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ANHANGUERA EDUCACIONAL
UNIDADE III
PSICOLOGIA
GUSTAVO HENRIQUE J. S. HJORT
O ATEÍSMO E A ESCOLHA DO SER ATEU
CAMPINAS
2015
GUSTAVO HENRIQUE J. S. HJORT
O ATEÍSMO E A ESCOLHA DO SER ATEU
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Psicologia da Faculdade
Anhanguera de Campinas Unidade III, como
requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Psicologia.
Orientadora:Profa. Ms. Gláucia Telles Sales
CAMPINAS
2015
RESUMO
O objetivo geral deste trabalho foi o de estudar e entender o que é o
ateísmo e as razões que levam a pessoa a optar por ser ateu. Especificamente,
procurou-se levantar a história do ateísmo no mundo. Identificar as razões da
escolha de ser ateu. Analisar as razões identificadas. Citar alguns famosos
expoentes do ateísmo. Pessoalmente, justifica-se pelo fato do autor ser ateu,
por pretender contribuir para que haja uma diminuição do preconceito sobre os
ateus que pelo fato de que o ateísmo é muito discutido, mas pouco estudado.
Foi uma pesquisa qualitativa e, a partir da análise dos dados, pode-se dizer
que do ateísmo, ausência de crença num deus, fazem parte pessoas que
nunca estiveram em uma religião e as que deixaram. A escolha do ateísmo
aparece quando se deparam com sua finitude existencial, que os ateus
aceitam, fazendo o luto pelo pai onipotente, ou seja, Deus. O acumulo de saber
e a insatisfação com as religiões também estão relacionados. Sua existência
vem de vários processos naturais e científicos. Ateus, portanto, são pessoas
que vivem como qualquer um, que fizeram, ou fazem, trabalhos para a
humanidade. As razões que começam quando se lida com a mortalidade,
aceitando este fim, estendem-se ao desencantamento para com as religiões.
Enquanto houver a crença em Deus, existirão os que pedirão provas. Esses
são os ateus.
Palavras-chaves: Ateísmo. Ateu.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................5
2. O ATEÍSMO E AS RAZÕES DO SER ATEU.................................................7
2.1. Ateísmo ao Longo da Historia..................................................................7
2.2. As Razões de Ser Ateu..........................................................................12
2.3. A Identidade e Personalidade no Ateísmo.............................................14
2.4. O Confronto de Religiosos e Ateus........................................................15
2.5. Ateus Famosos......................................................................................17
3. METODOLOGIA...........................................................................................19
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO.............................................................................21
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................24
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..................................................................26
1 INTRODUÇÃO
O ateísmo tem crescido aos poucos, tornando-se mais expressivo no
cenário mundial. Cada vez mais percebe-se debates entre ateus e religiosos
nos rádios, TVs, internet, entre outros meios de comunicação, assim como
notícias sobre discriminação de ateus, ou de religiosos que se sentem
desrespeitados por manifestações de ateus.
Dados apresentados pela revista Mundo Estranho (2012) sobre uma
pesquisa realizada pelo sociólogo norte-americano Phil Zuckerman, afirmam
que 749,2 milhões de pessoas no mundo se dizem ateias. Isso equivale a 11%
da população mundial. A matéria indica a Suécia como sendo o país com o
maior número de ateus na população, em torno de 85%, o equivalente a 7,6
milhões de habitantes de um total de 8,9 milhões. No Brasil, 73% da
população, ou seja, 137 milhões de habitantes são fiéis a alguma religião, ou
possuem algum tipo de crença. Estes dados colocam a cultura do ateísmo
como uma minoria populacional no país.
Mesmo com tal expressividade e aumento populacional, a cultura do
ateísmo, como se conhece hoje, é muito recente na história e o fato de negar-
se qualquer entidade superior, que para muitas pessoas é tão real quanto o ar
que se respira, é um choque tremendo de culturas, uma vez que a grande
maioria das pessoas acredita em algum tipo de divindade. Esse choque cultural
pode gerar um preconceito discriminatório tanto por parte dos religiosos,
quanto dos ateus.
Autores como Freud, Dawkins, Nietzsche e outros colocam a religião
como sendo um mal da sociedade, dando muitas razões para afirmarem isso:
“Quando se trata de questões de religião, os homens tornam-se culpados de
toda forma possível de sinceridade e de todas as maldades intelectuais”.
(FREUD 1958, tomo VI, capitulo 6, p. 345). “Não sou a favor de ofender nem
magoar ninguém sem motivo. Mas fico intrigado e espantado com o privilégio
desproporcional da religião em nossas sociedades ditas laicas”. (DAWKINS
2007, p.53)
Não se deve embelezar nem desculpar o cristianismo: Ele
travou uma guerra de morte contra este tipo de homem
superior, renegou todos os instintos, destilou o mal, o negativo
– o homem forte como tipo censurável, como proscrito. O
cristianismo tomou o partido de tudo o que é fraco, baixo,
incapaz, e transformou em um ideal a oposição aos instintos de
conservação da vida saudável; e até corrompeu a faculdade
daquelas naturezas intelectualmente poderosas, ensinando
que os valores superiores do intelecto não passam de pecados,
desvios e tentações. O mais lamentável exemplo: a concepção
de Pascal, que julgava estar a sua razão corrompida pelo
pecado original; estava corrompida, sim, mas apenas pelo seu
cristianismo. (NIETZSCHE 2008, p. 40)
Da mesma forma, outros autores tratam o ateísmo como uma existência
vazia e, segundo eles, a religião preenche esse vazio existencial.
Quando um dia você ficar velho e, tendo as necessidades
imediatas todas atendidas, então se voltar para a vida interior,
aí bem, se você não souber onde está ou o que é esse centro,
você vai sofrer. (CAMPBELL, 1995,p. 3 e 4)
Esses autores não se posicionam com um favoritismo para os ateus, ou
para os religiosos.
Assim, a presente pesquisa teve, por objetivo geral, estudar e entender
o que é o ateísmo e as razões que levam a pessoa a optar por ser ateu. Para
isso, organizou-se nos seguintes objetivos específicos: levantar a história do
ateísmo no mundo. Identificar as razões da escolha de ser ateu. Analisar as
razões identificadas. Citar alguns famosos expoentes do ateísmo.
O motivo pessoal do autor pela escolha do tema se deve ao seu próprio
ateísmo. Como ateu, tem percebido muita marginalização dos religiosos para
com os ateus e favoritismo do Estado para com as religiões, ao mesmo tempo
em que percebe um crescimento do ateísmo, mas ainda muito lento, em um
mundo ainda fortemente ligado às religiões. Chama a sua atenção a polêmica
que existe sobre este tema em si polêmico, que as pessoas tentam evitar
discutir para não haver conflitos. Mas, pensa que não se trata de provocar
conflitos e sim de estudar e entender mais o tema.
Entende, ainda, que a sua pesquisa pode produzir uma contribuição
social à medida que o autor não só espera aumentar o entendimento dos ateus
sobre si mesmo, mas, da mesma forma, espera conseguir aumentar o
entendimento dos religiosos sobre o que é o ateu e o ateísmo, quem sabe
contribuindo para diminuir a discriminação de muitos religiosos para com os
ateus. Este trabalho, portanto, não planejou denegrir nenhuma religião, ou
mesmo oferecer um favoritismo ao ateísmo.
O ateísmo, embora seja um tema que merece ser muito discutido, é
pouco estudado. Muitas pesquisas, tantos sociais, quanto cientificas,
preocupam-se em estudar as religiões e o seu papel cultural, buscando
entender as razões que fazem alguém aderir a elas, mas poucas se preocupam
em estudar o seu oposto, o ateísmo, e as que o estudam, muitas vezes,
apenas criticam as religiões e seus dogmas, sem explicar o que é o ateísmo,
seu papel cultural e as razões das pessoas que optam por ele.
2 O ATEÍSMO E AS RAZÕES DO SER ATEU
Para o Homo religiosus, o Mundo não é mudo nem opaco, não
é uma coisa inerte sem objetivo e sem significado; o Cosmos
vive e fala. Quão distante está esse Homo religiosus do autor
destas linhas, para quem o mundo é fundamentalmente opaco,
provavelmente sem objetivo e cujo significado é duramente
construído (destruído) por nós mesmos a cada minuto.
(ELIADE, 1996, apud DALGALARRONDO, 2008, p. 17)
Os significados implícito e explícito contidos nas palavras da estrofe
acima já ilustram a dicotomia que existe entre religiosos e ateus, ao menos,
quanto à visão de mundo e, por consequência, da vida.
2.1 Ateísmo ao Longo da Historia
É bastante inserto definir quem foi o primeiro ateu. O termo foi cunhado
na França do séc. XVI, contudo, as ideias e filosofias consideradas ateias
surgiram na antiguidade clássica, segundo Carneiro (2014). Uma coisa é
possível dizer sobre o primeiro ateu: desde que o homem criou a religião e o
mito, quando o primeiro homem duvidou, ou não acreditou na religião e no
mito, esse foi o primeiro ateu.
