou cansado
ou tenho sono, ou quando vejo um pormenor que
escapa a toda a gente - e sorrio quando vejo
coisas de que gosto ou reconheço.




      Por vezes não entendo brincadeiras, gestos ou
      expressões.
      Gosto que me digam o que se vai passar a seguir
      porque não sei antecipar acontecimentos, e que
      me ensinem devagar, com calma e muita
      paciência, porque experiências novas podem-me
      assustar muito, e um passo mal dado numa
      experiência anterior pode-me deixar algum
      trauma.
Às vezes gosto de me isolar e de me
sentar a balançar o corpo, como se
estivesse a andar de baloiço.
Isso ajuda-me a aliviar o stress, e gosto
de o fazer até me acalmar, ou, em
caso de estar cansado, até dormir.
Às vezes tenho grandes “birras” (meltdowns), porque preciso
                    de descarregar energia e informação excessiva que fui
                    acumulando durante o dia/dias.
                    Não confundam estas “birras” – os meltdowns - com má
                    educação, mau temperamento ou mero capricho:

                    •   Quando tenho um meltdown não vejo se as pessoas se
                        importam com o que estou a fazer, faço-o porque me
                        sinto triste, desconfortável, com excesso de energia,
                        quando quero muito uma coisa e não me consigo fazer
                        compreender, ou até mesmo ao sentir-me doente. Não o
                        faço para chamar de propósito a atenção dos outros.

                    •   Durante um meltdown perco completamente o controlo
                        e posso pôr em causa a minha própria segurança ou a de
                        terceiros. Posso eventualmente bater com os pés no
                        chão, bater com as mãos na minha cabeça, bater com
                        a cabeça na parede, torcer os dedos das mãos dos
                        outros, bater ou morder.

                    •   Os meus meltdowns são grandes e podem durar algumas
                        horas – desaparecem muito devagar – e geralmente
                        nessas alturas não gosto que me toquem ou falem alto
                        comigo.



Em caso de meltdown, removam objectos do sítio onde me encontro e com que
me possa magoar ou magoar os outros.
Posso atirar com coisas ou dar murros ou pontapés nas portas, paredes, esquinas,
mesas, cadeiras, etc.
Se possível, removam todas as pessoas do sítio onde me encontro.
As palavras não me chamam à razão, se me tentar magoar, tentem acalmar-me
pondo-me num baloiço, ou balançando comigo.
Também gosto de ouvir música clássica muito baixinho e estar num quarto com
uma lâmpada que mude de cor, ou um candeeiro que projecte imagens nas
paredes.
Gosto    e procuro a companhia de adultos que me
consigam entender e ajudar.
Quando preciso ou quero alguma coisa, pego na mão
da pessoa e levo-a ao sítio onde a mesma coisa se pode
encontrar. A minha linguagem verbal pode ser
inexistente ou muito reduzida, o som “ahhh” é “água” ou
“dá”, “páá” é “papa” ou “papá” e “bá” é “bola”.
Por vezes tento imitar o que me dizem, e outras vezes
repito o som duas vezes – por exemplo, “bá, bá” é “bola,
bola”.
Às vezes digo “má”, que é “mãe” ou “má”, e digo
claramente “NÃO”. Mas ando a ensaiar!




   Gosto que me cantem       músicas para eu olhar para a
   boca e perceber como é que se emitem os sons.
   Apesar de procurar mais os adultos, também gosto da
   companhia de outros meninos, e eventualmente posso
   tentar brincar com eles, ou pedir-lhe ajuda.
   Outros meninos como eu podem ter uma linguagem muito
   sofisticada.
Portas abertas são um perigo para mim, porque gosto de fugir silenciosamente e sem direcção
definida.
Como não falo, não consigo pedir ajuda, direcções, ou explicar quem sou e quem contactar, e como
não tenho muito sentido de direcção em espaços abertos, tenho dificuldade em encontrar o caminho
de volta.
… posso ser vítima de bullying, por as pessoas não
                           perceberem porque sou assim, e ter comportamentos
Q  uando preciso de ajuda, procuro “estranhos” ou “incomodativos”. de mim, mesmo que sejam estranhos.
                           considerados quem esteja mais perto
                           O simples facto de ir a um supermercado, por exemplo, e
Como não tenho noção de perigo, e não me conseguem explicar o que fazer ou não fazer, confio em
                           dar gritos de alegria por ver coisas novas pode
qualquer pessoa, o que meincomodar grandea
                            põe em              risco. população           comum.
E eu não sei pedir ajuda em situações de de ser protegido destas situações e que
                           Por isso preciso perigo.
Preciso de atenção extrema em sítios minha condição à população geral.
                           divulguem a frequentados por outras pessoas.
Não tenho noção de perigo, e   tenho muita tendência para acidentes, ou de me colocar em
situações potencialmente perigosas, que me podem causar danos físicos ou mesmo a morte.
Uma janela aberta para mim pode ser fascinante e debruço-me para ver uma perspectiva, ou
os passarinhos.
Posso ir para a estrada para ver os carros mais de perto, e uma piscina com água cheia de
reflexos e movimento é para mim ainda mais apelativa do que para os outros meninos.
Gosto de observar coisas novas, e ficar parado a olhar
“para o infinito”.
Essas são as alturas do “semáforo vermelho”, e não gosto que
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Fico muito irritado quando estou concentrado e me
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Gosto de brincar com bolas de ténis, de futebol e até gosto de jogar basquete.
Adoro pintar, seja com lápis, lápis de cera, canetas de
feltro e digitintas.
Às vezes peço ajuda para o fazer e fico muito zangado
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Também gosto muito de plasticina e consigo fazer bolas
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Gosto de bolinhas de sabão, apesar de às vezes não gostar de lhes tocar.
E   gosto mesmo muito de tomar banho e mexer na água!
Adoro andar de baloiço!
E gosto mesmo…

