1. Memória e Aprendizagem
Manual de Psicologia Cognitiva
Cap. 6
Dhiego Carvalho dos Santos
João Vortmann
Mauricio Volkweis Astiazara
Renan Rosado de Almeida
2. Sumário
● Arquitetura da memória
● Memória de trabalho
● Processos da memória
● Aprendizagem implícita
● Teorias do esquecimento
3. Arquitetura da memória
Abordagem Multiarmazenamento (Atkinson e Shiffrin).
Foram propostos três tipos de armazenamento:
● Armazenamentos sensoriais: retenção extremamente breve
das informações e limitação a uma modalidade sensorial;
● Armazenamento de curto prazo: capacidade muito limitada;
● Armazenamento de longo prazo: essencialmente ilimitada;
retenção de informações por períodos de tempo
extremamente longos.
4. Arquitetura da memória
Atenção
Armazenamentos
Sensoriais
Recitação
Decaimento Armazenamento de
Curto Prazo
Deslocamento Armazenamento de
Longo Prazo
Interferência
5. Armazenamento Sensoriais
A maioria das informações das quais nossos sentidos são
bombardeados não receber nenhuma atenção;
As informações de toda modalidade sensorial persistem por
breve tempo depois do final da estimulação, ajudando a tarefa
de extrair seus aspectos fundamentais para uma análise
posterior;
7. Armazenamentos Sensoriais: Icônico
Armazenamento visual
As informações declinam em cerca de 1/2 segundo
É extremamente importante: os mecanismos responsáveis pela
percepção visual sempre operam no ícone, em vez de
diretamente no ambiente visual
8. Armazenamentos Sensoriais: Ecóico
Armazenamento auditivo transitório (retém informação
relativamente não processada)
Duração temporal de informações auditivas não absorvidas na
armazenagem ecóica é de cerca de 2 segundos
9. Armazenamento de curto prazo
Capacidade muito limitada
7
Fragilidade de armazenamento, pois qualquer distração
provoca o esquecimento
Teste de memória
10. Efeito de Recência
O efeito da recência na recordação livre (lembrar os itens em
qualquer ordem) refere-se ao fato de que os últimos itens em
uma lista são em geral mais bem lembrados na recordação
imediata do que os itens do meio da lista.
11. Dissociação Dupla
Dois indivíduos têm desempenho diferente em tarefas
diferentes:
O indivíduo 1 tem desempenho normal na tarefa A e
desempenho deficiente na tarefa B e o indivíduo 2 tem
desempenho normal na tarefa B mas desempenho deficiente
na tarefa A
12. Avaliação
O modelo de multiarmazenamento proporcionou uma
explicação sistemática das estruturas e dos processos da
memória.
Para justificar a existência de três tipos qualitativamente
diferentes de armazenamento na memória, precisamos definir
diferenças importantes entre eles:
● duração temporal
● capacidade de armazenamento
● mecanismo(s) de esquecimento
● efeitos de lesão cerebral
13. Avaliação
O modelo de multiarmazenamento é muito simplificado:
● Supôs-se que os armazenamentos de curto e longo prazo
operam sempre de uma maneira, de forma uniforme;
● Além disso, nesse modelo o armazenamento de curto prazo
atua como uma passagem dos armazenamentos sensoriais
para a memória de longo prazo;
● Supôs-se que o principal meio das informações serem
transferidas para a memória de longo prazo era por meio da
recitação na memória de curto prazo, no entanto o papel da
recitação no cotidiano e bem mais limitado.
14. Memória de curto prazo: modelo padrão
Interpretações revisadas (abordagem de Nairne):
● As informações no armazenamento de curto prazo estão em um
estado de ativação;
● O conhecimento permanente é ativado, como um subproduto do
processamento cognitivo on-line, e passa a residir na memória de
curto prazo. A memória de curto prazo é simplesmente definida
como o conjunto coletivo destas informações ativas na memória;
● As informações atualmente ativadas podem ser acessadas
imediatamente e sem esforço
● Supõe-se que a ativação seja frágil e possa ser rapidamente
perdida - com a operação do decaimento - na ausência da
recitação.
15. Memória de curto prazo: modelo padrão
Itens Ativados
Itens Não Ativados
16. Evidências
Segundo o modelo padrão, a memória de curto prazo deve ser
melhor para as palavras que podem ser recitadas rapidamente
do que para as palavras que demoram mais tempo para serem
recitadas: a recitação rápida mantém a ativação e por isso
evita o decaimento;
Segundo o mesmo modelo, o esquecimento da memória de
curto prazo se deve ao decaimento. Entretanto, a interferência
proativa (destruição da aprendizagem e memória atuais pela
aprendizagem prévia) também desempenha um importante
papel no esquecimento da memória de curto prazo;
Há evidências contra a suposição do modelo de que as
informações na memória de curto prazo são diretamente
acessíveis. A lembrança da memória de curto prazo depende
da natureza da pista ou indício de recuperação.