Na Grécia Antiga, segundo Lopes (2015), o filósofo Diágoras, que viveu
no séc. V a. C., é conhecido como o primeiro ateu, não por ser o primeiro ateu
da história, mas por ser o primeiro pensador grego, ateu, encontrado na
história. Quando Diágoras negou os deuses gregos, publicamente, os
atenienses o expulsaram de sua cidade natal. Outros filósofos ateus,
posteriores a Diágoras, são: Protagoras (480 – 415 a. C), Teodoro (340 – 250
a. C.) e Estratão de Lâmpsaco (340 – 268 a. C.). Mas, com certeza, o mais
famoso filósofo que se declarou ateu, publicamente, registrado pela história, foi
Sócrates (469 – 399 a. C.) que acabou sendo condenado à morte por ter
negado os deuses gregos.
Durante a Idade Média, período em que a Igreja Católica dominava toda
e qualquer forma de conhecimento humano na Europa, era impossível se
afirmar ateu devido à forte repreensão. Qualquer pensamento contrário a suas
ideias era condenado à tortura e à morte, embora Martin (2015) diga que
existiam correntes de pensamento que questionavam as assunções teístas.
Mesmo na Renascença, época após a Idade Média, quando as pesquisas e os
estudos sobre o mundo e o homem foram retomadas e, também, iniciou-se um
rebuscamento das filosofias gregas antigas, era quase impossível se nomear
ateu, ou revelar pesquisas sobre o tema sem repreensão. Nascimento (2015)
diz que Galileu (1564 – 1642), embora não fosse ateu, quase foi morto quando
expôs suas ideias do heliocentrismo que explica que a Terra gira ao redor do
Sol, contrário à ideia geocêntrica dominante, instituída pela Igreja, segundo a
qual a Terra é o centro do universo. Para escapar da condenação, ele teve que
desmentir a sua teoria, correta, que mostrava a religião dando uma
compreensão errada sobre o mundo. Isso mostra o poder que a religião e a
Igreja tinham sobre a ciência e suas descobertas.
Com o aparecimento da Reforma Protestante, que permitiu uma
compreensão do mundo menos dogmática, deu-se início ao Iluminismo,
movimento cientifico e filosófico que surgiu no final do Séc. XVII e que tentava
explicar o mundo pelas leis naturais. Embora ainda houvesse muito a tradição
religiosa, Martin (2015) explica que os primeiro pensadores ateus militantes
começaram a surgir nesse período.
Somente a partir do Séc. XVIII, com a Revolução Francesa, o ateísmo,
como hoje se conhece, pode surgir, uma vez que um dos objetivos da
revolução era a reestruturação da relação do clero com o Estado. Já no Séc.
XIX, com a Revolução Industrial, a ciência estava ampliando seus campos e
confirmando fatos e certos indivíduos da sociedade puderam se declarar ateus,
publicamente. Embora não houvesse uma forte recriminação às pessoas, ainda
se discriminava quem se afirmava ateu. Nesse tempo, o ateísmo ganhou forças
graças aos trabalhos de quatro grandes pensadores da história da
humanidade. São eles:
 Charles Darwin (1809 – 1882), com sua descoberta sobre seleção
natural, a evolução e a publicação da “Origem das Espécies”, onde
explica que os seres vivos surgiram de um processo de seleção natural
e transmissão de caracteres, pondo assim em xeque a visão criacionista
das religiões, mostrando que o homem não é uma criação divina,
apenas um primata evoluído. (SAS, 2015)
 Karl Marx (1818 – 1883) com seus tratados sobre movimentos sociais e
da predominância da materialidade sobre a ideia, mostrando que a
religião e a história nada mais são que um trabalho humano e não
divino. Segundo Gomes (2015), o economista também mostra que a
religião consiste em um mundo fantástico, criado pela mente humana
que tenta dar a certos fenômenos naturais um ar sobrenatural.
 Friedrich Nietzsche (1844 – 1900), em suas obras sobre a transmutação
de valores e desconstrução dos conceitos de verdades e valores, critica
a cultura ocidental e as religiões, mostrando as verdades ocultas sobre
elas. As ideias niilistas do filósofo, segundo Marton (2008) criticam
abertamente as religiões, em especial a cristã, também dizendo,
abertamente, que não há um Deus criador, soberano e absoluto, com
desígnios insondáveis.
 Sigmund Freud (1856 – 1939) e seus trabalhos sobre a mente e o
comportamento humano, tirando a mente do patamar divino e mostrando
que as ações humanas não são regidas por nenhuma divindade, mas,
sim, por fatores do próprio humano. Appignanesi e Zarate (2012) falam
que o psicanalista também mostra que a razão não é algo dado, mas
algo que deve ser batalhado, além de mostrar a religião como um tipo de
neurose obsessiva, que são crenças moldadas pelo desejo.
Estes quatro pensadores definiram a cultura do Séc. XX e permitiram um
maior questionamento religioso, consequentemente, uma maior possibilidade
de aceitação do ateísmo. Mesmo assim, na atualidade, é difícil se proclamar
ateu sem sofrer uma discriminação, pois o mundo, em sua maioria, é religioso,
embora admita que não é preciso Deus para explicar tudo.
Os ateus mais famosos, mesmo hoje, segundo Lopes (2015) continuam
sendo Richard Dawkins, Sam Harris, James Randi, Neil deGrasse Tyson e
Stephen Hawking. Eles tentam promover o desenvolvimento do pensamento
cientifico, além de criticarem atitudes de extremistas religiosos, como
atentados, ou proibição de algum saber científico.
2.2 As Razões de Ser Ateu
As razões que levam uma pessoa a optar pelo ateísmo, de acordo com
os depoimentos postados no site da ATEA (2015), são inúmeras e todas são
pessoais. A pessoa poder ter escolhido ser ateu por raiva das religiões, pela
longa história de tragédias e crueldades que cometeu ao longo da história;
Pode escolher por uma questão de acúmulo de conhecimento, ou seja, estudou
o suficiente a ponto de perceber que não há necessidade de religião, ou de
Deus, para explicar como o mundo funciona; Por descontentamento da própria
fé, encontrou algo irracional e imoral demais para poder suportar e assumir
como verdade, optando por sua negação; Pode ser, ainda, por uma falta de
necessidade, ou seja, viveu de uma forma tal que a religião tornou-se algo
distante de sua vida.
Enfim, existem inúmeros motivos. Cada um é pessoal, podendo ser
únicos, ou iguais. Porém, qual a razão, dentro da psicologia, para uma pessoa
escolher o ateísmo?
Julien (2010), discorrendo sobre a teoria psicanalítica freudiana, diz que
existe um momento na vida das pessoas em que elas se deparam com sua
finitude existencial, chamado pela psicanálise de Hilflosigkeit. Trata-se de um
estado de desamparo, de ausência de ajuda, de carência de recursos, de
derrelição, de abandono. O momento em que a pessoa se depara com os
riscos de viver, incluindo a morte e a tristeza. Em decorrência desse momento,
surge uma segunda experiência, o relembrar da infância, quando havia a
presença de um pai e mãe que sempre ajudavam nas dificuldades. Mas, dá-se
uma onipotência a esse pai e mãe, ou seja, eles são transformados em deuses.
Sendo assim, as pessoas criam deuses e religiões com o propósito de
superarem a angústia da desproteção através da fé em uma existência
onipotente e protetora. As pessoas utilizam, também, dessa existência, como
forma de explicar sua realidade, aliviando a angústia do não saber, pois sendo
uma existência onipotente, ela está além das explicações racionais, não pode
ser negada, tão pouco provada, criando, assim, uma explicação definitiva para
tudo.
A experiência de se deparar com a própria fragilidade diante da vida
ocorre com todos, ateus e não ateus, mas os ateus não criam um pai, ou mãe,
protetores e onipresentes. Não dão explicações divinas sobre a realidade em
que vivem. Julien (2010) explica o ateísmo na psicanálise freudiana como
“morte” do divino, um luto que se faz da autoridade de pai infantil deixando a
pessoa, desse modo, de depender dele.
Esse processo de luto se inicia quando a pessoa começa a possuir
consciência dos fatos sobre sua realidade, as pessoas e sobre si mesmo. A
consciência dos fatos se dá pela busca e assimilação de conhecimentos;
quanto mais as dúvidas que angustiam surgem, mais surge a necessidade de
conhecimento para aliviá-las, uma curiosidade que não tem fim. Resumindo, os
ateus, para solucionarem suas angústias existenciais, substituem o pai
divinizado pela busca de fatos que tirem as dúvidas, consequentemente, tirem
suas angustias, se autodeterminando e aceitando suas fragilidades existenciais
2.3. A Identidade e Personalidade no Ateísmo
De acordo com os textos de Freud (1958), “a cultura é um conjunto de
representações nascidas da necessidade de tornar suportável o desamparo
humano” (p 330). A religião faz parte da cultura e cada cultura possui a sua
forma de religião. Os indivíduos inseridos nas culturas com religiões as usam
como uma forma de fuga da frieza desse mundo. Entretanto, os ateus não
possuem religião, ou algum tipo de divindade. A forma com que lidam com a
frieza do mundo é diferente da forma como lidam à dos indivíduos que seguem
alguma religião. Os ateus, como não têm a religião como amparo, eles aceitam
a fraqueza deles como seres humanos e veem a frieza e o desamparo como
uma forma de se adaptarem ao mundo, ao contrario do que as religiões fazem,
que é destruir o desamparo e a frieza do mundo e fazer o mundo se adaptar a
eles.