Ando   muito nas pontas dos pés e gosto de
esbracejar, dar saltinhos, e de enrolar o corpo.
Também gosto jogar à apanhada e às escondidas com
um pano.
Sou muito curioso e gosto de aprender coisas novas.
Até já aprendi a espreitar pelos buracos das fechaduras!
Gosto muito de ouvir música e de tocar tambores e piano.
Gosto de borboletas e passarinhos.
Adoro aviões!
Adoro…
Gosto da lua e das estrelas – gosto
do sol, mas faz-me muita impressão
aos olhos.
Às vezes gosto de observar as coisas em posições
estranhas, e descobrir novos pontos de vista!
E gosto de me espreguiçar!
Gosto muito que me apertem as mãos, os
pés, e de abraços apertados quando estou
nervoso.
Também gosto muito de andar descalço.
Gosto de dar cambalhotas, devagarinho para não ter medo, e dar saltos na cama elástica se alguém
me segurar as mãos.
Adoro ter amiguinhos diferentes.
Adoro brincar com     o meu mano -
sentimos muito a falta um do outro,
apesar de às vezes andarmos à bulha!
E   gosto muito da nossa família, e nós somos muito importantes para ela.
Obrigado     me ajudarem a ter um futuro
integrado, seguro, feliz e brilhante!
Créditos:

Imagens:
Pesquisa Google
Os direitos das mesmas direitos pertencem
ao seu autor original.
Apresentação inspirada no livro “All Cats
Have Asperger’s Syndrome”, de Kathy
Hoopmann, nas obras de Daniel Tammet e
de Temple Grandin.

Música:
The Cinematic Orchestra Arrival of
the Birds & Transformation
Os direitos da mesma pertencem
ao seu autor original.

Textos:
Martin&Martin, pais orgulhosos.

Dedicado aos nossos “projectos em
desenvolvimento contínuo, com o
maior amor do mundo.
A todos os profissionais que “nos” e
“os” ajudam e acompanham na
descoberta do Mundo.
A todas as famílias, meninos,
meninas e adultos com
Perturbações do Espectro do
Autismo.




                                            “You is kind. You is smart. You is important.”
                                            (and we love you very, very much!)
                                             Kathryn Stockett, The Help
                                            Nunca se esqueçam disto, e nunca
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Guia para compreender o autismo