17. Avaliação
Supõe que a taxa de esquecimento é fixa, mas os dados
sugerem que são variáveis;
Sugere que o principal veículo para armazenamento de curto
prazo é a recitação, mas na verdade existe grande variação da
retenção independente da recitação;
Conclui que a recordação é um subproduto direto da ativação,
na verdade existe um processo de recuperação de informação;
18. Memória de Trabalho
Baddeley e Hitch substituíram o conceito do armazenamento
de curto prazo pela memória de trabalho;
Divida em quatro componentes de capacidade limitada e
relativamente independentes:
● Executivo Central
● Alça Fonológica
● Esboço Visuoespacial
● Buffer Episódico
Se duas tarefas usam o mesmo componente, não podem ser
realizadas juntas com sucesso. Caso contrário, sim.
19. Memória de Trabalho
Executivo
Central
Recitação Recitação
Esboço
Alça Fonológica Buffer Episódico
Visuoespacial
20. Memória de Trabalho: Alça Fonológica
Listas de palavras com similaridade fonológica são mais
difíceis de lembrar. Exemplo: fee, he, knee, me, she;
Efeito do comprimento da palavra: palavras longas são
ocupam mais memória;
Palavras apresentadas auditivamente produzem acesso direto
ao armazenamento fonológico;
Palavras apresentadas visualmente produzem acesso indireto
por meio da articulação subvocal (recitação).
21. Memória de Trabalho: Alça Fonológica
Apresentação Armazenamento
auditiva da palavra Fonológico
Apresentação
visual da palavra
22. Avaliação
A Alça Fonológica aumenta a abrangência da memória, mas
tem pouco importância nas atividades diárias;
Pessoas com alça fonológica gravemente deficiente tem bom
desempenho em atuações da vida cotidiana;
Alguns autores afirmam que a alça fonológica é muito
importante porque é necessária para aprendizagem de novas
palavras e não para recordação de palavras conhecidas;
23. Memória de Trabalho: Esboço
Visuoespacial
Usado no armazenamento temporário e manipulação de
informação visual e espacial;
Logie afirma que é dividida em dois componentes:
● Cache Visual: armazena informações sobre forma visual e
cor;
● Scribe Interna: lida com informações espaciais e de
movimento. Ela repete as informações da cache visual,
envia informações para o executivo central e está envolvida
no planejamento e na execução dos movimentos do corpo e
dos membros.
25. Memória de Trabalho: Esboço
Visuoespacial
Foi estudado um homem com derrame com lesão na área
responsável pela cache visual;
Ele não conseguia descrever detalhadamente imagens embora
tivesse os órgãos receptores intáctos;
Porém, com auxilio de um desenho ele tem um desempenho
melhor na tarefa: em vez de usar representação interna, ele
utilizada uma representação externa.
26. Avaliação
Vários experimentos comprovam a existência separada destes
dois componentes;
Porém, algumas tarefas exigem o uso combinado dos dois
componentes;
Não está entendido como os componentes colaboram nestes
casos específicos.
27. Executivo Central
Componente mais importante e versátil da memória de
trabalho.
Baddeley identificou as seguinte funções:
● Mudança nos planos de resgate de informação;
● Compartilhamento nos estudo de tarefa dupla;
● Atenção seletiva a alguns estímulos enquanto ignora outros;
● Ativação temporária da memória de longo prazo.
28. Executivo Central
Smith e Jonides identificaram funções semelhantes:
● Mudança na atenção entre tarefas;
● Planejamento de subtarefas para atingir algum objetivo;
● Atenção e inibição seletivas;
● Codificação das representações na memória de trabalho
para o tempo e local do aparecimento.
29. Executivo Central
Pacientes com síndrome disexecutiva:
● Atenção prejudicada;
● Tendência a se distrair aumentada;
● Dificuldade na captação da totalidade de um estado;
● Capaz de atuar nas velhas rotinas;
● Não consegue dominar novos tipos de tarefa e situações.
Executiv
o Central
Alça Buffer Esboço
Fonológica Episódico Visuoespacial
30. Executivo Central
Difícil mapeamento da área do cérebro responsável pelo
Executivo Central;
Parece que não há uma única área central.
Pode-se formular a hipótese de que existem regiões mais
especializadas em tarefas específicas...