Dalgalarrondo (2008) considera que a maioria das pessoas com o perfil
ideológico conservador e com tendência a serem convencionais, estão mais
inclinadas para certas instituições religiosas (mais organizadas e diretivas).
Considera, também, que muitos religiosos ligados a doutrinas muito
conservadoras possuem uma estreiteza intelectual, sugestionabilidade e
personalidades rígidas. Tendo os ateus como um extremo oposto aos religioso,
pode-se considerar que a maioria das pessoas que tenham menos ideologias
conservadoras, ou nenhuma, e com pouca tendência a serem convencionais,
tenham maior inclinação para o ateísmo. Da mesma forma, pode-se dizer que
muitos ateus possuam opiniões pouco conservadoras, um alargamento
intelectual, baixa sugestionabilidade e personalidades mais fluídas.
Sobre a questão da identidade, os religiosos possuem uma visão de
identidade mais sacralizada, ou seja, uma visão de identidade divina. O
indivíduo existe no mundo como um instrumento divino, ou existe como
vontade divina para cumprir uma missão, ou um destino que somente seus
deuses sabem qual é. Considerando que os ateus sejam o extremo oposto dos
religiosos, sua identidade seria, também, algo oposto, mais terreno, mais
concreto, afastado de qualquer visão religiosa. Para os ateus, portanto, não
são divindades que determinam suas identidades, uma vez que não existe a
crença nelas. A própria pessoa é livre para determinar qual a sua identidade,
ligada, sempre, a algo terreno, a fatos científicos. (DALGALARRONDO, 2008).
2.4. O Confronto de Religiosos e Ateus
Atualmente, pode-se perceber certo conflito e preconceito entre o grupo
dos religiosos e o grupo dos ateus. Laraia (2007) explica que a herança
cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre condicionou as
pessoas a reagirem depreciativamente em relação ao comportamento daqueles
que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade. Por isto,
discrimina-se o comportamento desviante. Como a maioria populacional é
composta por religiosos, muitos deles consideram os ateus, uma minoria, como
um exemplo de comportamento desviante.
Esse desprezo repentino pode ser pelo fato de que a ciência se
desenvolveu tanto que pode explicar o mundo sem a presença de Deus, e os
ateus admitem isso. Porém, para as religiões, isso é um choque, pois a visão
de mundo deles é de que Deus os salvará e os ajudara, mesmo que estudiosos
como Nietzsche, Freud e Dawkins afirmem que isso é uma ilusão para se lidar
com uma realidade desagradável. Por fim, os religiosos acabam racionalizando
isso com suas crenças e afirmam que eles estavam doidos, possuídos, ou
coisas do gênero. Dessa forma, se preserva o mundo com os olhos da religião.
Outra forma pela qual a religião lida com a ciência é tentar associar seus
escritos sagrados com as novas descobertas científicas. Isso é muito comum,
tendo em vista que muitos grupos, para não se extinguirem, assimilam
conteúdos da cultura de outros grupos. (LARAIA, 2007).
Mas o motivo maior dos ateus brigarem com as religiões, como mostra
Dawkins (2007), diz respeito ao desenvolvimento da ciência sem as amarras da
religião. O autor explica, também, que as religiões não apenas atrasam o
desenvolvimento cientifico sobre o entendimento do universo, como atrasam o
desenvolvimento humano. Esse atraso que os ateus dizem que as religiões
trazem é a forma que elas encontraram para preservar a humanidade de uma
possível destruição. Da mesma forma, os progressos que os ateus defendem,
embora embasados na ciência, são, para as religiões, a destruição da
humanidade.
2.5. Ateus Famosos
A lista abaixo apresenta nomes de alguns ateus famosos ao longo da
historia, compilados de informações obtidas na mídia escrita e falada.
Alfred Hitchcock - cineasta
Angelina Jolie - atriz.
Arnaldo Jabour - jornalista.
Bill Gates - fundador da Microsoft
Björk - cantora.
Bruce Lee - ator
Camila Pitanga - atriz
Casé Peçanha - apresentador de tv.
Cássia Eller - cantora.
Charles Chaplin - ator.
Chico Buarque - compositor e cantor.
Daniel Radcliff - ator de Harry Potter.
Dercy Gonçalvez - atriz.
Drauzio Varella - médico.
Fernando Henrique Cardoso - ex. presidente do Brasil.
Fidel Castro - presidente de Cuba.
Friederich Nietzsche - filósofo e escritor.
George Clooney - ator.
Graciliano Ramos - escritor.
Jack Nicholson - ator.
Jean Paul-Sartre - filósofo.
Jorge Amado - escritor.
José Saramago - escritor.
Juca Kfouri - jornalista.
Karl Marx - filósofo e escritor.
Machado de Assis - escritor e fundador da ABL
Malu Mader - atriz.
Mário Quintana - escritor
Marlon Brando - ator
Mikhail Gorbachev - ex. presidente da Rússia
Millôr Fernandes - cartunista.
Oscar Niemeyer - arquiteto
Paulo Autran - ator.
Paulo Freire - educador.
Ricardo Boechat - jornalista.
Sigmund Freud - médico.
Umberto Eco - escritor italiano
Woody Allen - cineasta e ator.
Zélia Gattai- escritora
3 METODOLOGIA
Segundo Minayo (2010), a definição da metodologia requer dedicação e
cuidado do pesquisador. Mais que uma descrição formal dos métodos e
técnicas a serem utilizados, indica as conexões e a leitura operacional que o
pesquisador fez do quadro teórico e de seus objetivos de estudo.
Para essa pesquisa qualitativa, do tipo bibliográfico, foi realizado um
levantamento da história do ateísmo na intenção de se obter dados que
permitissem o estudo e o entendimento das razões das pessoas que
fundamentam a sua escolha de ser ateu. Foi feita uma análise dos referenciais
teóricos, tendo em vista que se trata de uma pesquisa teórica e filosófica e não
prática. Uma análise de dados obtidos de entrevistas realizadas com ateus e
religiosos em campo natural não se aplica a este tipo de pesquisa. A partir da
análise dos referenciais teóricos, foi realizada uma síntese do material obtido,
chegando-se a considerações finais.
Esta pesquisa caracteriza-se, também, como não-experimental. Uma
pesquisa não-experimental, segundo Kerlinger (2009), é uma pesquisa na qual
não é possível manipular variáveis, designar sujeitos, ou condições,
aleatoriamente. O autor aponta que pesquisas não-experimentais não devem
ser desconsideradas, ou destratadas, por não haver a pesquisa em campo e a
experimentação. As pesquisas não-experimentais fazem inferências e tiram
conclusões da mesma forma que pesquisas experimentais, além do fato de que
a lógica básica da investigação é a mesma. A diferença mais marcante entre a
pesquisa experimental e a não-experimental é a força das conclusões
empíricas. As conclusões empíricas são mais fortes nas pesquisas
experimentais, em relação às conclusões empíricas das pesquisas não-
experimentais. Porém, ele considera que deve ficar claramente entendido que
muito da pesquisa não-experimental tem alto significado e importante, da
mesma forma que uma pesquisa experimental.
Uma vez que não se fez a experimentação, no caso, uma pesquisa em
campo, todo o trabalho foi feito sobre material teórico documental. Castro
(2006) chama este tipo de pesquisa de documentação. Esse método,
basicamente, consiste na análise de livros e textos referentes ao objeto de
estudos, caracterizando uma pesquisa qualitativa.
O fato da presente pesquisa estar relacionada a leituras não a torna,
portanto, menos importante, nem a desqualifica de qualquer forma. Ruiz (2011)
aponta que a leitura é de vital importância não apenas como estudo e exercício
mental, mas, também, importante para o desenvolvimento de aulas e
pesquisas. A leitura amplia e integra os conhecimentos e, através dela, pode-
se chegar a uma integração de dados que vão se acumulando e se
associando.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO
Ateísmo, basicamente, pelo sentido da palavra, é a ausência de crença
em um deus, deuses, ou ser superior. Ao longo da história, viu-se que este tipo
de pensamento - não existir um Deus, ou deuses - é bem antigo, da época da
Grécia Antiga, e que ganhou sua força no iluminismo, e apenas após a
revolução industrial se tornou o ateísmo que se vê hoje.
Pelos os estudos realizados, encontrou-se dois tipos de ateus: os que
nunca estiveram ligados a uma fé ou religião, e os que saíram de uma fé, ou
religião. Essa escolha pela descrença em um ser superior se deve ao luto pelo
pai onipotente que os ateus fazem. Nesse caso, o pai onipotente é algum tipo
de divindade, ou entidade superior, segundo Julien (2010) e Freud (1958).