  • 1. Pequeno Manual de Instruções Para o meu mundo da Perturbação do Espectro do Autismo
  • 2. Dizem que comunicar é uma das mais importantes características do ser humano. As pessoas transmitem muitas emoções com olhos, pelas expressões faciais, gestos, tons de voz e expressão corporal.
  • 3. Para mim, olhar alguém nos olhos significa ser bombardeado com demasiada informação que não sou capaz de processar. Estabelecer contacto visual directo estimula demasiado o meu cérebro, e é uma experiência dolorosa para mim, causa-me muita ansiedade. Olhar para outra pessoa pode causar-me irritabilidade, dores de cabeça, e até ataques de pânico ou birras (meltdowns). Por isso, muitas vezes ao falar com outra pessoa, olhamos para um ponto que transmita menos informação, como a boca, o queixo ou até os ombros.
  • 4. Dou muita atenção a pormenores, mesmo que insignificantes. Posso descobrir detalhes que passam despercebidos a outras pessoas, e que para mim funcionam como “post-its”, que me ajudam a identificar pessoas, locais ou objectos. Com essa informação, posso reconhecer pessoas, sítios, cheiros, sons, texturas, cores, formas, reflexos, enfim, tudo o que envolva os meus sentidos. Tenho muito boa memória.
  • 5. Muito barulho descontrola-me, e tapo muitas vezes os ouvidos para me defender de todas as informações que os sons transmitem. Apesar de conseguir identificar os sons individualmente, não os consigo interpretar quando são demasiados - um sítio com muitos sons, como a rua, por exemplo - pode ser para mim um lugar hostil e confuso. Posso, por exemplo, recusar-me a comer num sítio barulhento, ou andar a pé na rua, porque tantos sons ao mesmo tempo assustam-me muito. Os meus ouvidos são tão sensíveis que às vezes ouço sons que as outras pessoas não ouvem, e também não gosto de sons muito agudos ou muito graves. Também não gosto que falem alto ou gritem comigo.
  • 6. Sou muito esquisito com a comida… … e posso rejeitar alimentos sólidos, texturas ou cheiros que me sejam estranhos ou que me façam impressão.
  • 7. Por outro lado, e por causa da minha perturbação sensorial, posso sentir-me atraído e compelido a comer ou mastigar objectos estranhos, como papel, lápis de cera, livros de cartão, creme das fraldas, pilhas ou lâmpadas, entre outros.
  • 8. Gosto muito de brincar e tenho um sentido de humor muito peculiar. Às vezes tenho ataques de riso sem razão aparente – muitas vezes quando estou cansado ou tenho sono, ou quando vejo um pormenor que escapa a toda a gente - e sorrio quando vejo coisas de que gosto ou reconheço. Por vezes não entendo brincadeiras, gestos ou expressões. Gosto que me digam o que se vai passar a seguir porque não sei antecipar acontecimentos, e que me ensinem devagar, com calma e muita paciência, porque experiências novas podem-me assustar muito, e um passo mal dado numa experiência anterior pode-me deixar algum trauma.
  • 9. Às vezes gosto de me isolar e de me sentar a balançar o corpo, como se estivesse a andar de baloiço. Isso ajuda-me a aliviar o stress, e gosto de o fazer até me acalmar, ou, em caso de estar cansado, até dormir.
  • 10. Às vezes tenho grandes “birras” (meltdowns), porque preciso de descarregar energia e informação excessiva que fui acumulando durante o dia/dias. Não confundam estas “birras” – os meltdowns - com má educação, mau temperamento ou mero capricho: • Quando tenho um meltdown não vejo se as pessoas se importam com o que estou a fazer, faço-o porque me sinto triste, desconfortável, com excesso de energia, quando quero muito uma coisa e não me consigo fazer compreender, ou até mesmo ao sentir-me doente. Não o faço para chamar de propósito a atenção dos outros. • Durante um meltdown perco completamente o controlo e posso pôr em causa a minha própria segurança ou a de terceiros. Posso eventualmente bater com os pés no chão, bater com as mãos na minha cabeça, bater com a cabeça na parede, torcer os dedos das mãos dos outros, bater ou morder. • Os meus meltdowns são grandes e podem durar algumas horas – desaparecem muito devagar – e geralmente nessas alturas não gosto que me toquem ou falem alto comigo. Em caso de meltdown, removam objectos do sítio onde me encontro e com que me possa magoar ou magoar os outros. Posso atirar com coisas ou dar murros ou pontapés nas portas, paredes, esquinas, mesas, cadeiras, etc. Se possível, removam todas as pessoas do sítio onde me encontro. As palavras não me chamam à razão, se me tentar magoar, tentem acalmar-me pondo-me num baloiço, ou balançando comigo. Também gosto de ouvir música clássica muito baixinho e estar num quarto com uma lâmpada que mude de cor, ou um candeeiro que projecte imagens nas paredes.