31. Memória de Trabalho Verbal X
Memória de Trabalho Espacial
Shah e Miyake discordaram da noção de que há um executivo
central que serve para várias funções;
Propuseram separação em memória de trabalho verbal e
espacial.
Executivo Executivo
Verbal Espacial
32. Buffer Episódico
Integra informações de uma série de fontes em uma única
estrutura ou episódio complexo;
Atua como um buffer entre os demais componentes (alça
fonológica e esboço visuoespacial) que usam códigos
diferentes combinando-os em uma representação
multidimensional unitária;
Esse processo de união exige muito do sistema atencional de
capacidade limita que constitui o Executivo Central;
Este hipótese preenche várias lacunas.
34. Avaliação
O Buffer Episódico é um acréscimo valioso ao modelo de
memória de trabalho (só foi acrescido 25 anos depois da teoria
inicial);
Existe necessidade de pesquisa futura para esclarecer os
processos que determinam quais informações são
armazenadas e como elas são integradas.
35. Processos da Memória
Analisa os efeitos do processamento de estímulos sobre a
recordação;
Surpreendentemente poucas pesquisas antes de 1972
envolveram o estudo dos processos de aprendizagem e o seu
efeito sobre a memória;
Processos de atenção e percepção na aprendizagem
determinam quais informações são armazenadas na memória
de longo prazo;
36. Processos da Memória
Capacidade de memorização é influenciada pelo nível de
processamento;
Há vários níveis de processamento:
Variam da análise superficial ou física de um estímulo à
análise profunda ou semântica (processamento de palavras);
37. Processos da Memória
Níveis de análise mais profundos produzem traços de memória
mais elaborados, mais fortes, e de mais longa duração que os
níveis superficiais;
A memória de longo prazo também depende do tipo e
intensidade da elaboração;
Recordação é melhor para comparações minimamente
elaboradas;
Traços de memória distintivos ou singulares são mais
facilmente recuperados do que aqueles que se assemelham;
38. Processos da Memória
A teoria da adequação para transferência prevê que o
desempenho da memória depende do tipo de processamento
na codificação e na recuperação;
Morris e colaboradores (1977) detectaram uma alta adequação
quando o processamento semântico foi seguido por um teste
de reconhecimento de padões;
Da mesma forma quando o processamento da rima foi seguido
por um teste de rima;
Além disso, o desempenho da memória foi superior no primeiro
teste;
39. Processos da Memória
O processamento profundo (semântico) é essencial para uma
boa memória de longa duração, porém não é suficiente [Craik
(2002)];
Pacientes amnésicos apresentam processamento profundo
(semântico) quase intacto, porém a memória de logo prazo
geralmente é muito deficiente;
Boa memória de longo prazo envolve um processamento
profundo e um processo de consolidação;
Pacientes amnésicos apresentam memória de longo prazo
deficiente pois possuem processos de consolidação
deficientes.
40. Aprendizagem Implícita
O termo "aprendizagem implícita" indica que a abordagem dos
níveis de processamento que estava preocupada com os
processos envolvidos na aquisição e na recuperação
consciente das informações não se aplica para todo tipo de
aprendizado;
É "a aprendizagem de informações complexas sem um
conhecimento verbalizável completo do que é aprendido"
(Seger, 1994);
De forma geral se refere à aprendizagem onde o aprendiz não
tem percepção consciente do que foi aprendido;
41. Aprendizagem Implícita X Explícita
Proposto por Reber em 1993, mas nenhuma definitivamente
estabelecida:
1. Robustez: os sistemas implícitos relativamente pouco
afetados pelos transtornos que afetam os sistema
explícitos (amnésia)
2. Independência da idade: é pouco influenciada pela idade
ou pelo nível de desenvolvimento
3. Baixa variabilidade: há diferenças individuais menores na
aprendizagem e na memória implícitas do que na
aprendizagem e memória explícita
4. Independência de QI: o desempenho nas tarefas
implícitas é relativamente pouco afetado pelo QI
5. Atributos comuns do processo: os sistemas implícitos
são comuns à maioria das espécies
42. Aprendizagem Implícita
3 tipos principais de pesquisa:
1. Ênfase em verificar se participantes saudáveis podem
aprender materiais muito complexos na ausência de
percepção consciente do que aprenderam
2. Estudos sobre pacientes com lesão cerebral com amnésia
em que se faz a tentativa de decidir se a aprendizagem
implícita está essencialmente intacta, ainda que a
aprendizagem explícita seja seriamente deficiente
3. Estudos de imagens cerebrais em que o principal enfoque é