Esse luto ocorre quando as pessoas se deparam com sua finitude
existencial. Ao se depararem com essa finitude, existem duas escolhas
possíveis a serem feitas: os religiosos buscam uma fuga, ou consolo, dos
sentimentos desagradáveis que essa finitude existencial pode produzir, na
crença em um deus ou deuses. Os ateus, por sua vez, aceitam essa finitude
existencial. Encaram o que é um duro ponto de vista para religiosos encararem:
que existe, apenas, uma vida e que não há um Deus, ou deuses, para proteger
a humanidade, insignificante para o resto do universo.
O que ocasiona esse luto da representação de pai onipotente, essa
certeza de que não existe uma entidade superior e consciente que rege o
universo e que torna o ateísmo como uma escolha? Podem-se englobar, aqui,
três fatores observados como resposta: 1) Os problemas conflituosos históricos
e atuais envolvendo as religiões e crenças, que despertam um
desapontamento e uma repulsa sobre as religiões. 2) Relatos de livros
religiosos sagrados não estarem de acordo com fatos científicos, isso
promovendo dúvidas e incertezas sobre a veracidade das religiões. 3) A busca
e o entendimento maior sobre o conhecimento cientifico, que elucida certos
fatos fora da esfera mística, ou religiosa.
Estas considerações podem ser subentendidas nas considerações de
Richard Dawkins (2007) ao ver os problemas históricos e atuais realizados
pelas religiões, como guerras, genocídios, repressões.
Imagine, junto com John Lennon, um mundo sem religião. Um
mundo sem ataques suicidas, sem o 11/9, sem o 7/7 londrino,
sem as cruzadas, sem caça às bruxas, sem a conspiração da
pólvora, sem a partição da Índia, sem as guerras entre
israelenses e palestinos, sem massacres
servos/croatas/mulçumanos, sem a perseguição de judeus
como "Assassinos de Cristo", sem os "problemas" da Irlanda do
Norte, sem "assassinatos em nome da honra", sem evangélicos
televisivos de terno brilhante e cabelos bufantes tirando
dinheiro dos ingênuos ("Deus quer que você doe até doer").
(DAWKINS, 2007, p. 24)
Outro fator a ser considerado é o que antepõe fatos científicos, com
fatos religiosos, o que, também, foi abordado pelo autor:
Acontece porque as evidências da evolução são fortíssimas e
fico apaixonadamente perturbado com o fato de meu oponente
não conseguir enxergar isso - ou, o mais comum, recusar-se
até a pensar nisso, porque contradiz seus livros sagrados.
(DAWKINS, 2007, p. 393)
O acúmulo de conhecimento, também, pode estar nas bases da escolha
de uma pessoa por ser ateu. Dawkins (2007), por exemplo, refere-se a este
acúmulo quanto ao funcionamento do universo, dando um entendimento maior
sobre as ciências:
Talvez existam algumas perguntas genuinamente profundas e
importantes que estarão para sempre fora do alcance da
ciência. Quem sabe a teoria quântica já esteja às portas do
insondável. Mas, se a ciência não pode responder a uma
pergunta definitiva, o faz alguém pensar que a religião possa?
(DAWKINS, 2007, p. 87 e 88)
Outros aspectos interessantes que devem ser relevados dizem respeito
à identidade e à personalidade dos ateus. Eles são pessoas, em sua maioria,
que estudam, que tendem a ser pouco, ou nada conservadores, com uma
grande amplitude intelectual, pouco convencionais e, dificilmente, são
sugestionáveis. Sua existência, assim como das demais pessoas, não é algo
místico, ou divino, mas, sim, algo que é determinado como sendo fruto de
vários processos naturais, explicados pela razão e pela ciência.
Da mesma forma, pode-se observar que, de fato, existem conflitos entre
os religiosos e os ateus: não apenas ocorre a exclusão que os religiosos fazem
dos ateus por serem uma minoria grupal oposta, mas ocorre, também, a
exclusão feita pelos ateus por considerarem as religiões como um atraso para
o desenvolvimento humano.
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ateísmo não é algo novo, é algo que começou na Grécia Antiga, que
foi “encoberto” na Idade Média e redescoberto no Iluminismo. Mas, apenas
com o desenvolvimento da ciência, no século XIX, que ele ganhou força
necessária para se manter diante de um mundo extremamente religioso.
Os ateus não são diferentes de qualquer pessoa. Eles choram, riem,
pensam, sofrem, sentem raiva e vivem como qualquer um. Pensar que eles são
seres estranhos, pelo simples fato de não acreditarem em uma divindade, é
uma forma muito errônea e discriminadora de se pensar, que alimenta, apenas,
o ódio e a exclusão. Existem muitos ateus famosos que fizeram, ou fazem,
grandes progressos e trabalhos para a humanidade. Eles são, em sua maioria,
artistas, escritores, pensadores, estudiosos, cientistas, escritores, homens de
negócios e líderes. Seria difícil lista-los todos, assim como listar o que fizeram e
fazem.
O estudo permitiu concluir que existe, de fato, um conflito entre os
religiosos e os ateus. Esse conflito se deve pelo fato de as religiões quererem
preservar suas crenças e tradições, considerando-as benéficas para a
humanidade. Já os ateus defendem desenvolvimento da ciência e seu
progresso, o que entra, muitas vezes, em conflito com as crenças religiosas.
Os ateus, pessoas não convencionais, de personalidade dinâmica e
ideais menos conservadores, não se consideram como seres que são fruto de
algo divino, mas seres que existem devido a eventos naturais, explicados pela
ciência.
Quanto ao que faz uma pessoa escolher o ateísmo, ao invés da religião,
ou seja, as razões do ser ateu, elas começam pela forma como a pessoa lida
quando se depara com sua finitude existencial, com sua mortalidade. Os
religiosos optaram por uma crença nos espiritual, segundo a qual o fim
definitivo na morte não existe. Por sua vez, os ateus optaram por aceitar a
mortalidade, aceitar esse fim ao qual todos os humanos chegarão, assim como
toda a natureza viva.
Os motivos que os levam a optar em aceitar essa finitude passam pelo
desencantamento e a repulsa que sentem diante das falhas das religiões, dos
desacordos entre fatos científicos e das crenças religiosas e a busca por
conhecimento cientifico fora da esfera mística e religiosa.
Cabe lembrar que estes foram os motivos encontrados. Podem existir
outros, além destes, ou motivos que não devem ser generalizados como sendo
comuns aos ateus por serem pessoais e individuais.
Finalizando, é possível dizer que enquanto houver a crença cultural em
Deus, existirão pessoas que pedirão uma prova. Essas pessoas são os ateus.
Enquanto não existir uma prova, elas continuarão a existir.
Em resumo, graças a Deus existem ateus.
REFERÊNCIAS
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Editora Leya, 2012.
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<https://www.atea.org.br/category/depoimentos/>. Acessado em: 10/10/2014.
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Athena, São Paulo. 1995.
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São Paulo. 2006
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<http://www.espacoacademico.com.br/073/73carneiro.htm>. Acessado em:
10/10/2014
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<http://pensamentoextemporaneo.com.br/?p=1833>. Acessado em: 10/10/2015
Julien, Philippe. A Psicanálise e o Religioso. Rio de Janeiro, Zahar Editora.
2010.
KERLINGER, Fred Nichols. Metodologia da Pesquisa em Ciências Sociais.
Editora Pedagogia Universitaria, São Paulo, 2009.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura um Conceito Antropológico. ed.24
Editora Zahar, Rio de Janeiro. 2007.
LOPES, Paulo. “Diágoras de Melos, ateu famoso”. 2015. Disponível em:
<http://www.paulopes.com.br/2012/09/diagoras-de-melos-ateu-
famoso.html#.VhllzflViko>. Acessado em: 10/10/2015
MARTIN, Michael. “Ateísmo”. 2015. Disponível em:
<https://ateus.net/artigos/ateismo/ateismo/>. Acessado em: 10/10/2014
MINAYO, Maria Cecília de Souza; GOMES, Suely Ferreira Deslandes Romeu.
Pesquisa Social – Teoria, método e criatividade. ed. 29. Editora Vozes,
Petrópolis. 2010.
NASCIMENTO, Maria Isabel Moura. “Galileu Galilei”. 2015. Disponível em:
<http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_b_galileu_galilei.
htm>. Acessado em: 10/10/2015
NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo. ed. 4 São Paulo Editora Martin Claret.
2008.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica – Guia para eficiência nos
estudos. ed. 6. Editora Atlas, São Paulo. 2011.
SANT' ANA, Thais. Qual é o país com mais ateus no mundo?. Mundo
Estranho, São Paulo, edição 124, p. 44-45, maio 2012.
SAS UNIVERSITÁRIO. Sistema Ari de Sá.
http://www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=4956, 2015. Acesso em: 25 de
outubro de 2015.