  • 11. Gosto e procuro a companhia de adultos que me consigam entender e ajudar. Quando preciso ou quero alguma coisa, pego na mão da pessoa e levo-a ao sítio onde a mesma coisa se pode encontrar. A minha linguagem verbal pode ser inexistente ou muito reduzida, o som “ahhh” é “água” ou “dá”, “páá” é “papa” ou “papá” e “bá” é “bola”. Por vezes tento imitar o que me dizem, e outras vezes repito o som duas vezes – por exemplo, “bá, bá” é “bola, bola”. Às vezes digo “má”, que é “mãe” ou “má”, e digo claramente “NÃO”. Mas ando a ensaiar! Gosto que me cantem músicas para eu olhar para a boca e perceber como é que se emitem os sons. Apesar de procurar mais os adultos, também gosto da companhia de outros meninos, e eventualmente posso tentar brincar com eles, ou pedir-lhe ajuda. Outros meninos como eu podem ter uma linguagem muito sofisticada.
  • 12.
  • 13.
  • 14. Portas abertas são um perigo para mim, porque gosto de fugir silenciosamente e sem direcção definida. Como não falo, não consigo pedir ajuda, direcções, ou explicar quem sou e quem contactar, e como não tenho muito sentido de direcção em espaços abertos, tenho dificuldade em encontrar o caminho de volta.
  • 15. … posso ser vítima de bullying, por as pessoas não perceberem porque sou assim, e ter comportamentos Q uando preciso de ajuda, procuro “estranhos” ou “incomodativos”. de mim, mesmo que sejam estranhos. considerados quem esteja mais perto O simples facto de ir a um supermercado, por exemplo, e Como não tenho noção de perigo, e não me conseguem explicar o que fazer ou não fazer, confio em dar gritos de alegria por ver coisas novas pode qualquer pessoa, o que meincomodar grandea põe em risco. população comum. E eu não sei pedir ajuda em situações de de ser protegido destas situações e que Por isso preciso perigo. Preciso de atenção extrema em sítios minha condição à população geral. divulguem a frequentados por outras pessoas.
  • 16. Não tenho noção de perigo, e tenho muita tendência para acidentes, ou de me colocar em situações potencialmente perigosas, que me podem causar danos físicos ou mesmo a morte. Uma janela aberta para mim pode ser fascinante e debruço-me para ver uma perspectiva, ou os passarinhos. Posso ir para a estrada para ver os carros mais de perto, e uma piscina com água cheia de reflexos e movimento é para mim ainda mais apelativa do que para os outros meninos.
  • 17. Gosto de observar coisas novas, e ficar parado a olhar “para o infinito”. Essas são as alturas do “semáforo vermelho”, e não gosto que me toquem, ou que me interrompam. Fico muito irritado quando estou concentrado e me interrompem!
  • 18.
  • 19.
  • 20. Gosto de brincar com bolas de ténis, de futebol e até gosto de jogar basquete.
  • 21.
  • 22.
  • 23. Adoro pintar, seja com lápis, lápis de cera, canetas de feltro e digitintas. Às vezes peço ajuda para o fazer e fico muito zangado se não me ajudam. Também gosto muito de plasticina e consigo fazer bolas e “cobrinhas”.
  • 24. Gosto de bolinhas de sabão, apesar de às vezes não gostar de lhes tocar.
  • 25. E gosto mesmo muito de tomar banho e mexer na água!
  • 26. Adoro andar de baloiço!
  • 27. E gosto mesmo… Ando muito nas pontas dos pés e gosto de esbracejar, dar saltinhos, e de enrolar o corpo.
  • 28. Também gosto jogar à apanhada e às escondidas com um pano.
  • 29.
  • 30. Sou muito curioso e gosto de aprender coisas novas.
  • 31. Até já aprendi a espreitar pelos buracos das fechaduras!
  • 32. Gosto muito de ouvir música e de tocar tambores e piano.
  • 33. Gosto de borboletas e passarinhos.
  • 36. Gosto da lua e das estrelas – gosto do sol, mas faz-me muita impressão aos olhos.
  • 37.
  • 38.
  • 39. Às vezes gosto de observar as coisas em posições estranhas, e descobrir novos pontos de vista!
  • 40. E gosto de me espreguiçar!
  • 41. Gosto muito que me apertem as mãos, os pés, e de abraços apertados quando estou nervoso. Também gosto muito de andar descalço.
  • 42. Gosto de dar cambalhotas, devagarinho para não ter medo, e dar saltos na cama elástica se alguém me segurar as mãos.
  • 43. Adoro ter amiguinhos diferentes.
  • 44. Adoro brincar com o meu mano - sentimos muito a falta um do outro, apesar de às vezes andarmos à bulha!
  • 45. E gosto muito da nossa família, e nós somos muito importantes para ela.
  • 46. Obrigado me ajudarem a ter um futuro integrado, seguro, feliz e brilhante!
  • 47. Créditos: Imagens: Pesquisa Google Os direitos das mesmas direitos pertencem ao seu autor original. Apresentação inspirada no livro “All Cats Have Asperger’s Syndrome”, de Kathy Hoopmann, nas obras de Daniel Tammet e de Temple Grandin. Música: The Cinematic Orchestra Arrival of the Birds & Transformation Os direitos da mesma pertencem ao seu autor original. Textos: Martin&Martin, pais orgulhosos. Dedicado aos nossos “projectos em desenvolvimento contínuo, com o maior amor do mundo. A todos os profissionais que “nos” e “os” ajudam e acompanham na descoberta do Mundo. A todas as famílias, meninos, meninas e adultos com Perturbações do Espectro do Autismo. “You is kind. You is smart. You is important.” (and we love you very, very much!) Kathryn Stockett, The Help Nunca se esqueçam disto, e nunca acreditem se alguém disser o contrário.