verificar se as áreas cerebrais associadas à aprendizagem
implícita diferem das associadas à aprendizagem explícita
43. Aprendizagem Implícita
Segundo Anderson, 1983/1996, em seu modelo do Controle
Adaptativo do Pensamento:
O que acontece durante o desenvolvimento das habilidades
automáticas é que as representações conscientes são
gradualmente transformadas em representações
inconscientes;
Ou seja, um processo inicial de aprendizagem explícita é
seguido pela aprendizagem implícita;
É questionada a real existência da aprendizagem implícita pois
os resultados parecem inconsistentes porque a extensão de
possibilidade de aprendizagem implícita varia de tarefa para
tarefa;
44. Aprendizagem Implícita
Shanks e St. John (1994) propuseram dois critérios:
Critério da informação: as informações que os participantes
são solicitados a proporcionar no teste da consciência devem
ser as informações responsáveis pelo nível de desempenho
melhorado
Critério da sensibilidade: "Devemos ser capazes de mostrar
que o nosso teste da consciência é sensível a todo
conhecimento relevante" (Shanks e St. John, 1994). As
pessoas poder ser perceptivamente conscientes de mais
conhecimento relevante para a tarefa do que aparentam em
um teste insensível à percepção consciente, e isso pode nos
levar a subestimar seu conhecimento consciente acessível
45. Aprendizagem Implícita
O fato de que evidências razoáveis de aprendizagem implícita têm
sido obtidos de três abordagens sugere que ela provavelmente existe
e é diferente da aprendizagem explícita
É provável que uma mistura de aprendizagem implícita e explícita
esteja envolvida em muitas tarefas, o que ajuda a considerar algumas
aparentes inconsistências na literatura
É necessário se concentrar mais nas questões relacionadas às
possíveis interações entre a aprendizagem implícita e explícita, mas
no futuro provavelmente necessitaremos nos afastar dessa divisão
"o conhecimento não é em si necessariamente implícito ou explícito,
mas pode ser dinâmico na sua natureza, com a acessibilidade para a
consciência explícita depdendendo da qualidade de representação
básica (determinada por três características: estabilidade, distinção e
força)"
46. Teste de Associação Implícita
https://implicit.harvard.edu/implicit/brazil/
Sugerido: cor da pele
Vamos fazer?
47. Teorias do esquecimento
● Estudado por Hermann Ebbinghaus (1909)
○ Foi o primeiro a desenvolver testes de inteligência
○ A funçao de esquecimento é logarítmica
● Rubin e Wenzel (1996)
○ Descobriram que as funçoes logarítmicas se ajustam a
maioria dos dados
● A maior parte dos estudos concentram-se:
○ Memória explícita (aprendida das interações com os obj.)
○ Memória implícita (onde a consciência não tem acesso.
Ex. habilidades motoras )
●
49. Teorias do esquecimento - Repressão
● Freud (1915)
○ Usou o termo repressão para descrever a incapacidade
de se obter acesso à percepção consciente diante de:
■ algo muito ameaçador;
■ provocador de ansiedade; e
■ eventos traumáticos.
50. Teoria da interferência
● Supõe que a capacidade de aprendizado pode ser destruída
ou sofrer interfência daquilo que aprendemos previamente
ou no futuro
● Interferência proativa - Quando a informação que já foi
aprendida interfere sobre uma aprendizagem posterior. Ex.
Aprender um conjunto de tarefas similares dentro de um
curto periodo de tempo.
● Interferência retroativa - Quando a informação informação
adquirida posteriomente interfere na lembrança de material
previamente aprendido. Ex. Um jogador de tênis que se
dedica ao squash pode notar, por algum tempo, uma piora
no seu tênis.
51. Teoria da interferência
● De acordo com a teoria da inferência o esquecimento é
uma conseqüência da aquisição e do armazenamento de
novas lembranças.
● A pesquisa da teoria da interferencia é limitada nos pontos:
○ Ignora grande parte dos processos inibitórios
○ Tem um enfoque principal na inferência da memoria
explícita
○ Enfoque em estímulos que unem duas resposta diferentes
○ Falta de estudo sobre os processos ativos usados
para minimizar a interferência
52. Razões para o esquecimento
Segundo Tulving (1974), há duas razões para o esquecimento:
Esquecimento dependente do traço
As informações não são mais armazenas na memória
Esquecimento dependente de indícios
A informação está na memória mas não pode ser acessada
53. Esquecimento dependente de indícios
● Dependem dos:
○ Indícios externos
■ Ex. Conversa na durante a apresentação
○ Indícios Internos
■ Ex. Estado de humor
● Porém não há indícios claros disso.
● A memória de reconhecimento é melhor que a de
recordação. Ex. Recordar o nome de um conhecido, quando
alguem menciona lembramos.