MARTON, Scarlett. O Homem que foi um Campo de Batalha. In: NIETZSCHE,
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O Ateísmo e a Escolha do Ser Ateu

  • 1. ANHANGUERA EDUCACIONAL UNIDADE III PSICOLOGIA GUSTAVO HENRIQUE J. S. HJORT O ATEÍSMO E A ESCOLHA DO SER ATEU CAMPINAS 2015
  • 2. GUSTAVO HENRIQUE J. S. HJORT O ATEÍSMO E A ESCOLHA DO SER ATEU Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera de Campinas Unidade III, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Psicologia. Orientadora:Profa. Ms. Gláucia Telles Sales CAMPINAS 2015
  • 3. RESUMO O objetivo geral deste trabalho foi o de estudar e entender o que é o ateísmo e as razões que levam a pessoa a optar por ser ateu. Especificamente, procurou-se levantar a história do ateísmo no mundo. Identificar as razões da escolha de ser ateu. Analisar as razões identificadas. Citar alguns famosos expoentes do ateísmo. Pessoalmente, justifica-se pelo fato do autor ser ateu, por pretender contribuir para que haja uma diminuição do preconceito sobre os ateus que pelo fato de que o ateísmo é muito discutido, mas pouco estudado. Foi uma pesquisa qualitativa e, a partir da análise dos dados, pode-se dizer que do ateísmo, ausência de crença num deus, fazem parte pessoas que nunca estiveram em uma religião e as que deixaram. A escolha do ateísmo aparece quando se deparam com sua finitude existencial, que os ateus aceitam, fazendo o luto pelo pai onipotente, ou seja, Deus. O acumulo de saber e a insatisfação com as religiões também estão relacionados. Sua existência vem de vários processos naturais e científicos. Ateus, portanto, são pessoas que vivem como qualquer um, que fizeram, ou fazem, trabalhos para a humanidade. As razões que começam quando se lida com a mortalidade, aceitando este fim, estendem-se ao desencantamento para com as religiões. Enquanto houver a crença em Deus, existirão os que pedirão provas. Esses são os ateus. Palavras-chaves: Ateísmo. Ateu.
  • 4. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...............................................................................................5 2. O ATEÍSMO E AS RAZÕES DO SER ATEU.................................................7 2.1. Ateísmo ao Longo da Historia..................................................................7 2.2. As Razões de Ser Ateu..........................................................................12 2.3. A Identidade e Personalidade no Ateísmo.............................................14 2.4. O Confronto de Religiosos e Ateus........................................................15 2.5. Ateus Famosos......................................................................................17 3. METODOLOGIA...........................................................................................19 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO.............................................................................21 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................24 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..................................................................26
  • 5. 1 INTRODUÇÃO O ateísmo tem crescido aos poucos, tornando-se mais expressivo no cenário mundial. Cada vez mais percebe-se debates entre ateus e religiosos nos rádios, TVs, internet, entre outros meios de comunicação, assim como notícias sobre discriminação de ateus, ou de religiosos que se sentem desrespeitados por manifestações de ateus. Dados apresentados pela revista Mundo Estranho (2012) sobre uma pesquisa realizada pelo sociólogo norte-americano Phil Zuckerman, afirmam que 749,2 milhões de pessoas no mundo se dizem ateias. Isso equivale a 11% da população mundial. A matéria indica a Suécia como sendo o país com o maior número de ateus na população, em torno de 85%, o equivalente a 7,6 milhões de habitantes de um total de 8,9 milhões. No Brasil, 73% da população, ou seja, 137 milhões de habitantes são fiéis a alguma religião, ou possuem algum tipo de crença. Estes dados colocam a cultura do ateísmo como uma minoria populacional no país. Mesmo com tal expressividade e aumento populacional, a cultura do ateísmo, como se conhece hoje, é muito recente na história e o fato de negar- se qualquer entidade superior, que para muitas pessoas é tão real quanto o ar que se respira, é um choque tremendo de culturas, uma vez que a grande maioria das pessoas acredita em algum tipo de divindade. Esse choque cultural pode gerar um preconceito discriminatório tanto por parte dos religiosos, quanto dos ateus. Autores como Freud, Dawkins, Nietzsche e outros colocam a religião como sendo um mal da sociedade, dando muitas razões para afirmarem isso: “Quando se trata de questões de religião, os homens tornam-se culpados de toda forma possível de sinceridade e de todas as maldades intelectuais”. (FREUD 1958, tomo VI, capitulo 6, p. 345). “Não sou a favor de ofender nem magoar ninguém sem motivo. Mas fico intrigado e espantado com o privilégio desproporcional da religião em nossas sociedades ditas laicas”. (DAWKINS 2007, p.53) Não se deve embelezar nem desculpar o cristianismo: Ele travou uma guerra de morte contra este tipo de homem
  • 6. superior, renegou todos os instintos, destilou o mal, o negativo – o homem forte como tipo censurável, como proscrito. O cristianismo tomou o partido de tudo o que é fraco, baixo, incapaz, e transformou em um ideal a oposição aos instintos de conservação da vida saudável; e até corrompeu a faculdade daquelas naturezas intelectualmente poderosas, ensinando que os valores superiores do intelecto não passam de pecados, desvios e tentações. O mais lamentável exemplo: a concepção de Pascal, que julgava estar a sua razão corrompida pelo pecado original; estava corrompida, sim, mas apenas pelo seu cristianismo. (NIETZSCHE 2008, p. 40) Da mesma forma, outros autores tratam o ateísmo como uma existência vazia e, segundo eles, a religião preenche esse vazio existencial. Quando um dia você ficar velho e, tendo as necessidades imediatas todas atendidas, então se voltar para a vida interior, aí bem, se você não souber onde está ou o que é esse centro, você vai sofrer. (CAMPBELL, 1995,p. 3 e 4) Esses autores não se posicionam com um favoritismo para os ateus, ou para os religiosos. Assim, a presente pesquisa teve, por objetivo geral, estudar e entender o que é o ateísmo e as razões que levam a pessoa a optar por ser ateu. Para isso, organizou-se nos seguintes objetivos específicos: levantar a história do ateísmo no mundo. Identificar as razões da escolha de ser ateu. Analisar as razões identificadas. Citar alguns famosos expoentes do ateísmo. O motivo pessoal do autor pela escolha do tema se deve ao seu próprio ateísmo. Como ateu, tem percebido muita marginalização dos religiosos para com os ateus e favoritismo do Estado para com as religiões, ao mesmo tempo em que percebe um crescimento do ateísmo, mas ainda muito lento, em um mundo ainda fortemente ligado às religiões. Chama a sua atenção a polêmica que existe sobre este tema em si polêmico, que as pessoas tentam evitar discutir para não haver conflitos. Mas, pensa que não se trata de provocar conflitos e sim de estudar e entender mais o tema. Entende, ainda, que a sua pesquisa pode produzir uma contribuição social à medida que o autor não só espera aumentar o entendimento dos ateus sobre si mesmo, mas, da mesma forma, espera conseguir aumentar o entendimento dos religiosos sobre o que é o ateu e o ateísmo, quem sabe contribuindo para diminuir a discriminação de muitos religiosos para com os
  • 7. ateus. Este trabalho, portanto, não planejou denegrir nenhuma religião, ou mesmo oferecer um favoritismo ao ateísmo. O ateísmo, embora seja um tema que merece ser muito discutido, é pouco estudado. Muitas pesquisas, tantos sociais, quanto cientificas, preocupam-se em estudar as religiões e o seu papel cultural, buscando entender as razões que fazem alguém aderir a elas, mas poucas se preocupam em estudar o seu oposto, o ateísmo, e as que o estudam, muitas vezes, apenas criticam as religiões e seus dogmas, sem explicar o que é o ateísmo, seu papel cultural e as razões das pessoas que optam por ele.
  • 8. 2 O ATEÍSMO E AS RAZÕES DO SER ATEU Para o Homo religiosus, o Mundo não é mudo nem opaco, não é uma coisa inerte sem objetivo e sem significado; o Cosmos vive e fala. Quão distante está esse Homo religiosus do autor destas linhas, para quem o mundo é fundamentalmente opaco, provavelmente sem objetivo e cujo significado é duramente construído (destruído) por nós mesmos a cada minuto. (ELIADE, 1996, apud DALGALARRONDO, 2008, p. 17) Os significados implícito e explícito contidos nas palavras da estrofe acima já ilustram a dicotomia que existe entre religiosos e ateus, ao menos, quanto à visão de mundo e, por consequência, da vida. 2.1 Ateísmo ao Longo da Historia É bastante inserto definir quem foi o primeiro ateu. O termo foi cunhado na França do séc. XVI, contudo, as ideias e filosofias consideradas ateias surgiram na antiguidade clássica, segundo Carneiro (2014). Uma coisa é possível dizer sobre o primeiro ateu: desde que o homem criou a religião e o mito, quando o primeiro homem duvidou, ou não acreditou na religião e no mito, esse foi o primeiro ateu. Na Grécia Antiga, segundo Lopes (2015), o filósofo Diágoras, que viveu no séc. V a. C., é conhecido como o primeiro ateu, não por ser o primeiro ateu da história, mas por ser o primeiro pensador grego, ateu, encontrado na história. Quando Diágoras negou os deuses gregos, publicamente, os atenienses o expulsaram de sua cidade natal. Outros filósofos ateus, posteriores a Diágoras, são: Protagoras (480 – 415 a. C), Teodoro (340 – 250 a. C.) e Estratão de Lâmpsaco (340 – 268 a. C.). Mas, com certeza, o mais
  • 9. famoso filósofo que se declarou ateu, publicamente, registrado pela história, foi Sócrates (469 – 399 a. C.) que acabou sendo condenado à morte por ter negado os deuses gregos. Durante a Idade Média, período em que a Igreja Católica dominava toda e qualquer forma de conhecimento humano na Europa, era impossível se afirmar ateu devido à forte repreensão. Qualquer pensamento contrário a suas ideias era condenado à tortura e à morte, embora Martin (2015) diga que existiam correntes de pensamento que questionavam as assunções teístas. Mesmo na Renascença, época após a Idade Média, quando as pesquisas e os estudos sobre o mundo e o homem foram retomadas e, também, iniciou-se um rebuscamento das filosofias gregas antigas, era quase impossível se nomear ateu, ou revelar pesquisas sobre o tema sem repreensão. Nascimento (2015) diz que Galileu (1564 – 1642), embora não fosse ateu, quase foi morto quando expôs suas ideias do heliocentrismo que explica que a Terra gira ao redor do Sol, contrário à ideia geocêntrica dominante, instituída pela Igreja, segundo a qual a Terra é o centro do universo. Para escapar da condenação, ele teve que desmentir a sua teoria, correta, que mostrava a religião dando uma compreensão errada sobre o mundo. Isso mostra o poder que a religião e a Igreja tinham sobre a ciência e suas descobertas. Com o aparecimento da Reforma Protestante, que permitiu uma compreensão do mundo menos dogmática, deu-se início ao Iluminismo, movimento cientifico e filosófico que surgiu no final do Séc. XVII e que tentava explicar o mundo pelas leis naturais. Embora ainda houvesse muito a tradição religiosa, Martin (2015) explica que os primeiro pensadores ateus militantes começaram a surgir nesse período.
  • 10. Somente a partir do Séc. XVIII, com a Revolução Francesa, o ateísmo, como hoje se conhece, pode surgir, uma vez que um dos objetivos da revolução era a reestruturação da relação do clero com o Estado. Já no Séc. XIX, com a Revolução Industrial, a ciência estava ampliando seus campos e confirmando fatos e certos indivíduos da sociedade puderam se declarar ateus, publicamente. Embora não houvesse uma forte recriminação às pessoas, ainda se discriminava quem se afirmava ateu. Nesse tempo, o ateísmo ganhou forças graças aos trabalhos de quatro grandes pensadores da história da humanidade. São eles:  Charles Darwin (1809 – 1882), com sua descoberta sobre seleção natural, a evolução e a publicação da “Origem das Espécies”, onde explica que os seres vivos surgiram de um processo de seleção natural e transmissão de caracteres, pondo assim em xeque a visão criacionista das religiões, mostrando que o homem não é uma criação divina, apenas um primata evoluído. (SAS, 2015)  Karl Marx (1818 – 1883) com seus tratados sobre movimentos sociais e da predominância da materialidade sobre a ideia, mostrando que a religião e a história nada mais são que um trabalho humano e não divino. Segundo Gomes (2015), o economista também mostra que a religião consiste em um mundo fantástico, criado pela mente humana que tenta dar a certos fenômenos naturais um ar sobrenatural.  Friedrich Nietzsche (1844 – 1900), em suas obras sobre a transmutação de valores e desconstrução dos conceitos de verdades e valores, critica
  • 11. a cultura ocidental e as religiões, mostrando as verdades ocultas sobre elas. As ideias niilistas do filósofo, segundo Marton (2008) criticam abertamente as religiões, em especial a cristã, também dizendo, abertamente, que não há um Deus criador, soberano e absoluto, com desígnios insondáveis.  Sigmund Freud (1856 – 1939) e seus trabalhos sobre a mente e o comportamento humano, tirando a mente do patamar divino e mostrando que as ações humanas não são regidas por nenhuma divindade, mas, sim, por fatores do próprio humano. Appignanesi e Zarate (2012) falam que o psicanalista também mostra que a razão não é algo dado, mas algo que deve ser batalhado, além de mostrar a religião como um tipo de neurose obsessiva, que são crenças moldadas pelo desejo. Estes quatro pensadores definiram a cultura do Séc. XX e permitiram um maior questionamento religioso, consequentemente, uma maior possibilidade de aceitação do ateísmo. Mesmo assim, na atualidade, é difícil se proclamar ateu sem sofrer uma discriminação, pois o mundo, em sua maioria, é religioso, embora admita que não é preciso Deus para explicar tudo. Os ateus mais famosos, mesmo hoje, segundo Lopes (2015) continuam sendo Richard Dawkins, Sam Harris, James Randi, Neil deGrasse Tyson e Stephen Hawking. Eles tentam promover o desenvolvimento do pensamento cientifico, além de criticarem atitudes de extremistas religiosos, como atentados, ou proibição de algum saber científico.
  • 12. 2.2 As Razões de Ser Ateu As razões que levam uma pessoa a optar pelo ateísmo, de acordo com os depoimentos postados no site da ATEA (2015), são inúmeras e todas são pessoais. A pessoa poder ter escolhido ser ateu por raiva das religiões, pela longa história de tragédias e crueldades que cometeu ao longo da história; Pode escolher por uma questão de acúmulo de conhecimento, ou seja, estudou o suficiente a ponto de perceber que não há necessidade de religião, ou de Deus, para explicar como o mundo funciona; Por descontentamento da própria fé, encontrou algo irracional e imoral demais para poder suportar e assumir como verdade, optando por sua negação; Pode ser, ainda, por uma falta de necessidade, ou seja, viveu de uma forma tal que a religião tornou-se algo distante de sua vida. Enfim, existem inúmeros motivos. Cada um é pessoal, podendo ser únicos, ou iguais. Porém, qual a razão, dentro da psicologia, para uma pessoa escolher o ateísmo? Julien (2010), discorrendo sobre a teoria psicanalítica freudiana, diz que existe um momento na vida das pessoas em que elas se deparam com sua finitude existencial, chamado pela psicanálise de Hilflosigkeit. Trata-se de um estado de desamparo, de ausência de ajuda, de carência de recursos, de derrelição, de abandono. O momento em que a pessoa se depara com os riscos de viver, incluindo a morte e a tristeza. Em decorrência desse momento, surge uma segunda experiência, o relembrar da infância, quando havia a presença de um pai e mãe que sempre ajudavam nas dificuldades. Mas, dá-se uma onipotência a esse pai e mãe, ou seja, eles são transformados em deuses.
  • 13. Sendo assim, as pessoas criam deuses e religiões com o propósito de superarem a angústia da desproteção através da fé em uma existência onipotente e protetora. As pessoas utilizam, também, dessa existência, como forma de explicar sua realidade, aliviando a angústia do não saber, pois sendo uma existência onipotente, ela está além das explicações racionais, não pode ser negada, tão pouco provada, criando, assim, uma explicação definitiva para tudo. A experiência de se deparar com a própria fragilidade diante da vida ocorre com todos, ateus e não ateus, mas os ateus não criam um pai, ou mãe, protetores e onipresentes. Não dão explicações divinas sobre a realidade em que vivem. Julien (2010) explica o ateísmo na psicanálise freudiana como “morte” do divino, um luto que se faz da autoridade de pai infantil deixando a pessoa, desse modo, de depender dele. Esse processo de luto se inicia quando a pessoa começa a possuir consciência dos fatos sobre sua realidade, as pessoas e sobre si mesmo. A consciência dos fatos se dá pela busca e assimilação de conhecimentos; quanto mais as dúvidas que angustiam surgem, mais surge a necessidade de conhecimento para aliviá-las, uma curiosidade que não tem fim. Resumindo, os ateus, para solucionarem suas angústias existenciais, substituem o pai divinizado pela busca de fatos que tirem as dúvidas, consequentemente, tirem suas angustias, se autodeterminando e aceitando suas fragilidades existenciais
  • 14. 2.3. A Identidade e Personalidade no Ateísmo De acordo com os textos de Freud (1958), “a cultura é um conjunto de representações nascidas da necessidade de tornar suportável o desamparo humano” (p 330). A religião faz parte da cultura e cada cultura possui a sua forma de religião. Os indivíduos inseridos nas culturas com religiões as usam como uma forma de fuga da frieza desse mundo. Entretanto, os ateus não possuem religião, ou algum tipo de divindade. A forma com que lidam com a frieza do mundo é diferente da forma como lidam à dos indivíduos que seguem alguma religião. Os ateus, como não têm a religião como amparo, eles aceitam a fraqueza deles como seres humanos e veem a frieza e o desamparo como uma forma de se adaptarem ao mundo, ao contrario do que as religiões fazem, que é destruir o desamparo e a frieza do mundo e fazer o mundo se adaptar a eles. Dalgalarrondo (2008) considera que a maioria das pessoas com o perfil ideológico conservador e com tendência a serem convencionais, estão mais inclinadas para certas instituições religiosas (mais organizadas e diretivas). Considera, também, que muitos religiosos ligados a doutrinas muito conservadoras possuem uma estreiteza intelectual, sugestionabilidade e personalidades rígidas. Tendo os ateus como um extremo oposto aos religioso, pode-se considerar que a maioria das pessoas que tenham menos ideologias conservadoras, ou nenhuma, e com pouca tendência a serem convencionais, tenham maior inclinação para o ateísmo. Da mesma forma, pode-se dizer que muitos ateus possuam opiniões pouco conservadoras, um alargamento intelectual, baixa sugestionabilidade e personalidades mais fluídas.
  • 15. Sobre a questão da identidade, os religiosos possuem uma visão de identidade mais sacralizada, ou seja, uma visão de identidade divina. O indivíduo existe no mundo como um instrumento divino, ou existe como vontade divina para cumprir uma missão, ou um destino que somente seus deuses sabem qual é. Considerando que os ateus sejam o extremo oposto dos religiosos, sua identidade seria, também, algo oposto, mais terreno, mais concreto, afastado de qualquer visão religiosa. Para os ateus, portanto, não são divindades que determinam suas identidades, uma vez que não existe a crença nelas. A própria pessoa é livre para determinar qual a sua identidade, ligada, sempre, a algo terreno, a fatos científicos. (DALGALARRONDO, 2008). 2.4. O Confronto de Religiosos e Ateus Atualmente, pode-se perceber certo conflito e preconceito entre o grupo dos religiosos e o grupo dos ateus. Laraia (2007) explica que a herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre condicionou as pessoas a reagirem depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade. Por isto, discrimina-se o comportamento desviante. Como a maioria populacional é composta por religiosos, muitos deles consideram os ateus, uma minoria, como um exemplo de comportamento desviante. Esse desprezo repentino pode ser pelo fato de que a ciência se desenvolveu tanto que pode explicar o mundo sem a presença de Deus, e os ateus admitem isso. Porém, para as religiões, isso é um choque, pois a visão
  • 16. de mundo deles é de que Deus os salvará e os ajudara, mesmo que estudiosos como Nietzsche, Freud e Dawkins afirmem que isso é uma ilusão para se lidar com uma realidade desagradável. Por fim, os religiosos acabam racionalizando isso com suas crenças e afirmam que eles estavam doidos, possuídos, ou coisas do gênero. Dessa forma, se preserva o mundo com os olhos da religião. Outra forma pela qual a religião lida com a ciência é tentar associar seus escritos sagrados com as novas descobertas científicas. Isso é muito comum, tendo em vista que muitos grupos, para não se extinguirem, assimilam conteúdos da cultura de outros grupos. (LARAIA, 2007). Mas o motivo maior dos ateus brigarem com as religiões, como mostra Dawkins (2007), diz respeito ao desenvolvimento da ciência sem as amarras da religião. O autor explica, também, que as religiões não apenas atrasam o desenvolvimento cientifico sobre o entendimento do universo, como atrasam o desenvolvimento humano. Esse atraso que os ateus dizem que as religiões trazem é a forma que elas encontraram para preservar a humanidade de uma possível destruição. Da mesma forma, os progressos que os ateus defendem, embora embasados na ciência, são, para as religiões, a destruição da humanidade.
  • 17. 2.5. Ateus Famosos A lista abaixo apresenta nomes de alguns ateus famosos ao longo da historia, compilados de informações obtidas na mídia escrita e falada. Alfred Hitchcock - cineasta Angelina Jolie - atriz. Arnaldo Jabour - jornalista. Bill Gates - fundador da Microsoft Björk - cantora. Bruce Lee - ator Camila Pitanga - atriz Casé Peçanha - apresentador de tv. Cássia Eller - cantora. Charles Chaplin - ator. Chico Buarque - compositor e cantor. Daniel Radcliff - ator de Harry Potter. Dercy Gonçalvez - atriz. Drauzio Varella - médico. Fernando Henrique Cardoso - ex. presidente do Brasil. Fidel Castro - presidente de Cuba. Friederich Nietzsche - filósofo e escritor. George Clooney - ator. Graciliano Ramos - escritor. Jack Nicholson - ator.
  • 18. Jean Paul-Sartre - filósofo. Jorge Amado - escritor. José Saramago - escritor. Juca Kfouri - jornalista. Karl Marx - filósofo e escritor. Machado de Assis - escritor e fundador da ABL Malu Mader - atriz. Mário Quintana - escritor Marlon Brando - ator Mikhail Gorbachev - ex. presidente da Rússia Millôr Fernandes - cartunista. Oscar Niemeyer - arquiteto Paulo Autran - ator. Paulo Freire - educador. Ricardo Boechat - jornalista. Sigmund Freud - médico. Umberto Eco - escritor italiano Woody Allen - cineasta e ator. Zélia Gattai- escritora
  • 19. 3 METODOLOGIA Segundo Minayo (2010), a definição da metodologia requer dedicação e cuidado do pesquisador. Mais que uma descrição formal dos métodos e técnicas a serem utilizados, indica as conexões e a leitura operacional que o pesquisador fez do quadro teórico e de seus objetivos de estudo. Para essa pesquisa qualitativa, do tipo bibliográfico, foi realizado um levantamento da história do ateísmo na intenção de se obter dados que permitissem o estudo e o entendimento das razões das pessoas que fundamentam a sua escolha de ser ateu. Foi feita uma análise dos referenciais teóricos, tendo em vista que se trata de uma pesquisa teórica e filosófica e não prática. Uma análise de dados obtidos de entrevistas realizadas com ateus e religiosos em campo natural não se aplica a este tipo de pesquisa. A partir da análise dos referenciais teóricos, foi realizada uma síntese do material obtido, chegando-se a considerações finais. Esta pesquisa caracteriza-se, também, como não-experimental. Uma pesquisa não-experimental, segundo Kerlinger (2009), é uma pesquisa na qual não é possível manipular variáveis, designar sujeitos, ou condições, aleatoriamente. O autor aponta que pesquisas não-experimentais não devem ser desconsideradas, ou destratadas, por não haver a pesquisa em campo e a experimentação. As pesquisas não-experimentais fazem inferências e tiram conclusões da mesma forma que pesquisas experimentais, além do fato de que a lógica básica da investigação é a mesma. A diferença mais marcante entre a pesquisa experimental e a não-experimental é a força das conclusões empíricas. As conclusões empíricas são mais fortes nas pesquisas
  • 20. experimentais, em relação às conclusões empíricas das pesquisas não- experimentais. Porém, ele considera que deve ficar claramente entendido que muito da pesquisa não-experimental tem alto significado e importante, da mesma forma que uma pesquisa experimental. Uma vez que não se fez a experimentação, no caso, uma pesquisa em campo, todo o trabalho foi feito sobre material teórico documental. Castro (2006) chama este tipo de pesquisa de documentação. Esse método, basicamente, consiste na análise de livros e textos referentes ao objeto de estudos, caracterizando uma pesquisa qualitativa. O fato da presente pesquisa estar relacionada a leituras não a torna, portanto, menos importante, nem a desqualifica de qualquer forma. Ruiz (2011) aponta que a leitura é de vital importância não apenas como estudo e exercício mental, mas, também, importante para o desenvolvimento de aulas e pesquisas. A leitura amplia e integra os conhecimentos e, através dela, pode- se chegar a uma integração de dados que vão se acumulando e se associando.
  • 21. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO Ateísmo, basicamente, pelo sentido da palavra, é a ausência de crença em um deus, deuses, ou ser superior. Ao longo da história, viu-se que este tipo de pensamento - não existir um Deus, ou deuses - é bem antigo, da época da Grécia Antiga, e que ganhou sua força no iluminismo, e apenas após a revolução industrial se tornou o ateísmo que se vê hoje. Pelos os estudos realizados, encontrou-se dois tipos de ateus: os que nunca estiveram ligados a uma fé ou religião, e os que saíram de uma fé, ou religião. Essa escolha pela descrença em um ser superior se deve ao luto pelo pai onipotente que os ateus fazem. Nesse caso, o pai onipotente é algum tipo de divindade, ou entidade superior, segundo Julien (2010) e Freud (1958). Esse luto ocorre quando as pessoas se deparam com sua finitude existencial. Ao se depararem com essa finitude, existem duas escolhas possíveis a serem feitas: os religiosos buscam uma fuga, ou consolo, dos sentimentos desagradáveis que essa finitude existencial pode produzir, na crença em um deus ou deuses. Os ateus, por sua vez, aceitam essa finitude existencial. Encaram o que é um duro ponto de vista para religiosos encararem: que existe, apenas, uma vida e que não há um Deus, ou deuses, para proteger a humanidade, insignificante para o resto do universo. O que ocasiona esse luto da representação de pai onipotente, essa certeza de que não existe uma entidade superior e consciente que rege o universo e que torna o ateísmo como uma escolha? Podem-se englobar, aqui, três fatores observados como resposta: 1) Os problemas conflituosos históricos e atuais envolvendo as religiões e crenças, que despertam um
  • 22. desapontamento e uma repulsa sobre as religiões. 2) Relatos de livros religiosos sagrados não estarem de acordo com fatos científicos, isso promovendo dúvidas e incertezas sobre a veracidade das religiões. 3) A busca e o entendimento maior sobre o conhecimento cientifico, que elucida certos fatos fora da esfera mística, ou religiosa. Estas considerações podem ser subentendidas nas considerações de Richard Dawkins (2007) ao ver os problemas históricos e atuais realizados pelas religiões, como guerras, genocídios, repressões. Imagine, junto com John Lennon, um mundo sem religião. Um mundo sem ataques suicidas, sem o 11/9, sem o 7/7 londrino, sem as cruzadas, sem caça às bruxas, sem a conspiração da pólvora, sem a partição da Índia, sem as guerras entre israelenses e palestinos, sem massacres servos/croatas/mulçumanos, sem a perseguição de judeus como "Assassinos de Cristo", sem os "problemas" da Irlanda do Norte, sem "assassinatos em nome da honra", sem evangélicos televisivos de terno brilhante e cabelos bufantes tirando dinheiro dos ingênuos ("Deus quer que você doe até doer"). (DAWKINS, 2007, p. 24) Outro fator a ser considerado é o que antepõe fatos científicos, com fatos religiosos, o que, também, foi abordado pelo autor: Acontece porque as evidências da evolução são fortíssimas e fico apaixonadamente perturbado com o fato de meu oponente não conseguir enxergar isso - ou, o mais comum, recusar-se até a pensar nisso, porque contradiz seus livros sagrados. (DAWKINS, 2007, p. 393) O acúmulo de conhecimento, também, pode estar nas bases da escolha de uma pessoa por ser ateu. Dawkins (2007), por exemplo, refere-se a este acúmulo quanto ao funcionamento do universo, dando um entendimento maior sobre as ciências: Talvez existam algumas perguntas genuinamente profundas e importantes que estarão para sempre fora do alcance da ciência. Quem sabe a teoria quântica já esteja às portas do insondável. Mas, se a ciência não pode responder a uma pergunta definitiva, o faz alguém pensar que a religião possa? (DAWKINS, 2007, p. 87 e 88)
  • 23. Outros aspectos interessantes que devem ser relevados dizem respeito à identidade e à personalidade dos ateus. Eles são pessoas, em sua maioria, que estudam, que tendem a ser pouco, ou nada conservadores, com uma grande amplitude intelectual, pouco convencionais e, dificilmente, são sugestionáveis. Sua existência, assim como das demais pessoas, não é algo místico, ou divino, mas, sim, algo que é determinado como sendo fruto de vários processos naturais, explicados pela razão e pela ciência. Da mesma forma, pode-se observar que, de fato, existem conflitos entre os religiosos e os ateus: não apenas ocorre a exclusão que os religiosos fazem dos ateus por serem uma minoria grupal oposta, mas ocorre, também, a exclusão feita pelos ateus por considerarem as religiões como um atraso para o desenvolvimento humano.
  • 24. 5.CONSIDERAÇÕES FINAIS O ateísmo não é algo novo, é algo que começou na Grécia Antiga, que foi “encoberto” na Idade Média e redescoberto no Iluminismo. Mas, apenas com o desenvolvimento da ciência, no século XIX, que ele ganhou força necessária para se manter diante de um mundo extremamente religioso. Os ateus não são diferentes de qualquer pessoa. Eles choram, riem, pensam, sofrem, sentem raiva e vivem como qualquer um. Pensar que eles são seres estranhos, pelo simples fato de não acreditarem em uma divindade, é uma forma muito errônea e discriminadora de se pensar, que alimenta, apenas, o ódio e a exclusão. Existem muitos ateus famosos que fizeram, ou fazem, grandes progressos e trabalhos para a humanidade. Eles são, em sua maioria, artistas, escritores, pensadores, estudiosos, cientistas, escritores, homens de negócios e líderes. Seria difícil lista-los todos, assim como listar o que fizeram e fazem. O estudo permitiu concluir que existe, de fato, um conflito entre os religiosos e os ateus. Esse conflito se deve pelo fato de as religiões quererem preservar suas crenças e tradições, considerando-as benéficas para a humanidade. Já os ateus defendem desenvolvimento da ciência e seu progresso, o que entra, muitas vezes, em conflito com as crenças religiosas. Os ateus, pessoas não convencionais, de personalidade dinâmica e ideais menos conservadores, não se consideram como seres que são fruto de algo divino, mas seres que existem devido a eventos naturais, explicados pela ciência.
  • 25. Quanto ao que faz uma pessoa escolher o ateísmo, ao invés da religião, ou seja, as razões do ser ateu, elas começam pela forma como a pessoa lida quando se depara com sua finitude existencial, com sua mortalidade. Os religiosos optaram por uma crença nos espiritual, segundo a qual o fim definitivo na morte não existe. Por sua vez, os ateus optaram por aceitar a mortalidade, aceitar esse fim ao qual todos os humanos chegarão, assim como toda a natureza viva. Os motivos que os levam a optar em aceitar essa finitude passam pelo desencantamento e a repulsa que sentem diante das falhas das religiões, dos desacordos entre fatos científicos e das crenças religiosas e a busca por conhecimento cientifico fora da esfera mística e religiosa. Cabe lembrar que estes foram os motivos encontrados. Podem existir outros, além destes, ou motivos que não devem ser generalizados como sendo comuns aos ateus por serem pessoais e individuais. Finalizando, é possível dizer que enquanto houver a crença cultural em Deus, existirão pessoas que pedirão uma prova. Essas pessoas são os ateus. Enquanto não existir uma prova, elas continuarão a existir. Em resumo, graças a Deus existem ateus.
  • 26. REFERÊNCIAS APPIGNANESI, Richard; ZARATE, Oscar. Entendendo – Freud. São Paulo, Editora Leya, 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ATEUS E AGNÓSTICOS - ATEA. “Depoimentos”. 2014. Disponível em: <https://www.atea.org.br/category/depoimentos/>. Acessado em: 10/10/2014. CAMPBELL, Joseph; MOYERS, Bill. O Poder do Mito. ed. 28. Editora Palas Athena, São Paulo. 1995. CASTRO, Claudio de Moura. A Prática da Pesquisa. Ed. 2. Editora Pearson, São Paulo. 2006 CARNEIRO, Henrique. “Por que somos ateus?”. 2014. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/073/73carneiro.htm>. Acessado em: 10/10/2014 DALGALARRONDO, Paulo. Religião, Psicopatologia & Saúde Mental. Porto Alegre, Artmed Editora. 2008. DAWKINS, Richard. Deus um delírio. ed. 12ª São Pulo, Editora Companhia das Letras, 2007. FREUD, Sigmund. O Futuro de uma Ilusão. São Paulo, Editora Delta, 1958. GOMES, Danilo dos Santos. “A Alienação Religiosa no Pensamento de Karl Marx”. 2015. Disponível em: <http://pensamentoextemporaneo.com.br/?p=1833>. Acessado em: 10/10/2015 Julien, Philippe. A Psicanálise e o Religioso. Rio de Janeiro, Zahar Editora. 2010. KERLINGER, Fred Nichols. Metodologia da Pesquisa em Ciências Sociais. Editora Pedagogia Universitaria, São Paulo, 2009. LARAIA, Roque de Barros. Cultura um Conceito Antropológico. ed.24 Editora Zahar, Rio de Janeiro. 2007. LOPES, Paulo. “Diágoras de Melos, ateu famoso”. 2015. Disponível em: <http://www.paulopes.com.br/2012/09/diagoras-de-melos-ateu- famoso.html#.VhllzflViko>. Acessado em: 10/10/2015
  • 27. MARTIN, Michael. “Ateísmo”. 2015. Disponível em: <https://ateus.net/artigos/ateismo/ateismo/>. Acessado em: 10/10/2014 MINAYO, Maria Cecília de Souza; GOMES, Suely Ferreira Deslandes Romeu. Pesquisa Social – Teoria, método e criatividade. ed. 29. Editora Vozes, Petrópolis. 2010. NASCIMENTO, Maria Isabel Moura. “Galileu Galilei”. 2015. Disponível em: <http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_b_galileu_galilei. htm>. Acessado em: 10/10/2015 NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo. ed. 4 São Paulo Editora Martin Claret. 2008. RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica – Guia para eficiência nos estudos. ed. 6. Editora Atlas, São Paulo. 2011. SANT' ANA, Thais. Qual é o país com mais ateus no mundo?. Mundo Estranho, São Paulo, edição 124, p. 44-45, maio 2012. SAS UNIVERSITÁRIO. Sistema Ari de Sá. http://www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=4956, 2015. Acesso em: 25 de outubro de 2015. MARTON, Scarlett. O Homem que foi um Campo de Batalha. In: NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo. ed. 4 São Paulo, Editora Martin Claret. 2008.